CAPÍTULO UNICO



De volta à Godric's Hollow





 


      SEUS PÉS TOCARAM o chão; era a segunda vez que estava ali, e não pode deixar de se deslumbrar com a visão que teve do pequeno vilarejo; da ultima vez que estivera ali tinha sido em pleno Natal e a vista não era lá muito boa, contando que estava noite e a neve caia sem parar, deixando sua visão um tanto embaçada. Mas hoje ele conseguiu entender o porque que tantos bruxos moravam naquele lugar: era simplesmente magnifico.


 


        Ao cruzar a entrada do vilarejo sentiu um ligeiro frio na barriga: estava de volta as suas raízes. Apreciou todo o percurso pelo qual fez até a casa destruída; passou por belos casarões e durante seu trajeto ficou observando uma criança brincando no jardim com uma varinha de brinquedo que fazia pequenas folhas levitar e viu quando a mãe pegou-a no colo e levou-a para dentro de casa. Poderia ter tido uma bela infância naquele lugar, se não fosse por um bruxo louco que andara perseguindo sua família.


 


        Virou a esquina e avistou-a; uma construção erguida no meio da praça, do mesmo jeito que a encontrara a alguns meses atrás: seu jardim ainda descuidado tinha crescido cerca de uns cinquenta sentimentos a mais impossibilitava a passagem de qualquer pessoa. Então seu olhar percorreu as mesmas mensagens deixadas há 17 anos atrás e percebeu que havia tantas outras que antes não estivera ali. Algumas das quais diziam: “Harry, nosso Herói!”, “Mais uma vez você salvou o mundo bruxo", "Salve Harry Potter!".


 


        Foi seguindo por entre as varias mensagens, percorrendo suas mãos pela cerca, e cruzou o portal. Não soube dizer o porquê nem como essa ideia lhe ocorreu, mais por alguma razão algo o estava puxando-o para a casa e ruinas, como se ele tivesse um elo que o ligava àquela casa.


 


        Com dificuldades passou pelo jardim, forçando sua passagem por entre as plantas e urtigas que cresceram por toda a extenção do jardim. Então, chegou à entrada da casa, colocou a mão na maçaneta da porta, mas ela não abriu, fez um pouco de força empurrando a mesma com o próprio corpo e então conseguiu abrir uma pequena brecha, por onde conseguiu passar; a porta estivera emperrada devido aos muitos destroços que haviam naquele lado da construção, onde boa parte do teto havia desmoronado. O local estava repleto de fuligem, casas de aranha que o encobririam sem nenhum esforço, destroços de madeiras e pedras de diferentes tamanhos. Semicerrou ou olhos para poder enxergar melhor, pois, por mais claro que estivesse lá fora, ali dentro estava um breu fora os pequenos raios que teimavam em entrar pelas pequeninas frestas do teto. Seu olhar percorreu por onde deveria ter sido, tempos atrás, uma sala de estar; não era muito grande, embora, tivesse uma bela vista da rua lá fora através da janela.  Andou por entre as pedras e pedregulhos e ouviu um barulho de vidro triturado. Olhou para baixo e notou que acabara de pisar em um porta retrato antigo. Sua moldura estava muito gasta, mais a foto estava em perfeitas condições. Contemplou-a por alguns segundos e avistou a figura de três pessoas que sorriam sem parar. Com um pequeno sorriso se formando em seu rosto reconheceu aquelas pessoas da foto: uma linda mulher, de cabelos acaju segurando nos braços um garotinho com no máximo um ano de idade, soltando um enorme sorriso banguela e um rapaz, de barba por fazer, cabelos muito bagunçados e óculos tortos por causa de uma mãozinha teimosa que tentava, a todo custo, tira-los do rosto do pai.


 


        Com um único gesto tirou a foto da moldura e guardou-a no bolso da jeans. Aquela era, uma das poucas lembranças que tinha de uma vida que lhe fora roubada, vida essa, que ele nem se quer teve o prazer de saber como era vivê-la.


 


       Tirou os óculos e, enxugando uma lágrima que se formava  no canto do olho, seguiu observando os cômodos: ainda na sala de estar avistou uma escada que, sem duvidas, daria ao andar de cima, contudo preferiu não explorá-lo por enquanto. Seguiu direto e notou um pequeno corredor e deduziu que este dava acesso à cozinha.


 


        Este local, diferente do outro o qual acabara de deixar,  não sofrera qualquer dano causado pelo feitiço lançado naquele dia. Mas ainda assim, estava coberto por sujeira causada, é claro, pelo tempo. Não era muito diferente da sala, parecia até ser um pouco menor. Seu olhar vagou por breves momentos da pequena mesa de quatro cadeiras, posta bem no meio da cozinha, para um cadeirão de bebê e desde para uma pequena pia, de onde contemplou o jardim do quintal através da janela defronte a pia; aproximou-se e viu dentro da bacia da pia um único fragmento de que realmente existira vida naquele lugar: uma mamadeira permanecia no lugar onde alguém a deixara depois de ter tido alimentado uma criança; sua mãe não tivera a oportunidade de lavá-la, enche-la e entregar a ele mais uma vez.


 


        Sentindo um bolo na garganta resolveu sair do aposento. Não sabia que se sentiria dessa maneira, não depois de tanto tempo; até pensara que tivera se acostumado com isso, mas na verdade, saber que tudo poderia ter sido diferente, que poderia ter crescido naquela casa com seus pais, que poderia ter tido outros irmãos, e poderia ter recebido a carta de Hogwarts e lê-la junto com os pais na mesa da cozinha durante um café da manhã preparado por sua mãe ou que poderia ter passado todos os Natais e férias escolares em casa, o fez sentir-se muito mau.


 


            Queria ir embora, mais não poderia partir novamente sem conhecer o restante da casa que um dia fora feliz, não depois de ter penetrado tão fundo no seu passado, um passado tão feliz que ele nem sequer lembrava. E foi decidido que ele subiu as escadas e chegou ao andar superior da casa. Um corredor separava as várias portas existentes, e ele seguiu em frente sem perceber que atrás de si tinha uma outra porta. Parou na primeira que alcançou e abriu-a: dentro do aposento tinha algumas estantes e montes de livros surrados e velhos em suas prateleiras; nem se deu trabalho e olhá-los. Mais adiante tinha um gabinete com um amontoado de pergaminhos: alguns enrolados e tantos outros abertos, mapas abertos de mal jeito revelava plantas de projetos mal acabados e outros que imaginou ser de casas e locais que ele não conhecia e um, manchado com poucas linhas rabiscadas, a pena largada sobre o pergaminho, um tinteiro aberto, tombado de forma que todo o seu conteúdo fora derramado em várias folhas.


 


          Com curiosidade ele pegou o pedaço de folha e apreciou as letras bem desenhadas, cujos gês eram iguais aos seus; então, leu o que estava escrito:


 


    
         Querido Harry,


 


       Hoje você está completando um ano e de idade, eu e seu pai queríamos ter preparado uma pequena festinha para comemorar, mas Dumbledore não achou aconselhável fazermos uma festa em tempos como este. Seu padrinho, Almofadinhas é que não gostou nada e ainda assim nos mandou um pequeno bolo de chocolate e um presente que você adorou.


 


      Sua chegada em nossas vidas foi como um presente. Esperei com ansiedade a sua chegada, chorei de emoção quando te tive pela primeira vez em meus braços, pois você é e sempre será parte de minha vida. Você é o que sempre sonhei ter, hoje você me enche de alegria quando anda pela casa, mesmo que seja quebrando alguns dos meus vasos, ou maltratando o gato, ou até dormindo nos braços do seu pai enquanto eu preparo seu banho. Você só me dá alegrias me fez sentir o quanto é bom ser mãe, me fez chorar de alegria quando disse a primeira palavra, mesmo que não tenha sido “Mamãe!”, quando vi o seu primeiro sorriso e até mesmo quando chora fazendo birra, ou quando acorda a noite ou quando recebe a visita do seu Padrinho e me abandona para ir para os braços dele. Você me faz a mãe mais feliz do mundo Harry!


 


        Sabe filho, um dia eu e seu pai não vamos poder estar presente em sua vida pelo tempo que eu gostaríamos que estivessémos, e caso um dia você acorde e não nos encontre, saiba que isso aconteceu por que nós lutamos para poder dar a você um mundo melhor, para que você possa viver sem medo e com segurança. Talvez, quem sabe um dia, você entenda o porquê, só espero que você não julgue a mim e ao seu pai, nem pense que o abandonamos, pois você é a única coisa preciosa que temos e que nos dá força para lutar por um mundo melhor. E é por isso que vivo cada segundo com você como se fosse o último, porque minha vida depende de cada sorriso que se desprende de seus lábios, porque o meu amor por você é maior do que você jamais poderá imaginar.


 


     Te Amamos filho,


 


    Com todo amor, Mamãe e Papai.


 


 


 


      Quando terminou de ler a carta que sua mãe lhe escrevera não conseguiu segurar as grossas lágrimas que rolavam pelo seu rosto e nem se recriminou por deixa-las rolar, só deixou-se levar pela emoção de saber que fora amado como nenhuma outra criança houvera ou haveria de ser amada.


                                      
                         
                                               continua....



Gente, me inspirei na música da Cristina Mel "Para sempre em Meu coração" se puderem ouvir, ajudaria a tornar esse momento ainda mais emocionante. Vou ser sincera, chorei a berça quando escrevi esse inicio de Cap.



Espero que tenham gostado. 

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Comentários (2)

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