Os Monstros atrás dos Muros

9º capítulo: Os Monstros atrás dos Muros

 

“Quando Ginevra decidiu iniciar sua caçada pela fama, eu achei um pouco engraçado. Primeiro porque era impossível, segundo porque eu não via objetivo nenhum nisso. E lá foi minha amiga lutar bravamente contra os dragões. Ela venceu. E alguma coisa mudou em mim. Não que eu vá começar minha própria expedição em busca da fama, isso é efêmero demais... É algo diferente. O mundo adquiriu tonalidades inimagináveis e agora tudo é cinza e cinza. Eu não consigo mais categorizar as pessoas em boas ou ruins, minha ética foi eternamente arruinada. Acho que no verão era bem simples classificar os mocinhos e os bandidos, já agora... Pansy Parkinson está com Harry Potter, que foi traído por Hermione Granger. Eu poderia continuar falando por semanas.”

 

-Faith Maynard

 

 

Faith observou atentamente os arredores em busca de espiões. Ela bem sabia que a pequena Delilah podia se esconder como ninguém. No entanto, ninguém estava ali, é claro. As ruínas eram sujas demais para atrair casais e perigosas demais para atrair solitários. Era só um monte de pedras por todos os cantos, um grande pedaço do castelo que tinha sido destruído por algum motivo oculto muito tempo atrás.

Pansy já estava lá, sentada em uma pedra imunda usando jeans branco e ainda parecendo da realeza britânica. Bem, talvez ela fosse mesmo.

 

- Você está atrasada – Pansy reclamou.

 

- Cinco minutos – Faith se sentou de frente para ela – Não seja tão chatinha, Pansy.

 

- Isso vindo daquela que está me chantageando – Pansy revirou os olhos – E eu só estou ajudando você, porque...

 

- Você tem medo da Gina! – Faith falou com um sorriso – Você está apavorada, sabe muito bem do que ela é capaz.

 

- É, tudo bem... – ela suspirou – O negócio é que eu realmente gosto do Harry – Pansy a encarou com seus lindos olhos azuis – E eu sei que a Granger já deve ter pedido ajuda, o que significa que a Weasley quer acabar com o meu namoro.

 

- O que ela totalmente vai fazer se descobrir o que você fez, entregando-a para o Blaise.

 

- Blaise acha que eu não sei, mas já vi ele e a Granger juntos – Pansy suspirou cansada. Ela nem sabia por que estava falando tudo isso para Faith, mas era bom finalmente desabafar – Eu não ganhei o título de princesa sendo uma idiota, sei manter os olhos abertos.

 

- Agora, sinceramente, eu não sei porque a Gina não ajudou os dois, se é que eles já pediram alguma coisa – Faith disse com um sorriso malicioso – Eu odiava isso, os jogos de poder, agora acho tudo tão divertido.

 

- É divertido até você perceber que a cabeça em jogo é a sua – Pansy cruzou os braços.

 

- Agora adiantemos tudo. O que você descobriu?

 

- Bem – Pansy se aproximou e abaixou o tom de voz – As informações são um pouco nebulosas, mas uma Parkinson ainda é alguém, sendo assim descobri algo realmente ruim.

 

- O que? – Faith a encarou seriamente, respiração interrompida.

 

- Tad é viciado em magia negra.

 

***

 

Gina cruzou e descruzou as pernas, ela estava terrivelmente incomodada. O sol batia direto em seu rosto e os óculos de sol pareciam escorregar o tempo todo. Ali, no alto das arquibancadas, ela podia ver a beleza verde em que a primavera tinha transformado os jardins depois de um inverno horroroso. Ela estava usando uma blusinha branca mínima e saia jeans clara.

 

- CHUPA MEU PAU BABACA! – Blaise gritou para Mitchel. Esses meninos nervosinhos do time da Sonserina, Gina suspirou.

 

Tad não estava prestando atenção na briga, tão concentrado em derrubar Draco da vassoura. Gina achou isso pouco inteligente, uma vez que todos veriam e ele acabaria suspenso. Ainda assim, ela não fez nada além de suspirar entediada.

Uma semana depois da cena toda na Casa dos Gritos e Gina não tinha voltado a procurar Draco. Ela estava avaliando a situação.

 

- BLAISE EU VOU QUEBRAR A SUA CARA! – Mitchel ameaçou enquanto jogava um balaço direto na cara de Blaise.

 

- PAREM COM ISSO! – Draco gritou, o pomo de ouro já em sua mão – Blaise, eu não sei qual é o seu problema, mas controle-se.

 

Gina sabia qual era o problema de Blaise, dele e de Hermione. Não que ela fosse fazer alguma coisa até que eles a procurassem.

 

- Oi, amor! – Tad sobrevoou a arquibancada de Gina, sorrindo como um anjo mau glorioso – Desculpa toda a briga.

 

- Não se preocupe por mim – ela sorriu – Estou achando divertidíssimo.

 

- Só mais meia hora – ele prometeu antes de voltar para o jogo,

 

Eduard se confundiu com a goles e, ao invés de lançá-la no gol, jogou direto na ponta da vassoura de Tad, que perdeu o controle e caiu no chão. Nada muito grave, já que ele levantou um segundo depois e começou a xingar Eduard.

O resto do time estava preocupado demais para notar Draco e Eduard dando as mãos e trocando um sorriso cúmplice. Gina viu tudo. E talvez ela realmente tivesse feito algo dessa vez, mas ele a olhou, com seus olhos nebulosos, e sorriu. Ela sorriu de volta para Draco, esquecendo-se, por um momento, que seu namorado era outro.

 

***

 

- Isso é sério? – Faith se afastou de Pansy – Meu Deus, eu preciso avisar a Gina.

 

- Eu não acho uma boa idéia – Pansy continuou, Faith se aproximou de novo e elas voltaram a sussurrar – As pessoas tem tanto medo dele que ninguém disse nada ao certo. O que eu sei é que ele foi pra lá porque o pai era entusiasta de magia negra, e o Tad continuou com isso. Então alguma coisa deu errado, muito errado.

 

- Alguém morreu?

 

- Eu não sei, Faith – Pansy suspirou – Realmente não sei. E, ao meu ver, ele pode ter voltado ou não a fazer isso.

 

- Certo, eu ficarei completamente de olho nele a partir de agora – Faith decidiu – Você cumpriu a sua parte, vai me ajudar ou cair fora?

 

- Eu? – Pansy riu – Você está brincando? Eu vou até o fim agora. E só pra você saber...

 

- Sim, eu sei que eles ficaram juntos sábado passado – as duas meninas riram.

 

- Engraçado isso – Pansy riu de novo – Pelo menos eu posso agradecer a Ginevra por me livrar do namoro mais infeliz do mundo.

 

- Hei... – elas falaram juntas e arregalaram os olhos – Theodore!

 

- Será? – Pansy levantou.

 

- Será! – Faith sorriu.

 

***

 

Dakota viu Colin se esgueirando pra fora do salão comunal, o que só podia querer dizer que ele e Lexie estavam indo se encontrar.

 

- Você tinha razão – Lyss suspirou enquanto se sentava do lado de Dakota.

 

- Absoluta razão – Wynter sentou do outro lado.

 

Dakota ergueu uma sobrancelha, achando completamente engraçado ver-se no meio daquelas duas. As poucas pessoas no salão comunal não estavam dando atenção a elas.

 

- Sobre? – Dakota perguntou lentamente.

 

- A rainha – as duas garotas sussurraram ríspidas.

 

- É, eu sei que ela deu uma enrolada boa em vocês duas – Dakota sorriu e fixou o olhar em um ponto qualquer. A última coisa que ela queria era Gina pensando que ela ia voltar a armar, porque ela ia abrir fogo contra tudo e todos. E ganharia, como sempre.

 

- Precisamos da sua ajuda – Lyss suplicou – Você não sabe como me senti humilhada com o fim do meu namoro, Ginevra acobertou tudo.

 

- E Rony então? – Wynter suspirou dramaticamente – Ele arrancou meu coração fora e jogou no lixo.

 

- Você já derrubou ela uma vez – Lyss continuou. Ela parecia um pouco psicótica sobre todo o assunto – Não vai ser difícil, nós vamos te ajudar.

 

- Vocês não entendem, não é? – Dakota suspirou pesadamente – O que derruba ou não uma pessoa, é o que os outros pensam sobre ela... Agora Ginevra é a rainha, então tudo o que ela fizer será aceitável. Ela pode trair Tad com Draco, trair os dois com Huxley, voltar com Harry e jogar Pansy no lixo... Nada mais importa. Vocês não vão conseguir derrubá-la.

 

- Isso é terrível – Wynter arfou – Então ela vai se safar e ganhar tudo?

 

- Hei, Dak! – Hayden chamou enquanto descia as escadas do dormitório masculino correndo – Viu o Colin?

 

- Disse que ia estudar – ela mentiu facilmente, um sorriso simpático nos lábios.

 

- Então tá – Hayden sorriu e se sentou perto de Rich e Valentin.

 

- Você é desprezível Dakota – Lyss disse venenosa enquanto a outra levantava do sofá – Agora vai acobertar Colin e Lexie? O que você acha que vai ganhar com isso?

 

- A questão é, querida Alyssa, ninguém pode ganhar da Gina. Eu já entendi e aceitei isso, vocês deviam fazer o mesmo. Eu continuarei ajudando Colin, então quem sabe Ginevra me perdoe e eu possa voltar a ter um pouco de felicidade.

 

- Patética! – Wynter e Lyss falaram juntas enquanto Dakota saía do salão comunal com um sorriso.

 

***

 

Pansy e Faith marcharam como um pequeno exército em missão. Theodore estava rindo com alguns amigos na entrada do salão comunal. Ele era bonito e alto como o irmão Tad. Nos últimos tempos, depois de se livrar da obsessão por Scarlett, Theo tinha ficado mais interessante ainda.

 

- Oi P. Anne – ele sorriu lentamente, depois os olhos castanhos claros miraram Faith – Olá Faithie, seu namorado não está aqui.

 

- Caiam fora – Pansy falou para os cinco garotos. Em um segundo eles tinham partido – Agora sim, querido Theo, precisamos conversar.

 

- Vocês duas? – ele riu – O que é? Aviso do final do mundo?

 

- Engraçadinho, não é? – Faith falou para Pansy com um sorriso maldoso.

 

- Muito engraçadinho – Pansy se aproximou – Agora seremos diretas e você será sincero, compreende?

 

Theo sentiu o estômago despencar quando percebeu a ligação ali.

 

- Conte-nos o motivo da expulsão de Tad Nott – Faith sussurrou. Ela parecia a bruxa má do oeste com os olhos claros brilhando daquele jeito. Theo se afastou inconscientemente. E esbarrou em Pansy.

 

- Conte-nos Theo – Pansy sussurrou – Nós sabemos sobre a magia.

 

- E o quão viciado Tad é nela – Faith continuou seu interrogatório. Pansy fixou os olhos na garota, se surpreendendo com a visão.

 

Todos tinham estado tão preocupados com Gina e sua rápida ascensão, e se esqueceram da corte real. Faith parecia dono de uma total falta de escrúpulos e uma maldade incrível. Ainda que mantivesse tudo isso muito bem escondido sempre, não estava agora.

 

- Venham aqui – Theodore as levou pelo longo corredor, entrando na primeira sala que encontrou.

 

Pansy conhecia o lugar. Já tinha se agarrado com Draco ali. E então Blaise... E agora Harry. Muitos outros alunos a usavam, então ela não estava realmente empoeirada. Faith sentou-se em uma mesa e cruzou as pernas, tirando o foco de Theodore por alguns segundos.

 

- Bem... – ele piscou e desviou os olhos das pernas dela – Eu não sei se ele voltou a usar, também não sei o que aconteceu em Durmstrang. Minha mãe e meus tios cuidaram de tudo. Mas foi sim culpa da magia, e foram coisas ruins. Muito ruins.

 

Faith e Pansy se encararam em silêncio, perguntando-se o que fazer.

 

- Não sei se vocês sabem – Theo continuou – Mas Rony Weasley, Harry Potter e Draco Malfoy vieram me procurar. Eles também querem saber o que aconteceu.

 

***

 

Draco não conseguia tirar os olhos de Ginevra. Ela estava tão linda que seu corpo todo doía, querendo tocá-la. Ele sabia que ela o olhava, usando os óculos escuros como escudo para que ninguém percebesse. Ele sequer percebeu que Blaise tinha feito um gol, que o treino deveria ser encerrado por ele naquele momento. Pobre Draco, tão obcecado pelo fogo... No entanto, ele percebeu Gina tirando os óculos e olhando estranhamente para algo atrás dele, pânico circulando suas belas feições.

 

- DRACO! – Gina gritou, sem conseguir se brecar.

 

Ele caiu sorrindo, alucinando com ela. Pobre Draco, tão obcecado que não percebeu que seus pulmões estavam sem ar. E ele estava sufocando.

 

***

 

- Fala, gatinha! – Hayden brincou quando Faith entrou no salão comunal. Ela sorriu e tentou deixar as preocupações de lado.

 

Agora, como combinado, ela e Pansy continuariam de olho em Tad, atentas a qualquer uso de magia negra.

 

- Olá Hayden querido, quer fazer alguma coisa divertida? Alguma coisa ruim e nem um pouco destrutiva. Ainda que perigosa!

 

- Diga-me agora, eu imploro – ele riu – Estou entediado até a morte e Colin sumiu.

 

- Certo, me siga.

 

***

 

Lexie estava atrasada. Ela correu pelas densas árvores, não se preocupando em estragar a roupa. Elisha tinha ficado horas alugando seus ouvidos, reclamando da falta de atenção de Blaise, dizendo-se cansada de tudo aquilo. Lexie sentiu o vento agitando seu cabelo e bagunçando toda a mata ao seu redor. Ela se sentia tão livre nesses momentos.

Quando chegou ao lugar, encontrou Colin dormindo contra uma árvore, os cílios loiríssimos brilhavam como ouro contra a luz do sol.

Não foi a primeira vez que ela se pegou pensando em Colin como algo além de um amigo. Ainda assim, era perturbador. Seja lá o que estivesse acontecendo com ela, estava se alastrando agora, criando vida própria. Como um sentimento totalmente novo e inexplicável.

Se sentindo cansada de repente, Lexie sentou ao lado de Colin e fechou os olhos. Ela podia dormir um pouco também, podia fingir que seus pensamentos não existiam. Porque ela não poderia partir o coração de Elisha daquela maneira, ainda que fosse a Branca de Neve Malvada.

 

***

 

Faith riu baixinho quando Hayden se jogou embaixo da mesa do professor Snape com ela. Eles não esperavam que o professor estivesse ali, mas ele estava. O que deixava tudo mais divertido. Hermione lhe falara dessa poção uma vez, e ainda que mal pudesse se lembrar do nome, lembrava de todo o resto.

 

“- É bem simples, na verdade – Hermione lhe falou – É uma poção azul escura pontilhada de cinza, usada antigamente para pessoas viciadas em magia negra. Snape tem toneladas disso, talvez para uso próprio. Magia negra é como uma droga, ela vicia. A poção cura esse vício, ela trás ao paciente o relaxamente que usar magia trás. Não precisa de muito dessa poção, talvez um ano tomando-a. O que nos leva a grande pergunta... Por que Snape tem tanto disso?”

 

Faith gostava de estudar com Hermione por isso, ela era ridiculamente inteligente. Como uma máquina louca que previa tudo. De um jeito bom, é claro. Talvez Hermione já soubesse de Tad, e de outros alunos. Talvez isso fosse coisa antiga, e talvez, só talvez, muitos além de Tad estavam presos nisso.

 

- Acho que ele já foi – Hayden sussurrou quinze minutos depois.

 

O que eles estavam fazendo era imprudente, irresponsável, e digno de uma suspensão. Ou seja, nada diferente do que os dois vinham fazendo nessas últimas semanas.

 

- Vamos! – Faith saiu do esconderijo e foi direto no estoque de poções.

 

Eles matavam aulas, roubavam de professores, e irritavam colegas. Faith sorriu, a vida era tão mais divertido agora.

 

***

 

Tad viu Gina descer correndo as arquibancadas, ele podia ouvir o coração dela disparado. Ele quase ficou cego de ódio, sentindo a escuridão cercá-lo como um ser vivo. Mas ela o olhou, chocada, horrorizada... E ele desfez o que fizera a Draco em um impulso. Quando Gina se ajoelhou ao lado de ensangüentado e fraturado Draco Malfoy, ele estava respirando novamente.

 

- Ginevra... – ele a chamou sério – Vamos sair daqui.

 

- Tad, eu vi – ela sussurrou para que os outros não ouvissem – Eu vi o que aconteceu.

 

- Ele caiu, só isso – Tad a agarrou pelo braço – Vamos embora.

 

Gina olhou para Draco, decidida a ajudá-lo antes de conversar com o namorado, mas Blaise já estava carregando-o para a enfermaria. Um segundo depois os dois estavam sozinhos. Ela mal podia deixar de olhar o chão, areia e sangue misturados.

 

- Tad... Você estava aqui na escola no meu segundo ano – ela começou e ele imediatamente soube o caminho que aquela conversa os levaria – Eu usei muita magia negra, não por mim, mas ainda assim... Quando Harry me salvou e tudo acabou, eu sentia falta. Era quase doentia essa falta, eu estava enlouquecendo... Mas Snape percebeu e me ajudou com uma poção.

 

- Eu não estava usando magia negra – ele a segurou pelos ombros – Juro pra você!

 

- Eu senti a magia, Tad – ela suspirou, cansada – Não vamos começar a mentir agora.

 

- Pode ter sido ele, você sabe! Draco sempre usou, aprendeu com o pai – Tad a abraçou com força, como se aquilo fosse ligá-los para sempre – Eu amo você Ginevra, não deixe Draco nos separar! Eu não suportaria.

 

E mesmo percebendo a mentira, Gina preferia acreditar. Era mais fácil, menos doloroso.

 

***

 

- Hei, cara! – Harry chamou Rony. Os dois saíram do salão comunal e andaram mais alguns metros – Ficou sabendo da última?

 

- Draco e Tad? – Rony sussurrou – Não se fala de nada além disso.

 

- Então, parece que o problema é um pouco mais grave – Harry olhou para os lados – Theodore nos enrolou, mas quando perguntamos sobre magia negra ele ficou seriamente desconcertado. Ouvi Blaise conversando e ele disse que Draco parecia ter parado de respirar, pensaram que ele estivesse morto.

 

- Você acha? – Rony torceu as mãos, ansioso – Precisamos tirar Gina do lado desse cara. Ele pode perder o controle, você sabe.

 

- Eu tive uma idéia – Harry sorriu – Vem comigo, vamos falar com a diretora.

 

***

 

Colin e Lexie acordaram quase ao mesmo tempo. O sol estava mais fraco, algumas nuvens pesadas ocupavam o céu. Os dois continuaram deitados no chão.

 

- Elas são tão branquinhas – Lexie sorriu – Eu adoraria um vestido da cor das nuvens.

 

- Os seus olhos são da cor do céu, então nada mais certo do que isso – Colin riu.

 

- Col... Você pensa em voltar com a Elisha? Voltar a namorar.

 

- Não Lexie – ele suspirou – Nós nunca daríamos certo como um casal. O namoro era só... Certo demais, e eu não conseguia amá-la.

 

- Há – ela sorriu e virou de lado, para encará-lo – Então você gosta de relacionamentos com turbulência, bem no estilo Draco e Gina de ser.

 

- Pode-se dizer que sim – ele virou para ela e piscou rapidamente, um sorriso divertido cruzando seus lábios.

 

E pela primeira vez a eletricidade que Colin sentia quando estava perto de Lexie... O coração acelerado... Foi recíproco. Tudo recíproco.

 

***

 

Faith guardou os pequenos vidrinhos da poção em sua bolsa e fechou o zíper. Ela tinha planos, muitos deles. E Pansy estava incluída nisso tudo. Ela também tinha ouvido falar da imensa briga e de todo o drama que cercava o famoso triângulo amoroso.

 

-  Oi, amor! – Noah a beijou – Você está tão distraída que não me viu.

 

- Oi – ela sorriu – O Malfoy já teve alta? – perguntou. Era mais que simples curiosidade – E Tad? O que aconteceu com ele?

 

- Draco e Tad foram chamados na sala da diretora – Noah comentou enquanto passava o braço sobre os ombros da namorada – Parece que dessa vez a coisa vai ficar feia. McGonagall estava gelada como o inverno.

 

- Bem, eles merecem. Estão deixando Ginevra doente da cabeça com essa competição – Faith suspirou – E imaginar que agora ela não precisa de nada disso, já chegou ao topo.

 

- Você deve ajudá-la, amor.

 

- Eu vou, Noah – Faith sorriu para o namorado, um sorriso distante e um pouco frio. A mente dela estava longe, correndo em alta velocidade. Ela definitivamente ajudaria a amiga.

 

***

 

Huxley piscou demoradamente, acostumando-se com a luz. Bocejou, sentia-se mais cansado que antes. O sol já estava mais fraco, mas ainda fazia seus olhos arderem. Talvez dormir no jardim não fosse uma idéia tão boa assim. Risadas encheram seus ouvidos, e então passos. Ele continuou deitado, parcialmente escondido por um arbusto. Pansy, Scarlett e Dakota apareceram.

Pansy e Scarlett pareciam uma super nova, brilhando mais que o sol do meio dia. Já Dakota parecia ter um pedaço da meia noite enrolado ao seu redor. Ela estava triste, ele não pode tirar os olhos dela.

 

- Então, vocês não ouviram isso de mim – Dakota começou – Mas eu meio que sou culpada pelo castigo de Draco e Tad Nott.

 

- Como é? – Scarlett a encarou com a boca aberta – Conte-nos tudo.

 

- Certo – as três meninas se sentaram na grama – Eu disse a Minerva que a única maneira de acabar com as brigas era deixá-los sem Ginevra. Então ela me mostrou a problemática toda, e por fim chegou a melhor conclusão: vai deixar os dois presos dentro da Sonserina por uma semana. Eles não irão as aulas e farão todas as refeições no salão comunal.

 

- Uau! – Pansy sorriu – Draco vai ficar enlouquecido.

 

- Agora seja sincera e nos fale o motivo disso Dakota – Scarlett cruzou os braços.

 

- Olha, a verdade é que esse triângulo amoroso errado estava nos prejudicando mais que a eles. Ginevra chegou ao poder e perdeu completamente o rumo, como vocês bem sabem. Ela estava vingativa e ia acabar mirando suas garrinhas no namoro de vocês duas. Fiz por nós.

 

- É, eu confesso que estava esperando ela vir estragar tudo – Scarlett suspirou – Vamos ver se ela entende o que ser uma rainha significa, agora que está sozinha.

 

- Não se enganem, uma semana não é nada se ela amar algum dos dois. Ou talvez os dois – Pansy encarou as amigas – Ainda assim, será divertido vê-la sem os dois ao redor.

 

- Memorável! – Dakota e Scarlett falaram juntas.

 

Huxley observou Dakota, pensativo. Ele sabia que aquilo era sim uma maneira de ajudar Gina. Ela estava hasteando a bandeira branca finalmente. Ele riu sozinho, pensando nos jogos de poder femininos, e quão linda era Dakota.

 

***

 

 Ginevra não estava sorrindo quando se sentou de frente para a diretora. Ela parecia abatida e abalada. Dessa vez ela não estava fingindo.

 

- Senhorita Weasley, você deve imaginar porque foi chamada aqui.

 

- Sim, diretora – ela murmurou, cansada – Eu não sei o que fazer com eles.

 

- Eu tampouco sabia – Minerva sorriu brevemente – Mas você tem bons amigos senhorita Weasley. Seu irmão e Potter vieram aqui me informar sobre a briga, já que o time da Sonserina declarou um simples acidente de treino. Eu venho tentando manter meus olhos fechados, ignorar as brigas. Eu esperava que vocês fossem resolver tudo, mas isso não aconteceu. Estou cansada das brigas entre os dois por sua causa e agora tomei uma decisão sem precedentes.  Ainda que, para ser justa, a idéia tenha sido da sua amiga Dakota. Tad e Draco ficarão de hoje, a partir das onze, até domingo que vem pela manhã trancados no salão comunal.

 

-  Como é? – Gina arregalou os olhos.

 

-  Isso mesmo. Professor Snape vai enfeitiçá-los para que eles não saiam de lá.

 

- E também a senhorita – Snape falou atrás de Gina. Ela não tinha ouvido-o entrar na sala, então talvez ele tenha estado lá o tempo todo – Você ficará magicamente impossível de se aproximar das masmorras da Sonserina.

 

Gina não disse nada quando Snape murmurou as palavras certas e uma linha verde rodeou seu pulso. Causou um leve formigamento e então nada. Nada. Mas ela sabia que a magia estava funcionando muito bem.

 

***

 

Faith continuou deitada no chão de madeira da ponte. Ela sabia que devia estar lá dentro, possivelmente jantando, só se sentia cansada demais. Pela primeira vez ela tinha realmente entrado na frente de Gina e armado, com a ajuda de Dakota, o melhor plano do ano. Faith estava cansada de sorrir e ver sua amiga se afundar por causa de tantas decisões erradas.

Era hora de agir.

Ela queria controle.

E se sentia mortalmente traidora por isso.

 

-  Faithie? – Tad correu até ela – Você está bem?

 

Quando ele se ajoelhou e a olhou nos olhos Faith perdeu o fôlego. Ela conseguia sentir a energia saindo de dentro dele, como uma luz negra que parecia envolvê-la. E antes mesmo de se conter ela se pegou dizendo o que jamais deveria ter saído de seus lábios.

 

- Eu sei sobre a magia – ela se sentou no chão, seus rostos quase grudados – Eu sei sobre tudo, Tad.

 

- O que você sabe? – ele murmurou, sem ousar quebrar o contato visual com ela – O que você sabe? – ele aproximou os lábios do pescoço dela – Você sente a atração? É a magia. Você entende porque não quero deixá-la?

 

-V ocê precisa – ela murmurou. Era difícil pensar quando ele passeava os lábios pelo pescoço dela – Eu me sinto fora de controle.

 

- Ela está nos controlando – Tad murmurou contra seu pescoço – A magia é como uma pessoa, ela tem vontade própria... E ela nunca se manifestou na presença da Ginevra. Ela só aparece quando sinto ódio.

 

-  E agora? – ela fechou os olhos e passeou as mãos pelas costas dele, por dentro da camisa.

 

- Eu mal pus os olhos em você e a senti, como um tsunami dentro de mim... Que estranho – Tad foi se afastando aos poucos, os olhos faiscando.

 

***

 

Gina caminhou pelos corredores sem rumo. Ela sabia que era tarde, talvez o jantar já tivesse acabado, talvez o toque de recolher tivesse tocado. Ela estava com frio, os braços e os lábios tremendo. Ela também não conseguia raciocinar, não conseguia entender. A maldição que a cercava o tempo todo, a maldição que derrubava seus mais sólidos alicerces.

 

- Hei, Gina! – Delilah sorriu enquanto se aproximava – Tudo bem com você?

 

- Oi, Delilah – ela sorriu meio quebrada, partida – O que você está fazendo por aqui?

 

- Procurando você – ela sorriu, cúmplice – Tenho um bilhetinho pra você. E se apresse, o toque de recolher é em duas horas.

 

Delilah sumiu em um piscar de olhos, deixando Gina plantada sozinha no corredor, o pequeno bilhete espremido em suas mãos. A letra dele era um tanto parecida com a de Tad, agora Gina percebia. Firme, detalhada, cuidadosa.

Ela não devia ir, sabia disso, mas ela era fraca e irresponsável. Ela precisava dele. E sabia que ele precisava dela.  

 

I faced my demons
Wrestling these angels to the ground
And all that I could find
Was a thin line between
All the saints and villains
it was crossed in my own mind

- Você foi bem rapidinha – Draco sorriu quando Ginevra entrou na sala abandonada. Hogwarts estava tão cheio delas, salas sem uso algum, trancadas com feitiços singelos e muito facilmente quebráveis – Pensei que fosse se perder, esse corredor é cheio de salas vazias.

 

Gina não disse nada, seus olhos fixos nele. Analisando cada pequeno detalhe, querendo encontrar algum defeito, algum machucado.

 

- O que foi? – ele perguntou enquanto se aproximava dela – Eu estou bem, apesar dos pesares. Se é que você está preocupada comigo.

 

- Não diga isso – ela murmurou, cansada demais para resistir.

Someday I'm gonna find it
Wish I knew what I was looking for
Inside the disarray (inside the disarray)
I woke up this morning
Don't know where I'm going
But it's alright
I wouldn't have it any other way

- Ah, Ginevra – ele murmurou enquanto a abraçava – Eu não sei qual a maldição que a cerca, não sei por que não consigo me afastar. Eu não quero me afastar.

 

- Fiquei sabendo da punição – ela murmurou enquanto fechava os olhos, apenas sentindo o corpo dele contra o seu – Você vai sobreviver?

 

-  Não sei... E você? – ele brincou.

 

-  Absolutamente – os dois riram.

 

Someday I'm gonna find it
Wish I knew what I was looking for
Inside the disarray (inside the disarray)
I woke up this morning
Don't know where I'm going
But it's alright
I wouldn't have it any other way
If this was any other day
I pretend to know where I stand
I Just don't know (just don't know)
I Just don't know

Ele a abraçou com mais força, quase levantando-a do chão. O coração batendo acelerado, ansioso. Ele beijou seu cabelo, o tempo todo tentando absorver o cheiro dela, querendo guardá-la em sua memória. Não que fosse necessário. Ela já era sua droga, e ele estava tão viciado.

 

- Me deixa abraçar você – ele pediu – Só por hoje.

 

- Eu deixo – ela murmurou.

 

- Não se mexa ou se retraia Ginevra, por favor. Me deixa imaginar que você é minha e de mais ninguém, só por alguns minutos.

 

Gina deixou. E ela também quis ser só dele e de mais ninguém.

 

Someday I'm gonna find it
Wish I knew what I was looking for
Inside the disarray (inside the disarray)
I woke up this morning
Don't know where I'm going
But it's alright
I wouldn't have it any other way
Someday I will find it
Wish I knew what I was looking for
Inside the disarray (inside the disarray)
I woke up this morning
Don't know where I'm going
(Lifehouse – Disarray)

- Eu amo você! – ele disse algum tempo depois.

 

Gina não respondeu, Draco não se incomodou. Não tanto quanto deveria pelo menos. Mas foi porque ele sabia o quanto a amava, e sabia que isso seria suficiente pelos dois. Mais do que suficiente.

 

***

 

- Sabe Faith – Tad sorriu daquele jeitinho diabólico dele – Eu entendo você, entendo mesmo. Você está mudando tanto, e está assustada. Pensa que não vi as mudanças? Talvez os outros não tenham visto, talvez você não tenha se entendido ainda. A sua moral virou ruínas e você não sabe o motivo. A linha ficou embaçada, tudo virou cinza.

 

- Como é que você sabe disso? – ela o encarou com os olhos cerrados – Como entende?

 

- Eu passei por isso em algum momento, já vi acontecer com muitos. Aconteceu com a Gina, antes que eu a conhecesse – Tad continuava sorrindo – É completamente normal. Nem sempre as regras da sociedade serão as melhores ou mais divertidas. E não estou reduzindo isso a uma simples rebeldia, você não se rebelou, você só percebeu o que significa ter opinião e não se importar com a dos outros. É bom. Também é ruim.

 

- Ruim? – ela perguntou enquanto ele se levantava.

 

- Nós somos os monstros atrás dos muros desse lugar Faithie. Os grandes pecadores. Os únicos que poderão guiar a todos... Ou os únicos que reduzirão tudo a pó – e então ele estava indo embora. Parecendo o rei que era. Faith o olhou até ele sumir de vista.

 

-x-

 

Nota da autora: Mais um cap postado naquela pressa de sempre. Meu níver chegando, dia 01/02 e prometo postar mais caps. Beta querida cadê você???

Quero ver muitos coments hein?

bjoo

 

Nota da beta: Uau! Digam se isso não está melhor que novela das 3h, das 6h, das 7h, das 9h e das 11h juntas? *--* (quanta novela essa Globo tem).

O que pensar? O que vai acontecer agora? O Tad está no espírito Krueger... Mas não.

Eu não sei o que escrever mais (apesar de eu achar que ninguém ler isso aqui), eu só quero ler o próximo com um alto nível de urgência.

 

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