De volta ao jogo



Porcelana branca. Sim, branca e fria, como a morte. Alguém bate a porta e entra. Uma mulher jovem, com vestes ébano de criada. Ele fecha a porta a suas costas e faz uma reverencia.
_Senhorita, tomei a liberdade de despojá-la das roupas que vestia e imergi-la num banho. Quando o lorde a deixou na cama estava desacordada e coberta de poeira da cabeça aos pés, o que é muito curioso já que estamos cobertos de neve.
A mulher se contraiu como se tivesse falado demais por ora e continuou.
_Lorde Voldemort a espera para a ceia. Suas roupas e pertences estão nos armários. Com licença.


Saí da banheira para lavar-me na ducha. Eu não podia esquecer as regras do jogo.
Meu quarto era palacial. Todo pintado de branco e vermelho diluído em água, tapetes macios como o próprio algodão, cortinas grossas e aveludadas, uma lareira alta, detalhes em ouro e pedras quentes. Nos armários, corpetes, espartilhos, roupas de baixo luxuosas e vestidos fantásticos, sandálias incrustadas de gemas ricas e diversos artigos de toalete. A cama fora recheada com camadas de edredons e lençóis acolchoados do linho mais fino, coberta por uma manta vermelha sangue. Irresistivelmente acolhedor.
Vesti uma lingerie branca perolada e um vestido branco longo com fendas que iam até os quadris (até porque meu figurino não oferecia nada mais decente). Era, por incrível que pudesse parecer, minha veste menos ousada. Eu precisava de ajuda para apertar o espartilho das costas. Só então notei um pedaço de madeira sobre a cama. Uma varinha? Eu não podia mais praticar magia. Desviei o olhar e achei um modelo com cordas na frente e não calcei nada.
O piso lustrado do corredor não rangia enquanto eu o pisava, construindo um silencio absoluto. Descendo as escadas, as vidraças denunciavam a chuva ruidosa, mas no castelo nada se ouvia.
O salão era vasto e espelhado nas paredes. Meus passos no mármore gélido pareciam valsas tímidas na escuridão. Na sala a frente estava a comprida mesa posta para dois lugares, um em cada extremidade, e de uma bacia prateada no centro caiam maças num sutil rosado e estas rolavam ate chegar ao chão com um ruído freqüente.
Uma brisa exasperadamente fria apalpou minhas costas nuas e tochas empoeiradas no canto de cada janela acenderam-se.
_Não as olhe dessa maneira. Esperaram tanto para vê-la que os ventos de outono as cobriram de pó_Riddle disse, me oferecendo o braço.
_Uma criada falou-me a tarde.
_À noite _ele sorriu.
_Que seja. Que lugar é esse?
_Você é a única que pode saber, não?

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