A sombra



- Boa sorte - foi o que desejaram Rony e Gina aos nervosos Harry e Hermione, que entravam mais uma vez na sala de Rômulo Lupin no Centro.
Lupin não estava lá, somente Draco esperava na sala. Eles não trocaram uma palavra em si, apenas olhares de desafio.
- Hermione - Harry cochichou para a namorada -, eu só quero que saiba que... não importa quem perder hoje. Eu só quero que se cuide, promete?
- Prometo - disse Hermione, olhando nos olhos do garoto. - Mas você tem que prometer o mesmo...
- Bom dia - disse o enérgico Rômulo que acabara de entrar. - Mais uma vez estamos aqui, e está na hora de mais um se despedir de nós, para irmos finalmente para a final. Antes, porém, descobriremos quem vai e quem fica através do desempenho de cada um de vocês nesta prova.
“Tudo o que precisam saber é que, após o fiasco do que foi a prova anterior, decidimos pôr certo nível de dificuldade maior. Afinal, estamos falando da carreira de auror garantida, não é? Então vamos lá: ao atravessarem sua porta, cada um de vocês encontrará um animal mágico. E depois desse encontrarão outros. Seu objetivo é atravessar todas as vinte câmaras que preparamos para vocês. Parece fácil, mas vocês precisam estar atentos... há muitas armadilhas e obstáculos. Alguns muito desagradáveis acreditem... Se não tiverem um bom entendimento com os animais e criaturas não poderão realizar a tarefa de chegar ao final. Bem, está na hora. O último que chegar ao final... ou não chegar... será desclassificado. Comecem!”
A porta de Harry era à esquerda e de Hermione à direita, Malfoy ficara com a do meio. A sala em que Harry estava era ambiente e ficou surpreso ao ver que o chão estava coberto com grama e terra e a parede de folhas e espinheiros.
A porta de madeira era muito bem visível à sua frente. Só precisava alcançar a porta e achou muito estranho ali não ter aparentemente nada que o fosse impedir de fazer o que tinha de fazer.
Harry viu no chão uma coisa escura e redonda e deduziu que fosse um buraco de golfe. Descartou logo essa idéia ao ver a coisa escura se locomovendo ligeiramente pelo chão.
O garoto sacou a varinha. A coisa endoidou. Escalou as paredes e ficou rodopiando loucamente, como se fosse a sombra de um pequeno pomo de ouro.
- Mas que... - exclamou ele, confuso, ao ver que a sombra tinha dois olhos grandes e alaranjados que o fitavam, e, a julgar pelo o que entendia de expressões, era uma expressão de surpresa.
- O que é você? - perguntou Harry, sem exatamente esperar que a coisa fosse responder.
Mas ela respondeu.
- Sou uma sombra guardiã. Estou presa neste lugar. Se você me ajudar a sair eu posso lhe ser útil.
Harry mal acreditou que estava falando com uma sobra guardiã. Não sabia da existência de sombras falantes, mas achara muito interessante ter uma mascote que podia esgueirar-se pelo chão e subir paredes para lhe acompanhar nas próximas câmaras. Ao menos se morresse não estaria só.
- E então, vai me ajudar? - insistiu ela, naquela voz grave e ressonante. - Ou vai ficar me olhando com essa cara de bobo?
- Uh, claro... vamos... vamos prosseguir - disse Harry, se dirigindo à porta. - Ah, claro... Trancada! Faz alguma idéia de onde possa estar a chave?
A sombra arregalou os olhos para algum ponto atrás de Harry.
- Eu não sei, mas tem um pessoalzinho da pesada ali que deve saber - sussurrou.
Harry se virou. Dez. Quinze. Vinte diabretes surgiram de uma caixa da qual ele não tinha notado antes. Eles avançaram no garoto sem cerimônia.
Ele sacou a varinha, mas a sombra tomara a sua frente.
- Me segure à altura deles para que eu possa, hum... comê-los. Perdoe-me a expressão chula - acrescentou.
Achando muito estranho o que ia fazer, Harry tocou pela primeira vez na sombra-guardiã. Era estranho tocar em algo que nem parecia sólido; era leve como uma pena.
Em um rápido movimento, a sombra alargou a boca consideravelmente, onde os diabretes que tentavam agarrar a cabeça de Harry eram engolidos. Em um tempo extraordinário dezenove dos diabretes foram engolidos pelo novo amigo de Harry; mas sobrara um, que estava encostado à parede, tremendo, com medo de se aproximar de Harry.
- Ok - disse a sombra, mirando o último diabrete. - Lançar!
Harry o lançou em direção ao diabrete, que foi engolido antes que pudesse fugir. A sombra se embrenhou na parede, rastejou até o chão e surgiu atrás de Harry.
- Moleza - disse ele, arrotando. - Não havia comido nada, hoje. Acordei nessa sala estranha...
- Mas e a chave? - perguntou Harry.
- Dê uma olhada na caixa.
E lá estava a chave prateada. Eles abriram a porta e prosseguiram para a segunda câmara. Logo viram que era preferível ficar na primeira.
- Que diabo é isso? - perguntou a sombra.
Harry sabia muito bem o que é que aquelas criaturas eram (e “diabo”, como dissera a sombra, era a melhor maneira de defini-las). Explosivins. Três explosivins adultos com seus ferrões exageradamente expostos.
- Suponho que por ali eles... - começou a sombra guardiã, a voz firme.
- Sim, eles soltam fogo - confirmou Harry.
- Ferrou.
O explosivim do meio soltou uma gigantesca bola de fogo na direção de Harry. O garoto agarrou a sombra e se atirou para um arbusto que tinha ali no canto da câmara.
- Ei, amigo, você sabe onde pôs a mão quando me agarrou? - perguntou a sombra, seus olhinhos laranja encarando Harry quando os dois estavam escondidos no escuro daquele arbusto.
- Eu salvei a sua vida - indignou-se Harry.
- Desde quando salvar vidas inclui assédio sexual?
- Ei, você é uma sombra. Uma coisa esquisita, redonda e escura. Tá legal? Como vou saber onde estão as suas partes? Ah... - resmungou o garoto. - Agora, precisamos dar um jeito de acabar com aqueles dali.
- Certo... preciso de sua ajuda. Vê estas frutinhas aqui no arbusto? Elas são climáticas e produzem gelo.
A sombra abriu o bocão, começou a sugar as frutinhas e as mastigou demoradamente. Em seguida tomou a forma do que lembrava uma pistola. Harry a pegou e pulou fora do arbusto. Mirou para o explosivim do meio e puxou o gatilho. Um jato de gelo particularmente extenso atingiu não apenas o do meio, mas os três explosivim, que congelaram imediatamente.
- Vamos - gritou Harry, largando a sombra e correndo para a porta atrás dos bichos. - Opa... Droga... será que todas as portas estão trancadas por aqui?
- Oh, droga, estamos sendo miseravelmente explorados - resmungou a sombra guardiã.
- Quê?
A sombra apontou para um desenho no chão, feito com terra e gravetos. O desenho percorria quase a câmara inteira. Era a caricatura exata de um explosivim.
- E onde esse desenho nos ajuda? - quis saber Harry.
- Dê uma olhada aonde parece ser o estômago dele.
Harry viu. Tinha o desenho de uma chave.
- Peraí... já vi esse filme antes.
- Você está falando daquele filme em que eles abrem o estômago de um cara para conseguirem a chave e se libertarem? - perguntou a sombra, engolindo em seco.
- Esse mesmo - disse Harry. - Porque, você já viu?
- Não.
- Cara, eu não acredito. Congelamos eles e agora precisamos abrir seu estômago? Como? Isso é...
- Nojento, eu sei - terminou a sombra. - Mas queremos sair daqui, não é? Tive uma idéia. Vamos começar pelo da esquerda...
A sombra se fez em forma de uma furadeira.
- E lá vamos nós de novo - lamentou-se Harry, de olhos fechados, ligando a “furadeira” e perfurando o gelo até alcançar a pele mucosa do explosivim. Quando sentiu que o perfurou, ele entreabriu os olhos e viu um líquido amarelo escorrendo pelo buraco feito. Começou a tirar um pouco mais de gelo para que tivesse mais espaço para procurar a chave.
A sombra voltou à sua forma natural.
- Nossa... eu não vou enfiar a mão aí dentro - falou Harry, enojado. - Nem luva eu tenho.
- Ah, aí é com você, meu querido. Meu estômago é muito fraco. Só cuidado para não pegar o coração dele no lugar da chave - alertou a sombra, tomando distância.
Mas Harry tivera uma idéia, e cinco minutos depois usava a sombra em forma de luva, protegendo sua mão. Tateou o estômago do bicho à procura da chave. E não a achou.
- Eca, que nojo - resmungou a sombra, após ter tomado sua forma original novamente, cuspindo e sacudindo o pus que pegara do estômago do explosivim. - Ei, você tem idéia do que é ser a luva de um médico louco? Porque não trocamos de papel no próximo explosivim?
Mas não trocaram. Em seguida examinaram o do meio e o da direita. Mas nada de chave...
- E agora, o que você sugere? - perguntou a sombra, ainda inconformada de ter servido de luva. - Que tal abrirmos o seu estômago?
Harry estava tão indignado quanto a criatura. Estavam perdendo tempo. Foi quando seus olhos se deteram mais uma vez no desenho da chave no estômago do explosivim desenhado no chão.
- Sabe, eu acho muito interessante o jeito com que você se transforma em objetos - disse Harry à sombra. - Você poderia assumir agora a forma de uma pá de pedreiro?
- Pra quê?
- Poderia?
- Ok... - e se transformou.
Harry pegou-a e começou a escavar o chão no lugar onde havia o desenho da chave. E não demorou muito a descobrir que sua intuição era positiva. Lá estava a chave prateada.
- Não... não, não, não e não - resmungou a sombra guardiã, olhando para a chave, indignada. - Você quer dizer que a chave estava aí embaixo do nosso nariz o tempo todo? Você está mesmo querendo-me dizer que fui forçado a presenciar o auge da repugnância ao entrar no estômago destas criaturas gosmentas sendo que a maldita chave estava obviamente enterrada no chão?
- Uh... sem querer ofender, mas... é! - respondeu Harry, abrindo a porta.
A câmara a seguir era escura. O único ponto onde indicava luz era um pequeno quadradinho brilhante na parede, a que o garoto presumiu ser um interruptor. Acendeu a luz.
- Ah, não - gemeu a sombra, arregalando os olhos para duas figuras que se aproximavam deles.
Uma delas vestia uma capa preta, velha, e estendia suas mãos podres com menção de querer agarrar alguma coisa. A outra era nada menos que uma bela mulher humana.
- São bichos papões! - exclamou a sombra. - Ah, não, ela se aproxima de mim!
Harry não conseguiu entender o que a sombra via de assustador numa moça tão bonita, mas não teve tempo de perguntar, porque começara a sentir aquele frio; sua felicidade se esvaía. Pescou em sua mente algo engraçado para um dementador (o que era incrivelmente difícil).
- Como um dementador pode se tornar engraçado? - perguntou Harry desesperado; e eles se aproximavam.
- Primeiro me ajude com essa mulher, homem, depois cuidamos disso! - exclamou a sombra.
- Ridikulus! - disse Harry.
A mulher começou a cambalear, ao mesmo tempo em que seus cabelos louros despencavam de sua cabeça e sua pele se enrugava drasticamente; ela caiu no chão e evaporou.
- Você tem que mudar o seu conceito do que é ser engraçado, é sério - comentou Harry boquiaberto.
- Eu costumo chamar isso de “humor negro” - zombou a sombra. - E agora, quer uma dica para o seu bicho papão? Faça com que ele tropece em sua própria capa, isso sempre é engraçado.
- Boa - e Harry o fez. - Ridikulus!
Nada acontecera.
Harry entrou em desespero. Porque não funcionara?
O dementador estava sugando seu humor, sua felicidade. A mão dele agarraria seu pescoço em questão de segundos...
Ocorreu-lhe o seguinte: aquele dementador realmente ERA um dementador, e não um bicho papão como a mulher que se derretera.
Hermione. Este era um pensamento muito feliz.
- Expecto patronum... EXPECTO PATRONUM!
O veado prateado golpeou o dementador na exata hora em que surgira.
- Lindo patrono! - exclamou a sombra, saindo de trás do garoto.
- Obrigado - disse Harry, feliz, sabendo perfeitamente bem que Hermione era a autora do seu bom desempenho. - Porque é que você tem medo daquela mulher em que o bicho papão se transformou?
- Ãn... que tal prosseguirmos agora? - pediu a sombra, tomando vagarosamente um tom avermelhado.
Harry não insistiu no assunto. Prosseguiram.
Uma figura os aguardava, sentada em uma enorme pilha de trapos. Careca e fedorento, vestido com uma pele rasgada e com um pequeno bastão em uma das mãos.
- Um trasgo filhote? - a sombra riu tanto que quase virou ao avesso. - Olhe só pra ele, um inofensivo trasgo filhote! Ele deve ser tão burro que os neurônios dele estão mortos há muito tempo, apesar de ser uma criança! Uma pobre criança trasgueana... com mil minhocas mancas, esse vai ser moleza!
De repente a pilha de trapos da qual o trasgo usava para descansar o traseiro soltou um bufo.
- Esse aí pode até ser... - disse Harry.
O filhote se levantou e a coisa que parecia uma pilha de trapos se ergueu apoiando-se num bastão três vezes maior que o filhote segurava. Era um trasgo adulto e selvagem.
-... Mas esse outro eu não creio não - completou Harry.
- Ah, merda - gemeu a sombra.
- Pa... Pa... Pa-pa - grunhiu o trasgo filhote, piscando loucamente aqueles olhos inocentes.
- Ótimo, agora temos o papai - zangou-se a sombra. - Que tal eu ser a mamãe e Harry a vovó resmungona que bate nos netos?
O trasgo olhou diretamente para os dois. Seus olhos revelaram a mais pura fúria. Ele era tão alto que seu filhote parecia uma caixa de fósforos. Ele agarrou seu bastão exageradamente grande e o balançou ameaçadoramente, soltando um urro ensurdecedor.
- Ei, me respeite! Quem disse que você pode gritar assim com a mãe de seus filhos, seu babão fedorento? - gritou a sombra.
O trasgo arrancou um prego enferrujado de seu bastão e o lançou contra a sombra.
- Eu pensei que os trasgos fossem retardados - choramingou. - Se ao menos tivessem senso de humor...
- Esse aí não, ele é selvagem - disse Harry. - E é melhor corrermos!
O trasgo bateu o pé no chão fazendo a sala toda tremer, ao que a porta pela qual Harry e a sombra entraram e agora tentavam escapar fechou.
- Abre!
- Não dá, emperrou! Ah, meu Deus!
- Você é um bruxo, explode logo essa droga!
- Eu não posso!
- Porque, homem de Deus?
- Por que... Minha varinha deve ter caído na sala anterior - concluiu Harry desesperado, apalpando os bolsos.
- Ah, não, seu ignorante!
- Ignorante é você que se limita a apenas uma cor em todo esse seu organismo escuro e vazio!
- Não grite assim comigo! Você fere meus sentimentos! E, além disso, meus olhos têm um leve e delicado tom laranja... - revidou a sombra.
- Ui, tocou a minha criança interior! - zombou Harry.
- Você só não é mais burro porque tem um trasgo gigantesco, com o cérebro do tamanho duma noz, correndo em nossa direção, com um pedaço de pau nas mãos, querendo arrancar nossas cabeças; e se você não percebeu meu amigo, minha cabeça é a única coisa que eu tenho! - berrou a sombra, salivando Harry.
O trasgo tropeçou em seu próprio pé e caiu em direção aos dois. Eles correram cada um para um lado e o trasgo se estabacou na parede, derrubando-a. E ficou imóvel onde caiu.
- Eu te amo! - berrou Harry, abraçando a sombra, e essa dissera o mesmo, recebendo seu abraço.
- Quase morremos! Nunca mais vamos nos separar, ok? - pediu a sombra, emocionada, seus olhos lacrimejantes. - Nunca mais...
Um barulho nada gracioso chegou repentinamente ao ouvido dos dois.
- Fez “to-tô” - disse o trasgo filhote envergonhado.
- Vamos... Sair daqui - falou Harry, enrugando o nariz. - Primeiro deixa pegar minha varinha; ainda bem que esse bobalhão arrombou a porta.
- MEU DEUS, COMO ISSO FEDE! - gritou a sombra. - O QUE VOCÊ COMEU AFINAL, UM JUMENTO?
- Papai tá tirando uma soneca - explicou Harry ao bebezão. - Mas logo ele acorda pra... Ãn... Trocar sua fralda.
Eles se deram tão bem com os trasgos que acharam que na próxima sala poderiam morrer. E isso era muito provável, descobriu Harry, ao rever aquela criatura “adorável” que vira no seu primeiro ano em Hogwarts.
- Aquele cão tem mais de uma cabeça ou será que drogaram a minha cerveja ontem à noite?
- Sim, ele tem mais de uma... E são três...
O cão gigantesco estava lá na frente, bloqueando a porta, a cabeça do meio apoiada nas patas, parecendo cansada, as outras duas disputando por cima desta um pedaço de osso enorme. Os olhos da cabeça do meio miraram Harry.
- Me dá esse osso, Cá! - rosnava a cabeça da direita.
- De jeito nenhum, Cho! - brigou a cabeça da esquerda.
- Cá, Cho, fiquem calados! - ralhou a cabeça do meio. - Encontrei a solução.
- O que foi Rô? - perguntaram as outras duas.
- Tá, veja só... - cochichou a sombra para Harry. - A cabeça da esquerda se chama “Cá”, da direita “Cho” e a do meio “Rô”. A criatividade é tanta que eu... Preciso de uma bebida!
Harry nada disse. Estava imóvel, ouvindo o que a cabeça do meio dizia.
- Disse que encontrei a solução! - repetiu ela. - Para que brigarmos por um osso de dinossauro quando temos um apetitoso humano para dividir? - e apontou Harry com aquele focinho enorme.
- O que você sugere? - perguntou a sombra, tremendo, quando as três cabeças encararam o garoto.
- Eu já tive de passar por essa situação uma vez... Eles não podem ouvir música que caem no sono, mas... Agora tá difícil!
- Ei magricela! Aproxime-se! - chamou a cabeça da esquerda.
Harry não sabia se obedecia ou não.
- É, hum... Er... Na verdade aqui tá bom, Cá... - disse ele sem jeito.
O cão se ergueu de um salto.
- Ele me chamou pelo nome! - falou Cá, os olhos arregalados. - Ele falou comigo!
- Qual é o mané não pode nos entender - desconsiderou Ro.
- É verdade - concordou Cho.
- É, acho que não posso mesmo, Cho - disse Harry. - E a propósito, vocês têm uma bela combinação de nomes.
O cão ficou imóvel.
- Imagino que ele esteja pensando em nos dar um prêmio de boas vindas - sussurrou a sombra.
- E daí que ele nos entende? Vamos comer logo ele! Estou faminto! - exclamou Rô.
- Imaginei errado - disse a sombra, tremendo.
Harry segurou a varinha no bolso com firmeza. Sabia que estava encrencado, mas não cederia tão fácil.
- Então, senhores - disse Harry lentamente. - Antes que me comam... Eu sei do que vocês precisam.
- Carne! - berrou Cho, animado, salivando as outras duas cabeças.
- Argh... Eu acho que eles precisam é de uma escova de dente e uma pasta tamanho família.
- Dá um tempo, sombra - pediu Harry. - Então... Vocês... Vocês por acaso gostam de... Música?
- Tá brincando, adoramos música - disse Rô, lambendo a pata e a passando na cabeça, aparentemente tentando fazer um topete com os pêlos, em seguida pegou o osso como microfone e encenou um canto. - Arre yoou lonesooome toniiiiight! Dooo yoou misss mee toniiiiiight!
Harry tapou os ouvidos. Achava que ser devorado era melhor do que ser torturado.
- Ahhh, pára, pára, pára - gritou a sombra. - Você chama isso de imitação? Horrível! Elvis cantava! Você parece estar é com dor de barriga!
- Er... Não liga não, é que drogaram a cerveja dela ontem a noite - disse Harry. - Qual é o seu problema, hein? - acrescentou à sombra.
- Ah não. Faça qualquer coisa, mas nunca insulte o rei do rock na minha frente - disse a sombra, revoltada, tomando a frente de Harry. - Quer cantar? Aprenda com o papai aqui... - ele formou um topete em sua cabeça, pigarreou, e começou a cantar. - Are you lonesome tonight, do you miss me tonight? Are you sorry we drifted apart? Does your memory stray to a brighter sunny day, when I kissed you and called you sweetheart?
- Meu Deus! - exclamou Cá, excitado. - Ele é o Elvis!
- Que legal; um jantar e um show! - exclamou Cho, balançando a cabeça.
- Elvis não morreu! - exclamou Rô, apoiando a cabeça na pata.
Harry estava impressionado também. Como uma coisa mínima, daquele tamanhinho, adquirira uma voz tão grossa, estrondosamente parecida com a de Elvis Presley, o rei do rock?
- Do the chairs in your parlor seem empty and bare? Do you gaze at your door step and picture me there?
Harry olhou para o cão de três cabeças. Eles se acomodaram calmos, tranqüilos, curtindo o canto da sombra. E aos poucos aqueles três pares de olhos se fechavam.
- Is your heart filled with pain, shall I come back again? Tell me dear, are you lonesome tonight? I said: are you lonesome toniiiiiiiight!?
Ao terminar de cantar, a sombra olhou para o cão, surpresa. As três cabeças roncavam prolongadamente.
- Mas que diabos...
- Você conseguiu! Sua voz tem poder, cara! Você é a reencarnação de Elvis?
- Ah... Err... A gente faz o que pode - falou a sombra.
- De agora em diante eu vou de chamar de Elvis - concluiu Harry.
- Ah, legal, agora eu tenho um nome. E você, como eu chamo?
- Ah é... Meu nome é Harry Potter, mas eu tenho uma imitação do John Lennon que... Que foi?
A sombra o encarava, boquiaberta, e de olhos arregalados.
- Você é Harry Potter?
- Sou... Ué, de onde você vem eu sou famoso também? - perguntou Harry.
- Não, é que... Estranho - Elvis enrugou a testa, encarando o garoto. - Seu nome me é muito familiar.
- Ah, claro... Meu nome é familiar no mundo todo - disse Harry, triste. - Mas é uma longa história.
Elvis continuou encarando Harry estranhamente. Parecia querer tentar se recordar de algo.
- É melhor prosseguirmos, sabe - disse Harry. - Ainda temos cinco salas para atravessar...
- Certo...
Ficou um clima estranho no ar. Harry não sabia o que era, mas sentira um arrepio repentino. Isso o assustou um pouco. Por uma fração de segundos tivera uma sensação estranha de perda. E em seguida uma saudade incomparável. A sombra lembrava-lhe alguém. Queria voltar no passado...
- Ei, Harry... Vamos? - a voz de Elvis o despertou de seu devaneio.
- Vamos - esganiçou-se. - Antes que ele acorde...
A sala seguinte talvez fosse a maior e mais simples que eles presenciaram até o momento. Ela estava vazia, no entanto, em frente à porta que deveriam atravessar, havia uma horda de plantas e folhas secas espalhadas pelo chão.
- Que é que você acha que tem ali?
- Não tenho idéia...
Eles se aproximaram cautelosamente. Harry sabia que o que quer que ele tivesse de enfrentar nessa câmara, certamente estaria escondido entre as flores esquisitas feitas de folhas secas.
Uma coisa emergiu de uma das flores tão repentinamente que, ao susto, Elvis quase foi parar na cabeça de Harry.
- Santa Maria, mãe de Deus, ao sagrado sangue de nosso senhor Jesus Cristo, que na espada de São Jorge esteja contido o Espírito Santo para que...
- Chega de tanto santo, homem - falou Harry. - Eu sei que criatura é essa, e ela não é perigosa. A Sprout me contou sobre os Scrubs.
Os Scrubs eram criaturas repolhudas com folhas secas na cabeça e uma espécie de tronco tubular que era a sua boca. Os scrubs, de fato, só eram perigosos quando soltavam bolhas venenosas pela boca.
- Quem me desperta de meu sono? - perguntou o scrub, naquela voz fininha que mais parecia um chiado, ficando de pé, sacudindo a cabeça e em seguida piscando seus olhinhos vermelhos na direção de Harry e Elvis.
- Nós chegamos aqui, realmente não queríamos acordar você, só queríamos... - começou Elvis.
- Atravessar a porta - completou Harry.
- Interessante - chiou o scrub. - Mas aqui temos uma regra.
- Temos? - sussurrou Elvis.
- É - disse um segundo scrub, surgindo de uma flor ao lado do primeiro. - E vocês só poderão atravessar a porta...
- Se responderem nossas perguntas corretamente - completou um terceiro scrub.
- Porque será que eu temia algo assim? - murmurou Elvis.
- Ok, então... Mande-nos as perguntas - desafiou Harry.
O scrub da direita pigarreou e começou:
- Quem foi Princesa Isabel, e qual a importância dela na história?
- Eu sei, eu sei! - gritou Elvis, dando pulinhos. - Princesa Isabel era filha do imperador Pedro II, e ficou conhecida por libertar a escravidão em 13 de maio de 1888.
- Certo - disse o scrub da direita, voltando a se esconder na flor.
Só restavam dois scrubs e o da esquerda mandou a pergunta:
- Qual a razão do aquecimento global?
Elvis mal pôde se conter, e respondeu novamente (encaixando-se perfeitamente numa versão assombrosa de Hermione).
- A razão do aquecimento global basicamente se deve ao aumento da concentração de poluentes antropogênicos na atmosfera que causa um aumento do efeito estufa. Os gases provocados pelos trouxas na poluição do meio ambiente entre carros e fábricas são os principais fatores.
- Com certeza que é - chiou o scrub da esquerda, enterrando-se em sua flor.
- Se acertarem minha pergunta vocês poderão enfim passar - falou o último scrub.
Harry ficou curioso em saber o que aconteceria se não acertassem, mas não fez nenhuma pergunta; estava muito confiante na sabedoria de sua sombra guardiã.
- Como se soletra “Procissão”?
- Fácil! - exclamou Elvis. - P-R-O-S-T-I-T-U-I-Ç-A-~-O!
- Elvis! - disse Harry, indignado. - Você soletrou “Prostituição” e não “Procissão”!
- E qual é a diferença? - perguntou Elvis.
Não só os dois scrubs que tinham emergido nas flores, mas, uns vinte ou mais se ergueram, todos virados para Harry.
- E essa é a diferença... - disse Harry, nervoso.
- Vocês erraram - chiou o mesmo scrub que fez a última pergunta. - Scrubs... Atacar!
- Atacar? Ei, eu sei soletrar essa... A-T-A-C-A-R - disse Elvis, depressa, se afastando. - Por favor, não transformem meu amigo em patê de presunto.
- Devia ter pensado nisso antes de responder errado à minha pergunta.
- Ele tem razão, sabe - murmurou Harry.
O que o garoto temia aconteceu. Todos os scrubs estavam preparados para lançar-lhe bolhas venenosas, e pelo jeito iam conseguir; estava cercado.
Bolhas verdes escorregaram de todas as direções das bocas troncosas de cada scrub, mas...
Aconteceu tão rápido que Harry quase não o viu. Primeiro, as bolhas vinham na direção dele ameaçadoramente. Depois, alguma coisa grande e ofuscante o protegeu das bolhas, e, em seguida, dera investidas nos vinte e tanto scrubs que voltavam para seus abrigos, assustados. A criatura prateada sumiu tão abruptamente do mesmo jeito que aparecera.
- O Senhor ouviu a minha prece - disse Elvis, olhando para o teto da câmara. - Obrigado. Obrigado.
- Não, Elvis, isso não foi um milagre - disse Harry, coçando a testa. - Acho que foi mais uma coincidência...
- Como é?
- Vem comigo...
Harry sabia muito bem de quem era aquele patrono, só não fazia idéia de como pudera ir parar ali. Ele abriu a porta e lá estava ela...
- Hermione!
Esta câmara era diferente de todas as outras que já passara. Era um corredor estreito, com cercados e vidros dos lados, onde se via o corredor de cada um dos seus dois oponentes: Malfoy e Hermione, respectivamente. Hermione, no corredor além, se encontrava parada, olhando Harry. O corredor de Malfoy, o do meio, estava vazio.
- Hermione, pode me ouvir? - perguntou Harry, socando o vidro.
O garoto teve de fazer leitura labial, pois aquele vidro não deixava escapar um ruído.
- Não - dissera ela, aparentemente.
- Quem é essa garota? - perguntou Elvis.
Harry tivera uma idéia.
- Elvis! Se o patrono de Hermione conseguiu atravessar o vidro, talvez você consiga.
- Ei, eu sou sombra, mas não sou mágico, ok?
Harry e Hermione caíram o olhar em Malfoy, que adentrou seu corredor, parou, olhou para os dois, com um olhar de desafio, deu um “tchauzinho” e correu em direção à porta.
Harry acenou para a namorada. Ela tinha que continuar (e ele também). Não queria que Malfoy vencesse deles por nada.
E assim foi, Harry e Elvis prosseguiram, e prosseguiram. Aquele desafio era exaustivo, pois, a cada câmara que ultrapassavam, a coisa ficava mais feia.
- Ok, esta é a vigésima e última câmara - disse Harry, suado, fechando a porta e se recostando (acabara de atravessar uma sala com uma dúzia de salamandras do tamanho de carros).
- Enfim uma boa notícia - comentou a sombra. - Mas talvez não devêssemos comemorar tão cedo; até porque eu acho que a visível ausência de qualquer criatura horripilante nesta sala talvez seja um mau sinal.
Harry contemplou a sala. A porta estava lá na frente. Não havia nenhum obstáculo aparente. Nenhum...
Ele andou até o meio da sala cautelosamente, mas nada... Não era possível!
- E agora, o que faremos? - viu-se perguntando em voz alta.
- Epa... tive um deja vu! - anunciou Elvis, de repente.
Harry observou a sombra.
- Ah, não... não foi, não - disse Elvis.
- E agora, o que faremos - tornou a perguntar Harry.
- Aí, tive outra vez! - exclamou a sombra.
Harry irritou-se.
- Quer me ajudar?
- Presumo que você esteja procurando por algo mais sofisticado que "Só atravessar a sala e sair daqui" - disse Elvis, em tom de sarcasmo.
Harry contentou-se então em acreditar que não havia nada naquela sala. O único objetivo ali era ir até o outro lado, abrir a porta e cair fora.
E ele andou... mas algo o puxou de volta.
- Mas que...
Andou mais um pouco... foi puxado para trás novamente.
- Que é isso, deu pra imitar Michael Jackson agora? - perguntou Elvis, observando Harry dando passos para frente e para trás.
- Não sou eu, tem uma força invisível nesta sala!
- Ah, ok, e eu sou a Cinderela - zombou a sombra.
Harry sentiu um puxão definitivo na cintura, como se algo o segurasse. Se viu flutuando pela sala, em meio a rodopios, como se fosse uma marionete.
Elvis o observava, boquiaberto.
Harry enfim foi solto e caiu de borco no chão, sentindo que seus óculos se espatifavam em seu rosto.
- Bem, já vi que eu sou a Cinderela, então é melhor eu voltar à minha carruagem-abóbora - concluiu Elvis.
- Dá licença, enquanto você faz piadas, eu estou desgraçadamente servindo de marionete para uma força invisível, então, pelo amor de Deus, quer me ajudar? - perguntou Harry, levantando-se e consertando com a varinha os óculos inutilizados.
- Ok... tem um episódio do Chapolin em que eles usam tinta para desmascarar o indivíduo invisível - lembrou-se Elvis.
Harry, de cara, achou essa indicação de sua sombra inútil, mas, após ser mais uma vez erguido no ar, percebeu que seria uma boa tentativa.
- Colorcus - berrou ele, a varinha segura na mão, mirando para todos os lados da sala; e, à medida em que a colorização saía de sua varinha, eles puderam finalmente ver o que o erguera de instante em instante.
- São só clouveris - concluiu Harry, guardando a varinha no bolso. - Estudamos ele com Hagrid.
E haviam bandos deles ali, sobrevando por toda a câmara, agora como coloridas luzes cintilantes devido ao feitiço que Harry lançou neles para torná-los visíveis. Uns com formas de elfos, hipogrifos, até dragões, fadas e criaturas que ele jamais tinha visto.
- Vocês aí em cima - disse Harry, sabendo muito bem o que deveria fazer para passar desta câmara sem que eles o impedissem. - Eu amo uma pessoa. O nome dela é Hermione Granger, e juntos temos tudo o que precisamos.
Os clouveris rodopiaram em círculos, felizes, até que desapareceram, de um em um. E a sala estava novamente vazia.
- Bem, é isso... - disse Harry, assobiando. - Vamos?
A sombra não respondeu imediatamente. Ficou olhando o garoto, indignada, até que disse:
- Não... peraí... Você quer me dizer que... é isso? Passamos sufoco em dezenove salas sinistras com criaturas horripilantes, como cães de trezentas cabeças e rinocerontes homicidas, e, quando chegamos na última sala, esperando eu encontrar algo terrível, talvez o demônio em pessoa, e aí... Aparecem forças de espíritos invisíveis que começam a te levitar do nada e são apenas bichinhos fofinhos e engraçadinhos que só precisavam ouvir você dizer que ama uma pessoa?
- Hum... - analisou Harry. - É, é isso mesmo. A propósito, o cão que você citou só tinha três cabeças e não trezentas. Conhece o ditado: três não são trezentos.
- Espero sinceramente que uma mulher rechonchuda sente com o traseiro em mim quando eu estiver descansando num banco de praça - disse Elvis.
- Aí já é ridículo - falou Harry, girando o trinco da porta.
- Rá... como se isso aqui não fosse!
O garoto abriu a porta e viu Rômulo Lupin, sorrindo radiante.
- Você é o vencedor, Potter! - saudou-o. - Basta saber agora contra quem você vai competir na última prova. Nem a Granger e nem o Malfoy chegaram. Sente-se e espere com seus amigos, por favor.
- E aí, Harry, como foi? - perguntou Rony.
- Oh, lá dentro foi horrível - respondeu Harry. - Tinha um monte de fantasmas e outras criaturas malignas.
- Uáu - exclamou Rony perplexo. - E você as venceu?
- Não - disse Harry, sorrindo. - Não se pode vencê-las.
- Mas então...?
- Rony, você já ouviu aquele ditado: “Se não pode com eles, junte-se a eles”? - perguntou Harry, apontando para a sua sombra guardiã que se encontrava aos pés de Rony.
Até então o ruivo não percebera a presença da sombra, mas, quando esta piscou um de seus enormes olhos laranjas para ele, o garoto deu um pulo gigantesco para trás.
Harry riu.
- E você já ouviu a expressão: “Mais uma brincadeira dessas e está morto”? - exclamou Rony.
- Ah, qual é - Harry pegou a sombra com as duas mãos e começou a massageá-lo. - É uma sombra guardiã, Rony, é inofensiva.
Daisy estava até agora de boca aberta para a sombra.
- Que foi?
- Harry, você teve sorte! - Daisy se aproximou, fascinada, dando uma boa olhada na sua sombra guardiã, que descansava nas mãos do garoto. - Sua sombra é defeituosa. As sombras guardiãs geralmente são duas vezes maior que a sua cabeça, e são totalmente cruéis.
- Isso é sério, Elvis? - quis saber Harry, encarando aqueles olhos laranjas.
- Elvis? - riu Rony. - Porque Elvis?
- Saca só, Rony - falou Harry. - Elvis, solte a voz.
A sombra pigarreou, estufou-se e em seguida soltou aquela voz grave, cantando, muito bem afinado:
- Uah-bap-luh-bap-lah-béim-bum!
- Uáu - exclamou Daisy, excitada. - Sinistro. Era como se o próprio rei do rock estivesse cantando aqui para nós.
- Pois é - concordou Harry. - Mas então, Elvis, é verdade o que a Daisy disse?
- É - começou a falar a sombra. - Quero dizer, meu pai era meio estressadinho. Uma vez possuiu o corpo de um cara que pisou acidentalmente nele.
- Cruzes!
- Impressão minha ou Harry tá falando com aquele troço? - cochichou Rony.
- A sombra fala, Rony, você não pode ouvi-la porque eu ensinei a Harry e Hermione os princípios de se entender os animais e outras criaturas.
- É, eu sei, é horrível... - continuou. - Mas eu logo vi que era diferente de todos e decidi ser um sombra guardiã que protege as pessoas ao invés de cavernas místicas e montes de tesouros.
- Ele protegia tesouros em cavernas - falou Harry, surpreso.
- Você está dizendo que... eles costumam proteger montes de tesouros escondidos? - perguntou Rony, uma expressão sonhadora no rosto.
Elvis confirmou com a cabeça. A cara que Rony fez é de querer possuir a sombra e tomar o lugar dela a proteger os tesouros citados.
- Bem, como vocês podem ver, eu tenho enlargaritite.
- Ah, eu sabia, você tem enlargaritite - comentou Daisy.
- É mesmo? - disse Rony. - Vovó costumava ter diabetes.
Daisy riu.
- O que é Enlargari... isso aí o que ele disse? - perguntou Harry, confuso.
- Quem tem problema de crescimento, Harry. Os ossos não alargam, sabe. Para pessoas e outros seres que têm essa doença isso é normal, mas você vê que é comum em duendes.
Rony olhou Harry de cima a baixo. Em seguida deu tapinhas de consolo no ombro do amigo.
- Sinto muito, Harry - disse ele. - Você não tem culpa de ter nascido assim...
- Muito engraçado, Rony.
- Mas peraí - observou o ruivo. - Sombras têm ossos?
- Acho que não quero discutir com você meu problema hormonal, amiguinho - retrucou Elvis.
- O que ele disse?
- Que não é hora de estudar a anatomia das sombras, e eu concordo.
Harry sentou na cadeira e passou a contemplar os pés, inquieto. Já parara para pensar antes que teria de combater no final com Draco ou Hermione, mas nunca esta idéia o pertubara como agora. Estava ansioso. Quem venceria a prova, Draco ou Hermione? Uma porta se abriu e Harry ergueu a cabeça.
- É, Potter, aí está - disse Lupin. - Você tem um desafio...

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