A Redenção de Narcisa Malfoy



CAPÍTULO 20

A REDENÇÃO DE NARCISA MALFOY

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

"Ninguém ferirá meu filho e nem a garota que ele ama! Nem mesmo você, Lucius!"

_NÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!!! _ ouviu-se um grito.
Os acontecimentos que se seguiram pareceram demorar uma eternidade, embora tivesse passado um intervalo menor do que três batidas de coração, no qual houveram os seguintes eventos:
Narcisa Malfoy gritando;
Narcisa Malfoy desaparatando do lado de Lucius;
Narcisa Malfoy aparatando ao lado de Draco e Janine;
Narcisa Malfoy empurrando Draco e Janine para longe do raio de ação da Avada Kedavra de Lucius;
Narcisa Malfoy recebendo, em cheio, todo o impacto do raio verde da Maldição da Morte;
Narcisa Malfoy caindo ao solo;
Narcisa Malfoy estirada no chão, moribunda.

Vendo aquilo, Lucius gritou:
_Narcisa! _ e, logo em seguida, _ Mulher tola e fraca! Por que foi que ela fez isso? Sacrificar-se por aquele filho renegado e por aquela sangue-ruim?
Draco ouviu as palavras de seu pai e sacou a varinha, com os olhos faiscantes de fúria:
_Como pôde fazer isso, meu pai? Havia tempo para suspender a maldição antes que minha mãe fosse atingida. Como pôde matá-la e, o que é pior, não demonstrar o menor remorso? Não o chamo de animal para não ofendê-los, pois um animal não faria o que o senhor fez. A prisão é boa demais para o senhor, meu pai. Prepare-se para receber o que lhe cabe. Avada...
_Impedimenta! _ Ouviu-se a voz de Janine e Draco foi lançado longe, com a Azaração de Impedimento _ Não, Draco, não faça isso! Ele não merece!
Lucius tentou aproveitar-se da situação e, novamente, apontou sua varinha para os dois, mas não pôde utilizá-la. Janine foi mais rápida do que ele e disparou seus feitiços na direção do Death Eater.
_Estupefaça! Incarcerous! _ Lucius foi estuporado e caiu ao solo, já todo amarrado, a varinha indo parar fora de seu alcance.
Janine correu para onde Draco estava caído, ainda meio atordoado pela Azaração de Impedimento, dizendo:
_Me desculpe, meu amor. Acontece que eu não podia deixar que você descesse ao nível dele.
_Eu sei, Jan. Obrigado por ter me impedido de fazer uma loucura, enquanto eu estava com a cabeça quente e cego de fúria.
Um gemido os interrompeu.
_Mãe!! _ os dois correram até onde Narcisa estava caída e ajoelharam-se, um de cada lado, amparando-a.
_Draco, meu filho... não me resta muito tempo. A maldição de Lucius não teve... força suficiente para me matar... na hora, m-mas já sei que não vou escapar.
_Não, mãe! _ e, apontando a varinha para o próprio peito, começou a dizer: “Vita...”, no que foi interrompido por Narcisa:
_Eu o proíbo, meu filho. Mesmo... o Beijo da Vida já... n-não pode me salvar. Só quero lhe pedir que... que me perdoe. M-me deixei seduzir... pelo caminho das Trevas, mas não p-poderia permitir que Lucius matasse... nosso próprio filho nem a jo-jovem que ele... ama. E... e quanto a você, Janine... Sandoval, Lucius me disse... o que você fez para... me preservar do c-combate. Se Draco ama você... isso quer dizer que você é muito especial. Faça-o feliz,... sejam f-felizes, vocês... dois, com ... a minha... minha bênção. _ com um último esforço, Narcisa ergueu-se um pouco, beijou o rosto de Draco e o de Janine. Em seguida sorriu, fechou os olhos e morreu, nos braços do casal.
Draco olhou para o rosto de sua mãe, olhou para Janine e começou a chorar, até que Janine chamou sua atenção para algo:
_Veja, Draco! O antebraço de sua mãe!
No antebraço esquerdo de Narcisa Malfoy a hedionda Marca Negra foi começando a ficar menos escura e mais indefinida, clareando cada vez mais, até desaparecer completamente.
Draco ainda chorava, mas era um choro no qual a tristeza mesclava-se ao alívio. Narcisa morrera em paz. O seu sacrifício de amor a havia redimido.
Os outros aproximaram-se do casal, que continuava a sustentar o corpo de Narcisa. Harry ajoelhou-se ao lado de Draco.
_Sinto muito, Draco. Não imaginava que fosse terminar assim.
_Não terminou, Harry. Ela morreu livre de qualquer vínculo com Voldemort. Veja só, já não há mais qualquer vestígio da Marca Negra. Devemos agora cuidar de dar à minha mãe um funeral digno. _ dizia o loiro, enquanto as lágrimas desciam pelo seu rosto.
Lucius Malfoy já havia sido reanimado do estuporamento lançado por Janine e estava sendo algemado pelos Aurores. Draco e Janine aproximaram-se dele.
_Pagará pelo que fez, meu pai. Isto vai lhe render uma sentença de prisão perpétua aqui em Azkaban Na verdade eu me enganei. A morte seria uma libertação, algo rápido demais. O senhor merece uma vida inteira de remorso e arrependimento, encerrado neste buraco.
_Só me arrependo de não ter conseguido atingir vocês dois. O que será agora da linhagem dos Malfoy, maculada por uma sangue-ruim?
_Tenho certeza, meu pai, de que ela irá melhorar bastante. Quase todos os Malfoy, desde a Idade Média, sempre foram obcecados pela idéia de pureza do sangue, sem que abrissem os olhos para a realidade. Não há diferenças entre nascidos bruxos e nascidos trouxas. Janine é a prova disso. Hermione Granger também. Certa vez Harry comentou comigo que Dumbledore havia dito a Fudge que o importante não era o que a pessoa era ao nascer, mas o que ela fazia da sua vida a partir daí. Eu concordo com ele. Não posso crer que, um dia, senti orgulho do senhor e pensei em seguir os seus passos. Hoje fico feliz de haver chegado à conclusão de que a única semelhança que possuímos é a aparência física e nada mais. Somos muito diferentes, meu pai. Eu aprendi a reconhecer o valor de uma pessoa pelos seus méritos pessoais e não pelas suas origens. Quero lhe dizer que assumi o compromisso de lutar o máximo possível pelo restabelecimento da antiga harmonia entre bruxos e trouxas. No fundo, não há diferenças entre nós e eles.
_E você, pequena sangue-ruim que virou a cabeça do meu filho? Não tem nada a dizer?
_Draco já disse quase tudo, Sr. Malfoy. Eu cheguei a julgá-lo um cavalheiro pela sua atitude durante o combate, me ajudando a colocar a Sra. Malfoy fora de perigo. Agora sei que o senhor é, na verdade, um desequilibrado e um fanático. Aqui é, realmente, o seu lugar. Somente em Azkaban o senhor não será um perigo para bruxos, para trouxas ou para si mesmo. Não considere a minha união com Draco como se fosse uma mácula na linhagem Malfoy, mas uma entrada dos Malfoy no mundo real, uma injeção não de sangue ruim, mas de sangue novo. Um dia, Sr. Lucius Malfoy, a bruxidade irá mencionar o seu sobrenome não com receio, medo ou suspeita, mas com orgulho e respeito, sabendo que não mais pertencem à Ordem das Trevas. A própria Narcisa Malfoy já sentiu os efeitos, ao morrer.
_Como assim, Srta. Sandoval?
_Ao dar a vida para salvar ao Draco e a mim, ela se redimiu e a Marca Negra desapareceu do antebraço dela. Ela morreu em paz o que, acredito, não ocorrerá com o senhor. Da justiça dos homens o senhor até pode escapar, como já o tem feito por todos esses anos. Mas há uma justiça maior, da qual ninguém escapa. E é nessa Justiça, Sr. Malfoy, que o senhor encontrará o seu julgamento final neste ciclo, neste Samsara. Quem sabe o senhor retorna no próximo ciclo como uma boa pessoa e pode purgar o Karma do seu passado e, assim, evoluir? Mas uma coisa é certa, Sr. Malfoy. O fanatismo pela pureza do sangue é um caminho errado. Espero que o senhor ainda consiga enxergar a verdade antes do fim deste seu Samsara.
Abraçou Draco e ambos afastaram-se, enquanto Lucius Malfoy era conduzido à sua cela, rubro de raiva com as verdades jogadas na sua cara por dois jovens de dezesseis anos. Os dois sequer olharam para trás.
Juntaram-se aos amigos e continuaram a matear, enquanto aguardavam o momento do retorno para Hogwarts. Quando chegou a hora, acionaram a Chave de Portal e desapareceram de Azkaban, Janine sobraçando o livro “Luzes da Trindade” e Harry levando consigo a “Espírito do Artífice”, a espada de Godric Gryffindor com sua aparência original de Dai Katana.
Materializaram-se em Hogwarts, no gabinete de Dumbledore. O Diretor olhou para o grupo, já ciente de tudo o que havia ocorrido.
_Draco, sinto muito por Narcisa. Conte comigo para o que for preciso.
_Obrigado, Prof. Dumbledore. Resta-nos o consolo de que minha mãe morreu livre de vínculos com os Death Eaters.
_Isto, realmente, tem uma grande importância. Agora, eu gostaria de saber como foi que os meus jovens Yamabushi (guerreiros das montanhas, antigo nome que se dava aos Ninjas) tiveram a idéia desse plano arriscado e como foi que colocaram-na em prática.
Primeiro, Harry explicou:
_Draco teve a idéia de saltarmos de pára-quedas em Azkaban, pois meios mágicos seriam facilmente detectados.
_Por ser pára-quedista certificado, Prof. Dumbledore, pensei que poderia instrui-los em salto. _ o jovem sonserino continuou a explicação _ Mas foi o Prof. Mason que nos ensinou a saltar enganchados, à maneira militar e a manusear explosivos plásticos trouxas.
_Conseguimos, “emprestado”, um C-130 das Empresas Malfoy e eu o pilotei até as coordenadas de lançamento. _ disse Mason _ A partir dali, o mérito foi todo deles. Quando o Sensor de Atividades Mágicas explodiu, dando-nos o sinal, tive a certeza de que seríamos vitoriosos. Mas o plano foi bastante arriscado, principalmente a parte em que vocês se deixaram capturar Parece que Rony aprendeu bem as lições de Go.
Hermione explicou:
_Aproveitamo-nos do excesso de confiança deles. Nossa captura foi, como disse Rony, um Uttegae, um gambito, para que nos levassem ao local onde mantinham Janine.
_Quando Harry chegou, transfigurado em Draco, soubemos que era a hora do Shicho, o passo final do nosso plano. _ disse Rony _ Então, quando Harry libertou Janine e a escondeu na fumaça, para que Draco a cobrisse, foi fácil. Cobertos pela Capa de Invisibilidade de Draco, os dois cortaram nossas cordas e Hermione esmagou duas esferas de pó cegante. Soprou o pó no rosto de Voldemort e ainda o chutou, bem “lá”. Respondendo à minha pergunta, Gina, tivemos dois Shicho Atari. Draco e Harry.
_Confesso que quase cheguei a ficar com pena dele. _ disse Neville _ Ainda mais que depois, durante o combate, Harry o atingiu novamente, no mesmo lugar.
_A espada de Gryffindor mais uma vez cumpriu sua missão, Prof. Dumbledore _ Harry aproximou-se, trazendo a Dai Katana _ Agora, acho melhor que ela fique como a conhecemos. Vera verto! _ a espada japonesa voltou à forma da conhecida espada de Godric Gryffindor.
_Mas não teria havido Tsuru no Tsugomori, se Harry e Draco não tivessem trocado de lugar, transfigurando-se um no outro. _ comentou Gina _ Aliás, Harry, de onde saiu essa idéia?
_Era o mais lógico a se fazer, mas não havíamos pensado nisso até que lemos o bilhete de Firenze. Ele está no meu bolso, vejam.
Em uma folha de pergaminho, lia-se a mensagem do centauro:
“Para que a luz vença as Trevas, será preciso uma troca de lugares. O Dragão e o Cervo deverão, primeiro, se tornarem um só e, depois, um tornar-se o outro. Somente assim o Dragão escapará ao domínio da Serpente e o Cavalo cativo poderá ser salvo. Mas o Cervo deverá, realmente, ser o Dragão e o Dragão, realmente, ser o Cervo, não apenas um parecer o outro.”

Firenze

Draco prosseguiu na explicação:
_Nós três lemos a mensagem e a interpretamos. Firenze falava de nós, através dos nossos Patronos. Isso significava que eu e Harry deveríamos assumir o lugar um do outro. Mas não bastava a aparência, pois os Death Eaters poderiam perceber.
_Daí, concluímos que um deveria acreditar ser o outro. _ continuou Harry _ E foi aí que entrou em cena o Prof. Mason.
_Através de sugestão pós-hipnótica, conseguimos fazer com que Harry acreditasse ser Draco e vice-versa. Era imprescindível que Harry fosse salvar Janine, deixando para Draco a instalação dos explosivos. Contávamos com que, ante a recusa dele matar Janine, Lucius ou Voldemort lhe lançaria a Maldição Imperius para obrigá-lo a matá-la.
_E Harry é o único de nós que consegue resistir inteiramente à Maldição Imperius. _ disse Gina _ Mas, por que não nos contaram?
_Era obrigatório que ninguém soubesse. _ disse Harry _ Na prática nem eu e Draco sabíamos, pois estávamos sob a sugestão. O gatilho para desfazer a sugestão pós-hipnótica seria a ordem para matar Janine. Então voltaríamos a ser nós mesmos. Também era importante que estivéssemos na mesma sala, para que a sugestão se desfizesse em nós dois ao mesmo tempo. Por isso o trabalho com os explosivos deveria ser rápido. Eu deveria cortar as cordas de Janine e lançar uma bomba de fumaça. Draco deveria cobri-la com a Capa de Invisibilidade e os dois irem soltar os outros.
_Fantástico. Um plano digno dos maiores estrategistas. _ disse Dumbledore. Agora, jovens, vão se lavar e descansar um pouco. Logo mais teremos de cumprir um triste, mas necessário dever. O de velar o corpo de Narcisa Malfoy e, posteriormente, cuidar de seu funeral... sim, Srta. Sandoval? _ disse Dumbledore, vendo um sinal que Janine lhe fazia.
_Prof. Dumbledore, acho que esse livro é perigoso demais para continuar existindo. Conseguimos impedir Voldemort desta vez, mas quem garante que não possa surgir uma outra jovem que preencha os requisitos para ser a Escolhida e, pior, não tenha alguém que a ame (e Janine abraçou Draco) e que faça algo para livrá-la do primeiro requisito?
De acordo, Srta. Sandoval. Acho que todos concordam, não é? Então vamos fazê-lo juntos.
Ante a concordância de todos, o livro foi colocado na lareira e os dez posicionaram-se à sua frente, com as varinhas apontadas. Então, ao mesmo tempo, Dumbledore, Mason, Harry, Gina, Rony, Hermione, Draco, Janine, Luna e Neville lançaram os feitiços de chamas que conheciam:
_Incendio! Flama! Lacarnum inflamarum! Bhasmasaya! _ e o livro de feitiços em sânscrito “Luzes da Trindade” consumiu-se até as cinzas, diante dos olhos dos bruxos.
_Agora sim, jamais Voldemort ou qualquer outro louco colocará as mãos na Quinta Pedra de Sankhara. _ disse Janine _ Já podemos ir. Obrigada, Prof. Dumbledore.
_Não há de que, Srta. Sandoval. Até mais.
O grupo foi saindo do gabinete de Dumbledore, mas Harry ainda permaneceu um pouco mais.
_Harry, há algo que queira me perguntar?
_Sim, Prof. Dumbledore. O transe que tive, o meu encontro com as divindades hindus, o senhor acha que foi real ou produto da minha mente?
_Foi tão real quanto você achar que foi, Harry. Afinal de contas, sua Terceira Visão chegou a despertar, não foi?
_Sim, professor. E não só a minha, mas a de todos nós. Acho que Shiva olhou por nós naquele momento, não foi?
_Realmente, Harry, vocês passaram por uma experiência que lhes abriu a mente e elevou o espírito. Foi mais um passo na derrota definitiva de Voldemort.
_O senhor acha que ele voltará, professor?
_Se e quando ele voltar, Harry, irá encontrá-los muito mais fortes e preparados. Lembre-se do que eu já lhe disse, que se continuarmos sempre impedindo sua volta, talvez ele jamais volte. Vá agora tomar um banho bem relaxante, descanse e depois desça para o velório.
Harry saiu do gabinete de Dumbledore com muitas respostas e, também, com muitas outras perguntas. Os oito amigos tomaram banho, descansaram e desceram ao Salão Principal, onde passaram o restante do dia e da noite a velar o corpo de Narcisa Malfoy, antes dos seus funerais.

Narcisa Malfoy teve o seu funeral em Paris, no mausoléu da família Malfoy, localizado no Cemitério Pére-Lachaise, onde havia a maior quantidade de celebridades sepultadas de que se tinha conhecimento. O cemitério havia sido protegido por feitiços anti-trouxa, para assegurar a privacidade da comitiva, que viera de Hogwarts com Chaves de Portal. Além dos professores havia uma representação de cada uma das Casas. Pela Grifinória, estavam Harry, Gina, Hermione, Rony e Neville. Da Corvinal, Goldstein, Cho, Luna, Boot e Padma. Pela Lufa-Lufa, compareceram Donovan, Malone, Abbott, Bones e Finch-Fletchley. A Sonserina achava-se representada por Sheldrake, Pansy, Crabbe, Goyle e Nott. Janine não saiu do lado de Draco nem por um instante. Achavam-se também presentes Lupin, Tonks e os pais dela, Andrômeda e Edward “Ted” Tonks, afinal de contas, Narcisa era irmã de Andrômeda.
Os fantasmas famosos daquele cemitério observavam o cerimonial fúnebre, a uma distância respeitosa. De repente, Victor Hugo comentou:
_Ei, JM, veja aquele funeral!
_Sim?
_Oui?
_Você não, Jim Morrison! Estou falando com Jean-Marc. Ei, Jean, acho que é um funeral bruxo. Aquele ali não era professor na sua antiga escola?
_Oui, Victor. Aquele é Alvo Dumbledore. Será que era alguém de Hogwarts?
_Há um rapaz lá bem parecido com você, Jean-Marc. _ comentou Isadora Duncan.
_Sacré bleu, é mesmo! Deve ser da famille.
_Vá ver o que está acontecendo. _ sugeriu Oscar Wilde.
_Oui, mes amis. Vou ver de que se trata.
O fantasma aproximou-se do grupo. Tinha a aparência de um homem com cerca de vinte e cinco anos, extraordinariamente parecido com Draco, cabelos curtos que, em vida,foram loiros, debaixo de uma boina, com um cigarro no canto da boca. Trajava uma calça escura, com as pernas enfiadas nos canos de um par de botas de combate e uma camisa branca, remangada. Usava um cinto NA de lona,com suspensórios militares adaptados a ele e com granadas presas aos tirantes, um coldre do lado direito com uma pistola Colt 1911 A-1 em calibre 45 e, em uma bandoleira no ombro esquerdo, uma submetralhadora alemã MP-40, popularmente conhecida como Schmeisser, embora Hugo Schmeisser tivesse apenas colaborado com o projeto, a qual no Brasil era apelidada de “Lurdinha”. No braço direito havia uma braçadeira com três faixas, que representavam as cores da bandeira da França, que eram azul,branco e vermelho, quando seu dono ainda estava vivo. Na faixa branca, havia uma Cruz de Lorena e as letras “FFL”, significando “Forces Françaises de L’interieur”, Forças Francesas do Interior. Era o fantasma de um Maqui, um membro da Resistência. Ao ver Dumbledore, perguntou:
_Manoel, quem está sendo sepultado?
Dumbledore viu quem era e respondeu:
_Olá, Sebastian. É da sua família. É o funeral de Narcisa Malfoy.
_Sacré bleu! Mais non la petite Narcisse! A jovem da família Black, que casou com o meu sobrinho, Lucius?
_Ela mesma, Sebastian. Lucius a matou.
_Aquele idiota! Desde enfant metido com as Artes das Trevas. Eu já imaginava que il non ia acabar bem! Onde ele está?
_Preso em Azkaban. Acho que, agora, para o resto da vida. _ disse Draco, aproximando-se, junto com Janine _ o senhor é meu tio-avô, Jean-Marc Malfoy D’Alembert?
_Oui, mon petit. Et tu est filho de Lucius?
_Sim, meu tio. Eu sou Draco. Esta é minha namorada, Janine Sandoval, do Brasil.
_Brésil? J’aime aquele país. Espero que você, meu sobrinho-neto, não siga o caminho das Trevas, comme ton pére, n’est ce pas?
_De maneira nenhuma, tio. Aliás, os livros não contam como foi que o senhor morreu. Foi durante a II Guerra?
_Non. Eu morri já idoso, pouco tempo aprés le marriage de ton pére, Lucius, avec Narcisse, de enfisema pulmonar. Este mauvais poison, aqui na minha boca me matou, bien léntement. Não houve feitiço nem tratamento trouxa que desse jeito. Espero que jamais de la vie você coloque un cigarette na boca.
_Quanto a isso, meu tio, não se preocupe. Sequer suporto o odor de fumo perto de mim. Ainda bem que seu cigarro-fantasma não tem cheiro. Aliás, por que o senhor quis voltar com essa aparência?
_Preferi ficar com a aparência que eu tinha na época de La Résistence. Naquele tempo eu e Manoel demos muito trabalho, tanto aos bruxos de Grindelwald quanto a les Nazis.
_Manoel? _ perguntou Draco.
_Era o meu codinome, para os Maquis. _ explicou Dumbledore _ Eu também cumpri algumas missões com a Resistência. Venha, Sebastian. Junte-se a nós.
_Tio, se o senhor foi execrado pela família, como está aqui?
_Não puderam me negar o direito de ser sepultado no Mausoléu Malfoy, alors me colocaram comme le fantôme ancestral da família.
Jean-Marc participou do cerimonial fúnebre de Narcisa, junto aos bruxos. Ao final, antes do sepultamento, Anthony Goldstein separou-se da representação da Corvinal e aproximou-se de Draco e Dumbledore. Sussurrou algo aos ouvidos de ambos e, ante a sua concordância, aproximou-se do túmulo, tirando algo de dentro das vestes e colocando na cabeça e sobre os ombros: uma Kipá, tradicional boina judaica e um Talit, manto de orações. Posicionou-se junto ao caixão e entoou uma oração, em voz baixa. Após o seu término, retornou para junto de Dumbledore e Draco, recebendo um abraço do último. Como uma homenagem à mãe do seu colega, Goldstein rezara por ela o Kaddish, a prece judaica para os mortos.
Os fantasmas das celebridades do Cemitério de Pére-Lachaise aproximaram-se para também prestar a última homenagem a um membro da família de seu companheiro. Victor Hugo, Sarah Bernhardt, Isadora Duncan, Modigliani, Jim Morrison, Oscar Wilde, Alexandre Dumas pai e filho, Chopin, Mata Hari e outros ilustres do passado, prestaram seus respeitos à recém-falecida Narcisa Malfoy e ao seu filho. Andrômeda Tonks chorava, em silêncio. Embora Narcisa e Bellatrix não se dessem com ela e até mesmo a desprezassem por ela ter se casado com o nascido trouxa Ted Tonks, ela sentia bastante a perda da irmã. O corpo de Narcisa desceu ao mausoléu e o cerimonial foi encerrado. Todos prepararam-se para tomar as Chaves de Portal de volta para Hogwarts. Por detrás das lentes espelhadas dos óculos escuros, os olhos de Draco estavam totalmente vermelhos e ele não fazia a menor força para deter as lágrimas que desciam pelo seu rosto, enquanto era consolado por sua namorada e por seus amigos. Tocaram as Chaves e transportaram-se de volta para a Inglaterra e para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Passaram-se duas semanas. Os amigos estavam todos reunidos na ala hospitalar, fazendo companhia a Cho. Ela havia tomado o antídoto para o Extrato de Servidão de Sibila Trelawney e estava se recuperando da indisposição que ocorria como efeito colateral.
_Não sei como lhes agradecer. Sinto por haver enfeitiçado você, Janine.
_Calma, Cho. Não se preocupe. Você não tinha como resistir às ordens da “Libélula Ridícula”. Agora ela não tem mais como te pegar.
_Que bom. Eu queria que todos vocês nos fizessem companhia no Baile de Formatura, como meus convidados. Faço questão disso.
_Seria ótimo. _ disse Draco, que já estava aceitando melhor a perda que tivera. Harry, que possuia experiência nisso, apoiava o amigo de todas as maneiras que podia.
A última visita do ano a Hogsmeade transcorreu sem fatos dignos de nota. Janine comprou alguns artigos para presentear sua mãe e seus avós, durante as férias e, no Três Vassouras, contaram a Madame Rosmerta sobre a arriscada aventura em Azkaban. Ela disse a Draco:
_Conheci sua mãe, Draco. Fomos colegas em Hogwarts, só que não na mesma Casa. Ela nunca foi realmente má, apenas deslumbrada. Infelizmente o caminho das Trevas é muito sedutor e a família Black já possuía um passado nesse sentido. Somando-se a isso o fato de que ela se deixou influenciar por Lucius... bem, o resultado não podia ser muito bom.
_É verdade, Madame Rosmerta. _ disse Draco _ Mas, como todos sabem, resta-nos o consolo de que na morte ela se redimiu. A Marca Negra desapareceu do antebraço dela como se jamais tivesse estado ali.
_Conte conosco sempre, querido. Acho que também falo por você, não é, Severo?
O Prof. Snape, que acabara de chegar, concordou com Madame Rosmerta:
_Sem dúvida. Pense agora no seu futuro, com Janine ao seu lado. Concentre-se na missão à qual se propôs: lutar pelo restabelecimento da harmonia entre bruxos e trouxas.
_Obrigado. Apesar da morte dela este foi o melhor ano de minha vida, pois consegui me encontrar e encontrar as duas coisas mais importantes da vida: o amor (e abraçou Janine) e a amizade ( fez um gesto abrangendo a todos na mesa). Na verdade, acho que nessa nossa aventura a grande vitória foi do amor. Foi o amor que uniu a mim e a Janine, me fez tomar a decisão de romper com as Trevas e, por fim, fez com que minha mãe (e os olhos de Draco ficaram úmidos) se sacrificasse para nos salvar da Avada Kedavra lançada por meu pai. A conclusão a que se chega é que o amor é o maior dos poderes. Um brinde a isso.
Todos na mesa levantaram seus copos e brindaram, sendo seguidos pelos ocupantes de outras mesas do Três Vassouras:
_AO AMOR! À AMIZADE! _ ao final da tarde retornaram para Hogwarts.

O tradicional banquete de encerramento do ano letivo estava prestes a ter início. Dumbledore preparava-se para anunciar o vencedor da Taça das Casas:
_Mais um ano se passou. Um ano de muitas alegrias e de uma grande tristeza. Como todos sabem, pois não há segredos em Hogwarts, uma ex-aluna desta escola deu sua vida por seu filho e pela amada dele. Tal prova de amor não foi em vão. Narcisa Malfoy será sempre lembrada. Tenho certeza de que Draco, seu filho, saberá valorizar o seu gesto, mantendo-se no caminho certo. Como eu disse, tivemos muitas alegrias. Vários de nossos jovens descobriram o maior dos poderes, o amor. As Casas estão cada vez mais unida e fortes, como sempre foi o sonho dos Quatro Grandes. Dois grandes desafetos desenvolveram uma sólida amizade e, por fim, um grupo de valorosos jovens conseguiu, ainda que transgredindo um bocado de regras, impedir a concretização de mais um maligno plano de Lord Voldemort. Temos Sonserina e Grifinória empatadas na liderança da Competição das Casas, com quinhentos e dez pontos. Depois do fantástico resgate da Srta. Janine Sandoval e do confronto com bruxos das Trevas e com Lord Voldemort em pessoa, creio que deveremos creditar a Harry Potter, Ronald Weasley, Neville Longbottom, Virgínia Weasley, Hermione Granger, Luna Lovegood e à própria Janine Sandoval, cinqüenta pontos cada um. E, por fim, ao Sr. Draco Malfoy, pela autoria da engenhosa idéia que resultou no resgate de sua namorada, concedemos trezentos pontos. Isto mantém as duas Casas juntas na liderança, culminando em um fato inédito desde a fundação de Hogwarts: um empate final entre duas Casas. _ e, com um gesto, fez com que as cores, bandeiras e estandartes vermelho e dourado da Grifinória dividissem o espaço com as verde e prata da Sonserina, sob os aplausos dos membros de todas as Casas.
Depois do banquete, todos se recolheram. Para os que não ficariam para o Baile de Formatura, o dia seguinte seria o do retorno para Londres. Os jovens Ninjas e mais Colin Creevey, Lilá Brown, Pansy Parkinson, Bulstrode, Zabini e outros convidados permaneceriam por mais uma noite, juntamente com os formandos.
_Não é estranho? _ comentou Harry, no café da manhã do dia seguinte _ Acho que nunca vimos Hogwarts tão quieta. A ausência da maioria dos alunos faz uma enorme diferença.
_Fico imaginando como deve ser para quem tem de ficar aqui durante as férias. _ disse Hermione.
_Quem sabe alguns de nós, um dia, acabem voltando como professores? _ perguntou Draco _ Afinal de contas, mais dia menos dia o quadro deverá ser renovado.
_Eu, pessoalmente, iria gostar bastante de, um dia, lecionar Feitiços ou Transfiguração. _ comentou Janine _ Me faz lembrar como manifestei magia pela primeira vez.
_Este é um ano que jamais esqueceremos. _ disse Gina _ Quantas coisas diferentes aconteceram. Acho que todos nós crescemos bastante.
_Sem dúvida. _ todos concordaram e foram preparar os trajes para o baile.

À noite, realizaram-se as solenidades da formatura com uma cerimônia ecumênica, pois Hogwarts reunia alunos das mais diversas crenças, uma colação de grau, onde Cho Chang foi a oradora e, no seu discurso, enalteceu principalmente ao amor e à amizade e, por fim, o baile. A mesma banda experimental que tocara no Baile de Inverno estava presente, fazendo o lançamento do seu novo disco e do clip, que acabara sendo ampliado para o vídeo de um show ao vivo, no qual incluía-se o número de dança dos quatro casais de jovens.
A certa altura do baile, Gina e Harry estavam nos jardins a conversar, bastante entretidos, quando aproximaram-se Cho e Donovan. De repente, sem aviso, Cho puxou Harry e lhe deu um ardente beijo. Ele ficou totalmente sem ação, permanecendo apenas parado no mesmo lugar. Ao término do beijo, ela disse:
_Você estava certa, Gina. Tome _ e entregou à ruiva uma bolsa com dez galeões _ Harry é realmente um cavalheiro.
_Obrigada, Cho. Esta bolsa vai direto para o St.Mungus. _ os outros aproximaram-se, rindo. Harry era o único que não estava entendendo nada.
_Alguém poderia me explicar o que houve?
Gina abraçou o namorado e explicou:
_Nada de mais, Harry. Cho e eu fizemos uma pequena aposta. Ela disse que, se lhe desse um beijo de surpresa, você iria se aproveitar da situação e corresponder. Eu disse que você ficaria apenas surpreso e sem ação. Eu ganhei. Estes dez galeões serão doados para o St.Mungus.
_Foi realmente uma surpresa. _ e, telepaticamente:
_ “Diabinhas. Custava ter me avisado”?
_ “Não seria honesto, meu amor. Você deveria ser pego de surpresa”.
Um senhor chinês, com elegantes vestes a rigor em estilo oriental, aproximou-se e disse:
_Sr. Potter, peço que perdoe minha filha. _ disse o homem, sorrindo e fazendo uma reverência _ Acontece que Chang Cho-Yen desde criança sempre foi meio... impetuosa.
Harry respondeu à reverência, dizendo:
_Não há problema, Sr. Chang. Foi uma honra haver sido colega dela nesses anos. Ela deu um exemplo de superação.
_Ela me disse, Sr. Potter. Mas, se não fosse pela sua ajuda e pela de seus amigos, ela seria uma alcoólatra e, pior, também sob o domínio daquela bruxa das Trevas, Sibila Trelawney.
_Fizemos a nossa parte, Sr. Chang, mas o maior mérito pertence a ela mesma. Tenho certeza de que os Tornados serão campeões na próxima temporada. Com a apanhadora que terão, isso não será difícil. Agora eu só queria uma coisa, Cho.
_O que, Harry?
_Por favor, devolva a minha alma. Acho que você a levou junto, com aquele beijo. _ o riso foi geral.
Divertiram-se pelo restante do baile, tendo recebido cópias de cortesia do disco e do vídeo, afinal de contas haviam feito parte dele. Após o término do baile, recolheram-se, pois retornariam a Londres no dia seguinte. Dali a uma semana, os alunos do sexto ano teriam os testes de aparatação, no Departamento de Transportes Mágicos, cuja chefia geral pertencia agora à mãe de Marieta Edgecombe, que havia sido promovida. Todos tinham a certeza de que seriam bem sucedidos.
Harry fez uma última revisão nas roupas e objetos pessoais, fechando o malão em seguida. Comentou com Rony e Neville:
_É estranho mas, pela primeira vez desde que fui aprovado para Hogwarts, eu estou tendo a sensação de estar voltando para casa. Recebi uma coruja dos Dursley, confirmando que estarão à minha espera na estação de King’s Cross.
_Eles finalmente aceitaram a convivência com os bruxos. _ comentou Rony _ Minha mãe e sua tia agora deram para trocar receitas.
_E Tio Valter está esclarecendo muitas dúvidas do seu pai quanto às coisas dos trouxas. Acho que mais um passo na direção da harmonia entre bruxos e trouxas foi dado. E aí, Neville. Vai para o Brasil novamente?
_Não. Vai haver um congresso de Herbologia em Bangkok e eu me inscrevi. Depois vou me encontrar com Luna, no Havaí, onde o pai dela está investigando as aparições de uma criatura estranha, que surgiu na cratera do Kilauea. Nós vamos aproveitar para aprender um pouco da magia dos Kahunas e, também, a surfar.
_Cuidado com Pipeline e com Waimea Bay na cheia, cara. Dizem que é um verdadeiro paredão de água.
_Não se preocupem _ disse Neville, rindo e fazendo um gesto com a mão direita, com o polegar e o mínimo esticados e os dedos indicador, médio e anular dobrados _ saberemos nos cuidar.
_Aloha para vocês, cara. _ disse Rony, divertido _ Mas o melhor de tudo é que estaremos juntos depois, para mais um ano.
_Não quero jogar água fria na poção quente, mas não se esqueçam que o sétimo ano é o ano dos N.I.E.Ms, gente. _ disse Harry _ Vamos descansar e curtir bastante as férias, porque depois vai ser uma pauleira.
Vestiram os pijamas e se enfiaram debaixo das cobertas. Na manhã seguinte embarcariam no Expresso de Hogwarts, com destino a Londres.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.