Os 4 primeiros anos



LAR. Era isso que Tom Riddle considerava sobre o castelo. Era o seu lar. Os anos que se passaram serviu para aprender muito sobre magia e sobre todos. Seus amigos... bem, não os considerava como amigos, mas como fieis seguidores. Sempre o acompanhavam, sempre o respeitavam. Os professores então eram maravilhosos. As matérias que tinha eram as mais diferentes do que ele pudesse imaginar para uma pessoa normal. Mas ali, tudo fazia sentido. Aprendera a controlar sua magia e experimentou o primeiro feitiço que aprendeu num banheiro do segundo andar, só para assustar as garotas. O feitiço, ensinado pelo professor Ózon, servia para abrir portas e fechaduras. Havia tanto a dizer sobre cada professor, seus hábitos e costumes, maneira de vestir e ensinar.


O primeiro professor que lhes foi apresentado, professor Kettleburn, ensina Trato das Criaturas Mágicas. Ele entende muito bem de qualquer tipo de animal, lembrou-se de Olivaras dizendo algo sobre nundus, acromântulas, trasgos, mantícoras, duendes, veelas. O professor lhes explicou tudo muito bem. Nundu era o animal mais perigoso do mundo bruxo, era como um leopardo gigante, mas muitíssimo mais feroz, rápido e poderoso. Ele explicou que nunca nenhum foi abatido por menos de uma centena de bruxos qualificados e seu bafo destruía vilarejos, sendo uma das substâncias mais nocivas do mundo. Mas como é que o tal Gregorovitch, sozinho, consegui abater um? Seria mentira por parte dele ou de Olivaras? Iria descobrir mais tarde. Acromântulas eram aranhas gigantes com um perigoso veneno. Raro, mas perigoso. Soube que havia um bando na Floresta Proibida, a qual os alunos não tinham permissão para ir. Trasgo é uma coisa estranha. São grandes, parecem gigantes, mas menores. Carregam um bastão para todo lado e sua pele é dura e cheia de calombos. São muito burros. Mantícoras são uma cruza extremamente perigosa de leão com escorpião. O animal tem corpo de leão, salvo algumas partes, e um rabo venenoso. Seu veneno também é perigoso. Sabe-se que uma cruza desse híbrido com um caranguejo de fogo, caranguejos que lançam fogo pelo traseiro, resultam em estranhas “lagostas” sem pele, mas com uma rígida carapaça, com ferrões na ponta do corpo, chamados de explosivins. Duendes ele sempre soube o que era. No orfanato diziam que duendes eram pessoas encolhidas e com longos dedos. Veela era algo que o fascinaria se visse uma. Eram mulheres extremamente belas. Lembrou-se de que, quando o professor estava explicando sobre seus cabelos, o professor parou um tempo, fechou os olhos e ficou com a cabeça virada para o teto, até alguém chamá-lo.


O professor que dava aulas sobre plantas mágicas, professor Merchand, parecia um francês enrustido na Grã-Bretanha. Ele vivia elegante e suas aulas eram sempre divertidas, exceto no fato quando alguma planta assassina tentava arrancar a cabeça de algum aluno. Ele contou que teve sua cara queimada não por algum animal que lançasse fogo, mas por uma bubotúbera, que eram plantas feias que lançavam pus quando provocadas. Esse pus era corrosivo, mas se tratado bem servia contra acnes. Tom lembrou disse a Tecnécio, que tinha algumas espinhas.


 O seu preferido era o professor Slughorn, diretor de sua casa. Tom era o melhor em poções, não só de seu ano, mas, como disse o professor, de seus alunos de toda a vida. Slughorn vivia elogiando-o e dizia que seria um grande bruxo quando se formasse, mas sempre lembrava que Tom já era um grande bruxo. De vez em quando, Slughorn o convidava, junto com outros dos seus colegas, a um jantar em sua pequena, mas aconchegante, sala. O professor dava o nome de Clube do Slugue.


 A partir de seu terceiro ano, Tom poderia escolher em fazer mais três matérias: Estudo dos Trouxas, Aritmancia e Runas Antigas. Resolveu fazer só as duas últimas. Já sabia tudo dos trouxas e não via sentido ter uma aula sobre isso. Nunca mais queria saber de trouxas.


O professor Dagworth era extremamente carrancudo, mas suas aulas eram muito boas. Os alunos aprendiam a como “decifrar” runas feitas por bruxos de até milênios atrás. Com um assomo de prazer, Riddle se destacou na matéria esperando encontrar algo escrito sobre Salazar Slytherin, mas, pelo jeito, o bruxo não era muito chegado às runas.


 O professor Longen era muito inteligente. Soube que foi um dos bruxos mais inteligente na área da Aritmancia, que consistia sempre em complicados cálculos. Parecia a matemática do orfanato, mas aquilo não era nada comparado às suas incríveis aulas. Os números por si só eram exageradamente absurdos demais mesmo para um bruxo, visto a quantidade de novos números que só os bruxos conheciam. Mas ainda assim, Riddle dominava bem a matéria.


 O professor Ózon, que dava Feitiços, tinha uma estranha coloração. Ele tinha na pele um estranho tom azulado, talvez pelo fato de ser diretor da Corvinal. Suas aulas também eram boas, cada feitiço aprendido era um passo à grandeza. Cada coisa nova era um dia novo, um futuro novo. Novas ideia o surgiam sempre quando aprendia um feitiço diferente cujo efeito era único em relação aos demais. Quando perguntou ao professor como criar feitiços, este ficou impressionado. Aparentemente, nunca nenhum aluno lhe perguntara isso antes, nunca nenhum aluno havia se interessado por isso antes. Mas a explicação do professor não foi lá o que ele esperava. Tampouco ele sabia como fazer isso, mas havia estudado na sua época algo bem evasivo. Parece que não queriam que novos feitiços fossem inventados sem o consentimento do Ministério da Magia, mas isso não seria problema.


 Agora, a aula sem dúvida nenhuma mais chata era a de História da Magia. Lembrou-se, na primeira vez que entrou na sala do tal Binns, do diretor ter rido ao falar que estava descansando. Quando o viu, se chocou. O professor era um fantasma! Branco transparente, extremamente velho. Levou um susto porque estava na primeira fileira e do nada o professor veio atravessando o quadro negro. Suas aulas eram monótonas – mesmo as que ele explicava sobre os mais terríveis ataques e revoltas de todos os tipos de criaturas – mas Riddle compreendia tudo o que falava.


Astronomia era uma matéria fácil, visto que era quase sempre à noite e passavam a aula com os telescópios apontados para as estrelas. O professor Plut às vezes viajava cada vez que falava sobre o espaço. Se perdia em vários minutos dizendo sobre todas as constelações e nebulosas e estrelas que lhe viam à cabeça e constantemente só percebia que estava fazendo isso após todos ao alunos terem saído da sala, visto que a aula tinha acabado.


 A diretora da Grifinória, a casa rival de Sonserina, era a professora Merrythought. Suas aulas se baseavam em bruxos, animais e feitiços das trevas. Para Tom, as aulas eram nada de mais, não precisava daquilo, mas sempre prestava muita atenção nos feitiços e nos nomes que a professora citava.


Agora, quem mais mudou sua vida foi o professor Dumbledore, o velho que o visitara. Pensou mal do professor na primeira vez em que se encontraram, mas agora era diferente. O respeitava. Sabia que era um bruxo a quem não se intimidava. A primeira aula do primeiro ano com Dumbledore foi incrível. Ele ensinou como se transformar em um animal, termo chamado de animagia. Aquilo era extremamente raro, mas quem quisesse poderia aprender, o que era dificílimo. O professor disse que nunca pensou em ser um animago, mas que conseguia se transformar em um usando a varinha. Sua primeira transformação foi um pequeno pássaro, que ficou voando pela sala. O resto da aula foi bem divertido, pois cada um enfeitiçava o animal do outro tentando transformá-lo em uma agulha. Tom foi o único a conseguir.


Os anos se passaram, Tom foi aprendendo cada vez mais, se irritava quando chegava o fim do ano e tinha que voltar ao orfanato. A Sra. Cole vivia abraçando-o cada vez que chegava. Aquilo o irritava, não gostava desse tipo de coisa.


Descobriu mais a respeito de seus amigos.


            Aurum Avery era o típico riquinho. Vivia falando de quantos galeões tinha no cofre de sua família. Até sua aparência lembrava riqueza, com seus cabelos louros dourados e rosto macilento. Sua família sempre foi rica e constantemente Aurum presenteava seus amigos com as mais diversas coisas: docesem geral. Aurumera tão inteligente quando Riddle, talvez um pouquinho menos talentoso, mas também participava do Clube do Slugue. Recentemente, teve de se mudar da Polônia, onde viveu toda a vida, por causa de uma guerra que lá se iniciou, mas em breve voltaria. Vivia falando mal dos trouxas e que queria matar um por um, que eles desrespeitavam os bruxos há muitos anos e que agora deveriam sofrer. Riddle era de acordo.


            Laurêncio Lestrange vivia entre aqui e lá. Era um rapaz de transição externa e parecia não saber de que lado ficar, mas no final acompanhava Riddle. Seu rosto era triangular e tinha olhos cinzas. Vivia falando de coisas nada a ver com o assunto que discutiam. Do nada, outro dia, disse que sempre quis ter dois filhos homens. Mas era como o grupo, dedicado aos estudos.


            Tecnécio Travers talvez fosse o mais extremo em relação a trouxas. Vivia falando que seus pais já torturaram trouxas e que deveria haver uma lei que obrigasse os bruxos a matar o trouxa mais perto. Falou que já viajou para diversos lugares e que os trouxas de cada lugar eram idênticos, exceto pelo modo de andar, falar e se vestir. Se achavam os donos do mundo com suas criações, mas logo os bruxos iriam comandar tudo. Travers tinha um nariz curvo e largo, com uma voz suave, sem falar das longas costeletas e olhos azuis. Em relação aos outros alunos, era fechado, compactado, denso. Não gostava de se relacionar com os outros das outras casas.


            Natrium Nott era, entre o grupo, o mais certinho, mas não o mais inteligente. Vivia organizando grupos de estudo e Tom e os outros sempre participavam. Até seu modo de andar e falar era assim. Todo charmoso, nunca pisava nas próprias vestes, falava com uma leveza na voz. Tinha os cabelos cinzas, já nessa idade, mas dizia que não mudaria para nada, pois era a cor que seu pai, Lítio, e sua mãe, Deutéria, tinham. Era conservador aos atos de sua família e tal como o resto dos amigos odiava trouxas e sangues-ruins.


            Mas havia algo que o incomodava. Desde que soube que Salazar Slytherin era ofidioglota, procurou saber tudo sobre ele. Num livro antigo, soube que os três fundadores tiveram uma briga com Salazar, expulsando-o da escola. Parecia que Slytherin, tal como Riddle, não queria sangues-ruins na escola e criou algo para tirá-los de lá. Foi a Câmara Secreta, escondida onde somente o herdeiro de Slytherin poderia abrir e controlar um monstro lá colocado para expurgar a escola dos sangues-ruins. Riddle sabia que era o herdeiro, mas nesses quatro anos ainda não havia achado a tal Câmara. Leu em tudo que era livro sobre a possível localização e se chocou quando soube que a escola já havia sido vasculhada dezenas de vezes. Talvez fosse mentira de Slytherin para assustar ou realmente só o seu herdeiro abriria a Câmara? O caso é que ele tinha imposto a si mesmo de que não descansaria até achar aquele lugar e controlar o monstro de Slytherin. Mesmo que ele acabasse a escola sem encontrá-la, daria um jeito de voltar.


            De vez em quando, sem ninguém saber, exceto seus amigos, Riddle fazia algo contra alguém. Coisas pequenas, que ninguém daria bola, mas aterrorizavam suas vítimas. Um dia, trancou uma garota num banheiro, onde ela ficou quase uma semana presa. Outro dia, Riddle quase foi pego. Ao que se sabia, Avery fazia parte do time de quadribol e se desentendeu com um grifinório numa das partidas. O rapaz trombou com Avery, que estava atrás de um tal de pomo de ouro.


 Riddle nem pensou : tirou sua varinha e queimou a vassoura. Nisso, o grifinório teve que se jogar da vassoura e fraturou o crânio. Outro caso estranho foi de um ataque de acromântula numa garota sangue-ruim. O que é estranho é que o animal invadiu os terrenos da escola e cravou as pinças no braço da menina, que logo foi curado num hospital de bruxos. Riddle, é claro, havia enfeitiçado a aranha. Mas fora isso, tudo estava normal. Inclusive seus amigos fieis.


            Mas um dos piores casos, e que ele e os amigos estavam metidos, foi quando aprendeu a amaldiçoar com a maldição do comando, chamada de Imperius, um aluno grifinório. Ele nunca se sentiu tão bem utilizando um feitiço e fez o aluno cometer barbaridades. Primeiro, saiu estuporando a professora Burbage que Riddle tanto odiava. Depois, com um feitiço que havia lido como sendo fogomaldito, o fez destruir grande parte das estufas de Herbologia, trazendo um enorme prejuízo para a escola. Chegou até a explodir o casebre onde Ogg morava, perto de um canteiro de abóboras, mas infelizmente o guarda-caça não estava dentro. Ainda por cima provocou uma grande explosão na torre da Grifinória, mas inoportunamente, mais uma vez, não havia ninguém presente nela. Ao que parecia, estavam todos no estádio assistindo a um jogo de Quadribol, mas o caso é que foi divertido vê-lo fazer todo aquilo como se fosse uma marionete. Chegou, inclusive, a arrebentar toda a sala de Defesa contra as Artes das Trevas, mas aí ele foi detido quando o professor Dumbledore chegou e conseguiu controlar o garoto, que saiu do transe quando Riddle resolveu sair dali. É claro que os professores sabia que ele havia sido enfeitiçado, mas ele nunca contou quem, pois nunca soube. Riddle havia amaldiçoado o garoto por trás e nunca havia falado com Tom, então não reconheceria sua voz.


            Agora, estavam no final do quarto ano. Ano passado, ele lembrava, entrou um rapaz muito alto e largo para sua idade. Parecia um trasgo pelo modo como andava. Talvez fosse parente de Ogg, todo desengonçado. Até para falar era um idiota. No mesmo ano, entrou uma garota de óculos, branca e espinhenta. Era sangue-ruim essa. Sem falar dos outros que entraram junto com eles. A maioria era sangue-ruim.


 


– Tom! – veio gritando Aurum através de um corredor. – Como é que faremos aquele trabalho sobre dementador da Profº Merrythought? – era típico de Avery. Vir pedir coisas ao Tom porque não era apto para fazê-las sozinho. Sempre ajudava-o nos deveres da escola.


– Vamos falar com os outros – respondeu Tom Riddle, imaginando as horas que ficariam na biblioteca.


E juntos atravessaram o corredor e começaram a procurar os outros amigos. Foram a diversos lugares, o castelo era imenso. Foram a biblioteca, ao Corujal, as estufas de herbologia, ao campo de quadribol, que finalmente Riddle descobrira o que era, apesar de não ter visto graça no jogo, ao Salão Principal, aos pátios, subiram e desceram escadas, foram até a sala dos professores, visto que Aurum e Laurêncio às vezes não entregavam trabalho, à sala de Slughorn, ao banheiro dos monitores, que Riddle havia descoberto a senha e contado aos amigos,  daí foram até a Sala de Troféus e ainda não o encontraram, até Tom bater na própria testa e exclamar:


– Eles devem estar na sala comunal!


E juntos, atravessaram o Salão, desceram até as masmorras, entraram por um caminho e se depararam com uma parede, até Riddle dizer:


Medalhão de Slytherin.


A parede se moveu e entraram. Foram até a sala onde ficavam as poltronas e sofás e lá encontraram Laurêncio, Tecnécio e Natrium deitados, brincando de snap explosivo. Um jogo de baralho que consistia em achar os pares ordenados, mas tinha que ser muito rápido para isso.


– E aí Tom, Aurum... Onde estiveram? – perguntou Natrium, tendo a mão queimada por tirar os olhos do jogo. O baralho podia explodir a qualquer instante.


– Estivemos procurando vocês. Temos que fazer o trabalho da Merrythought e... – começou Tom, pensando nos exames finais.


– Ahhhhh, depois a gente faz... – cortou-o Laurêncio. Riddle apenas o encarou seriamente por breves segundos.


– Bem, melhor fazermos logo – disse ele, levantando-se de prontidão e com a cabeça ligeiramente baixa. – Afinal, já é fim de ano!


Natrium na mesma hora levantou-se quando Riddle o encarou. Sabia que era melhor não contrariá-lo. E se reprovassem, pensava Riddle, o quarto ano por um trabalho e um amigo preguiçoso?


– Certo, vamos à biblioteca! – agora quem se levantou foi Tecnécio, deixando clara sua disposição.


E juntos eles saíram do salão comunal e se dirigiram ao segundo andar, onde ficava a biblioteca. Lá estava a velha mais chata da escola, Madame Pince. Ela vivia implicando com os alunos, mas com o Tom não. Ela sabia que não deveria incomodá-lo, mesmo que desrespeitasse alguma regra. Coisa que nunca havia feito, por ser inteligente ajudou a Sonserina a ganhar a Copa das Casas nos últimos três anos, sem falar que o time de quadribol também havia ganhado as três últimas. E esse ano não seria diferente, afinal, faltavam três semanas para as aulas acabarem.


Eles se sentaram nas mesas e Tom foi procurar um livro que falava sobre dementadores. Tiveram que entrar na Seção Reservada, pois a professora deu permissão para um trabalho completo sobre os tals guardas da pior prisão bruxa, Azkaban. Riddle começou a procurar lendo os títulos: Contramaldições, Como escapar de animais perigosos, O que fazer contra os demônios aquáticos, Segredos das Artes mais tenebrosos. Aquilo lhe interessou, mas agora não era a hora, continuou lendo: Sucesso contra as Artes das Trevas.


Aquele era o livro que a professora havia indicado e o recolheu. Juntos, por quase cinco horas, com apenas o som de pena e pergaminho na biblioteca, terminaram o trabalho, exaustos.


– Ufa – disse Natrium, jogando a pena para o lado e secando o rosto. Suava como um porco, assim lembrou Tecnécio –, será que ganharemos uma boa nota?


– É claro – respondeu Laurêncio, parecendo exausto e se alongando na cadeira –, praticamente copiamos o livro inteiro!


– Ótimo! Quero dormir, vamos – finalizou Tecnécio, fechando o pergaminho e começando a se levantar.


– Tom, você não vem? – perguntou Aurum para Tom, que continuava sentado no longo banco.


– Eu... vão indo, faltou eu pesquisar uma coisa – mentiu o garoto, mas não queria que os outros ficassem.


Os amigos resolveram não contrariar. Saíram e deixaram Tom, sozinho, na biblioteca. Tom sabia o que o deixou pregado ali, teria que dar uma olhada. Que segredos esconderiam aquele livro? Resolveu ir novamente até a Seção Reservada.


– Ei, menino. Que é que você vai fazer aí?


Era a Madame Pince. Que sempre fazia perguntas. Era extremamente desconfiada dos alunos. Mas Riddle não baixaria a cabeça diante dela.


– Vou pegar outro livro. A professora Merrythought autorizou. Esqueceu? – e balançou o pergaminho em sua mão com a autorização.


– Ah, não. Não esqueci – disse, furiosa por um aluno ter lhe passado a perna –, pode ir, vá logo.


Então, Riddle passou pela Seção Reservada e procurou o livro, até encontrar o título: Segredos das Artes mais tenebrosas.


Pegou-o, sentou-se longe da conhecida mesa onde os alunos estudavam e abriu o livro. Dele, saiu um horrível cheiro de carne podre. Começou a ler o índice, que parecia totalmente desorganizado:


 


Introdução à magia negra


As três maldições:


Imperius;


Cruciatus;


Avada Kedavra


 


Essas Riddle conhecia, os professores Ózon e Merrythought explicaram sobre elas vagamente. A Imperius servia para controlar alguém. A Cruciatus para torturar e Avada Kedavra para matar.


 


Poções das trevas


Grandes bruxos das trevas:


Gerardo Grindelwald


 


Esse era o tal bruxo das trevas que ouviu na primeira vez em que esteve junto com seus futuros amigos. Grindelwald estava ganhando poder mais ao norte e ninguém o detia. Estava formando um exército para atacar o Sul.


 


Anacleto H. Server


Orus A. Yitrio


Vanadium K. Warfles


Vida em Azkaban


Poções malditas


Recrutamentos:


Gigantes;


Lobisomens;


Dementadores


Horcrux – a busca pela imortalidade:


História;


Como fazer;


Como proteger;


Como destruir;


Como reconstituir a (s) parte (s) retirada (s);


 


            Parou a leitura. Tinha mais, mas as últimas palavras o estacaram. Estava branco, os olhos saltados, o coração batendo forte, tremendo, suando, esqueceu de ouvir, sentir e tocar. Tudo o que fazia era olhar para as palavras de boca aberta: a busca pela imortalidade. Ondas de choque o atingiam, o tempo estava mudando, parecia estar quente e frio ao mesmo tempo. Sentiu que o observavam, virou-se e nada viu. Parecia claro e escuro onde estava. O livro parecia querer sair de suas mãos e fugir. Seus cabelos negros faziam cócegas em seu rosto, pois pareciam se mexer. Sua pena começou a se desintegrar tamanha a força com que a apertava. O livro sorria para ele e ele retribuiu o sorriso. Movendo devagar os olhos, com medo de as palavras saírem correndo, procurou a página onde essa informação estava: 77.


            Virou devagar as folhas, com medo de rasgá-las, uma por uma, até a página 77. Ainda tremendo, começou a ler:


 


            Horcrux: palavra usada para designar um objeto na qual uma pessoa escondeu parte da alma.


História: Entre551 a.C e 28 d.C, na atual Roma, viveu um bruxo das trevas  conhecido por todos da época, chamado Hoácrio Érbio Férmio Horcrux. Matava pessoas de qualquer tipo: puros, mestiços, sangues-ruins e trouxas. Ninguém entendia aquela sua obsessão, pois geralmente quem matava tanto assim tinha um motivo. E o dele parecia ser esse: gosto em matar. Mas como ele viveu tanto?


 Numa de suas conhecidas matanças, onde matou nesse caso mais de 50 pessoas (num pequeno hospital trouxa), ele disse as palavras para a criação de uma Horcrux: Claudere anima. Ele queria dizer que não importa se morresse, sua alma estaria encerrada como a de qualquer outro, estaria acabada. Mas ele não sabia que havia acabado de dividir a própria alma. Cada vez que matava, sua alma se dividia, mas permanecia presa ao corpo. Estima-se que sua alma estava dividida em 164 partes, mas que fez, acidentalmente, só uma Horcrux. Quando ele disse o agora conhecido encantamento, estima-se que algo estranho aconteceu com seu corpo, a qual será descrito em Como fazer, desse volume.


                        Após sair daquele lugar, sem saber de nada, foi emboscado por uma trupe de bruxos designados pela população. Ele tentou, mas foi atingida por uma maldição. Não se sabe o que ocorreu, mas seu corpo foi enterrado. Porém, cerca de 200 anos depois, ele apareceu. Estudiosos do assunto resolveram, após todo esse tempo, investigar o último lugar onde ele foi e ocorreu o massacre. Lá encontraram, intacta, uma boneca de criança. Pesquisando-a, algo estranho aconteceu. A boneca gritou e lembrou-lhes um grito de maldição. Parecia a voz de Horcrux. Resolveram abrir sua costura, mas novamente a boneca gritou. Após certo tempo de seu retorno, Hoácrio Horcrux volta onde o massacre havia ocorrido e lembra-se de tudo o que aconteceu. Os bruxos ainda estavam lá, observando. Foi quando um saiu dos escombros e amaldiçoou Horcrux de novo, que tombou. Novamente, foi enterrado, mas após 250 anos novamente apareceu.


                        Nem mesmo Horcrux soube o que aconteceu, até um bruxo analisar a boneca e constatar algo estranho dentro dela, que se mexia e falava com a voz de Horcrux. Seria uma parte co corpo dele? Resolveu enfeitiçar a boneca, que logo disse horrores ao bruxo. A situação poderia ser cômica se não fosse a voz da boneca, uma voz terrivelmente familiar a um bruxo assassino há séculos. Do nada, Horcrux falou de novo, mas agora era o próprio. Ele saiu de trás de uma parede com a varinha em riste. Matou o bruxo e levou consigo a boneca, parecia que finalmente havia descoberto o que acontecera. Levou-a para longe, viveu mais alguns anos e logo começou a matar novamente. Porém, bruxos haviam conversado e descobrido sobre o que havia acontecido, analisando a morte do buxo que Horcrux matara. Resolveram, unidos, soltar o pior animal do mundo mágico, um nundu, onde Horcrux estava. O animal, amaldiçoado por dezenas de pessoas, exalou seu bafo na casa onde estava. Ele saiu cambaleando e gritando, com uma boneca de pano à mão. Juntos, caíram.


 A boneca soltou um grito interminável e se rasgou inteira. Horcrux jazia morto no chão e nunca mais retornou. Aquele foi o primeiro caso de Horcrux na história.


 


Viveu quase 600 anos, pensou Riddle. Aquilo era a imortalidadeem pessoa. Seuerro foi fazer apenas uma Horcrux. Mas, pensou, o caso é que nem Horcrux sabia o que tinha feito. Mas agora Riddle sabia. Continuou a leitura:


 


Como fazer(os passos foram testados):


Passo 1: Escolher um objeto qualquer para se encerrar a alma.


 AVISO: não recomendamos Horcruxes em seres vivos, pois seria de sua responsabilidade o que fazer com o próprio corpo, correndo o risco da Horcrux ser destruída.


Passo 2: Matar uma pessoa. Para fazer uma Horcrux, é preciso ter a alma repartida em pedaços dentro do próprio corpo. Para isso, deve-se agir contra a lei da natureza: matando. Cada vez que uma pessoa mata, sua alma vai sendo dividida. Com uma morte, duas almas. Duas mortes, três almas.


OBS nº 1: Cada parte de alma não será novamente dividida em duas após um assassinato, será dividida apenas uma parte, correspondendo à seguinte igualdade aritmética: n assassinatos = n + 1 partes de alma.


OBS nº 2: O assassinato não deve ser acidental ou por defesa própria. Deve ser por pura maldade, apenas pelo prazer de tirar uma vida ou por ambição. Sendo ou não planejada.


Passo 3: Encerrar a alma no objeto escolhido. Após o assassinato, o bruxo que desejar criar uma Horcrux deverá apontar a varinha para o objeto escolhido diante do cadáver e sentir sua morte, seu olhar, sua expressão de espanto e desesperado (se sofrer antes, melhor ainda) e dizer o encantamento: Claudere anima. O bruxo sentirá prazer, triunfo, ânsia pela imortalidade. Irromperá de seu peito algo gasoso e escuro e nessa hora algo acontecerá. Irá parecer mais leve e pesado ao mesmo tempo. Uma pressão interna irá crescer e o peito vai estufar. A varinha irá tremer, temendo deixar aquele pedaço de alma fugir de seu dono. Ficará suado, perderá o sangue dos ossos. Os órgãos irão gritar em protesto e o bruxo irá querer desistir. NÃO FAÇA ISSO! Se a alma já estiver em contato com o ar atmosférico e voltar poderá levar consigo não só a sujeira mundana, mas uma pressão incompatível com a alma presa ao corpo. A dor será eterna. Haverá aumento interno dos órgãos que logo começarão a inchar. Haverá múltiplas falências, taquicardia e pressão alta, resultando na morte. Após Horcrux, que acidentalmente criou sua Horcrux, o primeiro bruxo a obtiver êxito nesse processo foi Herpo, O Sujo, famoso ofidioglota que criou o primeiro basilisco. Muitos morreram tentando criar uma. Se for começar o processo, é preferível não desistir. É só continuar com a varinha apontada para o objeto, forçando a alma a entrar nele, até não haver mais massa escura e o objeto ganhar momentaneamente uma aura negra e lentamente voltar ao estado normal.


Como proteger:


Horcruxes são objetos comuns. Podem ser algo valioso com propriedades mágicas, mas ainda assim não são seres vivos e não irão defender a alma contida. A alma pode até tentar se defender entrando na mente de pessoas, mas não serão páreas para bruxos qualificados.  Serão necessários feitiços de proteção ao redor da Horcrux para a alma oculta não ser destruída.


Feitiços protetores simples:


Protego Totallum: cria uma barreira invisível ao redor da Horcrux. Pode ser facilmente remediada por feitiços explosivos.


Salvio Hexia: Fará com que qualquer ser vivo perto da Horcrux se esqueça do que veio fazer e volte por onde veio.


Cave Inimicum: deixa a Horcrux invisível (só serve para objetos).


Burns Globaris: deixa a Horcrux incandescente, fazendo queimar quem a toque.


Isobárium Globaris: diminui o volume da Horcrux deixando-a minúscula a olho nu.


Invictor Totallum: o feitiço de desilusão não ocultará completamente a Horcrux, mas a deixará transparente com a mesma textura e cor do meio que a oculta.


Geminio multipla: a pessoa que a tocar gerará uma reação no objeto fazendo-o se multiplicar.


Algumas maldições poderosas (só bruxos poderosos conseguirão):


Tatum horribilis: serão conjurados, ao redor da Horcrux, animais das trevas para protegê-la quando tocada ou conjurada. Impedirá também feitiços convocatórios.


Inferius Living: maldição dos cadáveres. O bruxo das trevas precisará de corpos a disposição para reanimá-los. Difere do Imperius pelo fato de estarem mortos.


Barricade maximilium: uma barreira invisível é conjurada ao redor e nada irá detê-la, a não ser que o bruxo deixe algo acontecer com ela. É a maldição mais indicada e aconselhada pelo fato de não causar danos ao criador caso este se esqueça.


Blackputrid curse: a mais terrível das maldições em objetos (não funcionará se lançada diretamente a um ser vivo). Quem tocar o objeto amaldiçoado completamente e à mão livre e nua certamente morrerá. O que pode variar é o tempo, embora isso não seja um consolo. A maldição se espalha a partir da parte do corpo tocada e vai se dirigindo aos órgãos vitais e aos tecidos e apodrecendo-os. Sem os devidos cuidados, em cinco minutos ocorrerá morte cerebral e hemorrágica. Mesmo com os mais complexos feitiços e poções restauradoras conhecidas o feitiço se espalhará. Poções a mão do tipo Wiggenweld para nada servem. Não há caso registrado de quem tenha sobrevivido à maldição durante um mês tendo tocado completamente a Horcrux amaldiçoada (mesmo se tratado devidamente nos mais modernos e famosos hospitais bruxos).


Obs: Pode-se também, em casos que a Horcrux seja um objeto que possa ser aberto e fechado, enfeitiçar a abertura por onde a alma estiver oculta.


Como destruir(todos os casos são comprovados, mas deve haver mais meios):


Mesmo com feitiços de proteção há meios de uma Horcrux ser destruída. O primeiro destacado será aquele que destruiu a primeira Horcrux da história:


Bafo de Nundu: o animal mágico mais perigoso do mundo bruxo. Especialistas afirmam que o nundu na verdade é o animal mais perigoso do planeta, mas a actinocongestina, poderoso veneno de vespas-do-mar, Cnidários da classe Cubozoa, que matam pessoas em poucos minutos. Esses animais são principalmente encontrados nos mares índicos e pacíficos, perto da costa australiana. Porém, nunca houve caso desse veneno ter destruído uma Horcrux, embora seja provável. O bafo do Nundu é capaz de destruir vilarejos inteiros, tendo a mesma mortalidade de uma bomba atômica, exceto pela distância atingida ser menor.


Fogo do Dragão Negro das Ilhas Hébridas: é o mais poderoso fogo lançado pelas 10 espécies puras de dragões. Apesar de não ser o mais perigoso dos dragões, tem o mais fatal fogo.


Veneno de mantícora e de acromântula misturados à poção do morto vivo: devem ser misturados numa proporção 3:8:5 (em litros). (Vide antídotos)


Veneno de basilisco, o rei das serpentes: o veneno deve ser extraído de um basilisco pelas presas ou pelo crânio, onde o veneno é guardado. (Vide antídotos)


Fiendfyre: o fogomaldito. Perigosíssimo. Em mãos inaptas, é incontrolável e procura queimar tudo a seu redor, até mesmo seu criador. Para parar, é só ordenar a contramaldição: Hellstorm evanesco, para fazer as chamas desaparecerem.


Maldição da Morte: Avada Kedavra. Usada principalmente para Horcruxes em seres vivos (o único caso comprovado foi também comprovado. O animal em questão era um sapo).


* Único antídoto existente para as conhecidas poções e venenos que são capazes de destruir almas em Horcruxes: lágrimas de Fênix.


            A alma não pode ser retirada de sua Horcrux sem ocorrer sua completa destruição.


Não é possível transferir a alma de lugar (Exceto se retornar ao tópico. Ver continuação dos tópicos). Ela não sobrevive sem o objeto encantado. Mesmo que seja quebrado, moído, despedaçado ou qualquer outra coisa aconteça ao objeto (salvo os meios certos de destruição) é possível restaurá-lo por magia. O objeto deve encontrar-se totalmente destruído para que a alma nele morra. Por isso, há três fatos vantajosos sobre Horcruxes: seus feitiços, mesmo que simples, protegem a alma indefinidamente através dos séculos. Os meios de destruição ou são raríssimos ou perigossíssimos. Quem criar uma viverá eternamente enquanto a alma na Horcrux não seja destruída antes da destruição do corpo onde a alma principal estiver.


Como reconstituir a (s) parte (s) retirada (s):


Dois avisos antes das explicações:


1º– Esperamos que sua alma não esteja dividida em mais de dois pedaços (uma Horcrux).


2º– A dor será tão intensa que pode matar (o único caso comprovado foi a morte).


O fato 1 está intimamente ligado ao fato 2.


Como já explicado, a alma se divide dentro do corpo em um assassinato (vide os motivos para a criação de Horcruxes). A alma (inteira) fica em uma constante relação com a energia do corpo e está sempre em movimento, liberando essa energia (por isso que não há vida sem energia, afinal a alma também morre). A energia é sempre constante e está igualmente em todos os pedaços da alma inteira. Quando a alma se divide, a energia do corpo também é dividida (mas sempre constante) e se reparte (igualmente) nos dois pedaços de alma. Quando uma Horcrux é criada, uma parte de alma é retirada, mas não a energia que nela estava. A energia do corpo então irá se concentrar naquele pedaço restante. Esse pedaço terá a sua energia e também a energia da alma que saiu (afinal, a energia é constante) e terá um aumento energético, tendo um leve perturbamento e se movimentando mais dentro do corpo, se tornando instável.


 Acidentalmente, uma parte de alma restante e instável pode sair do corpo e entrar em um objeto qualquer, mesmo sem o bruxo ter querido que isso acontecesse. Presume-se que foi o que aconteceu com Hoácrio Horcrux, apesar de nunca ter feito uma Horcrux antes. O que aconteceu foi que sua alma não aguentava sua mente maligna e finalmente uma parte saiu dele. Sua primeira e única Horcrux (a qual ficou sabendo o que era depois de séculos) foi uma boneca, pois havia explodido um pequeno hospital trouxa e estava vasculhando os destroços para se certificar que havia matado todos. Encontrou várias pessoas e crianças deitadas em camas cheias de fuligens e à beira da morte. Sabe-se que algumas ele retalhou para sofrer mais e outras simplesmente queimou vivas. Foi então que chegou onde estava uma menina deitada em uma cama segurando uma boneca e ligada a diversos aparelhos. Um quadro com uma imagem de um homem dizia, em latim: Não importa para onde vá, tua alma irá se juntar a mim.


            Horcrux riu da situação e a menina se encolheu nas cobertas, suplicando aterrorizada para o bruxo. Ele simplesmente olhou e disse: Encerro tua alma aqui e agora. E matou a menina. Nisso, gritou triunfante, em latim: Claudere anima, e apontou para a criança já morta. Ele queria dizer que não importava quem era aquele do quadro, era ele quem retirava vidas, ele era o criador e ao mesmo tempo o destruidor. Ele criava e também encerrava almas. Sem saber, acidentalmente, ele fez tudo necessário para uma Horcrux existir: tinha a alma repartida e extremamente instável, acabara de matar e dissera as palavras mágicas apontando para um simples objeto, a boneca da criança.


            Sabe-se que nenhum outro bruxo das trevas fez mais do que uma Horcrux, pois podem ocorrer várias deformações físicas (caso a alma esteja em um animal) e psicológicas. Há casos em que um bruxo transferiu parte da alma em uma aranha pouco antes de ser assassinado e quando retornou, décadas depois, tinha oito olhos brancos e grossos pelos no rosto.


            Portanto, recomendamos não retirar mais do que um pedaço pois, como provado, a alma poderá agir livremente em situações extremas. E toda vez que criar uma será cada vez mais fácil para sair do corpo “sem autorização”, deixando o restante cada vez mais instável, gerando assim uma reação em cadeia em que o bruxo quase não terá alma no corpo. Não se sabe o que acontecerá, mas acredita-se que algo semelhante a quem recebe o beijo do Dementador (é provável que o beijo também seja uma forma de destruição, pois o dementador sugará a alma no objeto, mas nunca foi provado).


Agora, aconselhamos, uma vez criada uma Horcrux, não devolvê-la ao corpo. Uma vez retirada, apesar de ser igual a que permaneceu no corpo e ter as mesmas características, não irá querer voltar. Isso se deve porque ambas as partes [a (s) retirada (s) e a de dentro do corpo] sabem porque uma delas saiu do corpo: a maldade. Mas para isso acontecer, o bruxo deverá sentir verdadeiramente algo oposto a tudo que fez: remorso. Deve se arrepender de tudo o que fez, pensar nas coisas que destruiu, nas vidas que arruinou e escolher purificar sua alma. Quando isso acontecer, e o bruxo estiver diante de uma ou várias Horcruxes, a alma negra irá sair para adentrar dentro do peito do bruxo. Porém, a parte retirada não irá querer voltar a se misturar à parte da alma restante. A parte boa da alma dentro não deixará entrar a parte ruim (que saiu por assassinato, pois, mesmo sabendo que é uma irmã, saiu por um motivo tão perverso) e haverá uma repulsão entre os meios. Pensamos na alma como um ser vivo.


           Ela, naturalmente, é pura e boa, mesmo que dividida dentro do corpo. Mas uma vez retirada contra sua vontade, torna-se má e perigosa. Existem casos em que Horcruxes enlouqueceram e mataram viajantes que nem sequer as ameaçaram. Apesar da alma retirada ser verdadeiramente do corpo do bruxo, vai prestar resistência à entrada e aí é que reside a dor. Uma pressão gigantesca irromperá quando as almas se misturarem (a do corpo e a retirada). Haverá uma repulsão e a dor continuará extremamente forte. O corpo, naturalmente, ajudará a expulsar a alma invasora e perderá energia. Haverá fraqueza, lentidão. Haverá sangramento pelos orifícios tamanha a pressão exercida pelos órgãos, que irão parar de funcionar. Certos ossos e tecidos irão encolher para compensar um menor gasto calórico. O que vai piorar é se forem mais do que pedaço de alma tentando entrar. O esforço será proporcionalmente maior. O corpo irá querer explodir e outros órgãos irão inchar. Haverá cegueira e surdez, falta de tato e olfato. O único caso conhecido de um bruxo que fez isso morreu em uma prisão bruxa cambojana. Constataram-se diversas outras coisas que aconteceram com o corpo durante essa reconstituição: aumento do coração, espasmos musculares, cefaléia, convulsão, descamação da pele, hiperventilação, vômito, taquicardia seguida de sopro cardíaco, hepatoesplenomegalia, icterícia, hemoptiose, implosão de diversos órgãos e, por fim, parada respiratória. Provavelmente devem ocorrer outras diversas coisas, pois é algo terrível de se fazer. Disseram que o homem ficou cerca de três horas até morrer por falta de ar e seu corpo quase não havia mais sangue. Foi a morte mais lenta e dolorosa já presenciada por bruxos em um bruxo que quis ter a alma retirada reconstituída ao corpo.


 


            Tudo isso pela imortalidade. E por que você não a conquista?


 


            Tom Riddle terminou a leitura. Faltavam cerca de 10 minutos para a biblioteca fechar.


– Ou guarde este livro ou leve-o para terminar seu trabalho que eu tenho que fechar isso aqui!


Era a Madame Pince. Tom colocou o livro debaixo do braço e saiu. O banquete já havia terminado. Parecia que tinha ficado horas lendo aquele livro. Estava andando, mas parecia um morto vivo. Sua mente havia guardado tudo o que tinha lido. O castelo parecia vazio, escuro. Não se ouviam vozes. Os fantasmas, por ironia, haviam desaparecido. Começara a chover. O vento lá fora fustigava as árvores. O tempo estava mudando. A busca incansável pela imortalidade. Tom Riddle sabia que conseguiria. Matar? Isso não era o problema, havia tantos que desejava ver mortos. A começar pelos trouxas lá fora, inúteis a seu ver. Depois os sangues-ruins e mestiços. Os sangues-puros prevaleceriam. Ele seria o líder da revolta do mundo bruxo. Todos os outros iriam sucumbir a seus pés. Ele comandaria, ele faria Horcruxes e viveria para sempre. Suas mortes seriam importantes e os objetos teriam algum valor, histórico, econômico ou até mesmo familiar. Algo do lar onde vivia e estudava. Sabia que existia um medalhão que pertenceu ao dono de sua casa. Os outros fundadores deviam ter algo também, mesmo que de menos valor. Agora era a hora...


– Ora, ora, se não é o Tom Riddle. Ou seria melhor, Tomy Rindo? To-my-rindo, sacou? Há há há há há há há.. – exclamou uma voz, sobressaltando-o.


Hum.... Infelizmente Pirraça era um poltergeist. Era isso mesmo, não era um fantasma? Sabia que não adiantaria de nada tentar enfeitiçar um fantasma, visto que nada passava por eles. Mas Pirraça... Parecia um anão flutuante de terno e gravata borboleta, um nariz longo e fino e uma bocarra cheia de dentes. Sempre o via pegando coisas para arremessar nos outros. Seria mesmo um poltergeist ou algo parecido?


– Olá, Pirraça – Tom iria intimidá-lo e teve o momento perfeito. O Barão Sangrento, o único ser do castelo que o aterrorizava, atravessou uma parede logo atrás de Pirraça. – O que você acaba de dizer sobre o Barão? Eu não gostei nem um pouco – disse ele, em voz alta. – Barão – Tom se dirigiu ao enorme fantasma sonserino –, se eu fosse você faria uma lição nesse poltergeist. Não foi nada gentil o que ele acaba de dizer sobre o senhor. Eu não gostaria se fosse comigo.


Pirraça congelou e começou a tremer:


– Meu senhor, Vossa Mortificência, não disse nada, só... – gaguejou Pirraça, apavorado com as palavras do garoto.


Imperio! – Tom havia amaldiçoado Pirraça quase silenciosamente, que deu um tremelique quando a maldição o atingiu. Riddle completou a frase de Pirraça maldosamente.


– “... disse que era o fantasma mais idiota do castelo”.


Tom cessou o feitiço e Pirraça estava apavorado. Não sabia o que tinha feito, mas Barão recolheu as correntes que arrastava e ar ergueu ameaçadoramente. Será que poltergeists sentiam dor?


Barão chicoteou as correntes em Pirraça que começou a berrar. Parecia que sentiam dor, sim. Saiu dali e se dirigiu às masmorras.


Sangue puro!


A parede de pedra se moveu e ele adentrou na sala comunal. Lá estavam, nos sofás e poltronas, seus comparsas.


– Por onde você esteve? – perguntaram Natrium a Aurum, juntos e se levantando no mesmo tempo.


– Estivemos preocupados – concluíram em uníssono Laurêncio e Tecnécio, visivelmente com sono.


– Estive... na biblioteca. Lembrei-me de algo que o Slughorn disse que estudaremos nos N.I.E.M’s sobre antídotos e resolvi ver o que era – ele segurou com força o livro debaixo das vestes e antes que Natrium dissesse algo do tipo: Sempre à frente, Tom, resumiu:


– Estou cansado e vou dormir. Amanhã nos vemos.


E começou a se dirigir ao dormitório até ouvir o grito de Tecnécio sobre o fim de semana:


– Você vai amanhã com a gente para Hogsmeade, não vai?


– Vou, é claro.


E entrou no dormitório masculino. O quarto refletia o verde do lago abaixo das camas e iluminava uma miniatura de uma estátua de Salazar Slytherin que estava por todo o salão comunal, inclusive nos quartos. Abaixo da estátua, lia-se:


Que meu herdeiro abra a Câmara Secreta e expurgue a minha escola dos indignos de estudar magia”.


Tom havia até decorado aquilo. Foi escrito em 992, há quase 1000 anos, e residia até agora no ano de 1941. Dormiu rapidamente pensando na tal Câmara Secreta. A visita a Hogsmeade no dia seguinte foi tão normal quanto sempre fora. O Cabeça de Javali continuava imundo e escuro. O 2 Vassouras era o bar mais movimentado. A Dedosdemel continuava com seus deliciosos doces. E a Dervixes & Bangues ganhou uma concorrente: a Zonko’s: Logros e Brincadeiras. Fora isso, as outras lojas eram as mais comuns possíveis, embora Hogsmeade foi e continua sendo o primeiro povoado bruxo das redondezas, até mesmo antes de Hogwarts ser fundada, sendo que é também a sede da estação de trem do Expresso de Hogwarts.


            Voltou antes do que todos para o castelo e para o salão comunal. Releu o livro Segredos das Artes mais Tenebrosas mais três vezes. Só agora que notou algo, um nome: Hoácrio Érbio Férmio Horcrux. Nunca tinha visto um nome assim, mas já havia lido algo parecido. Pensou em todos que conhecia, em todos os professores e funcionários e de nada lembrava, mas sabia que há quatro anos, desde que entrara, aquele nome lhe lembrara algo. O que não lembrava era o quê.


            A semana se passou e agora era o último dia do 4º ano de Tom Riddle e amigos. Todos passaram com louvor, até mesmo Laurêncio e Aurum passaram com crédito para o 5º ano, que começaria dentro de 2 meses. No expresso de Hogwarts, agora de volta a Londres, Tom pegou seu diário e acrescentou a ele mais coisas que iria descobrir. Já estava nele as informações que tinha sobre sua mãe e as que faltavam para saber mais sobre seu pai. Acrescentou as seguintes:


            Localização da Câmara Secreta. Sei que sou o herdeiro de Slytherin. Desde o primeiro ano a procurava.


            Hoácrio Horcrux. A quem ele me lembra?


            Ler mais sobre Horcruxes e imortalidade.    


            Afinal, no fim do ano letivo, os alunos não eram revistados quando voltavam. O livro estava em seu malão agora. Iria devolvê-lo quando quisesse.

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