Victorie



Eu sei que aquela foi quase – ele escrevera no pergaminho – mas quero te ver de novo. Se você estiver disposta a correr o risco, claro. Se quiser, podemos nos encontrar no mesmo lugar amanhã às 20h.


 


Quando a coruja parda bicou sua janela naquela noite Victorie quase pulou da cama. Ela não esperava que ele fosse querer arriscar ser visto com ela depois de quase serem pegos na sorveteria naquela tarde. Essa era uma das coisas que mais a fascinavam nele, o perigo. O segredo. Desde que o vira pela primeira vez – tudo bem, não era a primeira vez, mas era a primeira vez que ela reparava nele e ele nela – ela havia se encantado. Os olhos dele eram enigmáticos, - assim como o dono – pareciam mudar de cor toda vez que a luz batia. Ela podia passar horas olhando para aqueles olhos e nunca ficaria cansada. Então é claro que ela aceitaria o convite para sair com ele.


 


Estarei lá. – ela respondeu no verso do mesmo pergaminho, amarrou na perna da coruja e a mandou pela janela.


 


Ele não era como os outros, não parecia um pobre coitado que implorava pela atenção dela, para ser sincera, quem teve que implorar por atenção fora ela. E isso a intrigou ainda mais. De inicio ela achou que ele tivesse namorada, depois começou a pensar que não gostasse de garotas mesmo, mas quando ela o viu receber uma carta em papel rosa com um beijo de batom no fim – sim ela ficou observando ele e depois foi atrás da carta, não era algo que ela fazia, mas ele a tirava do serio – ela tinha certeza que ele se interessava em garotas.


Mas mesmo assim ela precisou de uma semana inteira para conseguir fazer com que ele lhe dirigisse mais do que um “oi” ocasional. Era como se ele não a enxergasse – mesmo depois de ela praticamente dançar na frente dele – e quando finalmente falou com ela, foi para chamá-la de irritante! Que ousadia!


 


Lembrar daquela semana a fez começar a repassar todos os momentos dela com ele, como ela se sentiu quando ele respondeu a carta que ela mandara logo depois de ir embora, como eles se encontraram da primeira vez, até chegarem naquela tarde. Aquela tarde tinha sido a melhor de todas. Ele mandara uma carta pela manhã, pedindo que ela a encontrasse onde o Beco Diagonal terminava e a Travessa do Tranco começava. Quando ela chegou lá não viu ninguém, apenas alguns bruxos mau encarados que passavam pelas lojas na Travessa do Tranco, quando ele demorou a chegar ela começou a achar que tinha sido uma piada de mau gosto e estava pronta para ir embora, quando sentiu duas mãos se fecharem em volta de sua cintura e a puxar para uma ruela entre uma loja e outra, ela tomou o maior susto de sua vida, mas quando viu o dono daquelas mãos perdeu o ar, ela estava bem próximo dela, faltavam centímetros para seus narizes se encostarem, mas – para decepção de Victorie – ele não a beijou, apenas sorriu e disse:


 


- Oi!


- Oi? Você quase me mata de susto e tudo o que tem a dizer é oi? - ela tentava disfarçar o fato de que o sorriso dele a deixava hipnotizada. – e que espécie de lugar é esse para se marcar um encontro? - de repente ela sentiu o rosto ficar quente quando notou que tinha dito “encontro”.


- Desculpe. Mas foi difícil fazer minha avó acreditar que eu vinha comprar materiaisem falta. Eeu sei que você não quer que seu pai descubra sobre essa sua escapada.


- Mas por que um lugar tão escondido? Aqueles bruxos me dão arrepios.


- Porque, caso você não saiba, seus primos provavelmente vem comprar material hoje, e você não quer que eles te vejam por aqui, quer?


 


Ela odiava o jeito com que ele a fazia se sentir estúpida, deu um empurrão no ombro dele e saiu andando de volta ao Beco Diagonal.


 


- Posso saber aonde você esta indo garota?


- Se você espera que eu vá ter um encontro – ela sentiu o rosto esquentar de novo – numa ruela escondida esta extremamente enganado.


- Esta bem, vem comigo. – ele pegou na mão dela e a puxou com ele.


 


A sensação da mão dele na dela era tudo o que existia no mundo de Victorie naquele momento e quando ele a soltou de repente na frente de uma loja de aluguel de vassouras/ hipogrifos e afins ela se surpreendeu.


 


- O que vamos fazer aqui¿


- Alugar um hipogrifo.


- Para...?


- Vamos dar um passeio.


 


Ele a pegou pela mão de novo e entrou na loja, alugou um hipogrifo por três sicles e a levou até os fundos da loja que se abria para um campo com um estábulo cheio de hipogrifos. Ele a conduziu até um hipogrifo cor de cobre, com asas que se esticadas podiam cobrir mais dois hipogrifos, um de cada lado, fez a reverencia e montou no animal e fez sinal para Victorie subir também.


 


- Nem pensar que vou subir nisso!


- Vamos Vic, você vai estar segura comigo.


- Não. – ela não tinha muita certeza de tal segurança com um hipogrifo na equação.


 


Ele desceu do animal, a pegou pelo braço, a puxou até perto do bicho a ergueu pela cintura e a colocou em cima do hipogrifo – era impressionante como ele era forte – e depois montou atrás dela, passou os braços em volta dela e pegou as rédeas do animal e levantou vôo.


Quando já estavam voando ao lado das nuvens ele manteve o nível do hipogrifo e perguntou:


 


- Esta gostando?


 


Ela não podia negar por completo, voar era assustador, mas os braços dele em volta dela e sentir ele tão perto dela era ótimo, então tudo o que fez foi balançar a cabeça, até mesmo por que suspeitava que vomitaria se abrisse a boca.


Depois de uns vinte minutos voando, ele fingiu perder o controle do hipogrifo e deixou o animal descer alguns metros em queda livre fazendo o coração dela ir parar na boca e gritar. Quando ele recuperou o controle do animal rindo dela, Victorie virou para trás e bateu nele – inutilmente – mas ele só riu mais a deixando envergonhada. Toda vez que eles estavam juntos ele a fazia se sentir estúpida.


Quando finalmente aterrissaram no campo nos fundo da loja, ele a pegou pela mão de novo e eles saíram da loja, dessa vez andando mais tranqüilos, passeando e olhando vitrines, conversando e rindo um do outro – ele rindo dela mais do que ela dele.


Eles finalmente pararam na Floreans Fortescue para tomar sorvete e se sentaram numa mesa, pediram duas taças e quando ela foi querer pagar pelo dela ele pegou as moedas de prata e bronze dela e colocou numa caixinha de doações ao lado do balcão e pagou pelos dois.


 


- Por que você fez aquilo?


- Você acabou de contribuir para o Orfanato de Elfos-Domésticos. – e sorriu para ela.


 


Não havia feito nem quinze minutos que eles estavam lá e ela viu um grupo conhecido virando a rua em direção a sorveteria. Ele saiu da mesa e entrou na loja para se esconder e ela ficou lá, torcendo para que não a vissem, mas é claro, viram.


Quando o grupo se aproximou ela fingiu surpresa, mas aquele irritante do James começou a fazer perguntas, ela não respondeu é claro, mas ele suspeitou de algo. Graças a Merlim o grupo logo foi embora com seus sorvetes e quando ela teve certeza de que estavam distantes o suficiente ela fez sinal para que ele voltasse. Ele saiu da loja rindo.


 


- Do que você esta rindo? Quase fomos pegos!


- Você estava dura! Achei que tivesse sido petrificada quando eles chegaram. – e ele riu ainda mais.


- Pare de rir de mim! – e ela deu tapas no braço dele, inutilmente, de novo.


 


Depois de tomarem seus sorvetes eles andaram mais um pouco pelo Beco Diagonal quando de repente ele a puxou para uma ruela qualquer entre a loja de artigos para Quadribol e outra loja qualquer, encostou ela na parede e a olhou nos olhos, eles estavam a centímetros de novo, ela podia sentir a respiração dele. Quando olhou nos olhos dele conseguiu vê-los mudar de verdes para roxo e depois o roxo clareou e ficaram lilases. Ela esperou alguns segundos e então o mundo virou de ponta cabeça. Ele tocou os lábios nos dela e ela se perdeu naquele beijo, colocou os braços em volta do pescoço dele, ele a segurou pela cintura e a trouxe para mais perto e então ela enroscou os dedos nos cabelos dele, aqueles fascinantes cabelos azuis.


 


Alguém bateu na porta e trouxe Victorie de volta a realidade, ela olhou pelo quarto procurando por ele, mas foram apenas lembranças, ela sentou na cama e mandou quem estava na porta entrar. Era seu irmão, Dominique.


 


- O que você quer Dom?


- Mamãe mandou vir te avisar que amanhã vamos comprar os materiais que faltam para as aulas, perguntou se você precisa de alguma coisa e se quer ir junto.


- Eu não vou – ela duvidava que conseguisse prestar atenção em qualquer coisa se fosse junto, iria começar a se lembrar do dia anterior – mas diga pra ela que preciso de alguns ingredientes para a aula de Poções e uma pena nova.


 


Então ele saiu do quarto e deixou Victorie lá, sonhando com olhos frutacor e cabelos azuis.

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Comentários (2)

  • Lilian Potter 10

    Awwwwwwwwwwwwwww Teddy e Victoire! ADORO

    2013-11-12
  • Lana Silva

    AWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW *-* Tipo, amei você escrevendo sobre eles. Eu acho os dois fofos demais e o capitulo foi muito bom, é claro que é o Teddy, apesar de vocÊ não ter citado o nome dele kkkkkkkk bem, eu simplesmente amei, Victorie tá mesmo gostando do metamorfomago \O/ bem e eu acho que ele dela também, essas coisas de brigas sempre levam ao amor, no caso nem brigas, mas uma coisa mais fofa nesse envolvimento deles dois, só sei que foi perfeito e eu tô louca pelo próximo capitulo.bjoos *-* 

    2012-11-01
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