A Volta De Um Certo Trouxa

A Volta De Um Certo Trouxa



A véspera do ano letivo se aproximou com uma rapidez surpreendente e Emily sentia o coração pesado ao saber que Severo voltaria para Hogwarts em alguns minutos. Muito pesado.


-Vai me abandonar, Manny.-ela fez uma careta.


-A senhorita sabia desde o princípio que minha permanência em Londres se devia às férias da escola.-falou ele.


Emily revirou os olhos e sorriu.


-Eu tenho uma coisa para você, mas só quero que abra quando chegar em Hogwarts.-ela entregou um embrulho marrom a ele.


Snape examinou o presente desconfiado e abriu a porta do apartamento, sabendo que não voltaria a ver o local tão cedo.


-Até logo mais, Manny. Mande cartas.


 


Emily se forçou a sorrir ao se dirigir a Fudge.


-Bom dia, ministro.


-Emily, querida. Sente-se.-convidou Cornélio.


-Ele acaba de voltar.-informou a ruiva.


Fudge concordou silenciosamente.


-Eu quero que volte ao seu antigo cargo, Emily.


-Ministro?-a mulher arregalou os olhos.


-Fique a vontade para retornar a sua antiga sala, querida.- ele ignorou a pergunta.-Pode ir.


Emily saiu da sala do ministro distraída e bateu em alguém.


-Bom dia, Lúcio.-falou e tentou se afastar, mas o bruxo segurou-a com firmeza pelo braço.


-Podemos conversar, Watson?


-Claro.-ela concordou e seguiu Malfoy até sua antiga sala.


-Soube do seu pequeno trabalho para o ministro.-começou Lúcio em tom falasamente desinteressado.


-Voltei ao tribunal.-Emily sorriu.


-Ah, sim. Mas eu não me referia à isso.


A ruiva estacou, sabia o que viria a seguir.


-Está me questionando em nome do seu chefe ou apenas quer ganhar uma compensação pela informação privilegiada?


-Está insinuando...?


-Não, Lúcio. Estou afirmando.-a juíza atravessou o corredor a largos passos e entrou no antigo escritório, fechando a porta com força ao passar.


 


Snape aparatou para os portões de Hogwarts e começou a longa subida até a escola.


-Severo, você chegou cedo.-foi o cumprimento que Dumbledore lhe dirigiu.-Aconteceu algo?


-Não, diretor.-respondeu o professor deixando claro que só queria um pouco de paz.


-Espero que Emily não o tenha torturado muito.-brincou Alvo voltando aos seus afazeres.


Estranhando a falta de insistência por parte do diretor, Snape desceu para as masmorras e percorreu os olhos pela sala de poções. Havia muito a fazer.


 


Era quase noite quando o professor terminou sua preparação para as aulas. Em poucas horas os alunos estariam chegando das férias de verão, quebrando o silêncio do castelo e atormentando a paz que reinava ali durante as férias. Ou a solidão. O pensamente surpreendeu Snape, afinal ele nunca fora alguém inclinado a seguir seus sentimentos.


Descansando a pena em cima da escrivaninha, Severo notou o embrulho marrom que esquecera de abrir até o momento e consultando o relógio decidiu fazê-lo antes do jantar. Uma foto e um bilhete cairam do embrulho. A foto era aquela que o mestre em poções achara no dia em que fora confinado no quarto de Emily para se recuperar das torturas de Voldemort e mostrava ele tentando convencer Lílian a escutá-lo, enquanto Black e Potter empunhavam as varinhas prontos para amaldiçoá-lo; já o bilhete fora escrito em uma letra grande e caprichosa que ele desconhecia, mas sabia a quem pertencia.


 


Caro Manny,


Dificilmente alguém pensaria que fossemos sobreviver a esse tempo todo juntos, principlamente nós mesmos. Não sei o que Dumbledore tinha na cabeça quando fez o que fez, mas sabia o que fazia. Eu não entendo porquê, mas notei que você gostou muito dessa foto quando a viu, ou sentiu algo diferente por ela. De qualquer jeito é sempre bom relembrar o passado, seja ele bom ou ruim. Boa sorte com as aulas e tenha um ótimo começo de ano letivo!


Carinhosamente,


Emily Watson.


 


Snape voltou os olhos negros para a foto e perdeu seu autocontrole. Ele a perdera... nunca mais a veria novamente. Aqueles longos cabelos acaju, o sorriso doce e bondoso e principalmente os olhos verdes que sempre o acalmavam... olhos que agora pertenciam ao herdeiro de Potter. Seu maior inimigo.


De qualquer jeito é sempre bom relembrar o passado, seja ele bom ou ruim.” escrevera Emily.


 


 


-Meia hora no forno...-a campainha soou interrompendo Emily, que levantou os olhos questionadora.-Droga...-resmungou deixando de lado a embalagem para atender a porta.


Em pouco tempo começaria o jantar de abertura de Hogwarts e Severo desfrutaria do maravilhoso jantar preparado pelos elfos da escola, enquanto ela tentava preparar a maldita lasanha.


-Sim?-sorriu convidativa, mas sua animação morreu ao ver quem lhe sorria de volta.-O que faz aqui, John?


-Posso entrar?-perguntou ele forjando uma expressão de abandono.


-Ah, claro. Sinta-se em casa.-falou ela ironicamente, mas dando passagem a ele.


John examinou o apartamento com curiosidade, como se quisesse se certificar de que tudo estava igual a da última vez em que fora ali.


-Eu me lembro dessa viagem.-ele apontou uma das fotos em que Emily ria de alguma coisa.-Veneza sempre foi um lugar adorável.


-Não tanto quanto você.-disse novamente irônica.


-Emily, eu sei que te decepcionei...


-É mesmo?-seu tom era cada vez mais irritado.


-Mas eu quero que entend...


-O QUÊ!? QUER QUE EU TE ENTENDA!? VOCÊ ME LARGOU NO ALTAR, JOHN! ME TRATOU COMO UM MONSTRO E ME ABANDONOU! COMO VOCÊ QUER QUE EU ENTENDA!?


-Emily...-John empalideceu e baixou o olhar.-Veja pelo meu lado...


-SEU LADO!? E O MEU LADO, VOCÊ VÊ!? O LADO DA MULHER QUE FICOU ESPERANDO POR HORAS NA IGREJA, QUE FEZ DE TUDO PARA TE FAZER FELIZ! COMO PODE SER TÃO EGOÍSTA!? VOCÊ FOI EMBORA E SEQUER TEVE CORAGEM DE ME AVISAR ANTES!


-E o que você queria, Emily!? Queria que eu me casasse com você depois de tudo que me escondeu!? É isso!? EMILY WATSON QUER O MARIDO PERFEITO, MAS SE ESQUECE DE CONTAR PARA ELE QUE É UMA BRUXA!


-Você nunca foi o marido perfeito.-respondeu ela se acalmando, agora as lágrimas escorriam pelo seu rosto.-E caso não se lembre, John, eu trabalho para o ministério, que tem leis rígidas sobre o conhecimento de trouxas sobre os bruxos.


Por um momento o silêncio reinou pelo ambiente.


-Me perdoe, Emily.


-Você se perdoaria?-ela lançou um daqueles olhares mortais que Snape geralmente lançava.


-Não.


-E por que eu deveria?


-Porque você é melhor do que eu.


-Idiota.-resmunguei voltando à cozinha, sabendo que aquela resposta fora decorada letra por letra de um romance qualquer.


-Me perdoa?-repetiu ele por cima do balcão.


-Vou pensar no seu caso...


-Pense com carinho.


-E não encoste no balcão.-ordenou ela friamente quando John ameaçou se apoiar na pedra fria do mármore.


 


O dia amanheceu com o céu nublado, como o humor de Emily, que parecia capaz de matar o primeiro que a incomodasse.


-Bom dia, Man...-ela se interrompeu, mudando o tom animado para um tom frio.-Bom dia, John.


-Idem, querida.


-Não me chame de querida.-retrucou ela.


-Café?-ele sorriu e mostrou a diversidade de comidas que havia preparado. John sempre fora um bom cozinheiro, diferente dela.


-Não estou com fome. O que faz aqui, afinal?


-Vim te pedir perdão.


-Isso você fez ontem à noite. Então, o que faz aqui?


-Esperando minha resposta.


Emily cerrou os dentes com irritação.


-Posso mandar sua resposta por Bella, não precisa ficar aqui.


-Mas eu quero ficar aqui.-disse ele e se levantou, se aproximando lentamente da ruiva e prensando-a contra a parede.


-Se afaste!-ordenou ela sentindo a raiva aumentar.


-Por que não me perdoa?


-Vá embora.-ele pareceu murchar.


-Só porque você pediu.-e pegou o casaco com que se cobrira ao dormir no sofá e saiu do apartamento sem dizer uma única palavra.


Emily deslizou até o chão e fitou a outra extremidade do apartamento com o olhar perdido. Pela primeira vez em dois anos se atrasou para o ministério, por causa dele. De novo.


 


Ele voltou, o que eu faço agora?


Desesperadamente,


Emily Watson.


 


-Bella, tenho trabalho para você.-Emily chamou a coruja assim que terminou de escrever duas vezes o bilhete.-Entregue um para os meus pais e o outro para Jones. E não demore a voltar.


A ruiva ficou admirando a ave até ela sumir no horizonte e suspirou pesadamente. Não sabia mais o que fazer.


 


Snape admirava a foto que Emily lhe dera enquanto tentava se acostumar com a imagem, algo quase impossível. O sinal tocou e o professor guardou a fotos no bolso interno das vestes, voltando a habitual expressão indiferente. Precisava, a todo custo, esquecer dos sentimentos que ameaçavam consumi-lo por completo. Especialmente na frente da turma de quintanistas da qual Potter pertencia.


Esperou a sala se encher e passou as instruções da poção a ser ensinada, sem contudo prestar atenção no que fazia. Com exceção a lançar olhares de desprezo a Potter e amedrontar o desastrado do Longbotton.


Novamente o sinal tocou e os alunos se retiraram rapidamente da sala, indignados com o que chamavam de injustiça por parte dele e deram lugar aos sextanistas de Lufa-Lufa e Corvinal. Passados vinte minutos, porém, a aula foi interrompida pela entrada de uma coruja cinzenta. Bella pousou cuidadosamente na mesa da escrivaninha e beliscou com força a mão de Snape, que estranhou a ausência de qualquer carta.


Por que então a coruja estava ali?


 


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Olá, leitores! Gostaram?


Então, a Emily também tem alguns empencilhos no passado... curiosos para o próximo?


Gente, é meu aniversário, então se vocês quiserem me presentar com um review.... fica a dica ;)



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