Uma Batalha a Ser Vencida




As aulas da Armada de Dumbledore continuavam a pleno vapor. Harry decidiu ensinar a convocar um patrono, feitiço considerado muito difícil. No primeiro dia de treino, o máximo que os alunos conseguiram foi fazer com que alguns fios prateados saíssem de suas varinhas.


Hermione foi a primeira a acertar o feitiço. Ron observa o rosto feliz da amiga ao acompanhar o movimento da lontra que sai de sua varinha. Por mais que tente, o ruivo não consegue mais do que produzir alguma fumaça.


- Como você conseguiu? Foi brilhante – diz para a amiga.


- Fiz o que Harry pediu e pensei naquilo que mais temia – respondeu.


- Com certeza pensou que tirou notas péssimas nos NOMs – falou ele.


- Mais ou menos isso, Ron – disse reticente, se afastando do rapaz.


Não queria que ele continuasse a bombardeá-la de perguntas, como sempre fazia. Na verdade, não tinha sido o medo de fracassar nos estudos que havia inspirado a convocação do patrono. A princípio, esse era o seu pensamento, mas bastou ver a troca de olhares sorridentes entre Ron e Lilá durante o treino para sentir uma espécie de soco no estômago.


O seu maior medo era perder Ron para outra pessoa e não conquistar o amor dele, como desejava há tanto tempo. Assombrada por esse temor, logo percebeu que o fio que saia de sua varinha foi ganhando forma e se transformou numa bonita lontra.


Apesar de todo o ciúme que sentia de Ron com Lilá, Hermione tinha que reconhecer que nunca tinha recebido tanto atenção dele. O ruivo estava mais educado, elogiava as ideias e iniciativas da amiga e quase não perdia a paciência com ela. Tudo isso a incentivava a caprichar cada vez mais no visual, já que sabia que o rapaz valorizava esses cuidados.


Começou a variar mais os penteados do cabelo, usar cordões e brincos delicados. Ainda resistia à maquiagem, raramente passando um batom claro nos lábios. Mas quando recebia algum comentário elogioso ou mesmo um olhar de admiração de Ron, sentia que valia a pena.


O rapaz, que era tão observador quando se tratava da amiga, já havia reparado que ela estava cuidando melhor do visual a cada dia. Porém, não imaginava o motivo dessa mudança era um só: conquistar Ronald Billius Weasley.


Naquela noite a menina havia lavado os cabelos e caprichado no penteado: uma trança muito bem feita finalizada com um toque de magia. Ela se preparava para mais uma ronda como monitora na companhia de Ron.


Hermione experimentava sentimentos contraditórios. Apesar de querer parecer bonita para Ron e gostar de ser elogiada, também ficava envergonhada sempre que o amigo fazia algum comentário sobre sua aparência. Não estava acostumado a ser observada dessa forma. Em geral, as pessoas só reparavam o seu desempenho intelectual. Com o ruivo, porém, sempre fora diferente. Por isso, talvez, ele gerava sentimentos tão contraditórios na menina.


Nesse último ano, porém, Ron parecia estar se tornando especialista em deixar Hermione constrangida com seus gestos e comentários. Em geral, isso acontecia nos momentos em faziam a ronda como monitores.


- Legal essa trança que você fez – disse mexendo no cabelo da menina, que logo enrubesceu – Você usou magia ou foi feita à moda trouxa?


- Um pouco dos dois – respondeu a menina, com a face ainda levemente rosada.


- Deve ser interessante ser trouxa e ter que fazer tudo com as próprias mãos, sem usar varinha. Tudo deve demorar mais, não é?  – ponderou.


- É impressão minha ou você está zombando dos trouxas? – questionou.


- Claro que não estou zombando dos trouxas. Eu não tenho qualquer preconceito, você sabe disso. Aliás, eu adoraria casar com uma trouxa! - disse displicente.


 A menina ficou com rosto ainda mais vermelho, mas não deixou de perguntar, tentando parecer indiferente:


- Com uma trouxa com poderes de bruxa ou uma trouxa comum?


- De preferência sem poder! Assim poderia ficar impressionada com os meus feitiços - respondeu sorridente.


- Ron! Que patético! - disse com a fisionomia zangada.


- Brincadeira, Mione! Casamento é um assunto no qual não penso - ponderou.


- Ótimo! Porque você não tem mesmo maturidade para pensar nisso!


- E você? Com certeza não vai querer casar com um bruxo puro-sangue, como o Malfoy!


- Eu jamais casaria com alguém como Malfoy, mas não porque ele tem sangue puro e sim porque ele não tem caráter.  Aliás, não sei se esqueceu, mas você também é um bruxo puro-sangue.


- É mesmo, tinha até esquecido. Mas um motivo para você não querer casar com um puro-sangue! - disse e logo caiu na gargalhada.


- Ron! Isso não tem qualquer graça! - falou olhando séria para o amigo


Os dois caminharam mais alguns metros em silêncio. Refletiam sobre o que conversaram até aquele momento. Foi Hermione que quebrou o silêncio:


- Eu também não estou pensando em casamento, mas, se é para escolher, prefiro um bruxo poderoso! - falou, também dando uma risada.


- Poderoso e famoso, não é mesmo? De preferência um famoso jogador de quadribrol - disse Ron.


- Até poderia ser um jogador de quadribol – diz pensando em Ron – mas não necessariamente famoso. Isso não tem qualquer importância para mim. As pessoas valem pelo que são, não pelo que aparentam – argumentou.


Como Hermione gostaria de ter a oportunidade de dizer a Ron que era com um bruxo puro-sangue, poderoso também, de modo especial porque teve o poder de conquistá-la, e jogador de quadribol iniciante que desejava se casar.  O rapaz, no entanto, não aceitava que ela continuasse a se corresponder com Krum e não se deu por satisfeito. 


- Sei, desde que seja búlgaro, para você está tudo bem – disse com mau humor.


- Ron! Você não pode parar de me provocar? Eu nem estou me correspondendo mais com Vítor Krum – falou.


- Não?! Vocês brigaram? – perguntou em tom de surpresa.


- Não. Simplesmente não estamos nos correspondendo mais. Quero me dedicar somente aos NOMs – justificou.


- Uma decisão inteligente – disse Ron, olhando fixamente a menina, que abriu um belo sorriso.


Neste momento surgiu Pirraça que começou a gritar: “Cabeça Vermelha e Sabe-Tudo estão namorando! Cabeça Vermelha e Sabe-Tudo estão namorando”!


- Vai assustar estudantes desocupados, seu poltergeist irritante. Nós estamos ocupados, somos monitores – protestou Ron.


O fantasma, dando uma gargalhada, desapareceu deixando atrás de si uma fumaça verde.


xxx


Ron sentiu-se feliz depois que soube que Hermione e Krum não estavam mais se correspondendo. Nunca aceitou a amizade entre os dois, que não considerava verdadeira. “Não acredito em amizade por correspondência! Amigo é quem está do seu lado, ajudando e apoiando no que você precisar”, disse uma vez para a menina.


“Ron ainda vai demorar entender que eu e ele podemos ser mais do que amigos”, lamentava a menina. Por vezes achava que era culpa dela por não saber expressar os seus sentimentos e não conseguir conquistar o ruivo. “Gina tem razão quando diz que brigo demais com Ron, sou muito exigente com ele”, refletia.


Em uma das muitas tardes que Ron e Mione passaram estudando juntos na biblioteca, enquanto Harry tinha aula de oclumência, a menina viveu um momento que considerou inesquecível.


Os dois estavam fazendo mais uma das complicadas tarefas de Defesa Contra as Artes das Trevas. Aos poucos, os demais estudantes foram saindo e logo se encontravam sozinhos.


Ron começa a se mexer na cadeira, impaciente. A menina se esforça para manter a concentração. Continua a escrever no pergaminho e tem uma das mãos apoiada na mesa.


Inesperadamente, o rapaz segura a mão da menina e começa a observá-la atentamente. Ela ainda tenta continuar a escrever, mesmo se um pouco assustada, mas logo ouve a voz de Ron.


- Sua mãe é tão pequena, delicada. A minha mão é tão grande perto da sua. Ainda não tinha reparado.


- Acho que você cresceu bastante no último ano – falou Hermione muito sem jeito, especialmente agora que Ron apoiava a palma da mão da menina na dele, comparando o tamanho das duas.


Sente-se aliviada por que o rapaz está muito concentrado olhando para a mão dela e assim não percebe como a sua face ficou vermelha. Ron entrelaça seus dedos nos de Hermione, que se sente ainda mais constrangida.


- Ron?! – falou com o coração acelerado, depois de um minuto que pareceu uma eternidade, sem conseguir mais esconder o seu estranhamento com aquele gesto.


- Ah, desculpa. Estou atrapalhando você a terminar o dever, né? – disse sem largar a mão da menina, que a essa altura não conseguia mais ler, apesar de manter os olhos no livro.


- Acho que talvez seja melhor a gente parar por aqui mesmo. Podemos terminar amanhã. Logo a biblioteca vai fechar.


Foi só então que Ron pareceu se dar conta que não havia largado a mão da menina. Desprende os seus dedos dos dela, sem graça, e suas orelhas ficam vermelhas.


- Vamos! Eu estou bem cansado também – falou.


Os dois arrumam o material silenciosamente e caminham juntos até a Torre de Grifinória. Trocam poucas palavras, mas estão felizes. A menina ainda lembrando o entrelaçar da sua mão com a do amigo, gesto que a deixou tão constrangida. O rapaz, sem saber por que, sente saudade daquela mão tão delicada e macia. Os dois experimentam a certeza que ainda vão ter muitas oportunidades de estar de mãos dadas.


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Depois que Harry anunciou que não teria mais aulas de oclumência, tudo aconteceu muito rápido.  Os treinamentos da Armada de Dumbledore se intensificaram e agora Ron também já era capaz de produzir o seu patrono, um cão terrier.


Naquela noite, todos se encontravam muito concentrados nos treinos e Neville estava quase conseguindo convocar o seu patrono. O elfo Dobby, amigo de Harry, chega inesperadamente e muito assustado, anunciando que deviam fugir porque Umbridge havia descoberto o lugar dos encontros secretos da Armada. Ron e Hermione conseguiram sair a tempo da Sala, junto com os demais alunos, e foram para a biblioteca. Ficam preocupados, no entanto, quando veem que Harry não os seguira.


Logo as notícias chegam. Marietta, amiga de Cho, havia denunciado o grupo. Dumbledore assumira a criação e liderança da Armada, fugindo espetacularmente de Hogwarts após o anúncio que seria preso em Azkaban, sob os olhos de uma perplexa Umbridge. Agora, sem o diretor por perto, sabiam que tudo seria ainda mais difícil.


Ron não pôde deixar de dar uma gargalhada e elogiar Hermione ao saber que dera certo a azaração que ela lançara em quem não mantivesse a existência do grupo em segredo. “Queria ter visto o rosto da Marietta. Mais uma vez você foi brilhante”, falou para amiga, recebendo de volta um sorriso.


O pior de tudo foi enfrentar um Malfoy ainda mais arrogante, agora membro do Esquadrão Inquisitorial de Umbridge. Hermione, revoltada com a intervenção da professora, fala sobre isso em tom irritado com Ernesto, aluno de Corvinal, na saída da aula de Herbologia. Draco, depois de ouvir a conversa deles, diz que vai tirar ponto das duas casas.


Ao escutar Draco dizer que a Grifinória perderia mais pontos por “Granger ser sangue ruim”, o ruivo, ao lado da amiga, perde toda a paciência. Ron aponta a varinha para o estudante da Sonserina, pensando no pior feitiço que sabe fazer. Hermione, segurando o braço do amigo com força, murmura em seu ouvido. “Não, Ron. Por favor. Não vale a pena”.


Hermione sempre ficava feliz quando Ron saia em sua defesa. Sentia-se amada e protegida e toda menina sabe o quanto isso é importante. “Ron, eu queria lhe agradecer por ter enfrentado o Malfoy quando ele me chamou de sangue ruim”, falou quando os dois se encontraram sozinhos. “Não precisa agradecer, Mione. Eu não fiz nada. Gostaria de ter lançado uma azaração nele, mas você não deixou”, rebateu. “Melhor assim, Ron. Já estamos muito encrencados”, disse a menina, contemplando o amigo com um olhar carinhoso.


Os dias que se seguiram foram tensos para todos os integrantes da Armada de Dumbledore que, no auge do treinamento, haviam sido impedidos de continuar a se encontrar. Os sentimentos comuns entre os alunos eram  tristeza e revolta. Agora não tinham mais liberdade, eram punidos com rigor por qualquer “deslize” – muitas vezes bastava “sorrir na hora errada” para isso acontecer – e ainda tinham que assistir a aulas medíocres (com a intervenção, também os professores perderam a autonomia para ensinar).


Por tudo isso, Jorge e Fred praticamente se tornaram heróis em Hogwarts depois do show de fogos que promoveram. Especialmente por deixaram Umbridge de cabelo em pé, irritada por não descobrir a autoria da brincadeira e não saber quais contrafeitiços usar.


 Depois do show pirotécnico, Hermione surpreendeu mais uma vez Ron sugerindo que tirassem uma noite de folga dos estudos. “Você está se sentindo bem?”, perguntou o amigo. “Sabe, agora que você mencionou... Eu acho que estou me sentindo um pouquinho... rebelde”, respondeu a morena. Ele não consegue disfarçar a expressão sorridente. Com sua natural rebeldia, que não o permite aceitar decorar um livro ou repetir sempre as mesmas fórmulas, o ruivo sente-se mais próximo da menina.


Estão a menos de dois meses dos NOMs e Hermione começa ficar muito ansiosa. Faz e refaz muitas vezes os horários de estudo de Ron e Harry.  O ruivo sempre achou que atitudes como essa mostravam como a menina queria ter tudo e todos sob controle, mas agora seu sentimento era diferente. Mesmo se não sabia ainda verbalizar isso, Ron finalmente entendia aquele gesto como uma forma de menina expressar seu carinho e preocupação com os amigos.


Hermione agia assim impulsionada por um desejo sincero de fazer com que Ron e Harry  alcançassem melhor desempenho nos estudos. Sabia que eles não tinham tanta facilidade como ela para aprender, mas os admirava sinceramente pela coragem e lealdade aos amigos e aos ideais nos quais acreditavam. No entanto, precisava reconhecer para si mesmo, era Ron que sempre a impressionara e intrigara mais, desde o primeiro ano.


Harry não tinha nada a perder. Seus pais haviam sido assassinatos e morava com tios que não lhe tratavam bem. O mundo mágico era a sua melhor opção e, ainda assim, era rejeitado por grande parte dele. Derrotar Voldemort era a sua única forma de conquistar o direito a uma vida feliz.


Ron, ao contrário, já tinha tudo. Filho de uma tradicional e querida família bruxa, facilmente conseguiria um emprego no Ministério da Magia ou em outra instituição reconhecida. Bastava que tivesse um desempenho mediano nos estudos. No entanto, parecia não se importar em abrir mão de tudo isso pela amizade sincera e verdadeira que tinha por Harry.


Essa fidelidade ao amigo a impressionara fortemente ainda no primeiro ano, quando ele decidiu se sacrificar no jogo de xadrez para que Harry cumprisse a sua missão. Ao correr ao encontro do ruivinho caído no chão, Mione teve a certeza de que estava diante de um grande bruxo, não pelo poder, mas sim pelo coração.


Reconhecia que Ron era impulsivo, falava sem pensar, muitas vezes não tinha sensibilidade para perceber que seus comentários críticos magoavam. Também era preguiçoso e, ao mesmo tempo, muito inseguro. Ao conhecer melhor o amigo e, de modo particular, ao passar alguns dias na Toca e conviver com a família Weasley, a inteligente menina se deu conta que Ron vivia em constante luta por um espaço ao lado de irmãos tão brilhantes.


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O acontecimento não surpreendeu Harry. Ele achava que Fred e Jorge tinham talento e criatividade demais para se adaptarem à rotina monótona de qualquer escola. Hermione, que não aceitava as brincadeiras dos gêmeos e ficava chateada de modo particular pela forma como tratavam Ron, passou a admirá-los depois do show pirotécnico. A espetacular fuga na vassoura diante de uma incrédula Umbridge foi aplaudida por todos os alunos e também pela menina. “Seus irmãos foram geniais”, comentou com Ron.


O ruivo foi quem ficou menos surpreso com a fuga dos irmãos. Sabia que eles tinham capacidade e ousadia suficientes para aquilo e só ficavam na escola por causa da mãe. Molly fazia questão que todos os filhos, assim como ela e Arthur, fossem formados em Hogwarts. E foi na reação dela que Ron pensou ao ver os gêmeos desaparecem no céu. “Eles vão levar uma bronca fenomenal da mamãe”, comentou.


Com a proximidade da partida final de quadribol, na qual Grifinória enfrentaria Corvinal, Hermione se deu conta que a ausência dos gêmeos seria benéfica para o amigo. “Sabe, eu acho que Ron pode fazer melhor sem Fred e Jorge a sua volta. Eles nunca lhe deram confiança”, disse para Harry.


A menina fez questão de dar um abraço no ruivo e dizer que ficaria na arquibancada, torcendo por ele. Estava muito nervosa com o jogo. Parecia até que iria fazer uma prova. Sabia que Ron jamais perdoaria a si mesmo se falhasse mais uma vez e não queria que isso acontecesse.


Mione estava completamente concentrada em cada movimento do amigo durante a partida, que mal começara, quando Hagrid aparece dizendo que precisa dela e de Harry. Muito a contragosto, a menina o segue, imaginando que seria algo rápido. Quando começam a entrar na Floresta Negra, dá uma última olhada em direção ao campo e sente-se angustiada por não poder dar o apoio prometido a Ron.


No início do jogo, Ron se virou para a arquibancada e seus olhos se cruzaram com os de Hermione, que deu um lindo sorriso. O ruivo sorriu de volta e sentiu seu coração se aquecer, experimentando uma certeza de que se sairia bem naquele jogo.


A partida foi tão exigente que o menino não teve outras oportunidades de olhar para a arquibancada, mas bastava saber que a menina estava lá para se sentir mais confiante. Quando o jogo terminou, buscou instintivamente pela amiga, mas logo já estava sendo suspenso pelos outros alunos da Grifinória que repetiam o slogan da Sonserina, gritando “Weasley é nosso rei”. Dessa vez, porém, Ron sentia-se feliz em ouvir aquela música.


Ao se aproximar do campo, depois da assustadora descoberta de que Hagrid estava escondendo seu meio-irmão gigante na Floresta Negra, Hermione logo ouviu aquele refrão. Sentiu-se ainda mais arrasada. “Não é possível. Ron fracassou mais uma vez”, pensou com grande desânimo, lamentando não ter assistido ao jogo, como prometera.


Pouco depois, alertada por Harry, percebe que a letra da música estava alterada. Cantavam “ele não deixa os goles passar” e, o melhor, Ron estava sendo levantado por um grupo entusiasmado vestido de vermelho e amarelo. Grifinória havia vencido!


Se fosse em outro momento, a menina correria até Ron para abraçá-lo. Mas sentia-se sem energia depois do seu encontro com o gigante Grap. Imaginava o que aconteceria caso Umbridge descobrisse o que Hagrid escondia na Floresta Negra. Também estava descabelada, com o rosto machucado e sujo. Uma aparência nada boa para se apresentar diante do garoto que queria ter como namorado.


Foi Ron que avistou os amigos e, gritando o nome deles, balançou a taça dizendo quase sem fôlego: “Nós conseguimos! Nós ganhamos”!


Hermione, esquecendo por alguns segundos de Grap, deu um largo e iluminado sorriso para o amigo, que estava radiante. Não precisou se preocupar com a aparência nem em o que dizer para o ruivo, que desapareceu no corredor que dava para o vestuário, carregado nos braços pelos alunos. “Nós guardamos nossas notícias até amanhã, certo?”, propôs Harry. A menina concordou na mesma hora. Apesar de feliz com a conquista de Ron, tudo que queria agora era tomar um bom banho e descansar.


No dia seguinte, já refeita do susto e descansada, Hermione ouviu com muita atenção Ron narrar todo o jogo. Se o rapaz não tivesse tão empolgado, talvez tivesse reparado que a amiga, apesar de atenciosa, permanecia muito quieta.


Os três amigos estavam à beira do lago, depois de convencer Ron a estudar ao ar livre, quando o ruivo descobriu que Mione e Harry não tinham assistido à partida. O rapaz não conseguiu esconder sua decepção e, olhando incrédulo para a menina, perguntou se ela não tinha visto nenhuma de suas defesas.


Desesperada ao ver a decepção do amigo, quase chorando, Mione tentou explicar. “Mas Ron, nós não quisemos sair. Nós tivemos que sair!”, falou com ênfase.


- É? - disse Ron com a face ficando muito vermelha. - Por quê?


Hermione não sabia por onde começar e Harry foi ao socorro dela, contando toda a história, com seus detalhes, em cinco minutos. No final, a indignação de Rony se transformou em total incredulidade. Para alívio da menina, ele parecia ter entendido que não tiveram opção além de seguir Hagrid até a floresta.


- Ron, eu não queria, por nada desse mundo, ter perdido o jogo. Mas não tivemos opção – fez questão de enfatizar a menina assim que os dois se encontraram sozinhos.


- Tudo bem, Mione. Esquece isso – falou com simplicidade.


A menina olhou para ele de forma carinhosa. “Fiquei muito feliz com a vitória de Grifinória e, especialmente, com as suas defesas. Parabéns, Ron”, disse Mione e o rapaz deu um sorriso envaidecido. Como era bom ser motivo de orgulho para a amiga.


xxx


Nos últimos dias de maio, Hermione estava com os nervos à flor da pele. Os NOMs se aproximavam e a menina sentia-se tensa como os amigos jamais viram, apesar do nervosismo antes das provas ser uma das características mais marcantes dela. Na opinião de Ron, “Hermione está chata como nunca, verdadeiramente insuportável”.


- Não posso fazer qualquer comentário que Mione logo perde a paciência comigo. Termina sempre os seus discursos dizendo que sou um irresponsável, não ligo a mínima para os estudos. E olha que às vezes estou simplesmente contando alguma história da minha família. Tenho que aturar isso em todas as rondas que fazemos juntos. Não estou aguentando mais – desabafa Ron com Harry.


Na volta da prova de Runas, depois de constatar que havia errado uma questão, Hermione está muito chateada. Ron, que jogava xadrez de bruxo com Harry, tenta consolar a amiga, dizendo que uma questão não vai fazer diferença, mas ela reage ainda com mais irritação. Quando Hermione sobe as escadas zangada, Ron faz o seu irônico comentário: “Uma menina amável e doce...”.


Ron e Hermione haviam se aproximado muito naquele ano e entendiam, como nunca, as limitações um do outro. Por isso, ao se deitar, o rapaz pensou na menina e se deu conta do quanto ela estava sofrendo com as provas. “Para ela isso é muito importante. Acho que preciso ter mais paciência”, pensou.


- Hermione, você vive dizendo que devo tentar não ficar nervoso nas partidas de quadribol, mas fica ainda mais tensa quando tem uma prova – falou para a amiga no café da manhã.


- Eu sei, Ron. Estou tentando, mas é muito difícil. Acho que sinto o mesmo que você quanto tem um jogo de quadribol – respondeu ela com sinceridade.


- Sabe, Mione, existem coisas muito mais importantes que obter um bom resultados nas provas. A família, a amizade, os princípios têm muito mais valor. Mamãe vive dizendo isso – argumentou o rapaz.


A menina, que a essa altura já estava desarmada, olhou admirada para o ruivo. Tinha que admitir que muitas vezes ele era muito mais maduro que ela.


 


 xxx



Para  ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 


I Want To Hold Your Hand 


http://irpra.la/m/1059784 


Oh yeah,
I'll tell you something,
I think you'll understand
When I say that something
I wanna hold your hand,
I wanna hold your hand,
I wanna hold your hand...

Oh please, say to me
You'll let me be your man
And please, say to me
You'll let me hold your hand
Now let me hold your hand,
I want to hold your hand...

And when I touch you
I feel happy inside
It's such a feeling that my love
I can't hide, I can't hide,
I can't hide...
(…)


 



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