Único






– Hey, Barbie Ruiva! Lil! Lily! EVANS!


 


O garoto de cabelos espetados para todos os lados - como se acabasse de sair do meio de um furacão - e óculos de armação quadrada combinando perfeitamente com os traços masculinos e bonitos do seu rosto gritava desesperadamente o nome - apelido, na verdade - da ruiva igualmente bonita a sua frente, que parecia se empenhar ao máximo para ficar o mais longe possível do moreno insistente.


 


– Garota, você não me ouviu te chamando? - Perguntou quando finalmente conseguiu segurar o braço da garota para impedi-la de continuar fugindo.


 


– Evidente que ouvi. Você estava gritando meu santo nome pelos quatro cantos do castelo.


 


– E por que não parou?


 


– Por que não quis. Acho que isso também ficou evidente. - Respondeu, revirando levemente os olhos.


 


James se permitiu admirá-la pela primeira vez no dia. Lily sempre fora bonita, mas nos últimos anos vinha mostrando realmente o que a palavra beleza significava.


 


Seus cabelos antes lisos, agora pendiam com cachos delicados nas pontas indo até sua cintura, dando um ar salvagem e ao mesmo tempo meigo. Seus olhos emoldurados de longos cílios, com um tom de verde único, tinham um brilho que nunca parecia desaparecer como se estivesse sempre rindo de alguma piada interna. Os lábios vermelhos e carnudos se tornaram uma tentação para toda a população masculina, e contrastavam maravilhosamente com as bochechas coradas naturalmente.


 


O corpo era um espetáculo a parte. Se no 5º ano o corpo já era bonito, no 7º se tornara perfeito, tornando a simples proeza de andar pelo castelo sem ser olhada uma tarefa impossível. Os seios eram redondos e fartos, causando inveja em muitas garotas. A barriga, lisa naturalmente, não precisava de dieta nem esforços para continuar reta. A cintura era fina e marcada. A bunda, redonda, grande e empinada, e as coxas grossas e rígidas completavam a beleza estonteante da garota. Mas o corpo perfeito não lhe dava a impressão de ser algo artificial, como em muitos casos onde as garotas tinham um corpo perfeito. Nela, tudo se encaixava perfeita e proporcionalmente, fazendo as garotas espumarem de inveja e admiração, e render longas - e animadas - conversas nos dormitórios masculinos.


 


James não ficava para trás no quesito beleza. Seus rosto, emoldurado por seus cabelos negros e rebeldes, era na opinião de todas as garotas - até mesmo de Lily, mesmo jurando o contrário - perfeito. Os olhos de um tom castanho esverdeado eram expressivos e brincalhões. Os lábios bonitos e cheios estavam sempre brincando com um sorriso malicioso, e o corpo modelato perfeitamente pelo Quadribol - afinal, ser artilheiros exigia um grande esforço físico - era desejado pelas garotas. Não era preciso de muito para defini-lo, aos olhos das garotas - a de alguns garotos também - James Potter era a beleza em pessoa. Os dois faziam um casal perfeito.


 


– Se não for muito incômodo, o caro Potter poderia dizer o porquê de vir atrás de mim? Não queria ver seu rosto logo cedo.


 


– Pois era justamente o que eu queria.


 


– Que eu visse o seu rosto?


 


– Não, ver o seu.


 


Um sorriso mínimo apareceu nos lábios da garota, o que não passou despercebido por ele. No fundo, ela gostava dos elogios, mas não iria dar o braço a torcer. Não queria se entregar e sair machucada, tendo de ser consolada por Mary e Alice - suas fiéis escudeiras - como já fez diversas vezes com outras garotas, todas alegando que Sirius Black e James Potter quebraram seu coração. No fundo, ela gostava do garoto, mas não estava preparada para admitir a si mesma.





You and I go hard 
At each other like we're going to war
You and I go rough
We keep throwing things and slamming the doors
You and I get so
Damn dysfunctional we stopped keeping score
You and I get sick
Yeah, I know that we can't do this no more, eh


 


 


 


Já com James, a situação era inversa. Sempre que podia, mostrava seu amor pela garota. Talvez amor não fosse a palavra certa. Quer dizer, ele a amava, mas não sabia disso. Achava que era apenas uma paixão, obra dos malditos hormônios. Ele era um maroto, e assim como Sirius, Remo e Peter, ele não iria amar tão cedo. Pelo menos era isso que ele esperava.


 


– Lil, por que lutar tanto para esconder um sorriso?


 


– Não quero que você se gabe mais do que o normal. - Ela voltou a andar, mas foi impedida por ele, que a empurrou para a parede e colocou seus braços em sua volta.


 


– Um dia você vai se render ruiva. - Ele sussurrou, chegando mais perto do rosto dela.


 


– No dia em que isso acontecer, eu não vou estar em meu juízo perfeito. - Respondeu, lutando contra os braços musculosos em sua volta.


 


– Sim, você vai estar louca por mim. - Ele a sentia tentar empurrá-lo, e antes de tirar seus braços e deixa-la ir, encostou seus lábios nos lábios dela rapidamente.


 


– POTTER, VOCÊ É INSUPORTÁVEL! - James saiu correndo, se empenhando ao máximo em ficar fora do campo de visão da ruiva, que havia achado um vaso de plantas no corredor deserto e se preparava para jogar nele.


 


Passou sorridente pelo retrato da Mulher Gorda, escutando os suspiros das garotas.


 


Enquanto subia as escadas, sua visão periférica permitiu que visse a ruiva chegar bufando e se atirar no sofá ao lado de Marlene - ele sabia que as duas dividiam o dormitório e que eram muito amigas, e também sabia que seu amigo cachorro tinha uma leve queda pela morena - e lançar-lhe um olhar assassino.


 


– Por que nosso caro amigo veado está com cara de bobo alegre? Foi infernizar a Barbie Malibu de novo? - Sirius perguntou assim que fechou a porta do dormitório. Estava esparramando no chão, Remo sentado em sua cama lendo algum livro, e Peter - como sempre - estava comendo.


 


– Pontas Pontas, às vezes eu tenho pena da Lil. - Remo comentou com um falso ar fúnebre.


 


– Ela ainda vai ser minha, e vocês vão morder suas línguas.


 


Entrou no banho, dando graças a Mérlin que não teria mais aula, e deixou água do chuveiro clarear seus pensamentos.





But baby there you go again, there you go again
Making me love you
Yeah I stopped using my head, using my head
Let it all go
Got you stuck on my body, on my body
Like a tattoo
And now I'm feeling stupid, feeling stupid
Crawling back to you


 


 


 


A imagem de Lily durante as aulas invadiu sua mente. Ela estava linda. Uma dor invadiu seu coração. Era linda, mas não era sua. Inspirou fundo tentando se livrar da sensação nada agradável em seu coração, mas o cheiro dela estava impregnado eu seu nariz. O perfume delicado e inconfundível não deixava seu corpo. Sempre que sentia a fragrância, sua mente deixava de funcionar, e tudo o que importava era ela. Nada além dela. Ele precisava tê-la.


 


 


So I cross my heart and I hope to die
That I'll only stay with you one more night
And I know I've said it a million times
But I'll only stay with you one more night


 


 


Saiu do banho decidido. Ele iria beijá-la pela última vez. Sentiria seu perfume e ficaria imerso em sensações únicas que - mesmo de má vontade, sendo surpreendida pelos beijos do garoto - ela o proporcionava. E depois esqueceria Lily, a dor no seu coração iria sumir.


 


Desceu com os Marotos para o Salão Comunal e sentaram em seus lugares habituais na mesa da Grifinória - que eram justamente na frente de Lily e suas amigas -. Sirius já conversava animadamente com Marlene, Remo discutia sua lição com Mary e Peter já atacava a comida em sua frente. Apenas Lily não estava ali.


 


Como uma princesa de contos de fadas, Lily apareceu na porta do Salão (roupa). Ela havia acabado de sair do banho, e ficou levemente irritada quando percebeu que suas amigas não a esperaram. Suas bochechas estavam vermelhas devido a água quente, os cabelos arrumados em um coque mal feito e o rosto angelical sem maquiagem. Corou, deixando as bochechas ainda mais vermelhas, quando percebeu que todos a olhavam. Foi para sua mesa rapidamente, mas hesitou quando percebeu que o único lugar vago era ao lado de Potter.


 


E, bem, ele estava lindo com os cabelos molhados jogados no rosto, seus jeans de grife e sua camiseta apertada nos lugares certos. Seu coração deu um pulinho de alegria desconhecido.


 


Passaram o jantar em silêncio, apenas escutando as conversas dos amigos e sorrindo de vez em quando. Ela saiu em silêncio, dizendo que precisava estudar, mas todos sabiam que havia algo mais ali.


 


Sirius olhou para James, que deu de ombros. Sabia que, mesmo não admitindo, James amava Lily. Não gostava de ver o amigo sofrendo, ele sofria junto. Eram um só, irmãos e melhores amigos. Formou com os lábios a palavra "vá", não queria que ninguém escutasse. Um tanto relutante, James se levantou, e mandando um último sorriso para o amigo, se levantou e foi atrás da ruiva.


 


Estava sentada no Salão Comunal vazio. Seus braços estavam em volta dos joelhos e sua cabeça apoiada nestes. Ela não percebeu a aproximação do garoto, e deixou uma lágrima única escorrer por seu rosto. Uma lágrima que mostrava toda a frustração que estava sentido.


 


Desde seu encontro com Potter no corredor vazio, sua cabeça estava borbulhando. Ela sabia que sentia algo pelo garoto, talvez algo mais que atração, mas ela lutava contra esse sentimento. O que se tornava mais difícil cada vez que o garoto a parava pelos corredores e roubava um beijo, ou divulgava o quanto gostava dela para quem quisesse ouvir. E hoje, justamente hoje, ela se dera conta que também gostava dele. E o medo novamente a dominou.


 


 


Try to tell you no
But my body keeps on telling you yes
Try to tell you stop
But your lipstick got me so out of breath
I'd be waking up
In the morning probably hating myself
And I'd be waking up
Feeling satisfied, but guilty as hell, eh


 


 


 


 


– Lily, porque você está chorando? - Ela se sobressaltou a ouvir a voz dele. Rapidamente secou o rosto e respirou fundo.


 


– Eu não estou chorando. O que está fazendo aqui? - Perguntou enquanto ele se aproximava.


 


– Vim saber se você está bem, você não parecia bem quando saiu do salão. O que aconteceu Lily? - Ele sentou ao seu lado.


 


Ela rompeu em lágrimas percebendo a preocupação do garoto. Parecia tão frágil... Lily não costumava chorar na frente dos outros. Isso preocupou ainda mais James. Não se importando com se a ruiva o estapearia, ele a puxou para seu colo e passou os braços protetoramente em sua volta. Ficou espantado quando a garota - ao invés de o empurrar - apoiou a cabeça em seu peito e continuou a chorar.


 


– James, eu tenho medo. - Falou entre soluços.


 


– Medo do quê, Barbie? - Ela sorriu minimamente quando ouviu o apelido que ganhou dos Marotos.


 


– Você me ama? - Ela falou decidida, olhando para os olhos do moreno, que se espantou com a pergunta.


 


E ele se deu conta que a amava. E cada fibra do seu corpo gritava isso.


 


Ele apenas segurou o rosto molhado da ruiva, e selou seus lábios delicadamente. Ela não gritou, não bateu nem se afastou, e James - tomando a atitude como um incentivo, aprofundou o beijo pedindo passagem, que a ruiva aceitou de boa vontade.


 


– Eu amo você ruivinha, mais do que eu podia imaginar. - Sussurrou em seus lábios.



– Eu tenho medo. - Ela repetiu, fechando os olhos.


 
– Medo do quê, de amar?


 
–De amar e me machucar.


 
– Eu nunca te machucaria.


 
– As outras meninas que vivo consolando por sua causa também achavam isso. - Ele levantou o rosto delicado, obrigando-a a olhar para ele.


 
– Eu não amava nenhuma delas. Mas eu amo você, e eu nunca me permitiria te machucar.


 


E ele lembrou de sua promessa. Não poderia ficar com a ruiva. Não poderia passar por cima de sua palavra. Mas o amor explodia em seu peito, vendo aquela menina tão frágil e tão perfeita em sua frente. A menina que, por anos, viva em seu sonho. A menina que, esta noite, poderia ser dele.


 


– Você promete?


 


– Prometo. Prometo nunca machucar você. E isso inclui me afastar de você se for preciso, ir para longe, para você nunca mais precisar olhar para mim e não precisar sofrer nunca mais.


 


– James, eu amo você.


 


E tudo ficou perfeito. Pela primeira vez, ela tomou a iniciativa. Ela o beijou. Ela disse que o amava. E a promessa não tinha mais sentido, não tinha mais valor. De repente, a promessa não existia. Tudo que existia era Lily, seu cheiro, seu corpo, sua voz. E ela estava impregnada nele, e ele impregnado nela.


 


De repente, apenas os dois existiam.


 


E para eles, isso bastava.


 


 


 


But baby there you go again, there you go again
Making me love you
Yeah I stopped using my head, using my head
Let it all go
Got you stuck on my body, on my body
Like a tattoo
And now I'm feeling stupid, feeling stupid
Crawling back to you

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Comentários (1)

  • Kinnon ☹

    Amei o cap, vc é muito boa. Bjs,💜💛💜💛💜💛💜💛❤❤❤❤❤ 

    2012-11-08
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