O Insulto, A Consequência



Os pais iam andando na frente pelo Beco Diagonal, o filho de cabelos castanhos vinha logo atrás equilibrando livros pesados numa mão e um sorvete que derretia pelos dedos do garoto.


Remo João Lupin era mestiço, mas ninguém podia negar que suas habilidades com a magia que o rodeava. Ele beirava os nove anos e quicava de felicidade só em olhar para as vitrines da Talhejusto e Janota onde os uniformes de Hogwarts ficavam expostos em manequins de todos os tamanhos e modelos. Estar em Hogwarts, aprender com todos aqueles bruxos excepcionais.


–Um dia você acha que eu irei?- Ele perguntou inocente para o pai enquanto almoçavam num restaurante na estação King’s Cross.


–É claro, não rapaz mais inteligente!


Era possível ver os olhos de ele brilharem ao reconhecer crianças atravessando a plataforma 9 ¾ com seus malões e gaiolas. Era dia primeiro de Setembro e João estava animado porque agora só faltavam dois anos para chegar sua vez.
 



–Você não vê por onde anda seu imundo!


João estava caído no chão depois que um homem enorme e encapuzado o derrubara ao passar. As mãos raladas produziam gotículas de sangue.


O homem produziu uma espécie de latido ao pronunciar algo como desculpas.


–Meu filho não merece sequer uma palavra de seu vocabulário sujo. Afaste-se!- O pai do menino ordenou empurrando o gigante para trás.


O capuz do homem caiu e a mãe do garotinho deu um gritinho amedrontado. O rosto parecia pertencer a um animal, cheio de cicatrizes e um bigode sujo. Os olhos ferozes fixados no pai do menino que o ajudava a se levantar, os dentes afiados como os de um leão. Um rugido escapava pela garganta e ele tremia de raiva. Quando seus olhos encontraram sua vítima foi perfeito.


As unhas que mais pareciam garras agarraram os braços do pequeno menino que gritou de dor, então os dentes afiados se cravaram no pescoço e rosto da criança que berrava.


–Você nunca vai esquecer o seu lugar.


O homem com a boca cheia de sangue saiu sem ao menos ter de correr, as pessoas ao redor se afastavam conforme ele ia passando. Fenrir Lobo Greyback, um lobisomem que recrutava crianças para o ódio aos bruxos acabara de fazer mais uma vítima.


 


No Hospital St. Mungus os curandeiros tentaram por semanas manter as feridas fechadas, mas era quase impossível. Remo se contorcia em cima da cama e arrancava as ataduras. Ele gritava de dor toda vez que o faziam tomar poções ou quando lavavam os cortes feitos pelos dentes do lobisomem.


O rapazinho conhecido por sua beleza e esperteza se fora. Deitado no primeiro andar do St. Mungus ele perdera as esperanças de ser uma criança normal que iria para Hogwarts e se tornaria um bruxo espetacular. Nada mais tinha graça desde que o curandeiro chefe dera a terrível notícia à família. Remo João Lupin era agora e para o resto de sua vida um lobisomem. Amaldiçoado eternamente.


 

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