A VESTIMENTA



Harry, Rony e Hermione preparavam-se para sair da casa de Sheeba. Sirius tirou a coleira de bichento, que estava até aquele momento no seu pescoço e entregou-a a Hermione:
    ‒ Obrigado. Não vou precisar mais dela.
    ‒ Você não vem conosco até a caverna?
    ‒ Não, vou ficar por  aqui.
    ‒ Hermione, você acha mesmo que podendo ficar na casa com Sheeba,  Sirius voltaria para aquela caverna cheia de pulgas? ‒ Rony comentou. Hermione pareceu ficar realmente embaraçada e guardou rapidamente a coleira na mochila.
    ‒ Harry ‒ Sheeba aproximou-se com um pacote ‒ também tenho um presente para você. Gostaria de te dar uma Firebolt, mas Sirius chegou primeiro, não é mesmo? Mas creio que meu presente será muito útil.
    Harry abriu o pacote. Tirou o que parecia ser uma vestimenta muito rústica, toda tecida em fios negros e dourados. Não era exatamente bonita, e ao toque era áspera.
    ‒ Com essa veste, você pode andar no fogo sem se queimar, ficará protegido contra balas de armas de trouxas, facas e vários tipos de feitiços, inclusive magia negra. Ela só não pode parar dois deles: Cruciatus e...
    ‒ Avada Kedavra ‒ Harry disse sem pensar.
    ‒ Exatamente. Use-a com cuidado, demorei dez anos tecendo-a para você.
    ‒ Para que ele precisa de proteção contra balas de trouxas? ‒ Sirius parecia quase ofendido.
    ‒ Eu tenho uma igual ‒ Sheeba disse ‒ Foi muito útil quando trabalhava para a polícia dos trouxas. E não fique com ciúmes, Sirius, vou te emprestar a minha para você ir para Londres. Não se preocupe com a aparência esquisita dela, Harry, ela fica invisível ao ser posta sobre o corpo.
    ‒ Ok, vamos ‒ disse Harry ‒ está na hora.
    Despediram-se de Sirius e Sheeba e foram juntar-se aos alunos que voltavam do passeio a Hogsmeade. Quando entravam no grande salão, Rony comentou:
    ‒ Harry, que madrinha você tem, hein? Sirius é um cara de muita sorte... imagine o que eles estão fazendo agora...
    ‒ Rony! ‒ Hermione exclamou chocada ‒ Que coisa grosseira!
    ‒ Ora, Hermione, você não é mais criança... sabe o que um homem e uma mulher adultos fazem juntos.
    ‒ Sei, mas você não deveria falar assim, ela é madrinha de Harry, e noiva de Sirius!
    ‒ Isso não muda o fato que ela é um mulherão!
    ‒ Harry! Você está vendo o que ele está falando? ‒ Harry definitivamente não prestara a mínima atenção à conversa, preocupado com sua própria imagem caindo no abismo com Voldemort.
    ‒ Hã? Hermione, deixe Rony falar. Atualmente ele ocupa metade do seu tempo pensando em sexo. Você acha que ele teria alguma chance com Sheeba? Não fique com ciúmes.
    ‒ Harry! Eu não estou com ciúmes de Rony! E acho que Sheeba não tem nada demais...O que a faz tão especial?
    ‒ Trinta e poucos anos, Toque de Prometeu, uma casa incrível, uma personalidade exuberante e, o que realmente conta: um corpo fantástico!
    ‒ Rony, realmente você está ficando doente ‒ Harry disse ‒ Acho que eu vou denunciar aquelas revistas que você anda guardando debaixo da cama...
    ‒ Potter! Granger! Weasley! ‒ Os três gelaram ao ouvir bem atrás deles a voz desagradável do Professor Snape. Viraram-se pensando a mesma coisa: “encrenca”.
    ‒ Muito bem, eu gostaria de saber de que revistas os senhores estavam falando.
    ‒ Nada demais ‒ Rony disse embaraçado ‒ algumas revistas de trouxas que eu ando colecionando... isso não dá detenção noturna, dá? Ler histórias em quadrinhos?
    ‒ Isso não... mas eu acho que as revistas ao qual o jovem Potter se referia não eram bem essas... Posso pedir ao Sr Filch que faça uma busca em seus aposentos.
    ‒ Não será preciso ‒  disse Rony ‒ eu mesmo vou trazer as minhas revistas e dá-las ao senhor ... acho que o senhor anda precisando mesmo ‒ “Oh, não Rony” pensaram Harry e Hermione ao mesmo tempo.
    ‒ Menos dez pontos para Grifinória! E vou mandar o Sr. Filch dar a busca lá, e em suas coisas também, Sr. Potter. O que o senhor tem neste pacote?
    ‒ Um presente que ganhei de minha madrinha. Creio que o senhor a conhece.
    Snape pareceu paralisado. Olhou para Harry, e agora tinha uma expressão completamente diferente:
    ‒ Ela disse que me conhecia? Falou de mim?
    ‒ Não muito.
    ‒ E ela está bem? Nós temos uma espécie de... amizade.
    ‒ Ela está muito feliz ‒ Harry baixou o tom de voz ‒ Ela e meu padrinho reataram seu noivado. Acho que posso contar isso ao senhor, agora que o senhor sabe que ele é inocente...
    ‒ Bem... é... sim, claro... Fico feliz por eles... Acho que Sheeba merece ser... feliz. Com licença, acabo de lembrar que tenho algo a fazer. ‒ Disse e sumiu na direção das masmorras.     
    Assim que ele desapareceu, Rony disse, quase caindo na gargalhada:
    ‒ Harry Potter, você não presta! Acaba de partir o coração do velho Snape! Será que ele ainda tinha alguma esperança com Sheeba?
    ‒ Algo totalmente absurdo ‒  disse Hermione ‒ mas será que realmente ela e Snape são amigos?
    ‒ Óbvio que não ‒ Harry disse. Subitamente lembrou-se do frasco com o nome de Snape na sala de estudos.


    Sirius estava em Azkaban. Era levado pelos dementadores para uma sala e posto diante de um dementador encapuzado, para ser castigado pelo seu beijo. Num canto, Sheeba parada assistia a tudo, lágrimas nos olhos. Não adiantava, ninguém ouvia quando ele dizia que era inocente... Queria gritar, mas só saíam de sua boca mumúrios incompreensíveis. O dementador tirou o capuz. Então, finalmente ele conseguiu gritar:
    ‒ Sou inocente! ‒ O dementador e Azkaban sumiram. Ele se viu deitado numa enorme cama, imerso na escuridão. O sonho, novamente o sonho.  Sua consciência clareou e ele lembrou onde estava. Passou o braço por cima do corpo de Sheeba adormecida, puxando-a mais para perto de si, mergulhando o rosto nos frios cabelos negros dela. Queria esquecer. Queria  Sheeba. Sentia saudades.
    ‒ O sonho. ‒ Sheeba disse, olhos fechados ‒ Ele só vai parar quando você prender Rabicho.
    ‒ Você está acordada?
    ‒ Acordei junto contigo ‒ Ela mantinha os olhos fechados, deitada de costas, o rosto virado para o teto, um dos braços dobrados sob a cabeça. Começou a acariciar o braço de Sirius que estava por cima de seu corpo, sorrindo, e ainda de olhos cerrados. ‒ Sabe do que eu senti mais falta em quatorze anos?
    ‒ Do quê?
    ‒ Da sua risada. Da sua voz me provocando. De fazer carinho assim sentindo os pêlos do seu braço. Às vezes eu acordava no meio da noite do mesmo sonho que você está tendo, e não conseguia mais dormir. Às vezes sonhava e via você em sua forma canina, ganindo no escuro. Era assim que você evitava o sonho, não era? ‒  Ela abriu os olhos e o encarou. A luz tênue da lua da paisagem conjurada iluminava a cama onde os dois estavam deitados. Os olhos de Sirius Black brilhavam, fixos em seu rosto.
    ‒ Era. O que mais me doía era que você estava sempre nele.
    ‒ Era impossível eu deixar de estar. Eu dormia usando seu pijama para poder sentir você perto de mim. Durante quatorze anos, sonhei sempre o que você sonhou. -Sheeba fechou os olhos novamente ‒  Agora durma, Sirius.
    ‒ Não quero dormir. ‒ ele disse, e beijou-a com paixão.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.