LONDRES – SÃO PETESBURGO – LON



Sirius aparatou dentro de um banheiro da estação West End do metrô londrino. Um sujeito, em roupas de trouxa que lembravam ligeiramente um terno amarrotado, estava de costas para ele, usando um mictório. Quando Sirius apareceu, ele virou o rosto e disse “olá”. Era Remo Lupin. Sirius virou o rosto sem graça.
    ‒ Desculpe, Remo, cheguei numa hora errada.
    ‒ Não tem problema, isso acontece ‒ Lupin sorriu, enquanto finalizava sua toalete e lavava as mãos ‒ Meu faro de lobisomem diz que estou diante de alguém bastante contrariado...
    ‒ Aconteceram umas coisas neste fim de semana... encontrei Sheeba...
    ‒ Ótimo, hein? Já estava na hora de vocês se entenderem...
    ‒ É, mas brigamos outra vez...
    ‒ Por que?
    ‒ Snape! ‒ Sirius antes latiu do que falou o nome.
    ‒ Oh, sim. Ela me contou isso uma vez. Eles se tornaram amigos ‒ Lupin revirava a bolsa em busca de algo ‒ Ah, achei ‒ Retirou uma coleira grande e larga da bolsa.
    ‒ E você acha isso normal.
    ‒ Escute, Sirius, você sempre foi o maior cabeça dura que eu conheci. Sheeba te ama, e você sabe disso. Ela te esperou QUATORZE anos. Acha que se Snape tivesse a mais remota chance ela não teria cansado de esperar? Agora, se você der o fora nela... (pode usar essa coleira por favor?). Bem, se você der o fora nela, provavelmente Snape vai consolá-la, cobrí-la de gentilezas... e aí não se pode dizer o que vai acontecer...
    Sirius lutava para pôr a coleira no pescoço, e Lupin começou a ajudá-lo. Neste momento entrou um trouxa muito bem vestido no banheiro e olhou-os espantados. Lupin sorriu e disse jovialmente para ele:
    ‒ Teatro! Estamos ensaiando para uma performance!
    O homem pareceu desistir do que quer que tivesse ido fazer no banheiro e saiu resmungando:
    ‒ Gays pervertidos!
    ‒ O que ele disse? ‒ perguntou Sirius ‒
    ‒ Nada... dá para você se transformar agora? Isto é um disfarce, precisamos dar um pulinho em San Petesburgo para eu comprar poção mata-cão. Eu nunca consigo fazer essa porcaria direito, melhor comprar pronta.
    Sirius transformou-se em um cão. Lupin pôs óculos escuros e conjurou uma bengala e saíram do banheiro, com ele fingindo-se de cego. Saíram do banheiro e foram andando ao longo da plataforma até que viraram bruscamente em frente a uma parede e a atravessaram. Era uma barreira. Havia algo que parecia uma escada rolante, com a diferença de ser reta. Uma placa dizia: Desce: estação Shadow Cross , Sobe: Lojas de Bruxaria. Lupin guardou os óculos e a bengala (bruxos eram bem mais liberais quanto à presença de animais no metrô!) e disse para a escada:
    ‒ Desce! ‒ A escada inclinou-se para baixo, levando-os a uma grande estação circular, de onde saíam cerca de vinte plataformas, onde havia trens para todos os lugares do mundo. Uma placa dizia: “Subterrâneo Mágico Mundial ‒ Estação Shadow Cross ‒ Londres ‒ Inglaterra.”
    Em cada plataforma estava parado um trem diferente, e cada um conduzia a um lugar do mundo. Em cada plataforma, havia uma placa com a bandeira do país e o nome da estação terminal: “Le poisson noire -Paris‒ France”, “Liberty Owl ‒ New York ‒ USA”, “Toca dos Sacis‒ Rio de Janeiro ‒ Brasil”, e muitos outros para países próximos e distantes. Lupin comprou dois bilhetes “Londres ‒ São Petesburgo ‒ Londres” para ele e Sirius (bruxos eram liberais com bichos de estimação, mas cobravam por isso), e os dois embarcaram rumo à estação “Rhussian Rhapsodya”, ao lado da plataforma que levava ao Japão.
    Cerca de meia hora depois, desembarcaram na estação russa. Lupin disse algo em russo para uma escada rolante que os levou a um segundo piso cheio de lojas de artigos mágicos, onde foram direto a uma lojinha de poções. No balcão, dois bruxos com barbas até a cintura, pesadamente encasacados, esperavam por clientes. O menor era do tamanho do Professor Flitwick, o maior, era quase do tamanho de Rúbeo Hagrid. O menor saudou Lupin efusivamente:
    ‒ Lupin! Poçón Mata-cão, cerrto?
    ‒ Olá! Nicolay! Bom dia, Djimitry!
    ‒ Grunf! ‒ respondeu o bruxo maior. Nicolay comentou com Lupin:
    ‒ Djimitry mau humor hoche. Perder dinheiro em aposta.
    Enquanto o bruxo ia pondo a poção de Lupin no frasco , ele e Lupin engataram uma conversa que começou a entediar Sirius. Ele se virou e ficou observando o movimento. De repente farejou alguém e ganiu para Lupin, que neste momento esperava o troco dos três galeões que dera por sua poção. Lupin olhou-o sem entender muito e Sirius disparou, carregando Lupin pendurado na coleira, escada baixo. Lupin disse calmo, mas bem contrariado:
    ‒ Seja lá o que for, Sirius, você vai depois lá em cima buscar meu troco!
    Sirius carregou-o seguindo a pista de um bruxo alto, encapuzado com um casaco peludo, que entrava no trem para Nova York. Antes do trem partir, o bruxo desceu o capuz e Lupin pôde ver o que Sirius queria mostrar. Sentado num banco, dentro do trem que partia, estava o comensal da morte renegado que supostamente estaria escondido no metrô de Londres, dando suporte a Rabicho, Karkaroff.
    Lupin resolveu que deviam voltar imediatamente a Londres, deixando seu troco para lá. Com sorte, ele alcançaria Dumbledore e diria que  se havia um comensal da morte se encontrando com Rabicho, com certeza não era Karkaroff. Ao chegarem em Londres, correram apressados para o banheiro onde um ansioso Sirius retornou rapidamente à forma humana.
    ‒ Se não é Karkaroff que está se encontrando com Rabicho, então muito provavelmente temos um outro Comensal da morte envolvido, diferente dos que já conhecemos...provavelmente um neófito como aquele Quirrell!
    ‒ Sirius, acho melhor deixar você no quarto em que eu estou aqui em Londres, é num bairro trouxa, mas dá para ficar razoavelmente incógnito. Enquanto você fica lá, eu procuro Dumbledore.
    ‒ Ele deve estar no ministério da magia hoje. Sheeba viu isso ontem.
    ‒ Ótimo. Ele não disse na reunião da ordem aonde ia hoje. Vamos adiar por hoje o plano. Espero conseguirmos descobrir quem é o comensal da morte até a noite de amanhã... você sabe que eu fico imprestável. Lua cheia.
    Saíram do banheiro, com Sirius na forma humana, e procuraram ser discretos ao pôr um feitiço de memória num segurança da estação que podia jurar que aquele sujeito era cego e que o outro, o grandalhão, surgira do nada. Tomaram o trem normal até a estação de East End, onde saltaram e Lupin conduziu Sirius até a espelunca onde alugara seu quarto.  Um trouxa gordo lia jornal atrás do balcão e depois de entregar a chave a Lupin resmungou, quando eles viraram-lhe as costas:
    ‒ Gays!
    ‒ O que você disse? ‒ Sirius virou-se rosnando, na sua expressão mais canina, ameaçador.
    ‒ Nada, não falei nada.
    Subiram a escada e entraram em um quarto imundo com duas camas, cheirando a mofo.
    ‒ Ótimo! ‒ Sirius disse atirando-se em uma cama e chutando as botas para o alto ‒ De volta à velha caverna cheia de pulgas...
    ‒ O quê?
    ‒ Nada, não. Lupin, o que quer dizer “Gay”?
    ‒ Para a segurança daquele sujeito lá embaixo, é melhor que você não saiba...

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