O Dia Das Bruxas



Setembro passou rapidamente e outubro se aproximou trazendo consigo um ar mais frio e também agradável, mas talvez aquilo se devia a animação de Emily ao receber uma nova carta de Dumbledore. Sim, porque somente o diretor poderia lhe mandar uma foto de Snape, ela tinha certeza.


-Ah, mãe. De novo.-resmungou ao acordar e ver o café da manhã preparado.


-Desculpe, querida. Costume de mãe.


-E ainda bem, imagine se dependêssemos da sua culinária.-riu-se Jones admirando as fotos que se moviam no Profeta Diário.


-É uma poção que faz isso.-explicou ela.-Não sei bem como se prepara, mas conheço alguém que deve saber.-ela trocou olhares significativos com a mãe.


-Coma antes que esfria, Emily.-ordenou Thomas com seu ar professoral de sempre.-Notei que recebeu uma nova carta.


-Alvo pediu um favor a mim.-ela deu de ombros.


-Quem é Alvo?-Jones ergueu os olhos do jornal bruxo.


-“Um amigo.”-respondeu Emily rindo, ninguém pareceu entender o motivo.


 


Uma batida na porta interrompeu sua concentração.


-Entre.-falou rispidamente. Seu humor piorara drasticamente com o Dia das Bruxas.


-Severo.-McGonagall apareceu ao lado do batente da porta.-Alvo pediu para que viesse ao seu escritório.


Snape assentiu em silêncio e passou pela professora, murmurando algo como um agradecimento.


-Torrão de açúcar.-a gárgula do escritório do diretor girou, abrindo passagem.-Queria me ver, Alvo?


Mas não era somente Dumbledore que esperava no escritório. Sentado na escrivaninha de frente a cadeira do diretor estava ninguém menos que Sirius Black.


-Boa noite, Severo.-falou Alvo seriamente, sabia que aquele era um momento que devia ser tratado com delicadeza.-Sente-se, por favor.-o bruxo conjurou uma cadeira na qual o mestre em poções se sentou desconfortavelmente.


-O que estamos esperando?-quis saber Sirius grosseiramente, estava com raiva da situação toda.


Permaneceram em silêncio por alguns minutos e então as chamas da lareira esverdearam e Emily Watson caiu de cara no chão.


-JONES, SEU...!-ela se interrompeu ao ver onde estava.-Alvo...


-Boa noite, Emily.-a ruiva empalideceu.


-Boa noite,... garotos.-falou ao notar a presença de Severo e, inexplicavelmente, de Sirius.-Me desculpem a falta de etiqueta, meu irmão acaba de me empurrar da lareira.-explicou ela.


-Entendo.-concordou o diretor.


-Tio Aberforth já te empurrou da lareira?-perguntou Emily obviamente confusa.


Sirius riu.


-Acho que a batida na cabeça foi muito forte.-brincou fazendo a outra corar.


-Emily, sente-se, por favor.-pediu Dumbledore e com um aceno de varinha outra cadeira foi conjurada ao lado das anteriores.-Kate me mandou uma carta, mês passado.


-Ela está passando alguns dias lá em casa.-explicou Emily.


-No apartamento?-Snape se viu perguntando, ela concordou.


-Nada mais agradável do que passar um tempo com a família.-concordou Alvo.-No entanto, eu soube do pequeno incidente com um trouxa chamado John.


-Meu ex-noivo.-completou Emily enojada.


-Sim, seu ex-noivo. Ele pediu que você o perdoasse.-era uma afirmação.


-Desculpe, Alvo, mas não entendo o motivo de ter nos chamado se o assunto é a vida particular de Watson.-interrompeu Snape friamente, a ruiva sabia que ele ficara chocado.


-O trouxa em questão, John Bolton, deixou Emily no dia do casamento quando ela contou que era uma bruxa. E como uma bruxa importante no Ministério da Magia, Voldemort usará todo o poder em seu alcance para se privilegiar de Emily, principalmente com a vantagem que ele acredita ter sobre ela.-nesse momento, Dumbledore trocou olhares significativos com Emily e Severo.


-Isso quer dizer que Voldemort irá atrás do conhecimento de John.-percebeu Watson com um suspiro.


-Exatamente.-ele concordou solenemente.-O que eu peço essa noite é complicado e cruel, mas necessário para a guerra. Emily, você deve decidir se vai perdoá-lo ou não.


-Nunca.-respondeu a mulher com a voz levemente embargada.


-Nesse caso é nossa obrigação apagar a memória dele, para sua própria segurança. Severo e Sirius vão acompanhá-la, mas não saia do carro.-ordenou para Sirius, que fez uma careta.


 


 


 


-Olá, Jones.-Emily cumprimentou de forma ameaçadora ao sair da lareira e bater as vestes para tirar a fuligem.


-Emily!-o irmão arregalou os olhos.-Essa coisa da magia funciona mesm...-foi interrompido pelo tapa que a irmã lhe deu.


-Se eu voltar a xingar na frente de Dumbledore por sua causa de novo...


-Chegou cedo, querida...-Kate e Thomas saíram da cozinha, cobertos por uma grossa camada de farinha.


Isso era algo que ela nunca entendera, como seus pais podiam ser tão bons cozinheiro e ela não?


-Nada mau.-elogiou Sirius olhando ao redor e chamando a atenção de todos enquanto Severo saia da lareira.


-Pelas barbas de Merlim!-gritou Kate empunhando a varinha.


-Tudo bem, mãe, ele está com o Alvo.-tranquilizou a ruiva se pondo na frente do bruxo.


-Tem certeza?


-Tenho, mãe.-respondeu Emily com firmeza e viu satisfeita a bruxa mais velha guardar a varinha.


-Peço desculpas pela minha reação exagerada.


-Tudo bem. Não é normal encontrar um cara acusado de assassinato no meio da sua sala de estar.-disse Sirius rindo.


-A sala é minha.-Emily reclamou.-E temos que ir, voltamos em quatro horas.-informou a família.


-Espere, essa cara é um assassino?


-Não, pai.


-E esse aí quem é?-perguntou Jones olhando para Snape, que se mantera calado até então.


-Professor de Poções de Hogwarts.-falou Emily e notou os olhos da mãe brilharem.


-Nesse caso a senhora está muito bem acompanhada.


A dona do apartamento sentiu os olhos negros de Severo fitarem-na com uma intensidade diferente.


-Vamos, garotos.-ela chamou abrindo a porta.


Passar despercebida com um cara acusado do assassinar treze pessoas não era de longe uma tarefa fácil, mas uma vez dentro da Ferrari preta com vidros filmados de Jones não tinham com o que se preocupar.


-Que carro.-suspirou Sirius sentando no bando traseiro ao lado de Snape, Emily deixara bem claro que não queria nenhum dos dois no banco da frente.


-É do meu irmão.-Emily falou orgulhosa.-Só tem um problema.


-Qual?-Sirius sorriu maroto para ela.


-Eu sou uma péssima motorista.-o sorriso do homem morreu junto com a aceleração do carro.


 


 


-Aqui estamos.-Emily sorriu ao se virar para os dois.-Vocês estão bem?-perguntou ela segurando o riso.


Sirius estava imobilizado e segurava o encosto do carro com tanta força que suas mãos estavam brancas, já Snape estava mais pálido que o normal e os olhos negros se encontravam vazios, e não frios como de costume.


-Garotos?-nenhum deles respondeu, simplesmente saíram do carro cambaleando.-Sirius, Dumbledore disse...


Sirius acenou e se transformou em um cão negro, que deixou-se cair no chão com a respiração pesada.


-Tudo bem, Manny?-ela deu a volta no carro e se dirigiu para o professor extremamente pálido que se apoiava no carro.


-Não me chame...-rosnou ele fechando os olhos com dor.


-Desculpe. Sou tão má motorista assim?


-O que a senhorita acha?


Ela riu baixinho.


-Vem, quero acabar logo com isso.-Emily apertou a campanhia e esperou pacientemente.


-Emily, querida!-John abriu a porta sorrindo, mas mudou de expressão ao notar que a ex-noiva não estava sozinha.-Veio dar minha resposta?


A ruiva acenou positivamente.


-E...?


-Eu sinto muito, mas não posso te perdoar. Não depois de tudo.-a bruxa ergueu a varinha com a mão ligeiramente trêmula.-Obliviate.


Os olhos de John escureceram enquanto suas lembranças de momentos vividos com a ex-noiva eram apagadas. Entretando, ela deixou uma lembrança. Apenas sua imagem sem identidade passar por ele em uma cafeteria qualquer. No dia em que ele a pedira em casamento.


-Eu fico com isso.-Emily puxou delicadamente a aliança que o ex-noivo ainda usava, mesmo após dois anos.-Adeus, querido John.


 


 


A viagem de volta se seguiu em profundo silêncio, Sirius dirigia calmamente e Emily se sentara atrás com Severo.


-Foi difícil fazer o que você fez, Emily. Não acredito que eu teria uma coragem como a sua.-disse Sirius olhando-a pelo retrovisor.


-Coragem é para grifinórios.-contestou ela com um sorriso triste.-E eu não quero falar sobre isso, se me permite.


-Claro, não quis te ofender.-o homem voltou a atenção para a estrada.


-Eu queria te contar.-sussurrou Emily para Snape, depois de lançar um feitiço para dar privacidade a conversa.


-A senhorita não tem essa obrigação.


-Eu coloquei sua vida em risco sem essa informação. Se Voldemort...


-Não diga o nome dele!-sibilou Snape.


-Se você-sabe-quem tivesse chegado à John...-Emily engoliu em seco e baixou os olhos até a aliança com seu nome escrito na parte interior.-Fique com ela. Foi forjada com um feitiço que permite a comunicação entre as duas pessoas que a usam, isso será útil com o Ministério vigiando os meios de comunicação bruxa.


Severo concordou e colocou o anel com visível desconforto.


-Ainda é uma aliança.-resmungou ele de mal-humor.


-Eu sei.-Emily riu e desfez o feitiço para que Sirius pudesse ouvir a frase seguinte.-Me acordem quando chegarmos perto do apartamento, meninos.


 


-Emily.-Sirius cutucou a ruiva com delicadeza que se mexeu protestando.


-Que foi?-perguntou cheia de sono.


-Estamos há duas quadras do apartamento.


-Bom.-ela reprimiu um bocejo.-Eu dirijo agora.-nenhum dos dois pareceu entender.


Emily trocou de lugar com Sirius e se pôs a relembrar dos fatos ocorridos naquela noite, mas tinha que fazer isso, sempre fazia. Acelerou o carro e virou o volante em direção contrária, em um ritmo mais lento e calmo que foi estranhado pelo dois ocupantes do banco de passageiros. Pelo anel em seu dedo ela podia sentir o receio de Severo que aumentou ao reconhecer o caminho que estavam tomando.


-Eu sei que é doloroso,-Emily parou o carro na frente do cemitério de Godric's Hollow.-mas é Dia das Bruxas. Já fazem quatorze anos e não há um ano em que não venho fazer uma visita.-ela se encolheu.-Pode descer se quiser, Sirius.


Lentamente, o trio entrou no cemitério em direção aos dois túmulos finais. O túmulo dos Potter.


-Desde sempre vocês têm protegido seu filho e agora mais do que nunca.-Emily começou e engoliu em seco.-Mas espero realmente que tenham a plena consciência de que escolheram Sirius Black como padrinho de seu único filho.


Sirius deu uma risada fraca parecida com um latido.


-Tiago adoraria ouvir isso.


-Ele sabe.-falou a ruiva com convicção.-E Lílian também.


O anel em seu dedo esquentou e ela sentiu uma melancolia tão grande dentro de si que se reprovou por ter se permitido levar até ali.


Mas que diabos estava pensando?


Fora ela quem decidira ir ali, e o fizera pela própria vontade. Então a verdade se abateu sobre ela. Aqueles pensamentos eram de ninguém menos que Severo Snape.


 


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Olá, leitores! Gostaram?


Bem, eu sempre faço muita pesquisa na hora de escrever, especialmente os nomes, e, acreditem ou não, existe uma atriz chamada Emily Watson, MAS A PERSONAGEM NÃO FOI BASEADA NELA, foi só uma conicidência incrível.


Comentários, seus lindos, sim?


 

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