Único





Era o último ano deles em Hogwarts, e as dúvidas eram algo fácil de surgir para a maioria dos alunos, e não era diferente para Draco Malfoy, que tinha mudado um bocado depois da guerra. Ficava a maior parte do tempo sozinho, pensando no que faria quando o ano letivo acabasse. O que faria, se voltaria para a mansão da família, em que trabalharia... mas o que mais doía nele era o fato óbvio de estar sozinho.

Tal pensamento passou a martelar constantemente na sua consciência quando ele viu Harry Potter e Virgínia Weasley passarem de mãos dadas, rindo e correndo pela beira do Lago Negro, jogando água um no outro, e depois, completamente encharcados, se beijavam apaixonadamente. Aquela cena doeu mais do que ele achava que deveria. Sim, mais uma vez sentira inveja da felicidade alheia. Felicidade que provavelmente não teria por muito tempo da sua vida.

Dias antes uma festa de formatura fora marcada para celebrar o início da nova vida dos formandos. Ele riu quando recebeu o papel; iria sozinho, dessa vez por vontade própria, e muito provavelmente por não ter o que celebrar, na prática. Alguém o olhava de longe, em silêncio, sem demonstrar qualquer tipo de satisfação em vê-lo daquele jeito.

Você não sai da minha cabeça
A cada dia eu gosto mais disso

Astoria era uma das alunas mais inteligentes da Corvinal, longos cabelos loiros, pele clara, um tanto magra, e de estatura mediana. Tinha bonitos olhos amendoados, expressivos, e era muito calada. Batia o convite para o Baile nas mãos; sua irmã se formaria e ela ainda tinha mais um ano para cumprir, para então seguir caminho contrário ao dela. Queria ser medibruxa. Adorava passar horas na enfermaria, aprendendo sobre as doenças mágicas, os medicamentos e seu poder de cura, e queria aquela vida pra si. Mas o que a fazia morder a parte interna do lábio inferior era o nervoso que aquele pensamento que a invadira ao olhar Draco Malfoy e baixar os olhos para seu convite.

Me perco no tempo
Só de pensar no seu rosto

_ Tem certeza que você vai fazer isso mesmo, mana? _ perguntou Dafne a Astoria, as duas sentadas no gramado dos jardins do castelo.

_ Uma hora preciso tomar coragem, não é? _ disse Astoria, suspirando e baixando os olhos. _ Nem sei se ele vai querer ouvir o meu 'oi', mas é a última chance.

Dafne sorriu.

_Sei que a Pansy vai convidá-lo, ela é atirada, mas eu tô contigo. Também acho que não vai descobrir nada se não tentar. _ a moça, idêntica a outra, mas com cabelos curtos e ligeiramente mais claros, se levantou.

_ Já pensou no seu vestido? _ a morena perguntou, se levantando também.

_ Já, e você? Quer ajuda?

_ Não precisa. Acho que sei o que vou usar há muito tempo, talvez a minha
vida toda _ ela terminou, sorrindo, e caminhando de volta ao castelo.

Só Deus sabe porque levei tanto tempo para me livrar das minhas dúvidas
Você é o único que eu quero

O baile seria no dia seguinte e Astoria estava desesperada por ter falhado nas duas tentativas que fez de se aproximar do loiro, sem conseguir falar. Mas ao mesmo tempo estava aliviada por vê-lo rejeitar o convite de Pansy Parkinson. Era alguma coisa.

Decidiu experimentar seu vestido mais uma vez. Era lindíssimo: ela mesma o havia desenhado, e sua mãe, uma famosa costureira e modelista de uma grife bruxa, tornara aquele sonho em realidade. Sentiu que era a hora certa de usá-lo. Ele era de cetim de seda verde esmeralda, que contrastava com sua pele clara, a realçando mais, com alças finas e bastante fluído, dando leveza ao andar. As costas tinham um bonito decote em V que ia até o meio da cintura, com sensualidade na medida.

Sorriu ao se olhar no espelho. Era como se tivesse tomado uma boa dose de Felix Felicis, e se sentia como se tudo fosse dar certo.

Nem sei porque eu estou assustada
Eu já vivi isso antes

_ Quer ajuda com o cabelo? _ Dafne perguntou, vendo o embaraço que a irmã se encontrava ao tentar fazer algo que a agradasse nos cabelos.

_ É, pode ser _ aceitou Astoria, se entregando aos cuidados de Dafne.

_ Nervosa? _ Dafne quis saber, enquanto juntava duas mechas dos cantos da cabeça para cima.

_ Um pouco _ ela admitiu, suspirando. O toque das mãos macias da irmã a acalmava, e era o que precisava.

Cada sentimento, cada palavra
Eu já fazia idéia disso tudo

_ Você sabe como agir, já pensa nisso há tanto tempo, não vai ser difícil, As...

_ Acho que vai ser a coisa mais difícil que farei na vida.

Ela se levantou e se olhou no espelho. Dafne havia feito um meio-preso, deixando a maior parte dos cabelos soltos e algumas mechas presas com uma linda presilha dourada com alguns brilhantes minúsculos. A maquiagem era leve, com olhos bem marcados, seus cílios longos dispensando o uso de rímel, um pouco de blush pra marcar as bochechas de leve e um batom cor-de-boca. Calçava sandálias também douradas, que pouco apareciam devido ao balanço do tecido do longo que trajava. De joias, só um solitário no dedo anelar, presente do seu pai quando completou quinze anos.

_ Está linda, querida _ disse Dafne, dando um beijo na testa da irmã. _ Não duvide disso.

_ Você está linda também, fica ótima de azul.

_ Inversão de papéis _ comentou a outra rindo, em menção às cores das Casas as quais pertenciam.

_ Pois é, quem entenderia?

_ Não me faça perguntas difíceis _ Dafne disse rindo mais ainda, e pegando as bolsas de mão das duas. Estendeu uma delas pra irmã. _ Pronta?

_ Claro, não está vendo? _ disse Astoria sorrindo.

_ Você entendeu, mocinha.

_ Nunca vou estar, mas vamos lá _ respondeu ela, saindo do dormitório. Aquele era seu momento e a última chance, precisava dar certo.


Você nunca vai saber disso
Se você nunca tentar perdoar o seu passado e simplesmente ser meu

As escadarias pareciam não ter fim. As descia devagar, com receio de finalmente chegar, e ao mesmo tempo querendo chegar logo. Dafne fora se encontrar com Blaise, seu par, e ela se sentia extremamente sozinha, especialmente naquele momento. Logo que chegou ao Salão Principal, que estava lindamente decorado, avistou Draco sentado em uma das mesas, e para sua tristeza, com Pansy lhe atormentando. Viu Blaise e a irmã, que lhe acenou breve e discretamente, lhe mostrando o polegar, em sinal de positividade.

A cerimônia começou, com discurso de alunos escolhidos pelos colegas de Casa para discursar, e achou lindo o discurso feito por Hermione Granger em nome da Grifinória, que, ela notou, vestia um longo vermelho incrível e que combinava com ela. De sua Casa, Luna havia sido escolhida pela maioria, o que deixou Astoria muito feliz, pois gostava dela. Volta e meia olhava Draco de soslaio, e a cada olhada, um suspiro longo e doloroso.

Te desafio a me deixar ser sua, sua única
Prometo fazer valer a pena
Ficar presa em seus braços

Finalmente o espaço tinha sido liberado para a dança, e viu Dafne ser levada por Blaise para o meio do Salão, e viu também Pansy se deixar levar por um aluno da Lufa-Lufa depois de tanto pedir a Draco por uma dança. Riu baixinho da situação, e continuou a olhá-lo. Ele estava cabisbaixo, passando as mãos nervosamente pelos cabelos bem penteados.

Astoria respirou fundo e, num impulso, resolveu se levantar e ir até o sonserino. Ao chegar do outro lado, onde ele estava, prostou-se à sua frente. Draco olhou a ponta das sandálias que apareciam sob o tecido do vestido, e depois foi subindo o olhar devagar, analisando milimetricamente cada parte da moça à sua frente. Chegou ao rosto, que, ele percebeu, estava bem corado, e não era por conta do belo sol que fazia naqueles dias.

_ Astoria... tudo bem? _ cumprimentou o loiro, sem emoção.

_ Comigo talvez, mas com você não _ ela respondeu. Lhe estendeu a mão. _ Aceita dançar comigo, cavalheiro?

Draco achou graça e sorriu de leve.

_ Não era pra ser ao contrário? _ ele perguntou, divertido. Astoria se sentiu mais leve por ter descontraído o ambiente que os envolvia.

_ Pode ser, mas os tempos são outros, e isso já não é mais um problema _ ela respondeu, sorrindo.

Ele encarava a mãozinha miúda e delicada estendida pra ele, ao mesmo tempo de forma doce e firme. Sentiu o coração bater mais rápido, como há muito não sentia. A vontade de dançar surgiu, fazendo-o se sentir bem melhor.

Então, vamos, me dê uma chance
De provar pra você que eu sou a única que pode trilhar esse caminho até o fim começar

_ Vou aceitar a gentileza da dama _ ele concordou lhe dando o mais lindo dos seus sorrisos, o que a deixou ainda mais balançada e necessitada de apoiar uma da mãos na mesa ao seu lado.

_ Grata _ ela disse, se curvando levemente em uma reverência graciosa e pegando a mão dele.

Os dois se encaminharam para a pista de dança aberta no centro do Salão, onde tocava uma música bastante divertida. Draco se mexia devagar, como que se acostumando à situação, e segurando as suas duas mãos estava Astoria, balançando os quadris e ombros divertidamente. Mais à frente Dafne prestava atenção, sorrindo.

_ Vamos lá, Draco, anime-se _ incentivou a loira.

_ Nunca fui de dançar, se é que me entende _ ele explicou sorrindo, sem jeito. Pela primeira vez ficava daquela forma diante de uma garota. Mas ele sabia que não era qualquer garota, essa era especial.

_ Claro que entendo.

Mal ela falou e a banda bruxa começou a tocar uma canção mais lenta, e de repente Draco a puxou pra mais perto de si, colocando uma mão no meio das costas dela e a outra segurava sua mão direita. Ela posicionou a mão esquerda no ombro dele, e apoiou o queixo nas costas da mão. De imediato ele fechou os olhos, inebriado com o perfume que desprendia daqueles cabelos ligeiramente ondulados.

Se eu tenho estado em sua mente
Você confia em tudo o que eu digo
E se perde no tempo quando ouve meu nome

_ Porque veio sozinha ao Baile? _ perguntou o sonserino em seu ouvido.

_ Eu não vim sozinha _ respondeu ela encarando Draco nos olhos.

_ Não? _ ele devolveu, parando de dançar.

_ Não, oras. Vim com você _ ela disse, displicente.

Ele não pôde evitar uma risada baixa. Ela continuou.

_ Tem dois dias que vim tentando te convidar, mas perdi a coragem _ ela disse, quando voltaram a dançar. Ele a conduzia otimamente bem, com uma leveza indescritível, ela se sentia flutuar.

_ Porque não convidou?

_ Vi quando recusou o pedido da Parkinson _ ela disse, corando. _ Deduzi que não queria companhia.

_ E porque me convidou pra dançar?

_ Porque vi que dessa vez você queria uma companhia, e resolvi tentar. Acredite, não foi premeditado _ ela se apressou em dizer, diante do olhar de estranheza dele _, quando vi já estava na sua frente estendendo a minha mão pra você.

O loiro não resistiu; a puxou pela mão e saiu correndo com ela em seus calcanhares, o vestido esvoaçante acompanhando os movimentos dela.

Chegaram em uma estufa de flores, e então ele parou. Astoria colocou as mãos nos joelhos, ofegante, e riu.

_ Ficou louco, Malfoy? _ ela perguntou, divertida.

_ Claro que não! Mas eu queria...

_ O quê? _ ela sentiu a respiração dele bem próxima, e institivamente fechou os olhos.

Draco não disse mais nada; se aproximou devagar de Astoria e a enlaçou pela cintura com um dos braços, e com o outro acariciava o rosto dela. Sentia o coração disparar, bater com força, lhe doendo o peito. A loira levou uma das mãos ao ombro dele, acariciando devagar.

_ Astória... _ ele disse, fraco _ o que você pretende afinal?

Era a pergunta que ela passara anos ensaiando a resposta.

Será que saberei como é sentir te abraçar forte?
E te ouvir dizer que em qualquer caminho você vai comigo?

_ Eu quero saber como é ser sua _ ela respondeu, firme, encarando-o nos olhos _, eu quero ser sua, Draco.

_ Mas eu não sou lá aquela pessoa que você pode ter orgulho de ter ao lado, meu anjo _ ele lhe respondeu, docemente, aquelas palavras doendo mais que tudo.

_ Se você deixar, posso te provar o contrário do que está me dizendo.

Ela fechou os olhos, mais uma vez, e enlaçou o pescoço do loiro com os braços, se abandonando ali. Daquele momento em diante, cabia a ele decidir o rumo de ambos. Draco entendera o recado; sabia que sentia algo por Astoria havia algum tempo atrás, mas nunca teve coragem além de trocar algumas palavras com ela algumas vezes. Podia experimentar como era sentir aquilo, de verdade. E pensando nisso, ele colou sua boca na dela, o que a assustou, talvez por tê-la pego de surpresa, mas logo retribuiu, entreabrindo os lábios pra que a língua dele pudesse experimentar mais dela.

Não saberiam dizer quanto tempo se passou; nenhum dos dois saíam do lugar, apenas se beijavam, se sentiam, e Astória se sentia nas nuvens com a possibilidade daquele beijo se repetir ainda por muito tempo.

Nem sei porque eu estou assustada
Eu já vivi isso antes
Cada sentimento, cada palavra
Eu já fazia idéia disso tudo

_ Astória, escuta... _ ele disse, ainda com os lábios escostados nos dela _ sabe que precisamos conversar, não é?

_ Eu sei _ ela ofegou, encostando sua testa na dele. Ele sorriu com a atitude.

_ Tem certeza de que quer levar isso adiante? _ ele perguntou, receoso da resposta.

_ Há muito tempo eu tenho certeza disso, Draco _ ela lhe respondeu, firme, encarando-o nos olhos. _ Não sei se pensa o mesmo, mas da minha parte você tem a minha palavra de que é isso mesmo que eu quero.

Ele se afastou um pouco dela, e pegou sua mão direita, a conduzindo para um banco ali próximo. Se sentaram, e em silêncio se encaravam. Aquilo tudo era muito novo para o sonserino, que mesmo sentindo o coração quase saltar da garganta quando estava próximo de Astória, tinha medo de que ela, com o tempo, achasse que ele não era a pessoa certa pra ela. Mas seu modo de falar e a maneira com a qual o olhava intensamente lhe transmitia uma segurança que desconhecia até então. Mas o receio de não corresponder às expectativas daquela menina linda, e o medo de que seu passado assombrasse aquela possível e futura relação era intenso demais. O deixava confuso.

Você nunca vai saber disso
Se você nunca tentar perdoar o seu passado
E ser meu, simplesmente!

_ Draco, olha... se você não se sente à vontade pra falar certas coisas comigo, não tem problema, acho que podemos falar disso outra hora, tudo bem? _ ela disse, se levantando dali.

_ Eu... não, Astória, espera... _ ele disse quase inaudivelmente, mas ela já tinha ido. Havia sido covarde, mais uma vez. Como havia sido a vida inteira.

Eu te desafio a ser sua, sua única
Prometo fazer valer a pena

_ Não seja covarde, Draco Malfoy. _ disse uma voz na sua cabeça, o tirando dos seus devaneios.

Ficar presa no seu abraço
Então, vamos, me dê uma chance!

_ Draco Malfoy! _ exclamou alguém, uma voz feminina, que desta vez não estava na sua cabeça, mas materializada na sua frente.

_ Dafne! Me assustou _ reclamou Draco, quase sussurrando.

_ Draco Malfoy _ repetiu Dafne, impetuosamente _ se você não for atrás da minha irmã a-go-ra considere-se um homem morto. Ela cruzou os braços e franziu a testa, ato que logo o fez lembrar de Astória, das vezes que a via brava.

Ele suspirou e se levantou. Encarou Dafne, em silêncio.

_ Você sabe muito bem que ela é a única que vai acabar com seus piores fantasmas, Malfoy. Ela é a única que vai fazer qualquer coisa que você faça valer a pena de fato. E ela é a única que vai seguir com você até o fim, então anda logo e vai atrás dela, anda! _ exclamou a irmã de Astória, satisfeita ao ver que Draco não falara, mas correra. Pra agir.

De provar pra você que eu sou a única que pode trilhar esse caminho até o fim

O loiro sentiu a garganta seca, o coração bater forte pela corrida que dera até o corredor da Corvinal e pela decisão que estava prestes a tomar. Não a achou por ali; andava pr'um lado e pro outro, pensando onde ela estaria. "Claro!", ele pensou, num estalo. "Ela é monitora-chefe da Corvinal!", e pensando nisso correu para a Sala dos Monitores, no segundo andar.

Abriu a porta do aposento devagar, e sorriu ao constatar que estava certo: ela estava no sofá, tamborilando os dedos no criado-mudo ao lado de onde estava, quieta, mas o surpreendeu o fato de Astoria não estar chorando. Entrou.

A corvinal olhou pra trás e o viu ali, parado, a olhando. Se levantou.

_ Tá brava comigo? _ ele perguntou, fechando a porta atrás de si.

_ Eu dificilmente ficaria brava com você _ ela respondeu, com um sorriso tímido.

Eu sei que não é fácil desistir do seu coração
Ninguém é perfeito.

Ele se aproximou mais dela. Parou defronte a Astória, e acariciou seu rosto com o longo dedo indicador. Ela fechou os olhos, alheia às carícias daquele que ela queria. Draco a puxou gentilmente pela cintura e lhe tocou os lábios com os seus, bem de leve.

_ Ainda dá tempo de mudar essa situação? _ perguntou Draco, deixando Astória inebriada com seus toques.

_ Sempre é tempo de mudar qualquer coisa, meu querido _ ela sussurrou, um pouco rouca, o que fez o corpo de Draco reagir instintivamente.

Não pensou duas vezes e a beijou, dessa vez com sofreguidão, com todo o sentimento que estava recolhido dentro dele e que o fazia necessitar colocar pra fora o mais rápido possível. Astória enlaçou a nuca do loiro com os braços, se entregando à situação.

_ Quero que seja minha, Astória _ Draco disse, a olhando nos olhos.

Eu te desafio a ser sua, sua única

_ Sua? Ahn... o que quer dizer com isso? _ ela perguntou, hesitante.

_ Minha... sabe, mulher... pra sempre _ ele respondeu, um tanto tímido em afirmar tal coisa.

_ É claro que eu entendi, Malfoy! _ brincou ela, e voltou a beijá-lo com fervor.

Quatro anos depois...

_ CADÊ O MEU BUQUÊ, DAFNE? _ gritava Astória, os nervos a flor da pele, andando por todos os cantos do enorme quarto do hotel onde se encontravam.

_ Fica calma, garota, ele não vai fugir!

_ Mas o buquê JÁ FUGIU! _ a morena exclamava, chorosa. Olhou pro lado e bufou. O delicado buquê de peônias unidas por um laço de cetim de seda cor de champanhe estava intacto em cima da penteadeira antiga, de motivos barroco.

Dafne olhou a irmã, sorrindo. Normal que ela estivesse nervosa; ela só se acalmaria quando visse o loiro à sua espera.

Por fim chegaram à grande mansão dos Greengrass, onde o enorme jardim estava delicadamente decorado. Astória respirou fundo; não era só o dia de seu casamento, mas o dia em que eles finalmente selariam as juras de amor que fizeram na primeira vez, naquela Sala dos Monitores.

Prometo fazer valer a pena

_ Respira devagar, olhe só pro homem da sua vida. Caminhe até ele, e mostre que tudo isso vai valer a pena pelo resto da vida, mana querida _ aconselhou Dafne, com lágrimas nos olhos.

_ Obrigada, minha irmã _ disse Astória, fazendo uma pequena reverência com a cabeça para a irmã, e lutando contra as lágrimas que queriam descer e borrar toda a maquiagem que fora feita com tanto cuidado.

_ Anda, vá! _ exclamou a outra, soltando sua mão. _ Papai e mamãe querem vê-la, e nossos amigos estão aqui pra ver esse momento.

Astória obedeceu; desceu a escadaria da mansão de sua família e estendeu a mão ao seu pai, que a esperava ao pé da escada, pronto para guiá-la até seu grande amor. Bem devagar eles caminharam até a saída para os jardins, e ela pôde ouvir a marcha nupcial tocar, de uma forma como ela nunca tinha ouvido: era uma única mulher, que tirava as notas num violino. Aquilo a emocionou mais; era como queria, tudo simples, e mágico, e estava sendo.

Seus olhos foram da violinista até o homem que a esperava à beira do altar, com as mãos uma na outra na frente do corpo, a encarando fixamente.

O coração do loiro disparou ao vê-la: vestido branco como neve, sem nenhum decote na frente, mangas longas, todo em renda guipure, e nada de redondo como os vestidos tradicionais. Esse era fluído, em seda chinesa, com delicado bordado de pérolas em alguns pontos da peça. A maquiagem era leve; os olhos esverdeados bem marcados, boca neutra e bochechas rosadas, e os cabelos estavam presos num coque muito elegante. Em resumo: era a mulher mais linda da face da Terra, ele pensou.

Ficar presa em seu abraço

Finalmente ela chegara até ele, que pegou a mão dela oferecida pelo seu sogro, que lhe sorria, feliz. Ele pegou e beijou a ponta dos dedos com carinho.

_ Cuide bem dela, meu rapaz _ pediu o pai de Astória, visivelmente emocionado.

_ Ela é meu maior tesouro agora, sr. Greengrass _ disse Draco, olhando para a morena ao seu lado com um olhar apaixonado.

_ Obrigado _ disse o sr. Greengrass, beijando o topo da cabeça da filha e se afastando para o altar, ao lado de seua mulher.

_ Você está linda, minha querida _ o loiro a elogiou, arrancando um sorriso encantador dela.

A cerimônia transcorrera normalmente, e em momento nenhum Draco e Astória tiraram os olhos um do outro. Agora se pertenciam, e cada segundo ao lado um do outro era mais que precioso; era fundamental.

Então, vamos, me dê uma chance

_ Eu vos declaro marido e mulher _ anunciou o juiz de paz bruxo, sorrindo para os dois. _ Sr. Malfoy, pode beijar a noiva.

Draco a enlaçou pela cintura exatamente igual como da primeira vez, e lhe deu um beijo doce e apaixonado, que fora correspondido com alegria por ela. Ouviram os aplausos como se estivessem a quilômetros dali, como se naquele lugar só estivesse ela e ele. Sorriram ainda com os lábios colados, e ele lhe disse:

_ Minha sra. Malfoy _ sussurrou, fazendo-a sorrir.

Saíram dos jardins em meio à chuva de arroz e pétalas de rosas brancas e vermelhas, correndo e rindo bastante. Antes de entrar no carro trouxa que os esperava, Astória correu para sua irmã, e a abraçou.

_ Obrigada por tudo, minha querida _ agradeceu Astória, beijando o rosto de Dafne, que chorava, sem se preocupar em ficar desarrumada.

_ Oh, meu bem, não tem que agradecer, olhe pra você! Está radiante! _ exclamou Dafne, feliz.

_ Sim, estou! E olha _ ela segurou as duas mãos da irmã _ torço logo pro casamento sair com Blás, hein? Vocês dois merecem ser felizes!

_ Nós três merecemos, As _ disse Dafne piscando pra morena.

_ Três? _ ela perguntou, sem entender. A irmã sorria, radiante. _ Nãããão...

_ Astória hesitou, a irmã à beira da gargalhada. Arregalou os olhos e levou as mãos à boca, impressionada com a constatação no olhar da loira à sua frente, que levava discretamente a mão esquerda ao ventre. _ Daf... sério?

_ Anda, vá! Eu darei notícias! _ a loira a dispersou, empurrando-a de volta para o carro, onde Draco a esperava com a porta aberta.

_ Ah meu Merlin! Ok, claro, me mande notícias logo! _ ela gritou, já distante da irmã.

Entraram no carro, e entrelaçaram as mãos. Iam, finalmente, pra lua de mel, onde fariam amor pela primeira vez como marido e mulher.

De provar pra você que eu sou a única

_ Consegui _ ela disse, baixinho, ao pé do ouvido do agora marido, fazendo-o arrepiar de desejo.

_ O que, As? _ ele perguntou, divertido.

_ O seu amor, o seu querer, o seu desejo, e além de tudo isso, te provar que eu valho a pena.

Ele a encarou nos olhos. Cinza e amendoados se encaravam, cheios de amor.

que pode trilhar esse caminho até o fim.

_ E isso até o fim _ ele disse, segurando o queixo dela com delicadeza e a beijando ternamente. E completou, com toda a felicidade que sentia: _ Meu amor.

FIM

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