Prólogo



Prólogo

Vou dizer logo de cara, é tudo culpa do Carma.


Sim, do Carma!Você sabe, aquela força inconfundível do universo que garante que as boas ações sejam recompensadas e que as más ações sejam punidas.


Como Quando eu estava na sétima série e roubei o lanche da minha irmãzinha porque acordei atrasada para fazer o meu. Quando cheguei à escola, vi que a carne do sanduíche estava, na verdade, estragada e que acabei gastando o que sobrara da minha mesada com a comida irreconhecível da cantina nojenta.


Carma.


Ou no verão, entre o segundo e o terceiro ano da escola, quando a minha melhor amiga, Angie,e eu decidimos que nosso tempo seria mais bem empregado indo para o shopping do que mantendo a promessa de ajudar sua mãe a limpar a garagem. Bom, o carro da Angie ficou sem combustível no meio do caminho e acabamos passando a manhã nos arrastando em um calor de 40 graus até o posto próximo, que era. Sem nenhuma surpresa, a dez quilômetros de distância, para depois retornarmos ao carro abandonado com um galão de gasolina que pesava nada mais que dez ário dizer que total de energia gasta durante nossa escapadinha resultou em dez vezes mais do que o que gastaríamos ajudando a senhora Harper no meio de algumas caixas empoeiradas.


Isso mesmo, olha o Carma aí de novo.


E, quando eu tinha 9 anos, implorei obsessivamente aos meus pais que me dessem um cachorro, e eles recusaram. Então, decidi me voluntariar num abrigo de animais da região para passear com os cachorros que não tinham lar, já que seria o mais próximo que eu chegaria de ter um cachorro. Bem, meus pais ficaram tão impressionados com a minha "dedicação" –como eles chamam-, que acabaram me deixando escolher e adotar um cachorro do abrigo.


Como você pode ver, isso funciona de duas formas.


As boas ações são premiadas, enquanto as más são castigadas. Coisas boas acontecem a pessoas boas e coisas ruins acontecem a pessoas ruins. É exatamente assim que o Carma funciona.


Bom,pelo menos, era assim que eu achava que funcionasse.


Mas isso foi antes de eu começar o segundo semestre do último ano na escola. Foi quando tudo mudou. Tudo o que eu pensava que sabia e tudo o que eu pensava que podia contar, de repente, foi por água abaixo.


Acredito que posso rastrear o dia exato em que tudo começou.


Aquele dia fatídico quando a Angie me ligou para contar a novidade.


Sim, definitivamente foi aquele dia em que tudo começou. Antes que meu mundinho tão simples – em que dois mais dois eram quatro, e que certo e errado eram tão diferentes quanto a noite e o dia – fosse virado de cabeça para baixo. E, daquele momento em diante, não houve mais nada em minha vida que pudesse ser descrito como "simples".

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