Partida



 (Sirius)


 


As ordens dadas a Monstro foram claras, ninguém deveria saber de sua partida até o início da noite, quando já estaria longe do Largo Grimald.


Conferiu novamente os itens na mochila, cada coisa que esquecesse poderia fazer falta. A preparação para a viagem fora complicada. Precisou negociar pequenas poções com Mundungo, e surrupiar tantas outras do estoque que Olho-Tonto deixara na casa. Fazer isso sem que notassem fora uma tarefa quase impossível,ainda mais, tendo que manter os suprimentos longe do Olho do ex-auror.


A maior parte eram poções medicamentosas, um pouco de Veritaserum  e poção Polissuco também estavam escondidas na mochila. Galeões e dinheiro trouxa foram mais fáceis de conseguir, havia soltado uma velha tábua do quarto onde guardava (escondido dos pais) suas reservas para comprar cd’s e revistas trouxas... Ocupavam, agora, um pequeno saco na lateral da bolsa, não era muito, mas seria suficiente.


Usou um feitiço redutor para estocar alimentos e água, caso fosse perseguido poderia passar pelo menos duas semanas em um esconderijo. O restante eram apenas algumas trocas de roupa.


 


Colocou a varinha de Olmo pelo de unicórnio no bolso.  Monstro por sua ordem havia roubado Bicuço e o hipogrifo esperava no sótão para leva-lo em sua viagem.


 


- Monstro! – A voz seca pela falta de uso fez o nome raspar para sair do lábios do animago.


 


Com o costumeiro estampido o pequeno elfo - doméstico surgiu.


 


 – Senhor chama monstro, e ele tem que vir servir, mas monstro queria não servir senhor. Monstro queria sua velha senhora...


 


-Cale a boca. – O elfo pareceu engasgar, incapaz de proferir nenhuma outra palavra. – Quero que você me consiga uma coruja, pequena e veloz, difícil de rastrear, e me traga daqui uma hora, você não tem permissão de falar disso com ninguém, me entendeu?


 


- Monstro vai cumprir a ordem do senhor, mas não porque queira. – Sem dar tempo do bruxo responder ou impedi-lo o elfo desapareceu.


 


O bruxo puxou um pedaço de pergaminho para perto, havia prometido à Hermione que avisaria quando partisse, teria 3 dias até a garota enviar alguém da Ordem atrás dele. Que Merlin estivesse à seu favor.


 


(Gina)


 


Viu Harry e Hermione sentados perto de um carvalho à beira do lago, seria ridículo dizer que não tinha ciúmes, embora estivesse feliz pelos amigos terem voltado a se falar. Não era nenhuma santa, e Hogwarts toda sabia de seus sentimentos com relação ao moreno.


 


Suspirando puxou o pergaminho pra perto novamente. As horas passavam rápido e o domingo já chegava ao final, logo a semana de exames começaria, sentindo um felicidade súbita por não ser seu ano de NOM’s começou a coçar as orelhas de bichento enquanto  relia o dever.


 


Estranhamente sentiu a perna esfriar e, mais por hábito que qualquer outro motivo, levou a mão ao bolso do uniforme procurando o galeão que a AD usava pra se comunicar.


 


As sobrancelhas da ruiva se ergueram devagar, uma mensagem codificada.


“To no dormitório da Mione esperando vocês, vi um Aquitesi hoje, e tem uma coruja esperando, venham logo.”


 


Luna. Mas porque a corvinal estava no dormitório dos monitores da grifinória a essa hora? Todos eles sabiam que estavam sendo vigiados pela Sapa velha, não deveriam se expor a menos que fosse algo realmente importante. E que diabos era um Alquitz ou o que fosse?


 


Discretamente guardou os materiais e subiu a escada para o dormitório. Bichento pulou do colo da ruiva sem barulho, definitivamente não era hora de chamar atenção. A jovem Weasley subiu as escadas devagar, desviando do caminho habitual para o quarto da amiga, se a vissem ali não estranhariam. Era comum ela e Hermione irem uma ao quarto da outra conversar, mas não custava se precaver. Empurrou com cuidado a pesada porta de madeira e adentrou o quarto.


 


- Por Merlin, Gina! Quanto tempo demorou pra ver a mensagem. – A loira fez uma cara de preocupada. – Você e Hermione estão muito descuidadas, mandei o recado tem quase uma hora. Cadê ela?


 


- Calma Luna, a Mione tá com o Harry perto do lago. O que aconteceu de tão preocupante, e o que diabos é um Aquiltz?


 


 - Qual a dificuldade de vocês em entender a expressão “venham logo”? – Inquiriu de mal humor. – Nem responda!  - Interrompeu antes mesmo que a outra pudesse responder. - Você acha que a Mione vai demorar? Porque se for é melhor chamá-la, tem essa droga de coruja na janela, já tentei pegar a carta e mandá-la embora e ganhei dois cortes... Se repararem logo acharão estranho, Hermione não tem coruja, e uma coruja da escola quando não é recebida volta para o corujal...


 


A loura falava rápido dificultando o entendimento.


 


- Ah, e você perguntou Aquitesi, são criaturas pequenas, geralmente as pessoas os confundem com rubis, se alimentam de sangue, quando picam a pessoa sente dor no local por dias. – Gina não dava tanta atenção a explicação, a corvinal tinha o olhar lunático de quando falava de bufadores e outros seres que na verdade não existiam. – Ver um deles é um mal presságio. Você não acha que deveríamos ir chamar Hermione? Porque...


 


- Chega, Luna! – A menina deu um pulo com a exclamação abrupta da outra. – Essa porcaria de mini vampirozinho deve ter te assustado muito, você está falando como antigamente, controle-se! – Completou a Weasley com um ar levemente ríspido.


 


- Uow parece que alguém mais teve um dia ruim...


 


- Isso, continue rindo. – Gina mostrou a língua para a amiga. – Tem alguém pra fazer o trabalho mesmo, né? – A ruiva adiantou-se e abriu a janela e distanciou-se trazendo a amiga consigo. A corujinha entrou e ficou voando em círculos no teto. – Colloportales! Pronto agora é só não abrir a janela, vou buscar a Mione.


 


Luna ainda ria do mau-humor da grifinória.


 


- E ainda dizem que a Corvinal é a casa dos inteligentes...


 


A garota parou de rir. – Ei! Eu ouvi isso!


 


- Eu não falei exatamente baixo. – Rindo a ruiva terminou de arrumar a capa nos ombros e saiu do quarto.


 


***


- Ora, ora vejamos quem dá o ar de pobreza a este castelo garotas. – Pansy torceu o nariz ao ver a ruiva se aproximando.


 


Gina mirou o teto: “Por Merlin! Por que tenho tendência a ter um problema atrás do outro? Eles não podiam ser ao menos em dias diferente?”


 


- E ainda tem a audácia de tratar um membro da Brigada com essa insolência! Serão descontados 20 pontos da Grifinória por esse seu mau comportamento, adoradora de trouxas. – As amiguinhas da sonserina soltaram risinhos contentes.


 


“Você não tem tempo pra isso.


Me deixe só azar todas elas? Não demora nem 5 minutos.


Você só vai piorar a situação!


Só um feitiço, eu juro!


Tire já a mão dessa varinha!


Mas...


Gina Weasley! Você deveria estar falando com a Mione...”


 


- Juro que sabia que você era retardada, - Pansy continuava com o sorrisinho afetado no rosto, o que Gina não daria pra arranca-lo de uma vez, - mas ao ponto de nem conseguir responder... Ou Dolores conseguiu fazer você se colocar no seu lugar ou realmente comprovei que o gene da burrice anda junto com o dos cabelos vermelhos...


 


- Oh, Vossa majestade, Rainha da sabedoria oculta aos meros mortais! – O sorriso sumiu do rosto macilento da garota. – Estava apenas pensando na grande diferença que fará em minha vida a Copa das casas desse ano...


 


- Detenção, Weasley! – O sorriso de Gina quase vacilou, mas a ruiva o manteve, Pansy não venceria fácil assim. – Quinta- Feira, às 20h, antiga sala de esgrima. Vamos ver se você continuará com esse comportamento...


 


- Ah, que pena, eu acho que não. – Hermione caminhava pelo corredor aproximando-se do grupo. – Sinto muito, Pansy, mas mesmo sendo membro da Brigada você não pode passar por cima da palavra de um monitor. E eu digo que a Srta. Weasley não fez nada que mereça uma detenção. – A castanha apontava para o distintivo ouro-grená com um leve sorriso na face.


 


- Veremos, Granger. Temo que Dolores dirá que tenho sim autorização para me sobrepor à você. E quanto à você Weasley, quem diria, não é? Tanto orgulho de ser da Grifinória, mas vive debaixo da asa da Granger...


 


(Hermione)


 


A morena foi obrigada a colocar-se em frente à Gina, para impedir que esta azarasse Pansy. Reconhecendo o perigo a garota deu um último risinho e virou-se, depois que Pansy sumiu do corredor com o grupinho de garotas, as grifinórias começaram a andar.


- Você tá bem? – A monitora perguntou em um tom brando.


 


- Claro que estou, não precisava ter interferido...


 


- Não seja idiota, Gina, estavas quase perdendo a cabeça. – Hermione retomou o caminho para o dormitório. - Além do que eu já estava no corredor e somos amigas, mesmo que você não queira não permitirei que aquela insuportável te provoque somente pra te causar problemas...


 


A garota não agradeceu.


 


- Pensei que você estivesse ocupada com o Harry. Os vi sentados perto do lago mais cedo...


 


Hermione olhou séria para a amiga.


 


- Se é por isso que esta arisca desse jeito pode parar. Sabes muito bem que não tenho segredos contigo. – Gina desviou os olhos, envergonhada. - Harry veio sim falar comigo, pedir desculpas, e nada além disso. Depois repassei alguns pontos da aula de feitiços com ele.


 


Gina pigarreou. – Não precisa se explicar Mione...


 


- Não estou me explicando, Gina, só estou conversando com minha amiga. – As duas trocaram um sorriso tímido enquanto subiam as escadas que levavam ao quadro da Mulher Gorda. – Depois disso Ron foi chamá-lo, parece que Angelina queria a opinião dele sobre como vazar a defesa da Lufa-lufa no próximo jogo. – A ruiva aquiesceu. Era muito burra por duvidar de Hermione.


 


- Grito de Mandrágora. – As duas falaram juntas sem perceber.


 


- Estava indo procurar a Luna... – A morena comentou discretamente, esperando um garoto do terceiro ano sair antes de adentrar a torre.


 


- Falei com ela mais cedo, já resolveu a dúvida sobre a poção para resfriado. – A amiga quase riu, Luna nunca tinha dúvidas sobre poções, pra incrível descontentamento do Prof. Snape que adorava implicar com os alunos. Mas não podiam se arriscar o salão comunal estava lotado, era melhor ninguém suspeitar da conversa. – Conversamos um pouco e depois fui procurar-te, não a vi mais, provavelmente foi para seu dormitório na torre da Corvinal.


 


A fisionomia de Hermione retesou-se levemente, somente alguém que realmente a conhecesse perceberia.


- É uma pena, eu adoraria ter ajudado. Mas e você, Gina, tenho um livro no dormitório que fala um pouco sobre essa poção, se quiser posso te explicar.


 


- Se não for te atrapalhar.


 


- Claro que não, venha, com esse barulho vai ser impossível estudar aqui.


 


Gina riu, pra qualquer pessoa aquela seria a pista de que algo estranho ocorria. O salão comunal não tinha nenhum barulho excessivo, apenas o som das conversas, mas ninguém estranharia que Hermione considerasse qualquer mínimo sussurro um empecilho para estudar.


As duas garotas subiram as escadas até o quarto sem preocupação.  Ao abrir a porta encontraram uma cena inusitada.


 


- Graças a Merlin você chegou, Hermione.


 


Luna estava encolhida perto da parede oposta a janela, a varinha erguida sustentava um feitiço de proteção. No teto do quarto a pequena coruja circulava e dava pequenas bicadas na parede invisível testando sua resistência.


 


- O que aconteceu, Lu?


 


- Essa louca, que eu chamava de amiga!- A loura apontou na direção de Gina que, apoiada na porta, tinha o corpo dobrado de tanto rir. – Saiu daqui toda irritadinha e não deu atenção aos meus pressentimentos. Essa droga de coruja que mandaram pra você, assim que percebeu que estava presa no quarto comigo, resolveu que eu era uma ameaça, ganhei umas belas cicatrizes até alcançar a varinha. – A corvinal olhava com raiva para a ruiva (que não conseguia parar de rir) com uma expressão assassina.


 


A menina soltou uma longa gargalhada que lhe rendeu um olhar reprovador da amiga. Depois de se recuperar do acesso de risos esticou o braço e a coruja desceu, erguendo a pata obedientemente para que a garota retirasse a carta.


 


- Acho que ela recebeu instruções pra não confiar em ninguém que não fosse eu... – Comentou intrigada, já imaginando quem poderia tê-la enviado. – Vocês podem explicar tudo agora. Por que arriscar vir aqui, Luna? E também a urgência da mensagem.


 


As duas garotas sentaram na cama e começaram a explicação enquanto a garota abria a carta.


- Foi esse o motivo, e acho que você e Gina tem que rever os conceitos. – Luna finalizou, desta vez séria. – Mandei a mensagem pra vocês já tem horas, e ainda pedi que viessem logo...


 


- Nós sabemos, Lu, desculpe. – Respondeu a Weasley fingindo um revirar de olhos, mas com a voz sincera. – E então, Mione?


 


- Não tem nada escrito... – A garota tentou alguns feitiços pra revelar a mensagem da carta, mas nenhum surtia efeito. Algo lhe dizia que a carta era de Sirius. E por mais que quisesse contar para as amigas não poderia, havia feito uma promessa. Soltou um suspiro, estava cansada, quantas vezes já desejara ter uma vida normal? – Vamos ter que investigar isso com calma depois, quem quer que tenha me enviado isso tomou o maior cuidado passar não ser rastreado ou descoberto.


 


- Não acredito que perdi o jantar por causa de uma carta em branco...


 


- Sim, e hoje teve pudim. – Completou a corvinal com uma expressão triste.


 


- Sinto muito pelo pudim, Lu. Mas acho melhor que as duas fiquem aqui esta noite. – As duas garotas lhe lançaram olhares interrogativos. – Já passou do toque de recolher, e temos problemas suficientes por hora sem nenhuma de nós arranjar detenções ou conversas com a Umbridge...


 


- O que está acontecendo, Mione?


 


- Não é nada, uma sensação ruim, só isso.


 


- Gina têm razão, Mione, o que você sabe e não quer falar?


 


A morena mordeu o lábio antes de responder, seu olhar encontrando os dois pares de olhos, um Whisky  e o outro azul- turquesa que a encaravam preocupados. Odiava não ser sincera com as amigas.


 


- Preciso que confiem em mim dessa vez, ok?


 


- Então há algo acontecendo...?


 


- Sim, e se pudesse já teria contado pra vocês.


 


- Tudo bem, continuaremos aqui, sabe que pode contar conosco, mas tome cuidado, Mione. – A loura se virou no seu jeito desapegado e conjurou um saco de dormir e um pijama antes de dirigir-se ao banheiro.


 


- Não gosto nada disso, Hermione, segredos só complicam as coisas, quando conhecemos o problema podemos ajudar sem dúvidas. Mas não vou pressioná-la. – Gina, que ficara calada até aquele momento, comentou.


 


- Também não gosto disso Gina...


 


As três garotas se aprontaram para dormir, ficar em claro a noite toda não ajudaria em nada, e os NOM’s e exames de fim de ano começariam no dia seguinte.


 


(Sirius)


 


Terminou a carta que enviaria para Hermione e releu-a com cuidado. Procurava por deslizes que pudessem denunciar o real intuito do bilhete.


 


“ Querida Hermione,


 


Tem sido um prazer conversar com você desde que Harry nos apresentou nas férias. Infelizmente tive muito trabalho para organizar as coisas para a viagem de volta à minha casa e não pude responder suas cartas antes.


Aquele livro sobre hipogrifos que me deu no natal foi uma excelente leitura, pensei até em ir ao ministério pedir licença para criar um. Porém a viagem para casa tende a ser inóspita por conta do frio e falta de luz.


Finalmente consegui reunir todos os meus pertences e tudo que é necessário para a viagem correr em segurança. Esses desaparecimentos que vem ocorrendo me preocupam, mas imagino que sejam só bobagens, como diz nosso sábio Ministro.


Creio que minha querida prima sinta a minha falta, ela tem me feito visitas mas sempre nos desencontramos, o que é uma pena. Se encontra-la transmitirei-lhe todo o nosso afeto.


Espero vê-la em breve.


 


Com carinho,


 


Snuffles”


 


A carta não tinha nem pé nem cabeça. E isso seria o melhor. Hermione era inteligente iria entender a mensagem. Poderia também tranquilizar Hagrid, o gigante deveria estar preocupado por Bicuço ter sumido.


 


Amarrou a carta a perna da coruja e soltou-a. Em seguida prendeu uma cela ao Hipogrifo, a viagem seria longa. Com cuidado colocou os pertences e a mochila junto.


 


- Bicuço preciso que me ajude, está bem? Vamos dar um pequeno passeio. – O animal parecia entender perfeitamente.


 


O animago mudou de forma e seguiu para a janela, de onde caminhou para o telhado da casa visinha. Bicuço voava a céu aberto, mas graças ao feitiço que lançara qualquer trouxa que o visse pensaria que o animal era na verdade um pássaro demasiado grande.


 


Seguiu até uma praça próxima do Largo. Já passavam das 8h da noite, ninguém estaria no lugar.


 


Confirmando as expectativas o mago voltou a sua forma humana. O hipogrifo desceu obedientemente ao seu encontro.


 


- Pronto, longe o suficiente para ninguém da ordem vir nos rastrear, certo? – Fez um breve carinho no amigo e montou-o. – Vamos para o sul Bicuço, o máximo que puder até acharmos uma chave de portal.


 


O céu escuro misturava-se a cor da pelagem do animal e das vestes do bruxo tornando ainda mais difícil enxergá-los. As asas batiam com força, o que fazia o corpo oscilar, impedindo qualquer conforto. Mas não importava. Marlene estava a sua espera, não decepcionaria-a novamente.


 


- Aguente mais um pouco, Lene, estou indo.


 


(Ron)


 


- Definitivamente não aguento mais. Não consigo nem comer, e olhem que sou eu falando. – O ruivo suspirava exausto. – Deveriam nos dizer os resultados logo depois de cada teste. Minha mãe vai pirar quando os resultados chegarem...


 


Gina e Harry riam do desespero do amigo. As provas do dia foram de Poções e Feitiços.


 


- Acalme-se Ron, foi só o primeiro dia... – Hermione comentou, a garota nem sorrira, absorta num livro de feitiços.


 


- O que você tem, Mione? Nem parece a garota do “melhor feitiço rastreador desde Morgana”. – Harry tentou brincar para animar à amiga.


 


Todos riram lembrando a exasperação do examinador que avaliara a garota.


 


- Só estou um pouco ansiosa, Harry. – Respondeu tentando esboçar um sorriso. Que não convenceu em nada.


 


Não era natural aquilo. Sua irmã nem ao menos tentou animar a amiga ou desviar o assunto como faziam sempre uma pela outra. O que acontecia com Hermione?


Quando ia insistir na pergunta de Harry foi impedido pela chegada de Luna. A corvinal vinha de braço dado com Enzo Guimmyrd, o garoto estava no grupinho que saíra com ela, Gina e Hermione no ano anterior.


 


- E então, como foram os exames de vocês? – Perguntou sentando-se ao lado de Hermione.


 


- Prefiro não ter que falar novamente disso. – Ron respondeu emburrado.


 


- Espero que estejam bem, Hermione, Gina. – O jovem corvinal tentava ser educado. De um jeito afetado que incomodou profundamente o ruivo. – Não as vejo há um bom tempo.


 


- Estamos bem Enzo, tem sido difícil fazer algo além de estudar nos últimos tempos... – Gina impediu que ele respondesse da forma que o corvinal merecia.


 


- Verdade, essa escola não se parece com a antiga Hogwarts. – O garoto ainda estava desconfortável. Harry e Ron lhe lançava olhares igualmente incisivos. – Eu já vou indo, prometi que daria uma surra no Diego, - Despediu-se brincando. – ele teima em jogar xadrez comigo.


 


- Faça isso, mande lembranças minhas ao Diego. – Harry entrou no meio da conversa e recebeu olhares indignados das três garotas por sua ironia.


 


As três achavam que era só uma provocação. Mas Ron lembrava bem da conversinha que ele, os irmãos e Harry tiveram com os amiguinhos de Gina no ano anterior, pouco depois da festa.


Enzo se retirou, enquanto Harry e Ron compartilhavam um sorriso.


 


- Você consegue ser insuportável Ronald.


 


- Por que fez tanta questão de ser irônico com o garoto, hein, Potter?


 


- Ótimo, infelizmente não estou com humor para aguentar grosserias hoje. Gina, Mione, vamos dar uma volta? Tem um bebê hipogrifo que acabou de nascer. Rúbeo me avisou na semana passada.


 


As três garotas levantaram-se e começaram a caminhar sem se despedir ou dar atenção aos protestos dos dois rapazes.


 


- Sou o único que acha que elas exageraram pra poderem conversar sozinhas? – Harry esfregava a cicatriz de forma pensativa.


 


- Não. E algo aconteceu com Hermione, que ela não quer contar. – Agora não era a melhor hora para o amigo começar a ter desmaios e premonições. – Sua cicatriz tá incomodando?


 


- Sim, tenho praticado oclumência antes de dormir, mas parece que quanto mais tento evitar, pior fica.


 


Ron aquiesceu e esticou a mão para ajudar o amigo a se levantar.


 


- Vamos, é melhor você colocar um pouco de gelo. Amanhã temos mais exames. – Completou com um gemido.


 


Os garotos sumiram pelos corredores sem perceber que eram observados.


 


(Sirius)


 


Bicuço conseguira leva-lo até a costa francesa, agora que estava fora do país poderia aparatar com tranquilidade. O problema seria chegar ao outro país, a distância era grande demais para um aparatação. Precisava de uma chave de portal.


 


Andou calmamente pela encosta depois de enviar o hipogrifo de volta para a Inglaterra. O pequeno povoado bruxo que se encontrava perto do mar era extremamente agradável. Escondeu os pertences no quintal de uma casa, os donos deveriam estar trabalhando, antes de mudar para a forma de cão. Mesmo fora de seu país algum bruxo poderia reconhecê-lo, não era exatamente um fugitivo comum.


 


O sol já passara da metade do céu quando encontrou o que procurava. Uma espécie de taverna, afastada do centro do povoado. Alguns bruxos de aspecto duvidoso entravam e saíam do lugar em intervalos curtos demais, para dizer que estavam somente em um momento de relaxamento. Era o lugar que bruxos como Mundungo frequentaria.


 


Era bom voltar à forma de cachorro, ninguém suspeitava de um bom e velho vira-lata. Deitou na pequena varanda do estabelecimento buscando ouvir as conversas. Não conseguiu, o lugar tinha feitiços de proteção, o dono sabia o que estava fazendo. Ergue o corpo esticando as patas dianteiras, ainda sabia fingir pensou rindo.


 


Depois de duas horas sondando o bar não havia mais o que descobrir sem entrar. Foi até a rua lateral procurando uma entrada alternativa. Não havia. Seria do jeito difícil. Mudou de forma e caminhou discretamente até a entrada do bar, com sorte as roupas e a aparência limpa impediriam que alguém o reconhecesse.


 


- Boa tarde, o que vai ser? – O barman perguntou num inglês irritadiço.


 


- Hidromel. – Respondeu num inglês falsamente forçado, quanto menos o ligassem aos acontecimentos de Londres melhor.


 


Enquanto o barman servia a bebida, um homem de porte normal com cabelos loiros levemente ensebados surgiu ocupando o lugar ao lado do animago.


 


- Black, Black, Black. – Sirius engasgou com a bebida. - Você não deveria ser descuidado assim, podemos estar em outro país, mas nem todos são pobres camponeses que se enganam com sotaques e roupas caras. – O homem riu antes de tomar um gole do próprio drink.


 


- Vai dizer que não se lembra de mim?! Poxa vida, ficamos dois anos juntos em Azkaban antes do meu advogado conseguir que eu cumprisse a pena em liberdade.


 


- Claro que lembro de você, Linduang.  – O homem não mentia, realmente havia estado na prisão. - Pensei que a esta altura estaria perseguindo o Mundungo por tê-lo denunciado.


 


- Fletcher sabe como se desculpar com um homem, foi ele quem pagou o advogado. Claro que isso foi depois de eu ter mandado um ou dois recados sobre o que sabia das atividades dele. – Tomou mais um gole da bebida antes de continuar. – Mas não vamos mudar de assunto, não é, meu caro? O que o trás à bela França?


 


Sirius esvaziou o copo antes de responder.


 


- Viajando, sabe como é, com o que esta acontecendo por lá sempre é melhor ficar fora de circulação por um tempo... – O homem olhou para Sirius, ainda desconfiado. – Vou esperar as coisas esfriarem e decidir o que fazer.


 


- Tem toda a razão, veja eu fiz a mesma coisa. Mas como pretende manter-se, segundo sei sua conta em Gringotes foi bloqueada...


O animago soltou uma sonora gargalhada. – Você sempre sabe, não é Linduang? – O bruxo o acompanhou na risada. – Vamos aos fatos.


 


- Sim, vamos lá, o que preciso fazer para que me diga onde aquele filho da mãe está escondido? – O homem voltou ao tom sério.


 


- Ah você não quer se envolver com Mundungo agora, ele está sob a asa de Alvo Dumbledore. – O loiro soltou um muxoxo.


 


-Ele sempre acha um jeito de me escapar.


 


- Sim. Mas estou aqui por outro motivo. – Sirius encarou o homem. – Preciso de uma chave de portal para Nebraska.


 


- E o que eu ganho com isso? – O homem inquiriu com uma sobrancelha erguida.


 


- Não se preocupe com isso, sabe que sou um homem de palavra. Faça seu preço, ficarei pouco tempo por lá, assim que voltar à Londres o dinheiro será enviado até você.


 


- Sirius, Sirius, cuidado com o que me promete. – Vendo que o outro não recuava August Linduang completou. – Pois bem, você tem um mês para pagar, mas quero uma garantia. Você assinará um contrato me prometendo sua moto caso não me pague. Venha comigo.


 


O bruxo deixou algum dinheiro sobre o balcão e fez sinal para que o ex-prisioneiro o acompanhasse.


 


***
Beatriz Zago Matos ~ É bem isso mesmo kkk, a Mione é aquela amiga que sempre está lá, acho que no fim das contas seria difícil isso mudar. Mas ela também não é um ser perfeito, isso de ter ajudado o Sirius a "fugir" não foi exatamente sensato ou seguro... Enfim, estamos chegando à parte da Marlene, ansiosa???

N/A Como prometido o novo capítulo já está aqui, e o próximo em fase de criação rs'.
Gente tô com saudade dos comentários de vocês. Tem gente que não comenta já tem um tempo,  rosana franco,  alylyzinhaBethany Jane PotterGiovanna de PaulaIsis Brito... Cadê vocês, abandonaram a fic? :'(
É isso pessoal, espero que aproveitem, comentários são mais que bem-vindos ^^'. Vejo vocês no próximo capítulo. 

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Comentários (1)

  • alylyzinha

    Olá.. voltei!! .. não abandonei não.. só não tava tendo tempo...A fic ta perfeita...adoro sempre Harry e Hermione...To curiosa pra saber se Sirius irá encontrar Marlene e como ela estará...queria mais cenas do meu casal favorito.. adoro rssr..beijos e até mais!!! 

    2014-01-22
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