Balada da Mona Lisa



7º capítulo: Balada da Mona Lisa


 


“Dizem que toda grande história tem uma protagonista. E me perdoem os fãs de Ginevra Weasley, que se alastram por todo o castelo cultuando a rainha, e eu sei que a ruivinha já pegou todo mundo... Mas minha protagonista é Pansy Parkinson. Minha princesa Sonserina de olhos azuis cristalinos e lábios vermelhos. Se Draco diz que ama todas as facetas de Ginevra, eu amo todas as de Pansy. Garota misteriosa, de sorriso perturbador e que nunca será minha. Pansy é, acima de tudo, refém de sua reputação. Sou um homem paciente, e sei que Hogwarts é só o começo. E, quando nos formarmos, ela não vai mais escapar de mim.”


 


-Blaise Zabini


 


 


Blaise estava com olheiras na segunda-feira de manhã. Tinha passado duas horas atrás de Pansy na última noite. Ela sumiu como fumaça, não deixando rastro. Scarlett o ajudou, nenhum dos dois achou nada. Era perturbador analisar as mudanças nela, como os sorrisos mais leves e o bom humor. As mentiras contadas com a maior facilidade do mundo, os sumiços que duravam horas.


Ela sequer reclamava da excessiva atenção que Draco dava a Ginevra Weasley. Pansy estava diferente em suas ações, ainda que tivesse os mesmo olhos azuis cristalinos e os lábios mais lindos que ele já vira.


 


- Hoje pegamos ela – Scarlett sussurrou – Não a perca de vista.


 


- Eu não vou – ele suspirou, sincero.


 


Era impossível perder Pansy de vista, já que, quando ela estava no mesmo lugar que ele, seus olhos não a abandonavam um segundo sequer.


 


- Hei, o Draco acabou de escrever errado o próprio nome – Terrence riu – Ele está no mundo das plantas flutuantes hoje.


 


- Mentira! – Scarlett riu.


 


Pansy não deu atenção aos amigos. Ela estava encarando a janela pensativa... Um pequeno sorriso nos lábios. Blaise a adorou como se ela fosse a mais bela obra de arte.


 


***


 


O sinal mal tinha tocado e Lyss já estava de saída. O sétimo ano estava tendo aula no primeiro andar, ela estava no segundo. Wynter era uma completa inútil, tão medrosa que tinha deixado tudo nas mãos de Lyss. Mas ela não se importava, ia dar conta de tudo. Depois desse dia, Hermione Granger não seria mais a aluna querida de todos os professores. Ela ia virar uma piada.


Não foi difícil achá-la. Os três andavam juntos sempre, e a tristeza dos últimos meses tinha deixado o trio. Agora eles eram tão alegrinhos e sorridentes. Lyss quis gritar.


 


- Vish... – ela ouviu Rony murmurar quando a viu.


 


Harry endureceu, Hermione abriu um sorrisinho idiota.


 


- Vish... – Hermione imitou Rony.


 


Lyss respirou fundo e trombou com a garota. Os materiais das duas foram para o chão. Harry e Rony se juntaram para ajudar.


 


- Ficou cega Lyss? – Harry perguntou. Ele parecia irritado.


 


Ela não respondeu nada. Não precisava. Como tinha treinado tantas vezes, suas mãos deslizaram rápidas como cobras venenosas. Foi muito rápido e um minuto depois os três já estavam indo embora. Wynter piscou rapidamente para Lyss, feliz. Depois de Hermione elas cuidariam de Rony Weasley.


 


***


 


- Essa garota não está normal – Hermione comentou enquanto se afastavam.


 


- Acho que o namoro com Harry derreteu o cérebro da Lyss – Rony brincou.


 


- E ela tinha um? – Harry ergueu uma sobrancelha. Os dois amigos olharam chocados para ele. Harry Potter sendo maldoso e cruel?


 


- Deuses... O mundo realmente vai acabar – Hermione murmurou.


 


Ela estava tão distraída que não viu Neville e o atropelou.


 


***


 


Pansy cruzou as pernas e batucou a mesa com a caneca. O professor estava atrasadíssimo para aplicar a prova e ela só queria ir embora pra curtir o sol. Blaise e Scarlett estavam olhando-a sem parar, nem mesmo disfarçando.


Pansy sabia que eles estavam curiosos, que queriam saber o que ela andava fazendo escondida. Não que ela fosse contar. Absolutamente não. Ela sorriu para Draco e segurou a mão dele.


Afinal, Pansy Parkinson, a princesa da Sonserina, tinha uma reputação a zelar. E só Draco poderia fazer jus a ela.


 


- Nervosa com a prova? – Draco perguntou.


 


- Até que não – ela sorriu de volta.


 


Tad Nott piscou divertido para ela e voltou a conversar com os amigos. Pansy gostava de Tad, ele era divertido e sabia como tratar uma mulher. Só lembrar do pedido de Faith e a maldita chantagem a deixava gelada. Ela não queria brincar com Tad, principalmente porque sabia que sairia queimada.


No entanto, o que seria pior, arriscar com Tad ou ser massacrada por aquela rainha vadia? Se Gina descobrisse tudo, e com toda a popularidade dela agora, Pansy seria reduzida a cinzas. O que Blaise faria se soubesse que ela deixou Gina roubar sua coroa? O que? O que? Ela estava cansada. Suspirou e procurou Harry.  Ele estava olhando pra ela discretamente. Sorrindo com os olhos. Ela se controlou para não corresponder.


 


- Gente cadê o professor? – Parvati guinchou.


 


***


 


Lyss estava ansiosa. Ela sabia que tinha que esperar o fim da aula, mas era de doer. Gina estava conversando com Faith, parecendo satisfeita. Mais que o normal. Colin estava conversando com Luna e Hayden e não paravam de rir de alguma coisa que Dakota estava falando.


Até Brooke parecia em outro mundo, recebendo atenção dos meninos. Não que Lyss se importasse. Ela sabia que estava sendo deixada de lado, mas é porque, primeiramente, tinha deixado todo mundo de lado por Harry. Aquele ingrato.


 


- Alyssa – o professor chamou – Você está sendo chamada na sala da diretora. Por favor, leve seus materiais.


 


Ela sentiu o estômago afundar enquanto seguia Filch pelos corredores. Será que a diretora Minerva tinha descoberto que a denúncia anônima partira dela? Não, impossível.


 


- Pode ir garota – Filch disse a senha e ela subiu.


 


Minerva McGonagall e Flitwick estavam sentados com a carta delas nas mãos.


 


- Fudeu! – Lyss murmurou.


 


- Bom dia, Alyssa – Minerva sorriu duramente – Você se incomodaria em me mostrar seu caderno?


 


- Meu caderno? – ela estranhou – Claro que não.


 


- É esta mesma Minerva! – Flitwick gritou. Lyss olhou a cena de queixo caído. A prova estava nas suas coisas, não nas de Hermione Granger.


 


***


 


- Bom dia alunos! – Hagrid entrou sorridente na sala do sétimo ano.


 


- O que esse cara tá fazendo aqui? – Draco sussurrou para Terrence.


 


- O professor teve um problema – ele continuou – Então eu vou ficar aqui por enquanto e entregar as provas.


 


- Sim! – Blaise sorriu – Agora, Scarlett Anne, me passe a prova toda. Não estudei.


 


- Que feio Zabini! – Hermione provocou baixinho. Blaise olhou feio para ela. Em outros tempos Harry teria feito algum comentário, mas naquele dia ele estava de olho em Pansy.


 


Paquera normal... Se Scarlett não tivesse visto tudo.


 


***


 


Lyss estava chorando quando saiu da sala da diretora. Ela não viu de primeira, mas assim que enxugou os olhos a viu. Gina estava apoiada casualmente na parede, parecendo feliz e má.


 


- Algum problema, Lyss? – ela perguntou suavemente.


 


- Foi você, não é? – Lyss olhou com raiva para ela – Porque fez isso? Não somos amigas Ginevra? Ou o poder lhe subiu a cabeça?


 


- Veja bem, Lyss, eu não gosto que brinquem com os meus amigos. Não como você fez – Gina se aproximou – Não foi difícil descobrir o que você ia fazer também, nem um pouco. Eu adulterei sua denúncia, por isso a diretora chegou até você. E deixe Colin e Lexie em paz. Se o Hayden ou a Elisha fizerem alguma coisa eu vou saber que foi você. E você não vai gostar do que eu vou fazer.


 


- Gina, não é nada contra você – Lyss começou a se explicar. Ela não queria brigar com a garota, principalmente porque sabia que ia perder feio.


 


- Lyss, não estamos brigando. Se estivéssemos, a coisa ia ter sido bem pior – Gina suspirou – Agora deixa Hermione e Rony fora dos seus planinhos com a Wynter. E Harry também, é claro.


 


- Como você fez tudo? – Lyss perguntou quando Gina começou a se afastar.


 


- Você adoraria saber, não é? – Ginevra gargalhou enquanto ia embora. Uma boa rainha não conta seus segredos. Pelo menos não para qualquer um.


 


***


 


Draco estava fora da sala um segundo depois do sinal tocar. Na confusão de alunos e conversas ele a viu caminhando. Ginevra parecia uma beleza infernal, com aquele sorriso malévolo e os cabelos vermelhos como fogo. Ela estava sozinha e feliz, o que significava que algum plano seu tinha dado certo. Ele quis saber o que era, talvez parabenizá-la, ou ficar horrorizado. Ele esperava qualquer coisa dela.


 


- Olá, Neville! – Gina se aproximou do grifinório babaca. Ela era toda sorrisos para ele. Todos os homens do lugar ficaram paralisados diante da cena, se perguntando como ela podia dar atenção para ele.


 


- Oi, Gininha! – o garoto estava com os olhos arregalados.


 


- Acelera, Malfoy! – Scarlett reclamou enquanto o empurrava – Desempaca.


 


- Terrence! – Draco falou alto – Controla a louca da sua namorada.


 


Eles riram. E quem disse que os sonserinos não estão aprendendo o significado de uma vida mais leve.


 


***


 


Gina arrastou Hermione para um canto e explicou o que tinha acontecido. Era bom prevenir para o caso das duas voltarem a armar.


 


- Eu pedi para o Neville pegar a prova que Lyss tinha deixado nas suas coisas – ela estava explicando – Ele me entregou a prova e eu coloquei nas coisas dela. Delilah interceptou o bilhete com a denúncia e nós escrevemos outro. Foi bem simples.


 


- Deuses, que piranha! – Hermione falou indignada – E essa Delilah não é a prima do Colin? De tipo... Onze anos?


 


- Ela mesma – Gina riu – A garota é mais esperta que nós.


 


- Não duvido disso Gina. E muito obrigada... Isso ia acabar comigo – Hermione sorriu – Não sei como você descobre essas coisas, parece um dom. Obrigada mesmo.


 


- De que adianta poder se não ajudamos os amigos? – Gina deu de ombros – Foi um prazer ajudar. Até mais.


 


Gina puxou Luna, que passava por ali, e as duas seguiram juntas para a aula seguinte.


 


***


 


Draco jogou os livros na mesinha de centro do salão comunal e se jogou no sofá. Estava cansado e irritado. Tudo parecia errado. Ele não conseguia esquecê-la caminhando no corredor, como a rainha que era. Ele sabia que ela era má, cruel e vingativa, e isso não o incomodava. Pelo menos quando isso não era direcionado e ele.


Tad, Owen e Noah entraram no salão comunal. Tad estava falando alto sobre alguma idiotice, Draco não conseguia se concentrar o suficiente para entender. Outros alunos estavam entrando, as conversas se alastrando... E sua dor de cabeça aumentando.


 


- Hei! – Draco levantou com tudo do sofá. Olhos vidrados de raiva – Seu otário! – ele riu, não podia se controlar. Era como uma doença – Sabia que eu e Ginevra passamos a noite juntos ontem?


 


Tad, que estava sorrindo, encarou Draco com a maior fúria já vista em um rosto tão bonito. A temperatura do salão comunal caiu dez graus.


 


- Quer saber Malfoy! – ele jogou os livros no chão – Estou saturado de você.


 


Ninguém soube como tudo começou. Só que Draco pulou por cima do sofá e de repente estava em cima de Tad, e Tad em cima dele. Foi violento, brutal. Mais do que o usual. Tad estava furioso, cego. Draco parecia uma bomba nuclear. Ninguém conseguiu separá-los, ou ninguém quis.


Algum tempo depois eles cansaram. Estavam machucados demais para continuar.


 


***


 


- Pansy vem aqui! – Scarlett sussurrou furiosamente. As duas se afastaram das garotas da Sonserina – Que coisa é essa entre você e Harry Potter? E eu juro, juro que nunca me imaginei dizendo tais palavras.


 


- Do que você está falando? – Pansy arregalou os olhos. Era impossível evitar – Não sei do que, do que você está falando e... E...


 


- Deuses, olha só você! – Scarlett balançou a cabeça e suspirou – Olhos arregalados e gaguejando. Você está mentindo compulsivamente para todos nós, não é? Eu não quis ver o óbvio, mas não dá pra me enganar mais. Você está com ele.


 


- Olha Scarly... – ela procurou as palavras certas – É difícil explicar.


 


- Não estou te julgando amiga, e eu sei que o Potter deu uma melhorada violenta do verão pra cá... Mas e sua reputação de sonserina má? E seu namoro com Draco Malfoy? O que você prefere, o príncipe sonserino ou o príncipe grifinório?


 


- Não é questão de preferir ou não – Pansy suspirou – Não tem escolha. Eu só me distraio enquanto vejo o Draco atrás da Weasley como um cachorro patético. Não vou terminar com ele... Mas que mal há em se divertir?


 


Blaise, que tinha seguido as duas, se fez presente. Ele estava chocado demais para falar qualquer coisa.


 


- Blaise! – Pansy ofegou.


 


- Harry Potter? Jura? – ele a olhou, inconformado – Você não teve coragem de me assumir por medo do Draco, e agora o trai com Harry Potter.


 


Scarlett se encostou na parede e ficou vendo o desenrolar da briga.


 


- Blaise você sabe que nunca teria dado certo – Pansy segurou as mãos dele – E por mais que isso me parta o coração, é a pura verdade. Não vou dizer que não amo você, seria só mais uma das minhas mentiras... Mas estar com Harry é tão simples. Tão diferente de nós dois.


 


- Você é tão fraca, Pansy – ele se afastou dela – Ainda hoje me peguei pensando em você, e fiquei me dizendo que se Ginevra Weasley é a protagonista da escola, você é a minha. Sempre foi. Eu estava errado. Você é fraca, covarde, hipócrita. Você não passa de uma mentira, Pansy. Se importa tanto com sua maldita reputação, tornou-se escrava disso. Você podia ter sido a protagonista, mas escolheu ser a coadjuvante.


 


Pansy o encarou, sem fôlego, como se estivesse vendo-o pela primeira vez. Ninguém a entendia, ninguém percebia como as amarras que ela mesma tinha colocado a machucavam. Tanta preocupação, tão pouca diversão. Pansy tinha sido o primeiro desvio de sua vida, ele não podia entender que se ficassem juntos tudo daria errado?


 


- Gente! – Terrence chegou correndo até os três, nem mesmo reparando no silêncio anormal ali – Vem comigo. Tad e Draco estão na enfermaria.


 


***


 


Gina deitou a cabeça no ombro de Colin e observou. Ela estava um pouco cansada de estar sempre na defensiva, sempre prevendo os passos de todo mundo. Hayden e Dakota estavam sentados conversando no sofá da frente. Faith estava sentada no colo de Rich enquanto conversava com ele e Brooke.


Em momentos assim ela quase podia acreditar que tudo daria certo.


 


- Gina! – Delilah correu em sua direção – Tad está na enfermaria.


 


***


 


Harry sorriu quando viu Pansy andando sozinha até o corujal. Só quando chegou perto percebeu que ela estava chorando. E só naquele momento ele percebeu como realmente se preocupava com ela.


 


- O que foi? – Harry a puxou suavemente pelo pulso.


 


- Harry? – ela olhou confusa – O que você está fazendo aqui?


 


- Vindo atrás de você – ele abriu um sorriso ofuscante – Agora me diz o que aconteceu.


 


- Nada... E tudo... – ela suspirou – Eu sou só uma imagem embaçada do que fui um dia. Não tenho coragem pra nada... Sou a coadjuvante.


 


- Olha, Pansy... – ele a guiou até um dos bancos de pedra – Isso não é verdade. Eu tive uma conversa muito interessante com a Gina, e eu percebi que poucos são os jogadores por aqui. Mas você Pansy, é uma jogadora, ou protagonista. Você é como a Mona Lisa.


 


- Do Da Vinci? – ela sorriu levemente – Por quê?


 


- Você tem seu sorrisinho misterioso, como se carregasse um segredo terrível e divertidíssimo. Você é tão linda que me doem os olhos – ele riu – Não tem nada de fraco em você, nada mesmo.


 


- Será Harry? Eu abri mão de tanta coisa só pela minha reputação – ela deitou a cabeça no ombro dele.


 


- Pansy, uma boa reputação é sempre cheia de escândalos. Pensa na Gina, rainha dos escândalos, rainha da escola – ele começou a fazer carinho no cabelo dela – As protagonistas ganham as melhores histórias, mas também ganham os maiores problemas. E os grandes finais.


 


- Sabe de uma coisa... – ela se levantou de repente – Você está cheio de razão.


 


Harry continuou sentado, observando-a se afastar apressada. E o brilho de determinação no olhar dela era arrebatador. Como uma garota renascendo depois de um tempo realmente obscuro.


 


***


 


Pansy entrou como um furacão no quarto dos meninos. Draco estava caído na cama, machucados por todo o corpo. Ela não tinha ido atrás dele na enfermaria, e não se arrependia disso. Estava tão furiosa que suas mãos tremiam.


 


- Feliz Draco?


 


- O que você quer Pansy? – ele resmungou com dor.


 


- Você me humilhou mais uma vez – ela suspirou e se acalmou um pouco. Começou a andar pelo quarto – Sempre brigando com o Tad por causa da Ginevra. Sempre. Aquela vagabunda ruiva.


 


- Olha Pansy, não fala assim dela – ele a fuzilou com os olhos – Ela não é nada disso.


 


Pansy guardou um grito de frustração e o encarou. Ela parecia mais gelada que o inverno quando começou a falar.


 


- Vamos então falar sobre Ginevra Weasley – ela se sentou na cama de Blaise e encarou o namorado – Saiu com Harry Potter, Terrence, Huxley, você e Tad. Em não mais que um ano. Ambiciosa como nunca vi ninguém, além de você. Interesseira, sem caráter ou escrúpulos. Pisou em mim, Scarlett e todos os seus amigos. Mas você relevou, porque ela te entregou a coroa, te tornou capitão do time. E então ela ascendeu por esse castelo como um fogo negro, derrubando tudo e a todos e controlando qualquer coisa ao seu redor. Ela analisa tudo friamente, ela joga com cuidado, movimentando pessoas como peças de xadrez. Ela é como uma erva daninha que se alastrou por todos os lugares. Ninguém vai conseguir derrubá-la, nunca mais.


 


Draco estava olhando para Pansy como se tivesse enxergado a namorada pela primeira vez. Aquela fúria gelada e controlada, ainda que a garota estivesse perto do descontrole.


 


- Ela não tem um coração, mas ainda assim você lhe deu seu coração. Como se ela fosse digna de alguma coisa, e ela não é. Você a tem instalada dentro de você, como uma doença. Uma maldita doença maligna que vai te matar. Ela é a doença.


 


- ENTÃO EU QUERO CONTINUAR DOENTE! – ele gritou enquanto levantava. A dor já esquecida, fúria correndo por suas veias – Você não entende Pansy, nunca foi sua culpa eu não conseguir te amar, foi sempre minha culpa. Eu é que não tinha um coração.


 


- E ela te deu um? – Pansy o encarou, magoada.


 


- Ela me fez sentir – ele abaixou o tom de voz e se sentou de novo – Ela me fez sentir tudo. Dor, raiva, frustração, angustia, ódio... Amor – Draco colocou a cabeça entre as mãos e balançou levemente – Você não entende, eu sei disso. Eu prefiro sentir tudo isso junto e senti-la por dentro. Ela é uma doença Pansy, sempre foi, alguns se curaram, outros acabaram imunes com o tempo... Eu não quero me curar. Eu só quero ela pra mim.


 


- Meu Deus! – Pansy levantou, incrédula – Você está completamente obcecado por essa garota Draco. E ela nunca vai querer você. Que patético – ela caminhou até a porta e se virou uma última vez – Nosso namoro acabou.


 


Draco estava perturbado demais para ouvi-la bater a porta com força.


 


***


 


She paints her fingers with a close precision
He starts to notice empty bottles of gin
And takes a moment to assess the sin she's paid for
A lonely speaker in a conversation
Her words are swimming through his ears again
There's nothing wrong with just a taste of what you paid for


Gina assistiu de camarote a grande entrada de Pansy no salão principal naquela noite. Ela parecia diferente, melhor. Livre. Draco estava todo arrebentado, assim como seu namorado. Gina sabia de tudo, sabia o motivo da briga, sabia que Pansy tinha terminado o namoro. Ela também imaginava o que iria acontecer em seguida. Mundo previsível.


A verdade é que Pansy sempre tinha sido a Mona Lisa da escola. A boneca impecável que escondia o mais interessante. A princesa da Sonserina, Pansy Anne. Quem ela era? O que havia atrás da sua reputação?


Talvez Pansy fosse finalmente se descobrir agora.


 


Say what you mean, tell me I'm right
And let the sun rain down on me
Give me a sign, I wanna believe


- O que houve com você? – Scarlett sussurrou para a amiga – Você sumiu depois da briga com Draco.


 


- Nós terminamos – Pansy disse simplesmente.


 


- Simples assim?


 


- Simples assim – ela sorriu.


 


Whoa ah ah ah oh, Mona Lisa
You're guaranteed to run this town
Whoa ah ah ah oh, Mona Lisa
I'd pay to see you frown


 


- Você vai fazer alguma coisa ruim, não vai? – Terrence perguntou.


 


- Sim, eu vou – outro sorriso – Posso garantir que vocês ficarão chocados.


 


- Você e Blaise... – Scarlett começou.


 


- Que? – Terrence arregalou os olhos.


 


- Claro que não – Pansy riu – Nada disso.



He senses something, call it desperation, Another dollar, another day
And if she had the proper words to say, she would tell 'im
But she'd have nothing left to sell 'im


Pansy viu quando Harry entrou no salão principal. Ele estava lindo com uma camiseta preta e jeans claro. Os olhos dele eram tão verdes que ela podia ver a distância. Ela se levantou.


Enquanto andava até Harry viu Gina Weasley sorrir. Não irônica ou maldosa, só sorrir. É claro que ela sabia de tudo, Pansy nem mesmo cogitava enganar a rainha. Não que isso lhe incomodasse. Ela correspondeu o sorriso de Gina.


 


Say what you mean, tell me I'm right, And let the sun rain down on me
Give me a sign, I wanna believe


- Pansy! – Harry olhou assustado para ela – O que aconteceu?


 


- Você teria coragem Harry? – ela perguntou, uma sobrancelha erguida. Eles não estavam longe da mesa da Grifinória, algumas pessoas podiam ouvi-los. Hermione e Rony inclusive.


 


- Mesmo? – ele pensou por dois segundos e então sorriu – Claro que sim, Mona Lisa.



Whoa ah ah ah oh, Mona Lisa
You're guaranteed to run this town
Whoa ah ah ah oh, Mona Lisa
I'd pay to see you frown


E, na frente de uma Hogwarts incrédula, Harry Potter e Pansy Parkinson se beijaram. Foi épico. Foi arrasador. Quase tão bom quanto Gina escolhendo Tad e não Draco. Foi também um gesto de libertação.


Foi o nascimento de outras duas estrelas. A confirmação final de que tédio não é bem o que acontece na vida da realeza de Hogwarts.


A cara de Draco e Hermione foram impagáveis, mas melhor ainda foi presenciar uma coadjuvante finalmente ganhando o papel central. Blaise sorriu levemente, feliz por ver sua protagonista perder o medo. E convenhamos, Harry Potter era fichinha perto de Draco. Se Pansy tinha jogado a boa reputação no lixo, ele bem que podia ter uma chance com ela mais cedo que o previsto. Eu não sei de nada mais... Só que... Bem, estou um pouco sem palavras. Vamos ver o que nos aguarda agora.


 


Mona Lisa, Wear me out, Pleased to please ya
Mona Lisa, Wear me out


(The Ballad Of Mona Lisa – Panic At The Disco)


 


- x -


Nota da Beta: OMG! O que escrever sobre isso? BENDITO MERLIN! Estou, assim como o capítulo terminou, sem nenhuma, nenhuma palavra.


P.s.: Vocês sabem, sou surtada por Harry/Pansy, só imaginem a minha felicidade lendo isso.


 

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