Poesia e Melodia (drabble)



Ela sorria. Não se importava com o universo em volta. Era ele, e só ele.   


Deixava-se ser tocada. Cada vez mais doce... Cada vez mais delirante. Ele suspirava em seu ouvido, enquanto ela agarrava seus longos cabelos e fechava os olhos. 


Estavam ofegantes, mesmo que não ainda entregues um ao outro. Era a saudade. Mal sabia ela se o abraçava ou se dava o que comer. Até que o alimento tornou-se um beijo, dois; eles não contavam. Não ousavam contar. Ele voltara do Inferno, e ela, da forca. 


E se amavam a cada segundo. Era poesia, versos mal bolados e mesmo assim, encantadores. Era tempo, fácil. Bicuço esquecido ao lado deles, admirava o céu que lhe passava sob a cabeça penosa. Ele previra, eles eram cegos, exceto para um e outro. 


Era música. 


Ela decifrava o som do vento.  Pureza, e as batidas eram sincronizadas. Juntas. Tão fortes quanto o som do piano. 


Embriagante.  Perdiam-se no próprio céu, deixando o veneno para trás, acabara. Era o agora, o tempo era perdido. Mas mesmo assim, o piano continuava a ser tocado. Pelos dois dessa vez, era casto. Imaculado. 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.