Tempo de Descobertas




Aquele
ano seria de grandes revelações e surpresas para Ron e Hermione, fazendo a crescer ainda mais a admiração que sentem um pelo outro. Claro que haveria decepções, mas essas seriam menores e, aos poucos, ficariam pequenas demais diante de tantas qualidades que Mione contemplava em Ron e o rapaz via na menina.


Isso acontece àquela noite diante da reação do amigo à carta de Percy, que rasga em oito pedaços antes de jogar no fogo. A atitude de Ron, mostrando sua clara discordância do irmão que pede o rompimento da amizade dele com Harry, toca o coração da menina. Hermione, que estava se recusando a ajudar os amigos nas lições por achar que estavam estudando pouco, sensibilizada com o gesto do ruivo, se oferece para revisar as tarefas dos dois. Em troca, recebe uma verdadeira declaração de amor do amigo por quem é apaixonada.


- Hermione, você, honestamente, é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci - disse Ron fracamente - e se eu algum dia for rude com você novamente...


A menina fica muito tocada com aquelas palavras, mas, logo pensando que o ruivo só fala aquilo da boca da fora, como forma de conquistar a ajuda dela, reage.


- Eu saberei que você voltou ao normal – rebateu.


Ron olha para ela e sacode o rosto. “Não tem jeito. Ela nunca acredita que posso ser melhor”, pensou. A menina logo se sentiu arrependida por ter sido dura com ele, justamente no momento que recebia um elogio tão especial. “Hermione, você, honestamente, é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci’. Essas palavras ecoavam em sua cabeça e pareciam realmente sinceras.


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Tudo estava acontecendo rápido demais naquele ano. Se fossem boas notícias, não haveria problema. Mas o fato é que os recentes acontecimentos eram desesperadores. Umbridge acabava de ser eleita a “grande inquisitora” de Hogwarts, com poder para assistir as aulas e expulsar professores que “não cumprissem as normas”. E para piorar, Harry havia sido punido com uma segunda semana de detenção.


Ron e Hermione passam muito tempo juntos. Os dois estão chateados e preocupados com aquela situação e, de certa forma, consolam um ao outro.


Foi numa das noites em que Harry cumpria detenção e os dois, sentados próximos à lareira, faziam uma tarefa de poções que Ron foi surpreendido mais uma vez pela amiga.


- Ron, eu estava pensando... Se depender de Umbridge, vamos desaprender o que sabemos sobre Defesa contra as Artes das Trevas. Precisávamos de alguém que pudesse nos ensinar ... – começou a menina.


- Ótima ideia, Mione. Mas isso é algo impossível. Todos os professores que tivemos já não estão mais aqui. Aliás, o único que prestou foi mesmo Lupin... Dumbledore seria a melhor pessoa para isso, mas com a escola sob intervenção... – refletia Ron.


- E o que você acha do Harry nos ensinar? – disse num fôlego só.


- Harry? Mas ele também é aluno, como nós. E depois seria difícil manter essas aulas em segredo. A professora Umbridge vigia cada corredor...


- Harry sempre foi o melhor aluno dessa disciplina, o único que conseguiu conjurar um patrono até o momento. Encontraremos um lugar para as aulas. Seus irmãos conhecem cada passagem secreta deste castelo e vão poder ajudar – argumentou.


- Bem, eu acho a ideia... genial, Mione! Realmente genial – elogia, recebendo um lindo sorriso em troca.


Ron olha para a menina, que ainda traz a fisionomia sorridente. “Como Hermione está diferente. Não parece mais com aquela menina que conheci no primeiro ano”, reflete. A amiga já o surpreendera positivamente ao desafiar as imposições de Umbridge no primeiro dia de aula. Agora dava uma ideia que, com certeza, seria rejeitada por qualquer monitor desejoso de manter a ordem e a disciplina. Mione parecia se enquadrar entre esses, como bem demonstrara ao ser rigorosa com os gêmeos. Nesse momento, porém, sua rebeldia se manifestava com força e Ron estava, no mínimo, assustado.


O ruivo só não imaginava o quanto a amiga ficava feliz quando era elogiada e incentivada por ele. O apoio e valorização de Ron eram muito mais importantes do que qualquer nota máxima em uma prova.


Quando Harry voltou da detenção, não reagiu muito bem a sugestão da amiga. Mas por fim admitiu pensar no assunto.


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Apesar de se sempre se irritar com o jeito autoritário e teimoso da amiga, Ron não conseguia imaginar a sua vida sem a menina. Reconhecia o quanto ela o ajudava e estimulava a ser sempre melhor. Aprendia muito com Mione, mas também sentia que tinha muito o que ensinar a menina. Hermione levava tudo a sério demais. Ao lado dele, porém, parecia ficar mais descontraída e bem-humorada. Isso quando não brigavam, é claro.


Por tudo isso, Ron queria dar um presente especial de aniversário para Hermione. Tinha decidido que não a presentearia mais com livros. Ela já tinha livros demais. Pensou em comprar um tabuleiro de xadrez, mas logo desistiu. A menina não curtia muito jogar.


Colin Creevey chegou à noite ao dormitório com duas caixas cheias de fotos que havia tirado dos alunos desde que entrara em Hogwarts. Ron a princípio não se interessou. Outros estudantes, porém, logo se aglomeraram em volta do rapaz e começaram a comentar as fotos. Foi quando o ruivo ouviu Simas dizer “Hermione estava tão bonita no baile, nem parecia que era ela” que teve o seu interesse despertado.


O menino, que queria juntar dinheiro para comprar uma nova máquina, estava vendendo as fotos. Ron em geral rejeitava tudo que o levasse a gastar os seus esparsos galeões, mas resolveu dar uma olhada. Para sua surpresa, encontrou imagens muito boas. Uma dele e Harry jogando xadrez, sendo observados por Mione e outra dos três juntos na loja Dedosdemel. Mas foi a de Hermione sozinha e sorridente, no dia do Baile de Inverno, que chamou mais sua atenção.


Pediu um desconto para Colin e, depois de chorar muito, conseguiu reduzir o preço das três imagens a metade. Já sabia o que iria dar de presente a Hermione. O fotógrafo logo aproveitou para mostrar mais duas fotos, nas quais a menina aparecia ao lado de Vitor Krum. Ron conteve o impulso de rasgar as fotografias e se limitou a dizer. “Se eu fosse você, jogava essas imagens fora”. O menino respondeu: “Nada disso. Vou vender para Hermione. Aposto que ela vai adorar”.


Ron, definitivamente, estava enlouquecendo. Se não fosse assim, o que explicaria o fato de ter escondido a foto de Hermione no livro de Defesas contra as Artes das Trevas. Sentado na cama, fingia estudar enquanto, na verdade, observava atentamente cada detalhe do rosto da amiga.


“Como Hermione estava linda naquela noite. Mas, pensando bem, ela está ainda mais bonita agora”, refletia o rapaz olhando a imagem da menina que, seguindo a tradição das fotos bruxas, virava o rosto e abria um belo sorriso. Ron, porém, não conseguia contemplar muito tempo aquela fotografia sem lembrar da amiga nos braços de Krum. Uma revolta logo aquecia o peito do rapaz, que sentia o rosto queimar.


Mesmo se queria guardar a foto consigo, esses sentimentos contraditórios o levaram a decidir dá-la de presente à menina. Para completar o presente, resolveu ir à vila no sábado e comprar um álbum de fotografias. Convidou Harry e Gina para acompanhá-lo. Mas como iria fazer para Hermione não querer ir junto? Não foi muito difícil. Preocupada com as muitas tarefas passadas durante a semana, a morena disse, decidida como sempre, que ficaria todo o fim de semana estudando.


Harry comprou mais um livro para Hermione, enquanto Gina resolveu dar um delicado espelhinho à menina. Ron olhou o presente escolhido pela irmã com desconfiança. “Toda menina gosta dessas coisas!”, ela argumentou. “Gosta mesmo, Gina? Não vejo Mione com brincos, colares, pulseiras, muito menos com maquiagem. Acho que ela não curte essas coisas não”!


- Ela pode não ser muito vaidosa, mas um pouco vaidosa é sim! Talvez só precise de uma motivação para se produzir mais. Esqueceu como ela estava linda no Baile de Inverno?


Diante desse argumento, Ron se calou. Como iria se esquecer de Hermione naquele baile? Nem que vivesse mil anos se esqueceria.


Na véspera do aniversário de Hermione, Gina decidiu falar com o irmão. Com seu agudo senso de observação, ela já tinha percebido há muito tempo que Ron gostava da amiga e era correspondido. Mas sabia também que os dois eram cabeças duras o suficiente para jamais admitirem isso. Qualquer palavra a mais, portanto, ao invés de uni-los poderia afastá-los ainda mais. Com cautela, ela disse a Ron:


- Amanhã, quando você for entregar o presente da Mione, não se esqueça de dar um abraço e um beijo no rosto dela. É o aniversário de Hermione e o mínimo que você pode fazer é ser um pouco menos seco.


Ron ficou com vontade de protestar, mas reconheceu que precisava dar esse passo, mesmo se era difícil. Gina manteve-se firme. No fundo, fazia isso mais pela menina do que pelo irmão. Testemunhara como Mione havia ficado decepcionada quando ao reencontrá-la, no Grimauld Place, ele apenas acenou de forma fria para a amiga, sem ao menos se aproximar.


 - Ron parece não ter gostado muito de me ver - deixou escapar Hermione na ocasião.


- Gostou sim! Ele é desajeitado assim mesmo. Não sabe expressar afeto.  Acho que o fato de ter cinco irmãos mais velhos o deixou seco desse jeito - contra-argumentou a ruiva.


O conselho de Gina surtiu efeito. Quando Hermione desceu para a sala comunal na manhã seguinte, quem primeiro a alcançou para um abraço foi Harry, como sempre. A menina agradeceu e segurou o presente que  havia recebido. "Vou abrir daqui a pouco", anunciou. Ron, que havia refreado a vontade de correr até a amiga, estava a dois metros, observando.


A menina olhou o ruivo, com expectativa. Ron avançou na direção de Mione decidido. Envolveu-a com um dos braços e, reclinando a cabeço, beijou os cabelos da menina e logo sentiu o perfume adocicado da amiga. Afastou-se um pouco, beijando a bochecha da menina e se desprendeu do abraço. "Feliz aniversário, Mione", disse com o rosto corado. Hermione também estava levemente rosada, mas feliz. "Aqui está o seu presente".


- Obrigada a vocês dois - disse, olhando para Harry, que sorriu. Hermione já havia se sentado para abrir os embrulhos, quando Gina desceu correndo a escada e logo deu um apertado abraço na amiga.


Era ainda no ruivo que Hermione pensava. Não foi um cumprimento entusiasmado, mas muito menos frio e distante. A morena sentiu, pela primeira vez, que a barreira que o rapaz havia colocado entre os dois estava se quebrando. Percebeu toda uma ternura naquele abraço e no beijo no cabelo e no rosto. Como queria que aquele momento tivesse durado mais. Porém intuiu que se prolongaria no tempo, com aquela sensação tão forte e boa - que ainda não era uma certeza - de ser amada pelo rapaz que amava.


"Adorei, Harry! Estava mesmo querendo este livro. Parece que você sempre adivinha", disse ao abrir o primeiro embrulho. O menino sorriu e ela começou a desembrulhar o presente de Gina "Que delicado! Amei!", falou, dando uma piscadela para a amiga. "Por que sempre tenho que ficar por último", pensou o ruivo.


A menina, parecendo ler o pensamento do amigo, olhou para ele. "Agora vou abrir o seu, Ron". Ele virou o rosto, parecendo indiferente. "Um álbum de fotografias!? Que legal. E já têm algumas fotos!". Harry e Gina se aproximaram e sentaram ao lado da aniversariante para ver as imagens.


- Lembro desse dia como fosse ontem! Perdi todas as partidas de xadrez para Ron. Você bem que tentava me ajudar, Mione, mas ele já era imbatível! - falou Harry.


- E desse passeio nosso na Dedosdemel, lembram? Foi muito divertido! - falou Hermione.


- Eu lembro perfeitamente. No dia seguinte passei mal de tanto doce que comi - disse Ron.


- Novidade - zombou Gina e os quatro caíram na gargalhada.


- Hei, como você conseguiu esta foto? - perguntou a menina ao deparar com a própria imagem no Baile de Inverno.


- Colin andou vendendo algumas fotos que fez... Nem imaginava que ele tivesse fotografado esse baile... - disse o menino.


- Ele fotografa tudo que está ao seu alcance - contrapôs Hermione.


- Estranho... Só aparece você? Onde está o Krum? - perguntou Gina.


Hermione corou na mesma hora. Por que Gina tinha que  falar tudo o que passava pela cabeça? Agora que ela e Ron pareciam, finalmente, estar transpondo a montanha que os separava, a amiga lembrava do búlgaro. Era matemática pura: bastava o rapaz ouvir  falar do jogador de quadribol para fechar a cara.


- Gina! Para  que eu ia querer uma foto com Krum?


- Ué? Vocês não são tão amigos? Você sempre escreve para ele – provocou Gina.


Ron não conseguia suportar mais aquela conversa. "Estou morrendo de fome. Vou descer para tomar café".


 Ah, não! Não posso deixá-lo sair tão chateado assim – pensou Hermione. "Ron!", chamou. "Espera! Eu vou com você!"


Gina e Harry olharam um para o outro, com sentimento de que tinham sobrado. Deixaram Hermione andar apressada em direção ao ruivo, que parou com uma cara contrariada. "Vai sair briga, quer apostar?", disse Harry, piscando para a ruiva. "Aposta perdida. Nem vou me arriscar", respondeu a jovem Weasley.


Quando já estava ao lado de Ron é que Hermione se deu conta de sua atitude impulsiva. "Harry, Gina, vocês não vem?"


- Vamos daqui a pouco - disse Harry.


Sem contestar a resposta  do amigo, Hermione virou-se para o ruivo e disse em tom de queixa: "Você nem esperou eu agradecer o presente". Ron respondeu emburrado: "Aquela conversa sobre o baile e sobre aquele búlgaro insuportável não ia terminar tão cedo". Ele a havia provocado, mais uma vez. Por que precisava chamar Krum de insuportável?


"Ron, você não pode falar de Krum assim! O que ele fez para você?", questionou, tentando manter a calma.


 Como ele poderia dizer que o "crime" do rapaz tinha sido ir ao Baile de Inverno com a amiga?


- Mione, eu não gosto da sua amizade com ele. Não acredito na sinceridade desse sentimento.


- Ron, a gente sempre briga quando fala do Krum e do baile. Que tal mudar de assunto?


- Foi você que começou!


- Mas você esperava o quê me presenteando com uma fotografia do baile?


- Ah, não gostou da foto, não é?


- Não é isso... é...


- Eu achei que você ficou... bem na foto. Por isso lhe dei de presente. Mas eu, particularmente, detestei tanto aquela noite que preferia que nunca tivesse acontecido!


Como Ron falava assim? Aquela tinha sido uma noite tão importante para ela. Não por estar com Krum, mas por se sentir, pela primeira vez, admirada pelo ruivo não pela inteligência, mas pela beleza.


Hermione não se achava bonita. Tudo bem que não era feia, tinha os traços delicados e harmoniosos - pelo menos era assim que a sua avó materna a descrevia. Mas nem de longe tinha a beleza de Gina, Lilá Brown, as irmãs Patil, Cho e outras tantas alunas que despertavam suspiros nos rapazes.


Passava despercebida por seus traços físicos, mas jamais deixaria de ser notada já que era a melhor aluna do seu ano e uma das melhores que já havia passado pela escola, nas palavras da professora Minerva.


Ron vivia elogiando a inteligência da menina, mas também a criticada por ser "metida a sabe-tudo", pensar demais nos estudos e não saber se divertir, achar que nos livros encontraria todas as respostas.


O ruivo tinha alguma razão. Ela era  tensa demais com o estudo, não aceitava ser a segunda - afinal, era apenas assim que se destacava das outras meninas - e, definitivamente, não encontrara todas as respostas nos livros. A principal delas era saber que sentimento forte e confuso era aquele que tinha pelo amigo e, de modo particular, se era correspondida.


- Não concordo com você, Ron. Acho que aquele baile foi muito importante para nós dois e um dia você vai se dar conta  disso - rebateu a menina.


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Para  ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo: 


Love Story


http://irpra.la/m/1004310 


We were both young when I first saw you
I close my eyes
And the flashback starts
I´m standing there
On a balcony of summer air


See the lights,
See the party, the ball gowns
I see you make your way through the crowd
You say hello
Little did I know


That you were Romeo you were throwing pebbles
And my daddy said: "Stay away from Juliet!"
And I was crying on the staircase
Begging you please don't go, and I said
(…)




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