Duelo na Madrugada




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“Ora, vejam só! Harry está com 16 anos” 


Aquele verão, diferentemente do anterior, estava com uma temperatura amena, graças a um generoso período de chuvas, que havia proporcionado noites frescas e uma brisa agradável, o que permitia boas noites de sono. Talvez fosse por isso que na Rua dos Alfeneiros apenas um quarto se encontrasse com as luzes acesas, no segundo andar do número quatro.


Naquele quarto, um jovem encontrava-se sentado a uma escrivaninha onde concluía os deveres que haviam sido passados para as férias, no período letivo anterior. Colocou sua assinatura no final do trabalho, enrolou o pergaminho e limpou a pena de águia com a qual escrevia. Fechou o tinteiro e guardou-o em um estojo, juntamente com a pena.


A razão pela qual um jovem , em pleno século XXI, utilizava penas e pergaminhos é que a escola na qual ele iria iniciar o sexto ano era muito especial. Afinal de contas ninguém poderia esperar que fossem utilizados outros materiais na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Com um suspiro de alívio por haver terminado o último dos trabalhos, Harry Potter tirou os óculos, esfregou os olhos e espreguiçou-se. Recolocou-os e procurou um bastão de lacre para fechar o pergaminho. Aqueceu-o e deixou algumas gotas pingarem sobre o pergaminho, lacrando-o. Em seguida, com o lacre ainda quente, pressionou contra ele um anel que havia pertencido ao seu pai e que lhe havia sido dado por um dos seus melhores amigos de escola e que fora professor de Harry no terceiro ano, ensinando Defesa Contra as Artes das Trevas, Remus Lupin. Em seguida olhou o resultado: sobre a gota de lacre, identificava-se o brasão da Grifinória, a Casa de Harry na escola e, sob ele, o sobrenome “Potter”. Em seguida, virou a tampa do anel, ocultando o sinete e exibindo apenas o brasão da Grifinória.


O anel lhe havia sido dado pessoalmente por Lupin, no dia do seu aniversário. Harry ainda se lembrava da cara dos seus tios, quando Remus tocara a campainha. Ele imaginou que Tio Valter ficaria púrpura e Tia Petúnia empalideceria. Acontecera justamente o contrário. Tia Petúnia ficou parecendo um tomate e Tio Valter um boneco de neve. Ainda estava fresca na memória a cena na Estação de King’s Cross, quando seus tios levaram um belo susto de Olho-Tonto Moody. Desde então , os tios haviam passado a tiranizar menos o garoto, primeiramente por medo dos seus amigos bruxos e depois por chegarem à conclusão de que não havia o que fazer. Ao menos Lupin se vestira convincentemente como um trouxa e se mostrara uma pessoa agradável e educada, como sempre havia sido. Depois que ele foi embora, Tio Valter perguntou a Harry:


_Tem certeza de que esse cara é bruxo, Harry? Não parece nem um pouco!


_Claro que é, Tio Valter. Inclusive já foi meu professor (Harry convenientemente omitira o fato de Lupin ser um lobisomem. Seria informação suficiente para fazer o cérebro do tio entrar em curto). Por que, o senhor está começando a rever seus conceitos (Harry pensou: PREconceitos)?


_Não espere demais, moleque. Aquele cara do olho maluco ainda está entalado na minha garganta. Minha opinião sobre aquele monte de esquisitos não vai mudar tão facilmente.


_Mas o senhor vai ter de reconhecer que nem todos são como o senhor pensava.


_Não abuse do meu bom humor.


Ainda sorrindo pela lembrança, Harry continuou a guardar suas coisas no malão. Os pergaminhos foram para um estojo cilíndrico, para que não se amassassem. As roupas de trouxa e vestes de bruxo dividiam o espaço com algumas coisas que, a um primeiro olhar, poderiam parecer deslocadas. Equipamento para corrida. Mas como é que aquilo fazia parte de sua bagagem? Olhando para os tênis, calções, camisetas e outros objetos, a mente de Harry novamente viajou para o passado, quando eles recém haviam chegado da estação:


_Escute, moleque. _ dissera Tio Valter_ Aqueles esquisitos estavam falando sério?


_Pode ter certeza que sim, tio. Moody não estava brincando. Eles realmente querem que eu mantenha contato e que vocês parem de me tratar feito lixo só por que eu sou um...


_Não se atreva a dizer essa palavra. _ sibilou Tia Petúnia, de uma maneira que daria inveja em Lord Voldemort.


_Não pedi para ser bruxo. Nasci assim. É tão difícil aceitar alguém que é um pouco diferente?


_Chamar essa sua...anomalia de “ser um pouco diferente” é ser generoso demais.


_Isso não muda o fato de eu ser o que sou. Paciência, _ concluiu Harry. A partir daí, ninguém mais falou nada até que chegassem a Little Whinging, embora ele estivesse fervendo por dentro.


Chegando ao número quatro da Rua dos Alfeneiros, Harry descarregou sua bagagem, levou-a para o seu quarto e desceu para o quintal, ainda com uma cara capaz de espantar um dementador. Em um anexo que Tio Valter mandara construir, Duda se exercitava em um multibanco, fazendo puxadas dorsais. À chegada do primo, levantou-se e preparou-se para dizer algo de ofensivo, mas alguma coisa no olhar de Harry o fez achar que era melhor ficar quieto.


Sem dizer nada, Harry sentou-se ao banco e, com as mãos na barra, puxou levantando facilmente as oito placas com as quais Duda estava executando sua série. Duda arregalou os olhos e perguntou:


_Como é que você fez isso com esse físico de jogador de baralho? No mínimo deve estar usando magia!


_Cala a boca, QI de trasgo! Você está careca de saber que eu não posso usar magia fora da escola.


_Mas como é que pode? Tire a camisa que eu quero ver uma coisa.


Harry tirou a camisa .


_Agora, puxe de novo.


Harry puxou e, novamente, as placas do aparelho de musculação subiram com facilidade.


_Papai, venha ver, _ gritou Duda. _ Harry consegue puxar o mesmo que eu no aparelho!


Tio Valter chegou e viu Harry puxando facilmente aquele peso todo. De costas percebia-se uma musculatura bem definida no corpo esguio do sobrinho. Mal contendo seu espanto, perguntou:


_Você não está usando magia,ou está?


_Claro que não, Tio Valter. Duda já me perguntou a mesma coisa.


_Então como é possível que um palito como você consiga puxar uma carga dessas?


_Não sei, tio. Talvez seja o Quadribol.


_Aquele esporte maluco que você disse que pratica?


_Pode ser. Não parece, mas a gente usa bastante os braços e pernas para controlar uma vassoura.


Uma idéia começou a se formar na cabeça do Tio Valter e ele a expressou na mesma hora:


_Moleque, acho que você vai ter alguma utilidade neste verão.


_Como assim?


_Vai ser parceiro de musculação do Duda e sparring de boxe dele.


Harry arregalou os olhos e perguntou: “O quê”???


_Exatamente o que você ouviu. Prepare-se.


Mas já ia longe o tempo em que Harry era obrigado a aceitar as loucuras do tio:


_Parceiro de musculação, tudo bem. Sparring de boxe, nem pensar. Acho que os bruxos não iriam gostar nem um pouco de saber que passei todo o verão levando porradas de Duda.


Tio Valter caiu em si. O que ele menos queria era ter um monte de bruxos com raiva dele.


_Está bem, moleque. Duda está precisando correr e você seria a companhia perfeita.


_E com qual equipamento?


_Te vira. Peça ajuda aos bruxos. E afastou-se, dando risadas.


Duda perguntou:


_E agora, o que você vai fazer?


_Acho que exatamente o que o Tio Valter sugeriu.


_Cara, sem um equipamento decente você vai só se contundir, não que eu me importe muito, mas também não quero aqueles bruxos esquisitos entrando e saindo daqui, nos enfeitiçando por que você se machucou. Venha. Vou lhe mostrar um catálogo de equipamento esportivo que tenho por aqui. Está bem atualizado.


Consultando o livro, Duda mostrou os vários artigos:


_Veja, este é um Nike Shox 12 molas. Foi o que papai me deu no último Natal.


_Caramba! Tudo isso por um par de tênis!


Continuou consultando o catálogo e encontrou o que procurava:


_É este! Um Reebok Dynamic, solado Hexalite, por um preço bem mais razoável e com um bom amortecimento.


Escolheu o que precisava e anotou os valores. Duda completou:


_Sem música não dá. Use meu velho walkman.


_Por que? Não vai me dizer que ele está com defeito e vou ter de pagar pelo conserto?


_Não. Papai me deu um discman e o walkman não tem mais serventia para mim.


_Sabia que tanta generosidade não era à toa. Agora, com licença que vou fazer a encomenda.


Subiu para seu quarto, pegou uma pena, um pergaminho e começou:


Caro Lupin, chegamos bem. A novidade é que Tio Valter quer que eu seja parceiro de exercícios do Duda e preciso de material adequado. A lista é a seguinte: (Harry relacionou o material, com os valores e a loja trouxa onde poderia encontrar tudo de uma só vez). Estou mandando Edwiges com a chave do meu cofre em Gringotes. Gostaria que você sacasse uma quantia e trocasse por dinheiro trouxa, pois acho que libras esterlinas seriam melhor aceitas do que galeões. Depois podem mandar o material pela Edwiges. Acho que estarei um pouco diferente quando nos encontrarmos novamente. Um grande abraço.


Harry


P.S. Por favor, não enfeiticem os tênis para aumentar a performance. Condicionamento deve ser adquirido da maneira trouxa, na raça”.


Colocou o pergaminho e a chave no estojo na perna de Edwiges e mandou-a ao encontro de Lupin.


_Encontre-o, por favor.


Naquela noite, acompanhada por outra coruja, Edwiges entregou o pacote, contendo tudo e mais alguma coisa, como explicava o bilhete que Lupin mandara em anexo:


“Caro Harry, encontrei tudo o que você me pediu. Coincidentemente, a loja estava em liqüidação e conseguimos um bom desconto, pois os artigos estavam em promoção. Tonks adorou algumas camisetas e bermudas.Sobrou um bom troco, o qual estou lhe mandando. É bom ter uma reserva de dinheiro trouxa para alguma necessidade.Além disso, já que você tem a pele clara, o funcionário da loja recomendou o uso de protetor solar fator 30. Estou mandando alguns frascos. Não vá usar esteróides (sei lá o que é isso, mas o funcionário recomendou). Creio que vamos vê-lo em boa forma. Ah, antes que eu me esqueça, não enfeiticei os tênis.


 


Lupin


 


Satisfeito, Harry examinou as roupas de exercício e procurou ter uma boa noite de sono. O dia seguinte seria bem corrido...literalmente.


Antes de começar, Harry pensou que seria uma atividade cansativa e monótona, mas descobriu que gostava. Seu físico adequava-se perfeitamente à corrida, as fitas cassete de Techno que Duda lhe dera animavam e ajudavam a ritmar as passadas e, o que é melhor, aquilo o desestressava e o ajudava a lidar melhor com a tristeza e revolta pela perda de Sirius. Sem contar que ele era muito melhor do que Duda:


_H-Harry, vai um pouco mais devagar, cara!


_Se você deixasse de fumar, Duda, me alcançaria facilmente!


Com o passar das semanas, os dois primos adquiriam um condicionamento cada vez melhor, principalmente Harry, que não tinha tendência para engordar. Sem contar que, para sua surpresa, Duda e os tios começavam a respeitar seu desenvolvimento, em lugar de o invejar e criticar. E assim a vida foi ficando cada vez mais suportável com os Dursley.


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“Ora, mas Harry ainda não havia ganho o MP3-Player” 


Mas o que quase fez o queixo de Harry cair foi que os tios não se opuseram à presença de alguns dos seus amigos bruxos na Rua dos Alfeneiros, especialmente Lupin e Tonks, já que os dois sabiam se comportar como genuínos trouxas, sem chamar a atenção, especialmente Tonks. Com sua habilidade de mudar de aparência, primeiro chocou, depois despertou a curiosidade e, finalmente, divertiu Tia Petúnia. Já Remus Lupin possuía a capacidade de conversar sobre vários assuntos, inclusive os do interesse do Tio Valter, o qual viu que não conseguiria intimida-los, portanto achou melhor tolerar o casal de bruxos, descobrindo que não eram más pessoas.


Em uma visita, na qual entregou a Harry o anel de seu pai, Lupin disse ao Tio Valter:


_Sr. Dursley, sei que o senhor tem muitas reservas quanto a nós, mas preciso lhe dizer que, assim como entre os trouxas, existem boas e más pessoas também entre os bruxos. Para sua sorte, pertencemos ao primeiro grupo. Se nós fossemos do Partido das Trevas, os mesmos que mataram os pais de Harry, o senhor não teria tempo de sequer argumentar. Usamos a magia para facilitar nossas vidas, por isso freqüentamos Hogwarts, para aprendermos a desenvolver e controlar nossos poderes. Alguns se desencaminharam, mas a imensa maioria é de pessoas que só querem viver em paz, sem chamar mais atenção do que o necessário.


_Falando assim você quase me faz acreditar em fadas. Me prove.


_Acho que o senhor tem essa atitude por que tem medo do que não conhece. Mas saiba que muitos bruxos entre os puro-sangue, principalmente entre os bruxos das Trevas têm um enorme preconceito contra bruxos mestiços e contra trouxas.


Talvez, Sr. Lupin. Mas o senhor vai concordar que a opinião que os não-mágicos ou trouxas, como vocês nos chamam, têm de bruxos e bruxas não é das melhores.


_Justamente por causa dessa minoria de desencaminhados, bruxos maus. Vou lhe mostrar que a magia pode ser bem útil. Vejo que a Sra. Dursley está às voltas com a limpeza da cozinha. Nesse ritmo ela vai levar algumas horas. Mas, se o senhor me permitir...


_Vá em frente _ disse Tio Valter _ Petúnia, deixe o Sr. Lupin provar sua teoria.


_Obrigado, Sr Dursley. “Limpar”. _ disse Lupin com um movimento da varinha e, em um instante, a cozinha estava brilhando.


_Impressionante. Isso é o que vocês chamam de feitiços domésticos?


_Exatamente. Como o senhor sabe?


_A irmã de Petúnia certa vez executou um.


_Harry é um bom garoto, Sr. Dursley. E já passou por coisas nessa vida que muitos adultos jamais passarão. Escapou da morte pelo menos umas quatro vezes até agora. O pior bruxo das trevas é seu inimigo jurado. Perdeu os pais, o padrinho, viu um colega ser assassinado na sua frente, lutou de igual para igual com um dos homens mais perversos do mundo. Fui seu professor e amigo de seus pais na escola e, por isso, posso dizer que, se Tiago já era um cara ótimo, Harry é muito mais porque nele juntou-se o que havia de melhor dele e de Lílian. Já teve sua cota de desgraças e não precisa ser hostilizado por seus próprios parentes apenas por ter nascido diferente.


_Eu não imaginava que tivesse acontecido tudo isso.


_Acredite, um dia talvez ele acabe salvando as suas vidas.


Depois disso, a convivência ficou um pouco mais amistosa, embora a última experiência dos Dursley com feitiços em casa lhes houvesse explodido a sala. Era natural que estivessem com o pé atrás.


De volta ao presente, Harry concluiu que, se as coisas não estavam perfeitas, ao menos não estavam ruins. De repente, um bip do seu relógio o alertou. Era meia-noite. Havia acabado de completar dezesseis anos.


_“Se dependesse de uns que outros, não só esse aniversário, mas vários outros antes dele, sequer ocorreriam” _ pensou. Até o momento, já havia escapado da morte pelo menos umas quatro vezes, graças aos seus próprios esforços e à grande ajuda dos seus amigos.


_“Quem tem amigos, tem um verdadeiro tesouro” _ pensou ele, lembrando-se de Rony Weasley, o primeiro amigo que tivera na vida e Hermione Granger, aparentemente mandona e cheia de si, mas dona de um enorme coração. E ele sabia quem é que gostaria de conquistar ao menos um pedacinho dele.


Um farfalhar de asas tirou Harry de seus devaneios. Edwiges, sua coruja de estimação desde o primeiro ano, entrou com um pacote, da parte de Molly Weasley, a matriarca da família que ele amava como se fosse a sua própria. Abriu o pacote, que continha um conjunto de três camisetas regata em dri-fit, com diferentes padrões de vermelho e amarelo, com o brasão da Grifinória bordado no peito, além de três calções, um preto, um vermelho e um azul. Harry leu o cartão:


“Harry, feliz aniversário. Já que você está se dedicando a exercícios, julgamos apropriado que seus presentes deste ano fossem relacionados com a atividade. O material é tão bom que quase não precisou de feitiço algum. Apenas lancei um feitiço para eliminar mais facilmente o cheiro do suor e não desbotar as cores. Os brasões foram bordados a mão pela Gina, sem magia. Parabéns”.


 


Molly Weasley


 


Harry examinou o bordado e admirou-se da habilidade e do capricho da pequena Virginia Weasley, lembrando-se de tudo o que já haviam passado juntos. O basilisco, o combate contra os Death Eaters no Ministério da Magia e outras situações, nas quais a pequena ruiva esteve presente. Sempre ao seu lado, agora com aquela antiga paixão já superada, ele acreditava.


A coruja seguinte era Píchi, a pequena mascote de Rony. Para variar, esforçando-se com um pacote maior do que ela própria. Harry abriu e tirou de dentro uma garrafa térmica, um cinto-pochete e um cartão:


“Feliz aniversário, Harry. Essa garrafa tem um feitiço bem útil. Além de melhorar a conservação da temperatura, ela rejeita qualquer substância nociva que alguém tente colocar nela. O cinto, além de ter o compartimento para ela, também serve para guardar...ooops! Já estou falando demais. Um abraço do seu amigo”


 


Rony Weasley


 


Quanto a Rony, nem se fala. A amizade iniciada a bordo do Expresso de Hogwarts no primeiro ano sempre resistira a tudo, mesmo ao pequeno estremecimento que houvera no quarto ano, devido ao Torneio Tribruxo.


_“Acho que terei mais surpresas nesta noite” _ pensou Harry, segundos antes de mais uma coruja adentrar seu quarto, com um grande pacote, mandado por Fred e Jorge Weasley, os gêmeos especialistas em todo tipo de traquinagem. “Será que é mais alguma das Gemialidades Weasley?”, pensou Harry começando a abrir o pacote e sufocando um grito de surpresa. Dentro do embrulho havia um discman e vários CDs, acompanhados de um cartão dos irmãos:


“Caro Harry, nosso financiador. Finalmente podemos presenteá-lo como se deve. Este aparelho foi adquirido em uma loja trouxa de um dos melhores shopping centers de Londres. Hermione nos assessorou na compra. Há alguns feitiços de nossa autoria e de Papai: A proteção antichoque foi melhorada, para que o CD não pule com impacto algum. Ele não entra em pane em lugares mágicos, portanto você pode leva-lo para Hogwarts, Beco Diagonal ou mesmo no Ministério da Magia. Com isso ele também capta o sinal da Rede Radiofônica dos Bruxos. Junto vão alguns CDs de grupos trouxas e também alguns das Esquisitonas e do Pena de Fênix (eles descobriram que dá uma boa grana extra lançar músicas no mercado trouxa). Não se preocupe com as baterias, pois elas nunca se descarregam. Feliz aniversário”.


 


Fred e Jorge Weasley


 


Colocou o CD das Esquisitonas e ouviu a música que havia dançado com Parvati Patil no Baile de Inverno, no quarto ano (“Preciso me desculpar, ainda que com atraso, por ter sido grosseiro com ela”).


Mais uma coruja chegou, dessa vez com um presente de Hermione. Ao rasgar o papel, encontrou duas caixas retangulares, com uma figura que lembrava uma letra”O” achatada. Em uma estava escrito “Minute” e na outra “A-Wire”. Abrindo as caixas, não pode deixar de dizer baixinho: “Uau, Mione”. Em uma delas encontrou um par de óculos de sol esportivos, com armação vermelha, lentes espelhadas douradas e borrachas negras nas hastes, além do mesmo símbolo da caixa, também em preto. O outro par era com armação em metal prateado, com lentes espelhadas azuis. Na ponte de ambos, a palavra “OAKLEY” era visível. No cartão, lia-se:


“Harry, meus parabéns pelos seus dezesseis anos. Notei que, por você ter olhos claros é mais sensível à luz do sol. Por isso estou lhe mandando esses dois, com lentes no seu grau. Essa marca é conhecida por fabricar excelentes óculos de performance para atletas e incluí um modelo esporte, mas menos radical, o A-Wire azul.Colocamos neles, eu e o Sr.Weasley, um feitiço Impervius permanens, para eles repelirem água e poeira. Quanto à resistência das lentes, quase não foi preciso, porque os testes na fábrica são feitos com disparos de armas de fogo calibre .22.Vai ficar com um visual de estilo. Breve vamos nos reencontrar. Tudo de bom.”


 


Hermione


 


O pessoal caprichou este ano”, pensou Harry. “Qual será a próxima surpresa?” Não precisou esperar muito. Duas corujas de Hogwarts chegaram, trazendo a lista de material para o sexto ano, um conjunto de toalhas de fitness com o brasão da Grifinória (“Valeu, Hagrid”) e alguns pares de meias sem cano, obviamente presenteadas por seu amigo Dobby, o elfo doméstico, com um feitiço para não reter transpiração, ficando sempre secas e sem odores. Da parte de Olho-Tonto Moody, chegou uma bainha de saque rápido para a varinha, que se colocava no antebraço e ficava invisível.Gui havia mandado um abrigo de verão e Carlinhos um abrigo de inverno. Por fim, chegou uma coruja de Tonks e Lupin “Ninguém me tira da cabeça que os dois estão morando juntos. Formam um belo casal”, pensou Harry, ficando quase sem fôlego ao ver o conteúdo da caixa, onde havia um par de tênis Nike Vitesse, o top de linha para corrida, acompanhado de um cartão:


“Harry, tenho certeza de que vai precisar de tênis novos e estes são muito bons, segundo a opinião de Tonks, que aderiu às corridas de distância e está em excelente forma, fazendo o mesmo trajeto que você e Duda, pelas manhãs e cuidando de outras missões à tarde. O feitiço que lançamos não vai aumentar sua performance na corrida, mas vai diminuir o desgaste do solado, aumentando a vida útil dos tênis. Feliz aniversário”.


 


Tonks e Lupin


 


Então Tonks anda correndo conosco, disfarçada. Bom saber”.


Guardou os presentes no malão, com o resto de suas coisas e pensou: “Ainda bem que os Dursley estão viajando e só voltam amanhã. Por mais que estejam em paz com os bruxos, com certeza não iriam gostar de um bando de corujas em casa.” Em seguida, pegou um livro que Hermione lhe havia emprestado, em sânscrito, o antigo idioma que se falava na Índia e do qual se originaram as línguas européias. Ela emprestou o livro, porque estudariam antigos feitiços hindus no ano seguinte e o conhecimento do sânscrito seria importante.


Fazendo a tradução através de um dicionário sânscrito-inglês, Harry começou a ler os textos, vendo que grande parte deles era sob forma de mantras, que eram potencializados por sua repetição. Um capítulo em especial dizia:


“Infelizmente, muitos feitiços, principalmente os que combatem as Artes das Trevas, perderam-se no tempo. Mas um deles, denominado ‘Olho de Shiva’, sobreviveu. Se o seu mantra for repetido com a concentração necessária, cria uma barreira de defesa, um escudo capaz de defletir feitiços das trevas e, se o bruxo for mesmo poderoso, até mesmo contra-atacar a maldição Avada Kedavra”.


Harry pensou: “Será que é mesmo verdade? Todos sabem que a Avada Kedavra não tem defesa.Vamos ver como é esse mantra”.


Prosseguindo na leitura, Harry procurou pela fórmula do feitiço, mas quando chegou à página, viu que ela havia sido...


_“Arrancada? Não pode ser. Como é que Madame Pince não percebeu isso, justo ela que é tão detalhista com os livros da biblioteca de Hogwarts? Mas justamente a fórmula... acho que não pode ser apenas coincidência. Onde poderia ter ido parar a página”?


Folheando o livro, viu que havia um pequeno relevo no forro interno de uma das capas, como se alguém tivesse colado algo nela.


_“Mas será que... não; seria tão óbvio que ninguém pensaria... mas, por outro lado, é extremamente engenhoso, ocultar em um lugar tão bobo, que ninguém procuraria”.


E pegando um pequeno punhal que usava para abrir cartas, Harry foi descolando o forro da capa (“Madame Pince vai me pendurar pelas orelhas”) até que...


_“É mesmo! Há um papel escondido aqui. Vamos ver o que diz”.


Tirou o papel de seu esconderijo e viu que, realmente, tratava-se da página rasgada do livro. Desdobrou-a e leu a fórmula do mantra , experimentando sua sonoridade. Nesse momento, sentiu uma intensa fisgada de dor em sua cicatriz e ouviu uma voz sibilante vinda da rua, que cantava, em tom sarcástico:


_”Parabéns pra você, nesta data querida, hoje é o fim do Harry, nem mais um dia de vida”.


Harry correu para a janela e viu alguém que preferia não ver, nem mesmo em pesadelos: alto, vestindo uma capa preta, com aquela cabeça calva, branco como uma caveira deixada ao sol, a face viperina com aquelas narinas em fenda, os olhos vermelhos e as pupilas verticais, as mãos que saíam das mangas de suas vestes eram pálidas e com os dedos longos e ossudos, em plena Rua dos Alfeneiros encontrava-se o maior inimigo de Harry, Lord Voldemort.


_O que você faz aqui, Voldemort?


_Que grosseria, Harry Potter. Vim lhe trazer o seu presente de aniversário: uma morte lenta e dolorosa.


_Você não pode entrar nesta casa. Sabe muito bem que ela é protegida contra você. Senão você já teria ameaçado a mim e aos Dursley.


_Garoto tolo. Caso não tenha percebido, eu estou na rua, esperando por você.


_E o que faz você pensar que vou sair daqui, em vez de avisar ao Ministério ? Daqui a pouco haverá uma dezena de aurores aqui para pegá-lo.


_Eu tenho um pequeno incentivo para que você desça, quer ver?


E apontando a varinha para um poste, disse; “Lumus”! Um facho de luz projetou-se dela e iluminou três pessoas amarradas a ele: Os Dursley.


_Eu os peguei na volta do passeio deles e, gentilmente, os chamei para nossa festinha.


Não estavam estuporados. Conscientes e apavorados, Tio Valter, Tia Petúnia e Duda olhavam para aquela aparição do Inferno que os ameaçava.


_ “Maldito”! _ pensou Harry _ “Dane-se a restrição à prática de magia por menores”! Agarrou sua varinha e desceu as escadas em disparada, saindo pela porta da frente e parando defronte àquele ser que o próprio Diabo não quis perto de si.


_Que bom, Harry, que você teve a gentileza de atender ao meu convite tão gentil.


_Chega de ironias Voldemort, _ disse Harry _ Isso termina aqui e agora. Você não tinha o direito de envolver os Dursley nisso, principalmente agora, que eles estão começando a aceitar melhor a convivência com os bruxos.


_Pensei que você ficaria agradecido se eu o livrasse desses trouxas, mas me enganei. Bom, não faz diferença. Vão todos morrer de qualquer forma.


Harry sacou a varinha e disse: _ “Não se depender de mim, Voldemort”, _ pondo-se em posição de duelo, apontando a varinha para o rosto de Voldemort e gritando: “Lumus máxima”, disparando um raio luminoso que ofuscou seu inimigo e lhe permitiu aproximar-se do poste onde os Dursley estavam amarrados. Disse: “Diffindo” e as cordas que os prendiam foram cortadas.


_Rápido, corram para dentro! Voldemort não pode pegá-los dentro de casa! Os tios e o primo entraram em casa, mas antes Tia Petúnia perguntou: “Mas e você?”


_Eu me viro com ele. Corram!


Voldemort recuperou a visão e disse: “Muito esperto, Harry. Diminuiu sua desvantagem.”


Tentando, além de usar a magia, irritar Voldemort para que ele cometesse algum erro, Harry resolveu lançar mão de guerra psicológica, tratando-o do mesmo modo como Dumbledore o faria:


_E então, Tom...parece que agora somos só nós.


_Pirralho insolente. Como se atreve a dirigir-se a mim dessa maneira? Vou mata-lo de uma forma ainda mais dolorosa. Você vai implorar para que eu lhe lance a Avada Kedavra!


Vendo que estava no caminho certo, Harry disse: Você está muito mal-humorado. “Rictusempra”! O raio pegou Voldemort distraído e ele começou a rir incontrolavelmente, mas não sem conseguir lançar seu feitiço: “Estupefaça”! Um flash de luz vermelha cruzou o ar em direção a Harry que, com os reflexos adquiridos no Quadribol e na corrida, defendeu-se imediatamente: “Protego”! O feitiço Escudo atenuou o estuporamento. Mas Harry sentiu como se fosse atingido por um saco de areia.


_Acho que estamos em um bom nível, Tom. Você é um adversário admirável _ disse Harry. Mas eu também aprendi algumas coisas.


Voldemort fez um gesto que pôs Harry em alerta. Foi o mesmo que precedeu um feitiço letal que um Death Eater havia lançado em Hermione, algumas semanas antes. Imediatamente Harry apontou a varinha para Voldemort e gritou: “Silencio”! O bruxo lançou seu feitiço sem som, o que o tornou mais fraco e Harry novamente protegeu-se com um feitiço Escudo, que reduziu a potência, impedindo que ele fosse cortado ao meio.


Harry procurava manter-se sempre em movimento, a fim de não oferecer um alvo fácil para Voldemort, mas o bruxo das Trevas começava a ficar farto daquilo e disse:


_Harry, acho que vou reconsiderar minha intenção de mata-lo lentamente. Prepare-se para encontrar seus pais e seu padrinho. Nem tente forçar um Priori incantatem, pois não estou usando a minha própria varinha. Adeus, Harry Potter. O seu fim chegou. AVADA KEDAVRA!


Para Harry, os instantes seguintes pareceram se passar em câmera lenta. Viu um raio de luz verde vindo em sua direção e, em seguida, sentiu não estar mais no mesmo lugar. Tomando consciência de que não estava morto, percebeu que havia se deslocado alguns metros para o lado, escapando da maldição. Sem ao menos ter tido uma aula sequer, instintivamente havia desaparatado para fora do raio de ação daquela luz mortal.


Quando Voldemort percebeu o que havia acontecido, preparou-se para repetir a maldição e liquidar Harry, diante dos olhos apavorados dos Dursley, que espiavam da janela do quarto.


Mas, naquele instante, com uma convicção que desconhecia possuir, Harry disse a Voldemort: “Eu falei que isso terminaria aqui e agora”! E, sem pensar, começou a entoar o mantra que havia lido naquela página arrancada do livro em sânscrito. Imediatamente, uma tênue luz começou a envolver seu corpo, ficando cada vez mais intensa, até tornar-se uma aura do mais puro dourado, concentrando-se mais na mão da varinha, que Harry mantinha apontada para Voldemort, Quando ele apontou a varinha para Harry e gritou novamente: AVADA KEDAVRA, Harry gritou o final do mantra e moveu sua varinha, disparando um raio dourado que, ao encontrar o raio verde da maldição imperdoável, gerou uma explosão ensurdecedora, com um brilho de um branco imaculado e ofuscante, que fez Harry voar cerca de três metros e cair no chão, ainda a tempo de ver Voldemort ser projetado pelos ares e sumir de vista.


Naquele exato instante, Harry Potter despertou em sua cama, com os olhos arregalados e o corpo banhado em suor.

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