Capítulo I





 


Capítulo I


A opinião de Rony sobre bebês era das menos lisonjeiras, para não dizer depreciativa. Essas criaturinhas destruíam todos os relacionamentos normais e harmoniosos entre adultos inteligentes. Antes mesmo de entrarem no mundo, infiltravam-se na vida das pessoas e, depois de chegarem, transformavam-se em tiranos absolutos. Não existia nada que eles não ameaçassem!


Ele refletia sobre essas verdades, enquanto cruzava o tunel sob a baía de Sydney, o caminho mais curto para Pttddington, onde ficava o Royal Hospital for Women. Teria preferido, e muito, que Harry ficasse satisfeito apenas um receber um abraço de parabéns pelo nascimento do filho. Era uma atitude irracional a de insistir para que Rony comparecesse pessoalmente na maternidade para ver o motivo do tanto orgulho e felicidade.


Seus amigos, um após o outro, acabavam por sucumbir a atração da paternidade, apenas para descobrir que tinham perdido um lugar privilegiado, o de ser o foco das atençoes da casa. Choravam suas desgraças e se queixavam a Rony, invejando-lhe a liberdade do caos que haviam provocado com sua decisão de se tornarem pais.


E as queixas eram muitas...


"Já não é mais possível fazer sexo de uma maneira satisfatória."


"Você tem sorte se conseguir uma ou outra noite para fazer sexo."


"E quem quer sexo? Seria uma maravilha se fosse possível uma unica noite de sono sem interrupçoes!"


"Esqueça a espontaneidade. O bebê vem em primeiro, segundo e terceiro lugar, sempre!"


"Não tenho mais esposa. Ela se transformou em uma escrava do bebê."


"Não temos mais tempo para nós dois."


"Sempre que se vai a algum lugar, começam as manobras e parece que se está deslocando um exército. É melhor ficar em casa e evitar o transtorno."


Rony não tinha a menor dúvida de que bebês eram pequenos monstros destrutivos. Aliás, achava que deviam nascer com um aviso de 007 gravado na testa: "com permissão para matar"! Conhecia inúmeros casais que haviam se separado por causa das tensões geradas pelo nascimento de um filho e os demais precisavam se esforçar muito a fim de se adaptar às inevitáveis mudanças que relutavam em aceitar.


Agora Rony entendia o motivo de seus pais terem limitado sua prole a um único filho, porque fora criado por babás e enviado para um colégio interno ao completar apenas sete anos. Era evidente que ele interferira demais na vida dos dois.


A sua visão adulta sobre o problema lhe permitia compreender que seus pais tivessem tomado providências concretas a fim de minimizar os danos em seus direitos como indivíduos. Entretanto, quando era criança, ele se ressentira muito em ser o alvo dessas medidas radicais.


A sensação de isolamento e falta de amor da infância ainda era uma recordação infeliz. Sofrera muito e, em hipótese alguma, submeteria um filho seu a passar pelo mesmo processo penoso. Mas, por outro lado, tinha certeza absoluta de que também não queria essa influência destrutiva em sua vida. A solução era uma só e bastante simples: nada de filhos!


Se ainda lhe restasse alguma curiosidade a respeito das glórias da paternidade, ela fora plenamente satisfeita através da observação das experiências de seus amigos. Além disso, nunca sentira a tão comum necessidade de perpetuar sua linhagem. Gostava demais de sua vida, adorava seu trabalho, tinha a liberdade financeira de fazer o que lhe aprouvesse quando bem quisesse. O que mais poderia desejar?


Hermione...


O rosto de Rony se contraiu, enquanto tentava afastar esse pensamento, que sempre era acompanhado por uma angustiante sensação de perda. Hermione o riscara da vida dela de uma maneira muito mais absoluta do que seus pais o haviam feito, negando-lhe até a possibilidade de abrir essa porta novamente. E tudo por causa de uma idiota discussão sobre bebês!


Ou talvez, existissem outros motivos, quem sabe? Rony suspirou, ainda frustrado com a atitude de Hermione em afastá-lo definitivamente, deixando-o confuso e perguntando a si mesmo o que o fizera de tão errado!


Rony tinha escolhido aquela mesma noite para convidá-la a vir morar com ele, convencido de que finalmente encontrara a única mulher com quem gostaria de viver. Então, apenas porque fizera alguns comentários, bastante pertinentes em sua opinião, sobre o bebê que arrasara um jantar ao qual comparecera, Hermione perdera a cabeça e terminara tudo entre os dois. Sem possibilidades de uma reconciliação... um ponto final absoluto e arrasador!


Até agora, ele não conseguira entender. Provavelmente, devia sentir-se feliz por ter se livrado de uma mulher capaz de agir irracionalmente. Entretanto, nunca percebera o menor sinal desse tipo de comportamento, durante todo o período que durara seu relacionamento... meses e meses da mais completa felicidade!


Rony seria capaz de jurar que os dois combinavam, sob todos os aspectos, com perfeição, partilhando até o mesmo prazer no trabalho criativo a que se dedicavam. Hermione fora a primeira e única pessoa com quem se sentira completamente a vontade e em paz.


Às vezes, a falta que sentia de Hermione se tornava intensa a ponto de parecer uma dor física. Ainda a via com absoluta nitidez, como se ela estivesse presente naquele momento. Seus olhos castanhos e aveludados podiam, ocasionalmente, refletir um brilho semelhante ao das estrelas, seu sorriso era contagiante, os longos sedosos cabelos castanhos, na altura dos ombros, flutuavam como fios de seda, e as curvas suaves insinuavam uma promessa de sensualidade que Rony sabia ser verdadeira.


Gostaria de esquecer a voz acariciante e os murmúrios excitantes que Hermione sussurrava em seu ouvido, quando faziam amor!


E por que continuar com aquelas recordações inúteis? Precisava esquecer Hermione e tudo o que sentira enquanto estivera com ela. Se algo não faltava em sua vida, era a companhia de mulheres! Mais cedo ou mais tarde, acabaria por encontrar aquela que acenderia uma chama especial. Bastava apenas esperar e o período de oito meses de separação não podia ser considerado muito tempo. Em um ano ou dois, essa rejeição seria um fato do passado.


Já quase chegando a Oxford Street, Rony forçou-se a desviar seus pensamentos para Harry e tentar não piorar ainda mais seu estado de espírito.


Harry Potter era um bom amigo e um valioso relacionamento profissional. Dono de uma loja de antiguidades, não apenas sabia reconhecer sua perícia única para dar o polimento em estilo francês nos artigos que vendia, como fre qüentemente lhe enviava clientes, em busca de peças especiais para combinar com os móveis que haviam comprado. E favores sempre deviam ser retribuídos, mesmo se significassem rir com simpatia para um bebê! Rony cedera... apenas desta vez.


Ele parou o carro a uma quadra da maternidade, às sete e vinte. Tinha tempo suficiente para chegar ao quarto, desempenhar o papel que se espera de quem visita orgulhosos pais de primeira viagem e ir logo embora, com a desculpa de que Harry e a esposa precisavam ficar a sós para se despedirem.


Sorrindo, pegou o pacote com um enorme laço azul, que era uma garrafa de champanhe, e saiu do Range Rover. Fora criativo ao escolher esse presente pois, sem dúvida, os outros visitantes levariam todo o tipo de objetos destinados a um recém-nascido. Aquela bebida sugestiva talvez proporcionasse uma ou duas horas agradáveis aos pais de poucas horas e que logo estariam à beira do colapso. Sabia, em função dos comentários de outros amigos, que um bebê tem o efeito de um veneno fatal em qualquer interlúdio romântico.


Embora já fosse outono, a temperatura continuava agradável e Rony caminhou até a maternidade, sentindo que estava desperdiçando uma bela noite. Resignado a perder parte de seu precioso tempo, pediu o número do quarto à recepcionista e depois dirigiu-se para os elevadores. Precisava forças para suportar a entediante conversa que só, giraria em torno do bebê, por vinte minutos. No máximo! . As portas do elevador se abriram no quarto andar e Rony saiu, rapidamente. Então, algo familiar na mulher que esperava para entrar chamou sua atenção. Encarou-a fixamente e teve a exata sensação de que o chão não estava mais debaixo de seus pés.


– Hermione?


Ele ouviu a própria voz, alta demais, uma prova de que não perdera o juízo. Os cabelos estavam curtos, mas nunca se enganaria quanto àquele rosto. Como não reconhecer aqueles olhos que também o fitavam, refletindo choque, incredulidade, pânico e raiva? Cada uma dessas expressões durou apenas uma fração de segundo, em um mundo que parecia ter sido paralisado pela tensão.


Então, ela entrou precipitadamente no elevador, apertou um botão e se encostou na parede do fundo, cruzando os braços O olhar de rejeição brutal só desapareceu da vista de Rony porque as portas se fecharam, à sua frente.


A mensagem dos olhos castanhos atingira-o com toda sua intensidade. Hermione não o queria, nem nada que se relacionasse com ele. Por um instante, Rony precisou controlar o impulso de persegui-la pela maternidade e forçá-la a ouvir a que tinha a dizer.


Então, admitiu que seria inútil. Hermione tinha tomado a decisão de eliminá-lo da vida dela e nada mudara. Aliás, nunca iria mudar pois acabara de ignorar sua existência no mesmo planeta!


Forçando-se a sair da frente dos elevadores, Rony avançou pelo corredor, à procura do número do quarto. Viera unicamente para agradar a um amigo, apesar de detestar bebês. E tudo que se relacionava a esse assunto. Tinha um compromisso, ao qual se resignara, e precisava esquecer Hermione, a fim de se comportar como uma pessoa bem educada. Mas por que aqueles olhos castanhos tinham refletido pânico?
Nunca dera nenhum motivo para Hermione sentir medo dele!


E a raiva? Com toda a certeza, ela percebera que o encontro fora puramente acidental.


Droga! O que ele fizera de tão errado?




Eu já tinha pensado em adaptar esse livro faz um tempo mas nunca tive coragem,mas hoje quando estava mexendo em meus livros aqui achei essa linda história e resolvi postar. Espero que gostem porque eu amei.


OBS.: Eu pensei muito em colocar o nome da Charlotte de Rose(como a filha original deles). Mas acho o nome Charlotte tão fofo que decide deixar, espero que não se incomodem.



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Comentários (1)

  • lumos weasley

    gostei da fic vc escreve muito bem!Tbm fiquei curiosa p saber o que o Ron fez, apesar de já ter uma ideia. 

    2012-04-21
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