Aquele em que seu mundo ruiu



              Capitulo Um: Aquele em que seu mundo ruiu


 


 


Quando ela abriu os olhos sentiu aquele friozinho desesperador na barriga, era o grande dia, o tal chamado dia D, D de desastre se não parasse de pensar em todas as coisas que poderiam mesmo dar errado e não saísse logo daquela cama, afinal, aquele era o grande dia e ela tinha muita coisa pra fazer em menos de vinte e quatro horas... Em menos de vinte e quatro horas tudo em sua vida mudaria, incluindo seu sobrenome. Com um friozinho na barriga, que mais parecia um congelador ou uma descida da montanha russa do HopiHari, ela ergueu-se e sentou-se a cama. Do lado de fora da porta ela podia ouvir a movimentação dos preparativos: o pessoal do buffet transformando sua casa (numa zona) num local apropriado; sua mãe desesperada de ansiedade e preocupação com todos os minúsculos (por que mínimos era pouco) detalhes; sua irmã (invejosa) irritada por que não era o casamento dela; seu pai emocionado por que a menininha do papai, ( que já deixara de ser menininha há muito tempo) iria se casar, e o noivo, (provavelmente nem ai com nada) tomando whisky em plena dez horas da manhã na beira da piscina. Deus, onde ela estava se metendo?


— Ainda dá tempo de fugir.


— Estou pensando seriamente nisso. – As duas riram e Lilian ergueu-se quando ela se aproximou, os olhos eram verdes rubis iguais os seus, mas a pele branca e suave com leves sardas já estavam um pouco cansadas e apesar de não mais jovens, ainda possuía a beleza de outrora que ainda refletia em seu semblante, apesar da idade.


— Estou tão feliz por você, minha filha. – O abraço ainda era o mesmo que Lilian se lembrara, apesar de fazer tantos anos e o cheiro, aquele mesmo cheiro de sempre, aquele cheiro que ela se lembrava desde que era uma garotinha, ainda era exatamente o mesmo, e Lilian sabia que jamais se esqueceria daquele cheiro.


— E eu estou tão feliz por você estar aqui, vovó. – O abraço que poderia ter demorado segundos, levaram minutos intermináveis para se findar, mas isso não importava para nenhuma das duas.


Com a ajuda da avó, Lilian finalmente se preparou mentalmente, se vestiu e desceu para o café da manhã. Tudo estava exatamente como ela imaginava: Uma zona.


Se perguntava se tudo iria realmente estar pronto até o horário do casamento, e ela estava começando a pensar que não.


A casa de campo de seus pais sempre foram seu segundo lar, passava mais tempo ali do que em seu próprio apartamento em São Paulo, por que era ali que ela encontrava a paz, o sossego e a tranqüilidade que o seu trabalho e toda aquela metrópole não poderiam lhe dar. Ali era o seu ponto de paz. Até agora.


— Hey, não, isso não é aqui, isso é lá fora, na entrada do tapete vermelho. – Lilian correu para impedir que uma das pessoas do Buffet colocassem um imenso vaso de flores na cozinha ao invés do local da festa.


— Desse jeito você vai enlouquecer antes do casamento, querida. – A avó de Lilian, carinhosamente chamada de Dona Laurinha, passando a mão envolta do ombro da neta e a levando até a mesa do café da manhã, atrás da casa.


— Como vou conseguir tomar café da manhã sem me preocupar com tudo vovó?


Dona Laura riu, sentando-se a mesa do café da manhã e obrigando Lilian a se sentar também e tentar tomar um café da manha tranquilamente.


— Oras, é pra isso que serve o Buffet, você só vai se preocupar com você agora, entendeu?


Lilian respirou fundo, não tinha outro jeito, teria que confiar nos outros para cuidarem dos últimos detalhes, pois depois do café da manhã, ela iria passar o dia da noiva e se preparar para o grande dia.


Quem diria, era aquele dia. Ela iria se casar.


 


Estava quase tudo pronto, exceto...


— Ah meu Deus, cadê minha tiara? Mãe cadê minha tiara?


— Que tiara?


Lilian revirou os olhos.


— Ah tiara, do véu! – Exasperou-se Lilian.


Sua mãe corria de um lado pro outro procurando o outro pé do sapato de salto branco de Lilian enquanto Lilian revirava a penteadeira em busca da tiara, a tal tiara que ganhara de sua avó meses antes do casamento.


— Achei! – Gritou sua prima que estava no banheiro terminando de se maquiar. Como a tiara tinha ido parar no banheiro?


— Graças a Deus. – Lilian respirou aliviada, antes de levar outro susto em seguida.


— Lilly. – Uma voz conhecida soou vinda da porta, aquela voz doce e suave que fazia seu coração disparar no peito.


— Ah meu Deus, o que você esta fazendo aqui?  - Aqueles enormes olhos azuis cruzaram com os seus e ela sentiu que perderia o ar de tanta felicidade, ali estava seu futuro marido.


— Hey, você não pode ver a noiva antes do casamento. – Disse a prima de Lilian, se jogando sobre a porta e fazendo a mesma bater contra o batente.


Tarde demais, pensou Lilian.


Ele bateu na porta mais uma vez e Lilian ouviu a voz dele ecoando mais alta.


— Eu só quero dizer uma coisa... – Lilian olhou pra prima com carinha de apaixonada, fazendo Julia, sua prima, revirar os olhos, abrindo levemente a porta antes de dizer firmemente.


— Não entra, fala logo e vai embora. Anda.


Lilian riu, e podia ter certeza que Erick também estava sorrindo.


— Só queria... Só queria dizer que te amo, Lilly.


Julia revirou os olhos e fez um sonoro “aff”.


— Você vai ter todo o resto da sua vida pra dizer isso pra ela, Erick. Dá o fora.


Lilian riu quando a prima empurrou a porta para fechá-la e ouviu Erick gritando do lado de fora.


— EU TE AMO LILLY.


 Lilian gargalhou quando viu o rosto risonho e ao mesmo tempo contrariado da prima, antes de dizer.


— O que deu nele?


— É o amor, minha querida.  – Disse dona Laura, sentada na poltrona ao lado da cama e observando tudo por cima da sua revistinha de tricô. – É o amor que deixa as pessoas bobas.


Lilian sorriu e encarou aqueles velhos olhos verdes rubi, e soube que, queria ser como sua avó um dia, mas agora, ela estava começando a trilhar o caminho que a levaria até lá.


Ela estava apenas começando.


 


 


  O céu estava azul claro, sem uma nuvem sequer, ela podia ouvir o som dos pássaros cantando ao longe, ela podia sentir o soprar do vento em sua pele, ela podia olhar o sol acima, brilhando como um expectador feliz, ansioso tanto quanto ela por aquele momento, por aquele momento tão esperado e tanto sonhado.


Como poderia explicar tamanha felicidade? Nenhuma palavra no mundo seria capaz, por isso ela tentava mostrar em seu sorriso o quanto a felicidade transbordava por seu peito e se esparramava por seus órgãos infestando tudo de uma felicidade tão intensa que se ela fosse uma bomba nuclear, já teria explodido.


Seus sapatos brancos tocavam o tapete vermelho, ela estava ali, parada por segundos, segundos que pareciam uma eternidade, podia sentir o braço de seu pai no qual ela segurava, podia sentir os olhos dele em si, lá parado no altar, esperando que ela chegasse, esperando para tomá-la em seus braços, esperando para ser seu marido. Lá estava ele.


Ela respirou fundo, e deu o passo que a levaria diretamente ao altar, sem conseguir distinguir uma pessoa sequer das sentadas nas fileiras do corredor, seus olhos estavam fixos nele e naquele sorriso que parecia de um anjo.


Seu pai a deixou na beira do altar, onde ele segurou em seus braços e sussurrou um “Você está linda”, que a fez tremer por dentro. Dentro de minutos, ela seria uma senhora, a senhora Weston, e isso a fazia tremer por dentro.


Sonho, aquilo era um sonho, um sonho perfeito.


Ela se viu diante do padre, e atrás dele a paisagem da casa de campo dos seus pais se estendiam. Arvores, o céu azul, os pássaros voando e dançando livres pelo céu, era como se o mundo sentisse a alegria que ela sentia naquele momento.


Uma alegria imensa, uma alegria que acabou antes que pudesse finalmente começar.


— Estamos aqui reunidos para unir esses filhos de Deus, Lilian Evans e Erick Weston, pelo sagrado matrimonio.


E esse foi o mais perto que ela chegou da felicidade plena.


— NÃO!! PAREM O CASAMENTO.                   


Aquela era alguma brincadeirinha idiota né?


Só podia ser, não tinha outra opção, como alguém poderia invadir o seu casamento e gritar, como em uma cena de filme “parem esse casamento”?


Lilian virou-se confusa e levemente irritada, mas que droga, ela iria afogar seus primos idiotas por essa brincadeira sem graça, certeza que ela iria.


Mas quando ela se virou, não foi nenhum primo ou sequer um conhecido que ela viu parado sobre o mesmo tapete pelo qual ela andara se sentindo a pessoa mais feliz do mundo. Era uma mulher, uma mulher e uma criança do lado, uma criança que tinha os mesmos incrivelmente enormes olhos azuis do seu futuro marido.


A mulher deu passos decididos a frente, largando a mão da pequena menina que devia ter uns três anos, aproximadamente, por mais que a cena fosse estranha, que a mulher parecesse a ponto de matar alguém, até mesmo Lilian, ela não conseguia tirar os olhos da pequena menina. Seu vestidinho era vermelho de bolinhas brancas, rodadinho, no alto da cabeça, sobre os lindos cabelinhos loiros, como o do pai, ela tinha um arquinho puxando pra trás os cachinhos dourados, era tão linda, parecia uma boneca, parecia com a filha que Lilian sonhava um dia ter com Erick. Mas não era sua filha, nunca seria.


Lilian voltou a si quando ouviu um tapa e virou-se para ver Erick caindo pra trás e a mulher mais vermelha que um pimentão, e então Lilian se deu conta: Aquela menininha era filha do seu futuro marido.


— Seu canalha filho da puta o que você ta fazendo? E você, sua biscate, ele é o MEU marido!


— O que? – Foi tudo o que Lilian conseguiu dizer. Ela não conseguia sentir nada, era como se estivesse assistindo uma cena de novela, sem conseguir sentir nada, sequer se emocionar, ou se apiedar dos envolvidos na cena dramática que se seguia a frente, alem de ser um imenso babado e barraco.


— Ele é casado, COMIGO, há três anos comigo.


— Ela... – Lilian estava desnorteada demais pra ter alguma reação. Aquilo tudo só podia ser um sonho, ou melhor, um pesadelo.


— E ela é filha dele. – A mulher, esticando a mão para a menina que estava a alguns passos atrás. – Ana Luisa, vem filha.


Então a ficha caiu. Seus olhos verdes que a pouco brilhavam de felicidade ficaram nebulosos, sem brilho, sem felicidade, sem nada. Oco e cinza como um céu tempestuoso.


Ela olhou da menina para Erick, de Erick para a menina, e quando a menininha disse “papai”, tudo o que Lilian conseguiu fazer foi segurar o vestido e sair correndo, correndo, correndo, pro mais longe possível.


Ela não saberia dizer depois como conseguira subir as escadas que a levariam ao seu quarto no segundo andar, com aquele vestido enorme e a calda branca que se arrastava atrás. Ela também não sabia dizer como conseguira trancar a porta do quarto, e depois se trancar no closet, se afundando no meio das roupas, tudo eram flashes como se ela tivesse assistido um filme no modo ‘avançar’, até finalmente parar ali.


Então ela tinha sido enganada esse tempo todo, então ela tinha sido uma trouxa, uma idiota, uma burra, que ignorara todos os avisos de sua mente para as mentiras que estavam ali, escancaradas e só ela que não viu, só ela que não quis ver.


Então ele mentira pra ela esse tempo todo, e teve coragem de olhar em seus olhos, sorrir, segurar sua mão, dizer que lhe amava, quando no fundo, era tudo mentira.


Como ele conseguira fazer isso? Como ele pôde fazer isso? Como pôde ser tão mentiroso, tão frio, tão canalha? Como pôde?


E por que fizera isso com ela? Por quê?


Lilian se afundou no meio das roupas, seu coração era esmagado por uma imensa e gigantesca mão de ferro que esmagava tudo por dentro, transformando tudo em cinzas, mal conseguia respirar, o choro como uma tempestade desabava sobre ela, que grudou em uma blusa e afundou o rosto sobre ela, deixando-se levar pelos soluços e pelo desespero.


Mentira, era tudo mentira. Como pôde ser tão burra?


 Como explicar a maneira como ela se sentia? Aquilo só podia ser um pesadelo, aquela dor imensa, como pontas de um cigarro em brasas que queimava sobre seu peito, como se alguém tivesse enfiando uma faca em seu peito e tentando tirar a força seu coração, aquela dor insuportável que a fazia desejar que tudo acabasse ali, por que nada mais no mundo poderia ser bom, depois daquilo, depois de ser enganada de uma maneira tão fria. Como poderia olhar pra outra pessoa e confiar novamente? Como poderia viver sabendo que se ela abrisse a guarda de novo, levaria outro bote?


Não, não poderia, jamais poderia confiar novamente, ou sequer acreditar novamente.


Jamais poderia.


Seu corpo se sacudia em prantos, em sua mente nada mais via além de tudo o que ele fizera, alem de todas as palavras, as mentiras, os sorrisos falsos, tudo rodava em sua mente como um filme que a fazia sentir mais dor do que um moedor de carnes moendo seus órgãos. A dor da decepção, a dor de ser enganada, a dor de confiar, de acreditar e perceber que era tudo mentira, era uma dor insuportável, era uma dor que ela jamais pensara sentir na vida.


Como podia o ser humano ser dessa maneira? Como podiam ser tão falsos, mentirosos. Como?


Eram iguais uma cobra, prontas para dar o bote, sempre na espreita esperando sua primeira fraqueza pra te derrubar, pra te afundar, pra acabar com sua vida, tudo isso por nada, apenas por prazer.


Ah a maldade humana, a maldita maldade humana, que não se explica, que não tem sentido, só o prazer de acabar com a vida de outra pessoa por nada, por simplesmente nada. Por que, o que ele ganhara a enganando daquele jeito?


Lagrimas e lagrimas escorriam por seu rosto, embaçando sua vista, a dor a massacrava e o desespero de ser enganada a infectava com outra pior dor, a dor da indignação, a dor da culpa por ter se deixado ser tão burra, a dor de se sentir um nada, um completo nada, como se ela e uma caixinha de areia de bosta de um gato fossem a mesma coisa, exatamente a mesma coisa, que se usa e depois joga fora.


Usada, isso que ela tinha sido esse tempo todo, usada, enganada, como se não fosse nada, como se não tivesse sentimentos, como se fosse uma diversão muito legal, mas sem propósito algum, por que, o que uma pessoa ganha mentindo, usando e enganando outra, assim, sem mais nem menos?


O que ele ganha? Nada.


Ele não ganhava nada, e ela perdia tudo. Perdia a confiança nos homens, nas pessoas, perdia a fé na vida, perdia o brilho, perdia tudo, e tudo o que ela mais queria naquele momento era simplesmente não existir.


Aos tropeços, ela se levantou e se encaminhou em direção ao banheiro, podia ouvir vozes, podia ouvir alguém batendo na porta do closet, mas ela não queria saber, ela queria apenas desaparecer.


Com as mãos tremulas ela vasculhou o armário do banheiro.


Comprimidos pra dor de cabeça. Não.


Comprimidos para cólica. Não.


Comprimidos para dor no corpo. Não.


Comprimidos anti-depressivos.


Uma gilete.


Pronto, agora ela estava equipada.


Voltou ao closet, colocou o potinho de comprimidos e a gilete no chão, próximos as roupas onde ela se afundara, e passou a vasculhar a parte de cima do closet, no meio dos edredons e de algumas malas ela sabia que havia uma garrafa de vodka, daquele dia que Erick bebera demais e ela o empurrara na banheiro, tirando a garrafa de suas mãos e a escondendo no meio das malas pra ele se curar logo e não voltar a beber novamente.


E lá estava ela, perfeito, agora sim, perfeito.


Ela iria morrer e esquecer tudo. Assim ela não precisaria continuar vivendo num mundo de mentiras e falsidades. Não precisaria encarar rostos de pessoas que mentiam pra ela, que a enganavam, assim ela não precisaria nunca mais se preocupar em confiar em alguém e ser enganada, nunca mais. Nunca mais seria trouxa de ninguém.


Ela pegou seis compridos e os colocou na palma da mão, a dor ainda pulsava em seu peito, fazendo as lagrimas rolarem fartas por seu rosto, mal deixando-a enxergar os comprimidos brancos, com a outra mão tremula, ela girou a tampa da garrafa de vodka e respirou fundo.


Não havia mais o que perder. Viver? Pra que? Pra confiar nas pessoas de novo e ser enganada de novo? Nem pensar.


As pessoas não eram confiáveis, agora ela tinha certeza absoluta. Não eram.


Como ela poderia imaginar que ele era capaz disso? Com aquele sorriso de um anjo no rosto, aquelas palavras, que pareciam tão sincera, tão verdadeiras, aquele olhar de quem realmente se importava com ela, de quem realmente gostava dela.


Tudo mentira. Tudo um teatro, uma atuação, ele deveria ganhar o Oscar por atuação tão perfeita, ah deveria.


Sem pensar ela enfiou os seis comprimidos na boca e virou a garrafa de vodka.


Sem pensar, ela tombou sobre as roupas, sentindo o liquido queimando tudo por dentro. Será que aquilo era suficiente?


Com as mãos tremulas, ela pegou a gilete e encarou o pulso branco , odiava sentir dor, odiava quando se machucava por que nada era pior do que dor, mas o que era uma dorzinha na pele, quando o coração e a alma doíam mais do que um tiro no peito? Fechando os olhos, ela apertou a gilete contra o pulso e sentiu a dor impregnando a carne, uma dor quase tão forte quando a dor que esmagava seu coração.


Então ela parou.


Os olhos borrados pela maquiagem que se derretia com as lagrimas, as lagrimas descendo automaticamente pelo rosto e descendo pelo colo nu até chegar a renda do vestido branco que era manchado pelo sangue vermelho, vermelho como o amor que não existia no mundo, o amor que alguém inventara em contos de fadas para enganar as pessoas, para que monstros usassem para destruir as mocinhas que antes vira o mundo com os olhos cheios de pureza, e agora olham o mundo como se vivesse numa prisão, e pudesse ser apunhalado pelas costas no primeiro passo que desse.


Deixando-se vencer pela dor, ela deitou sobre o chão do closet, se encolhendo como uma bola, a dor esmagando-a por dentro como se uma mão invisível apertasse suas entranhas, seu coração, bloqueando o ar para os pulmões, apertando de tal maneira que ela mal conseguia respirar, mal conseguia enxergar um palmo a sua frente, seus olhos, sua mente presos num passado de mentiras.


Encolhida como uma bola de pelo, ela chorou. Chorou. Seu corpo sacudido pelos soluços, pelo choro, pelo desespero. Ela chorou, ela gritou, ela quis que o mundo, que ela desaparecesse, que tudo sumisse, que as memórias se apagassem, que nada nunca mais existisse.


Então tudo passou, então uma calmaria anormal perpassou por seu corpo, em ondas dormentes invadiu todo seu corpo, seus pés, suas pernas, seu peito, amenizando a dor e chegando a cabeça. Então uma pontada penetrou sua cabeça, mas uma dor na qual ela não sentia dor, ela podia sentir a dor lá, ela podia sentir alguma coisa crescendo dentro da sua cabeça, como se fosse explodir. Ela percebeu que seu coração pulsava mais forte e mais rápido do que o normal, como se ela tivesse corrido duzentos metros sem parar, mas a respiração não estava ofegante, o coração apenas pulsava forte e rápido no peito, como se fosse parar a qualquer momento.


Então seus olhos enegreceram, e tudo o que ela viu foi estrelinhas, varias, brilhando a sua frente, mas não eram douradas, eram prata, pequeninas, como pequenos pontinhos brilhantes dançando a sua frente, e num momento desesperador, ela soube que iria morrer. Ela soube que aquele era o momento, ela soube que ali era o fim, o seu fim, o fim de tudo.


Então as únicas coisas que ela pensou foram:


Meu Deus, me perdoa.


Por favor, que eu não sinta mais dor.


 


 


 


 


 


*N/A:


Essa idéia já estava na minha cabeça há um bom tempo, mas hoje eu terminei o primeiro capitulo por que, pela primeira vez, eu estava realmente sentindo tudo o que minha personagem sentia.


Tirando a parte do casamento, o resto é tudo verdadeiro, TUDO.


Eu vivi isso ontem, dia 1º de janeiro de 2013.


Sim, eu descobri que fui enganada, friamente enganada, que eu estava com um cara que na verdade já namorava outra há seis meses, sete meses comigo, e seis meses com outra, ele mentiu, me enganou de uma maneira tão fria.


E eu descobri da pior maneira possível, sendo chamada de biscate por mensagens.


Como eu posso ser biscate se eu só fui uma burra e idiota por ter confiado em alguém que parecia não ser tudo o que ele realmente é?


Como eu iria saber? A pessoa parece uma coisa e você sequer imagina que ela esta mentindo e te enganando.


Eu não esperava por isso, eu não esperava, eu não merecia isso.


Como a Lilly, eu tomei um monte de remédios, eu cortei os pulsos, eu quase morri, eu quase morri de verdade.


Mas não morri, por que tenho pessoas olhando por mim que não deixaram isso acontecer.


Então, boa parte dessa fic, vai mostrar eu e minha personagem tentando se reerguer, e confiar de novo, mas pelo menos ela eu sei que vai ter a sorte de encontrar pessoas que realmente valem a pena. Agora eu, bom, eu não tenho tanta certeza assim.


Eu só sei de uma coisa, nunca mais vou confiar em ninguém. Nunca mais vou conseguir acreditar em nada do que me digam, e o único lugar no qual eu vou viver e ser feliz, é aqui, nos meus livros, nas minhas historias, na minha imaginação, por que aqui, ninguém pode me machucar, me enganar ou mentir pra mim.


Só aqui eu estou a salvo da maldade humana.


;/


Bom, não tive tempo de editar o capitulo ainda pois escrevi ela uma hora antes de me arrumar pra pegar meu ônibus de volta pra são Paulo, então ignorem qualquer erro de concordância, em casa eu arrumo.


 


Antes de terminar, pra quem esta lendo isso e não conhece minha outra fic "Geração coca cola", aqui fica o link


http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37776


 


É isso então,


Até o próximo capitulo


Lanah Black

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Comentários (2)

  • Juh_Lynch

    Faço as palavras da Neuzimar de Faria as minhas, não te conheço mas sei que tens capacidade de passar por cima, porque nem todos são iguais e saiba que tem gente que nem te conhece que se importa com você (eu por exemplo) e é bom você falar o que sente nas fics! Força e continue escrevendo em mente de que tem gente que gosta de você e que te apoia! Bjs e força garota que você consegue!

    2013-04-19
  • Neuzimar de Faria

    Força, menina! E, por mais difícil que seja acreditar, acredite: as pessoas não são todas iguais.E você, com certeza, tem muita coisa boa esperando pela frente, A C R E D I T E !!!Torcendo sinceramente  por você e acreditando na sua capacidade de superação!Firme, garota !!! 

    2013-01-14
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