Prólogo



Lembro-me bem da primeira vez que o vi. Lembro-me bem da primeira impressão que ele me causou. Os cabelos castanho-escuros em cachos caídos sobre o rosto. Uma expressão de rebeldia desafiadora, ora infantil, ora sensual. Sirius maldito Black. Alto, magro, a pele pálida, e as pintinhas que lhe cobriam o pescoço e os braços (e, provavelmente, as costas, o peito, o abdômen... não que eu pense muito nisso, é claro). Atraindo os olhares femininos como um imã enquanto desfilava displicentemente, sem parecer se dar conta do seu poder de sedução, pelo saguão da escola. Depois de muito lutar contra o meu bom senso, confessei a mim mesma “nada mal” o que, para os bons entendedores significava “pelas barbas de Merlin me chupe até os ossos”.



Acontece que o Sirius é um daqueles caras. Um daqueles que finge não saber que tem a    metade da população feminina de Hogwarts nas palmas das mãos e que pode ter a outra metade se sorrir e disser um “oi” com jeitinho. Um daqueles caras que vai te conquistar, mesmo que você lute com todas as suas forças contra isso, e depois vai te deixar com o coração partido na mão, ainda sangrando, chorando, em posição fetal.


E é claro que eu, Sabina Plastinina, 5º ano, Grifinória, me apaixonei por ele. Mas calma, vou contar-lhes tudo do início e assim espero que tenham clemência para com a minha pobre e perturbada alma.


 



Foi no terceiro ano, mais precisamente durante as férias de inverno que Sirius e eu notamos a existência um do outro. Eu sempre passara os feriados de fim de ano junto dos meus pais, em Londres, mas esse ano resolvi fazer diferente pois a) os feriados de fim de ano na minha casa sempre terminam com brigas dramáticas e ameaças de divórcio e b) Hogwarts é ainda mais mágica e encantadora no Natal. Acontece que minha melhor amiga (lê-se: única) foi obrigada a voltar pra casa e eu fiquei sozinha no dormitório feminino com Ananda Albarn. A Ananda não é má pessoa, mas ela também não é uma das boas. Digamos que se Hogwarts fosse uma escola trouxa, com toda aquela hierarquia de status sociais definidos por quem é mais bonita e mais gostosa e mais estilosa, essa seria a Ananda. E ela sabe disso.


 


Até aí problema nenhum, já que nós continuaríamos fazendo o que sempre fizemos: ignorando a existência uma da outra. Porém, todavia, entretanto, Ananda Albarn e Sirius Black estavam se pegando. E, como se já não bastasse passarem o dia inteiro se pegando nos lugares mais improváveis da escola, o maldito do Sirius entrava no nosso dormitório à noite (antes dos encantamentos proibindo e impossibilitando a entrada) para se pegarem e dormirem juntos de conchinha depois de se cansarem de tanta pegação. Eu até ignoraria, mas fica difícil com o barulho dos beijos, as risadinhas ocasionais e o chiado dos murmúrios. Então, em uma noite, eu decidi que ia descer até a Sala Comunal para fazer qualquer coisa que não fosse sentir raiva e inveja da Ananda e me repreender por sentir raiva e inveja da Ananda já que não havia nada para invejar porque o Sirius nem é tudo isso, né. Enfim. Enquanto eu descia as escadas em espiral ouvi o quadro da Mulher Gorda abrir, logo depois passos apressados e uma conversa agitada. Eram Filch e Cornélia Struddel, diretora da Grifinória [Pequena nota sobre Cornélia Struddel: ela é a nossa professora de Feitiços e é alemã. Muito severa e disciplinadora mas também bastante insegura, o que facilita na hora de passarmos a perna nela. O problema é quando ela descobre]. Fodeu. Voltei literalmente correndo, tranquei a porta, arranquei um Sirius sem camisa do cangote da Ananda e disse “o Filch e a Cornélia tão vindo, entra no meu malão” e tirei o malão (que, por sorte deles, estava vazio) debaixo da minha cama. Houve um batido na porta enquanto Sirius se acomodava e eu terminava de fechar o malão.


- Que aconteceu? – eu disse, abrindo a porta e forçando minha melhor cara de sono e surpresa.



Eles entraram, revistando o dormitório com o olhar enquanto Ananda fingia dormir embaixo das cobertas.



- Onde é que ele está? E é melhor que você não tente protegê-lo ou vai acabar tão encrencada quanto ele! – berrava Cornélia, com o olho direito tremendo naquele tique bizarro que ela tem.



- Ele quem? – e nesse momento a Ananda fingia acordar.



- Nós recebemos informações de que aquela peste estava aqui, no dormitório feminino, se agarrando com a srta. Albarn!



- Por favor professora, assim você me ofende! – disse uma Ananda muito desperta em uma voz extremamente afetada que só ela conseguia fazer com tanta maestria.


 


- Por favor digo eu srta. Albarn, todos nós sabemos do tamanho da sua ficha E DA DO SR. BLACK AONDE QUER QUE ELE ESTEJA de detenções – guinchou Cornélia, e nessa hora eu tive certeza que ela iria inchar como um daqueles peixes e depois explodir.



- Professora, desculpa a intromissão mas, a senhora me conhece, você acha mesmo que, se algo dessa gravidade estivesse acontecendo, eu iria esconder da senhora? De jeito nenhum, meus deveres para com Hogwarts estão acima de tudo e de todos! – quem ouve até acredita, né? Acontece que minha ficha em Hogwarts era realmente tão limpa quanto a enfermaria de Madame Pomfrey – E além disso, professora, pelo que eu sei, Sirius Black foi levado há poucas horas para a enfermaria...


 


Nesse momento Ananda teve uma crise de tosse.



- Como é que é? Enfermaria?! - Cornélia disse, tentando disfarçar a preocupação – O que ele tem?



- Provavelmente sífilis ou tuberculose...- mas acrescentei um “BRINCADEIRA” quando percebi que ela estava ficando vermelha – eu não sei professora, tudo que vi foi Tiago e Remo levando-o pela escada... E ele estava inconsciente.



- E porque diabos você não me disse antes? Pelas barbas de Merlin, um garoto inconsciente sob o nosso teto e ninguém me avisa! – ela disse, já saindo porta afora.



- MAS AONDE CÊ VAI? – eu disse, a seguindo escada abaixo.



- Na enfermaria, obviamente srta. Plastinina! Acho que conviver por mais de uma semana com Ananda amoleceu seus miolos! – eu parei no degrau do meio, tentando não rir, enquanto ela subia de volta até mim – Não diga isso a ela!



- Certo, mas... DE QUALQUER FORMA MADAME POMFREY NÃO VAI PERMITIR QUE A SENHORA ENTRE LÁ A ESSA HORA E - *PÁ* o quadro bateu com um estrondo depois que Cornélia e Filch sumiram através dele.



Subi correndo o mais rápido que pude visto que estava usando pantufas de um tamanho considerável de leões dourados que engoliam meus pés. Mas né, Grifinória na veia. Chegando lá me deparei com Ananda sentada em estado de choque e Sirius saindo do malão com uma careta.



- Você vai pro seu dormitório agora e se, ou melhor, quando a Cornélia for te ver, você confirma a minha história. Disse que teve um mal estar ou qualquer coisa assim, mas que foi liberado 10 minutos depois.



- Tá, mas e se Madame Pomfrey estiver contando a ela nesse exato momento que eu não apareci por lá?



- Bom, aí tu se fode... Ou melhor, nós nos fodemos – eu disse, com um sorriso irônico – Mas, de qualquer forma, a Cornélia acredita em mim, vai achar que eu me enganei e que não te levaram pra enfermaria, porque você acordou antes, ou qualquer coisa assim... Agora vaza daqui.



- Eu não sei como te agradecer, sério... – ele começou, se aproximando de mim e colocando a mão no meu ombro.



- Tu agradece indo embora antes que eles voltem.



E assim ele se foi. E a Ananda continuou lá, parada, contemplando o nada. E você, deve estar se perguntando por que eu fiz isso. Bom, acontece que 1) em Hogwarts, ou pelo menos na Grifinória, nós temos um pacto silencioso de proteção mútua, ou seja, nós nunca deduramos ninguém e também tentamos de todas as formas proteger os nossos colegas, e 2) não seria ruim ter Ananda Albarn e Sirius Black me devendo suas vidas porque 3) se tudo fosse descoberto, além de ser expulso Sirius teria grandes problemas com a sua família macabra e do mal por estar “namorando” uma nascida trouxa. Mas vamos esquecer tudo isso e nos focar apenas no 4º motivo que é: eu sou uma boa pessoa.

∆∆∆

N/A: Oi gente, esse é o prólogo da fic e é realmente só uma introdução na história e nos personagens, já que a fic em si vai se passar dois anos a frente dos acontecimentos desse capítulo. Enfim, espero que cês tenham gostado e saibam que a coisa começa de verdade no próximo capítulo, que eu tenho a intenção de postar ainda essa semana, se tudo der certo. Conto com seus comentários, sugestões, críticas, elogios, confissões, choros e lamentações hahah, beijão! 

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