Cap. 6



Capitulo 6


 


     - Boa noite professor – disse assim que entrei na sala de Dumbledore aquela noite.


     - Boa noite. Venha direto para a penseira... Hoje te mostrarei a memória que Harry conseguiu com Horacio semana passada. Vamos.


     Pelo que eu esperava ser a ultima vez, me inclinei em direção a água prateada da penseira e me senti caindo em direção ao passado e aterrissando na antiga sala do professor Slughorn. Ele estava sentado perto de uma mesa com uma taça de vinho em uma mão e a outra em uma caixa de abacaxi cristalizado. Com ele estavam meia dúzia de adolescentes e entre eles Tom Riddle com o anel de Servolo no dedo.


     Voldemort perguntou - Senhor é verdade que a Professora Merrythought está se aposentando?


     - Tom, Tom, se soubesse eu não poderia dizê-lo. - disse Slughorn. –Confesso que gostaria de saber de onde você obtém suas informações rapaz. Você sabe mais que metade dos professores. Com sua habilidade sobrenatural de saber coisas que não devia, e bajulação às pessoas que importam... Alias, obrigada pelos abacaxis, a propósito; você acertou, são meus favoritos. Estou seguro que você chegara a Ministro da Magia em vinte anos. Quinze, se você continuar me mandando abacaxis, eu tenho excelentes contatos no Ministério.


     Tom Riddle meramente sorriu enquanto os outros riram. - Eu não sei se a política me serviria senhor - ele disse quando as risadas acabaram. – Primeiro porque não pertenço às famílias bem nascidas.


     - Absurdo - disse Slughorn - não poderia ser mais evidente que você descende de uma boa família bruxa, com habilidades como as suas. Não, você irá longe, Tom, até hoje nunca estive errado sobre um estudante.


     O pequeno relógio de ouro na escrivaninha de Slughorn marcou onze horas atrás dele, e ele olhou ao redor. - Meu Deus, já é esta hora? É melhor vocês irem, garotos, ou nós todos teremos problemas. Lestrange, eu quero seu dever amanhã ou você receberá uma detenção. O mesmo para você, Avery. - Um por um, os meninos saíram da sala. Slughorn levantou-se de sua poltrona e levou o copo vazio até sua escrivaninha. Um movimento atrás dele o fez olhar em volta e viu que Tom ainda estava ali. - Ande Tom, você não quer ser encontrado fora de sua cama após o horário, e você é monitor...


     - Senhor, eu queria lhe perguntar algo.


     - Pergunte então, meu garoto, pergunte.


     - Senhor, eu queria saber o que você sabe sobre... sobre Horcrux?


     Slughorn olhou fixamente para ele - É um projeto para as aulas de Defesa Contra Artes das Trevas?


     - Não exatamente, senhor. Eu me deparei com o termo quando lia e não o compreendi totalmente.


     - Bem... Você teria um árduo trabalho para encontrar um livro em Hogwarts que lhe desse detalhes sobre Horcrux. É feitiço das trevas. - disse Slughorn.


     - Mas você obviamente sabe sobre isso, senhor? Quero dizer, um bruxo como o senhor, desculpe, digo se você não puder me dizer, obviamente... achei que se alguém pudesse me contar seria você, então pensei que...


     - Bem, não fará mal lhe dar uma visão geral, naturalmente. Somente para que você entenda o termo. Horcrux é a palavra usada para um objeto onde a pessoa escondeu uma parte de sua alma.


     - Não entendi exatamente como se faz isso senhor. – Disse com a voz cuidadosamente controlada.


     - Bem, você divide sua alma e oculta parte dela em um objeto fora do corpo. Então, se seu corpo é atacado ou destruído, ele não pode morrer, pois resta uma parte da alma segura e não danificada. Mas, é claro, a existência em tal forma... poucos iriam querê-la, Tom, muito poucos. A morte seria preferível.


     - Como você divide sua alma?


     - Bem, você precisa entender que a alma foi feita para permanecer intacta e inteira. Rachá-la é um ato de violação, é contra a natureza.


     - Mas como se faz isso?


     - Através de um ato de maldade: a suprema maldade. Matar rompe a alma. O bruxo que desejar criar uma Horcrux usaria essa ruptura em seu proveito. Encerraria a parte rompida...


      - Como?


     - Há um feitiço, mas não me pergunte, eu não sei! Eu pareço um assassino?


     - Não, senhor, claro que não - disse Voldemort rapidamente - Eu sinto muito... Eu não queria ofendê-lo.


     - De modo algum, não estou ofendido. É natural sentir curiosidade sobre essas coisas. Bruxos de certo calibre sempre foram atraídos por esse aspecto da magia...


     - Sim, senhor. O que eu não entendo, contudo, apenas por curiosidade, quero dizer uma


Horcrux seria de muito uso? Você poderia dividir sua alma somente uma vez? Não seria melhor, para fazê-lo mais forte, dividir sua alma em mais partes, digo, por exemplo, não é sete o número mágico mais poderoso?


     - Pelas barbas de Merlin, Tom! Sete! Não é mau o bastante pensar em matar uma pessoa? E em todo caso... pensar em dividir a alma uma vez... mas dividi-la em sete... - Slughorn parecia profundamente incomodado agora. - É claro, isso tudo é hipotético, o que estamos discutindo, não é mesmo? Tudo acadêmico...


     - Sim, é claro! - disse Riddle rapidamente.


     - Mas ainda assim Tom... mantenha em silêncio, o que eu disse sobre isso. As pessoas não gostariam de pensar que nos estivemos discutindo sobre Horcrux. É um assunto banido em Hogwarts, você sabe... Dumbledore ficaria particularmente feroz se soubesse sobre isso...


     - Eu não direi uma palavra, senhor. - disse Riddle, e ele saiu.


     Em seguida voltamos para sala. Eu estava simplesmente abismada! Se o professor Slughorn não tivesse aberto a boca, talvez hoje Voldemort não fosse tão poderoso como é.


     - Então é culpa do professor Slughorn, Voldemort ser que é hoje?! – fui obrigada a perguntar a Dumbledore.


     - Se eu fosse você não o julgaria tão rápido. É certo que Tom Riddle sempre foi um dos alunos preferidos de Horacio, mas tenho certeza que se ele tivesse se recusado a dar qualquer informação sobre as Horcrux Tom não descansaria até achar alguém que pudesse ajudá-lo. E lembre-se que Tom já tinha alguma noção sobre o que eram as Horcrux, pelo meu ver a verdadeira intenção dele na conversa que acabamos de presenciar era descobrir se existiria algum risco em criar mais de uma Horcrux, no caso, sete delas.


     - Então, o senhor sabe quais seriam os objetos que ele escolheu para transformar em Horcrux? Claro, alem do diário, do anel, do medalhão e da taça?


     - Como eu disse a Harry, não tenho certeza, mas posso imaginar quais sejam: o Diadema Perdido de Rowena Ravenclaw e a cobra de estimação dele, Nagine.


     - Mas então seriam seis, e não sete Horcrux?


     - Não, por mais quebrada que esteja uma parte da alma de Voldemort permanece em seu corpo. Mas alem dessas, tem mais uma Horcrux que nem o próprio Voldemort sabe que existe, e, antes de te falar sobre ela, preciso que a srta jure não falar nada sobre isso para ninguém alem de mim e Severo.


     - O senhor quer dizer que o professor Snape sabe sobre tudo isso? – perguntei não podendo afastar a duvida que tinha sobre a verdadeira lealdade de Snape, principalmente sobre um assunto tão importante como esse.


     - Peço que a srta confie no meu julgamento. E te afirmo que em poucos dias poderei provar para a srta que Severo esta realmente de nosso lado. Farei isso se você jurar não contar para ninguém.


     Dessa vez tive que pensar um pouco antes de dar minha resposta, embora soubesse que podia confiar em Dumbledore, Snape nunca foi-me muito amigável. Mas sabia também que se não concordasse em jurar não contar para ninguém, Dumbledore nunca falaria nada para mim, e minha missão acabaria aqui. Resolvi então confiar um pouco mais que o normal em Dumbledore e passar consequentemente a confiar em Snape.


     - Ok. Eu juro não contar para ninguém.


     - Ótimo, ótimo. Quero então te contar primeiramente à profecia que Harry ouviu ano passado, e em seguida te explicarei.


   


   “Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima... nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês... e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece... e um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver... aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar” 


 


     - Bem, como a srta deve ter percebido, o poder que o Lorde das Trevas desconhece é o amor, mas a parte que diz ‘e um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver’ tem um significado muito maior que apenas o obvio.


     ‘Essa frase esta dizendo que existe outro poder que Voldemort desconhece, e que este os mantém ligados fazendo com que Voldemort só morra quando Harry estiver morto. ’


     - Mas então você quer dizer que na hora, Harry que acabará morrendo? Que tudo que fazemos para o manter vivo é só para que ele morra na hora certa?


     - Sabe, você esta me parecendo Severo. Ele disse praticamente a mesma coisa quando o contei... Mas deixe-me explicar uma coisa: Quando Voldemort matou Lilian e James Potter, ele não conseguiu matar Harry pelo fato de que na hora, sem querer, ele acabou criando mais uma Horcrux. E o recipiente dessa Horcrux é o próprio Harry. Dois anos atrás, quando Voldemort retornou a sua forma humana, ele usou o sangue de Harry, e com isso os ligou mais ainda.


     ‘No momento certo, quando todas as outras Horcrux já estiverem destruídas, Voldemort deverá matar Harry, mas como uma parte de Harry esta de certa forma ‘viva’ em Voldemort, Harry poderá voltar, e daí sim, matar Voldemort. ‘


     - E Harry não sabe disso, não é?


     - Não, ele só deverá saber na hora exata.


     - Entendo... Mas, professor, posso perguntar por qual motivo o professor Snape sabe sobre isso?


     - Você saberá logo logo. Agora vá descansar, aproveite o fim de semana com seus amigos, divirta-se. Semana que vem te mandarei uma carta avisando quando nos encontraremos.


     - Claro. Até mais, professor.

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