Capítulo VII



 


Marlene McKinnon


 


- Peter é você? - Perguntei novamente, já em pé e com o coração na mão.


Ele voltou a forma humana.


-Onde estão os meninos? Eles estão bem? O que aconteceu? Você está bem? Fale alguma coisa!


- Calma. Tá tudo legal. Eu.. Eu não estava me sentindo bem e... E resolvi voltar. Acho que eu comi demais.


- Você quase me mata do coração!


- Desculpa.- Disse e deu um sorrisinho tímido.- Eu vou subir e dormir um pouco.


- Ta bem. Você quer que eu te chame quando  eu for pra casa dos gritos amanhã?


-Pode ser.- Ele falou e bocejou ao mesmo tempo.


Eu ri. Estava mais calma, se eles tivessem visto algum comensal Peter teria comentado. Não é? Toda a calma que eu tinha adquirido se dissipou. Eu suspirei. Só teria paz novamente quando os três estivessem aqui dentro do castelo sãos e salvos.


Ficar ali parada estava me enlouqucendo, resolvi que era melhor tomar um banho. Liguei o chuveiro o mais quente possível e fiquei embaixo daquela água corrente por mais de duas horas.


Troquei de roupa, pentiei os cabelos, arrumei o material para as aulas que começariam mais tarde. Desci novamente e levei um livro comigo para ver se o tempo passava mais rápido.


Sentei na poltrona e tentei me concentrar na leitrura. Não consegui. Mudei de posição uma, duas, três vezes e nada. Peguei o livro  e me deitei de bruços em frente a lareira. Mas eu não conseguiar ler duas linhas se quer e tinha que voltar e reler. As palavra não pareciam fazer sentido. Fiquei assim por mais um bom tempo até que senti os primeiros raios de sol entrando pela janela.


Levantei em um salto e corri escadas a cima. Bati na porta do quarto que pertencia aos Marotos, não houve resposta. Insisti mais um pouco e quando o silêncio permaneceu decidi entrar. Fui até a cama que Peter estava e o chamei.


-Hmm.. Não, mãe! Me deixa dormir!-  E se cobriu até a cabeça com o edredom.


Mordi os lábios para não ri.


-Peter, sou eu Lene. Acorda vai.


-Hum..


-Peter!- E dessa vez o sacudi.


Ele puxou o cobertor deixando aparecer apenas os miúdos olhos pretos.


- Lene,vai lá eu vou ficar aqui.-Disse com uma voz sonolenta.


- Ta bom, dorminhoco.


Desci chamei por Greg, peguei as coisas com ele e segui meu caminho.


Assim que entrei na casa dos gritos ouvi a voz de Sirius:


- Cadê a Lene? Estou morrendo de fome!


- Estou aqui.- Gritei.


Assim que entrei no  quarto ele correu na minha direção.


- COMIDA!


- Muito bom te ver também, Sirius.


- Depois que eu comer a gente conversa. - Disse pegando as sacolas da minha mão.


- Vem logo, Almofadinhas!- Pediu James, outro esfomeado.


Me sentei ao lado de Remus. Hoje ele tinha apenas uns poucos arranhões. Ele bebeu apenas um 1/3 das poções e eu indaguei silenciosamente erguendo uma sombrancelha.


- Sirius está precisando mais do que eu.- E indicou o amigo com a cabeça.


Só então notei o nariz ensanguentado dele.


- Sirius, o que houve?


- Nada demais, Lene. Foi apenas um recepção calourosa do salgueiro lutador.


- Como nada demais, Sirius? Seu nariz tá todo ensanguentado.- Eu disse e me aproximei para cuidar do ferimento.


- Pode deixar, Lene. Não se preocupe.- Ele falou se afastando.


- Isso tudo é falta de confiança nos meus dons de medibruxaria?


 - Não! É só que eu não estou com a mínima vontade de assistir a aula de história da magia. E se eu for pra ala hospitalar não preciso ir a aula. E eu descobri que a Madame Pomfrey é mais legal quando estamos cobertos de sangue. Acho que ela fica penalizada.


- Cachorro!- E não pude segurar o riso.- Eu aqui toda preocupada...


- Pois é, Lene, ele não sabe dar valor quando as pessoas se preocupam com ele.


Olhei para Remus em busca de uma explicação para o comentário de James.


- Eles estavam discutindo a relação antes de você chegar. Longa história.- Eu ri.


-Lene, você por acaso dormiu essa noite? Está com olheiras horríveis.


- Obrigada, Sirius. Estou lisonjeada com seu elogio.


- Estou falando sério você dormiu? - Agora ele tinha um olhar preocupado no rosto.


- Não consegui.- Murmurei.


-  Por que? -Ele inquiriu.


- Como por que? Porque estava preocupada com vocês e com o Hagrid, oras. - E pensando nas confissões de Lily e Dorcas, acrescentei mentalmente.


Ele suspirou.


- Não precisava, Lene!  Estávamos bem.


- Mas eu não  tinha como adivinhar, não é? Quase morri quando vi o Peter voltando sozinho.


- Então ele realmente voltou pro castelo?- Perguntou James aliviado.


- Sim. Ele não avisou a vocês?


- Não, depois que os comensais apareceram ele sumiu. - James falou enquanto limpava os óculos.


- COMENSAIS DA MORTE? - Eu e Remus perguntamos juntos. Ele não se lembrava de nada das noites de lua cheia.


-  Não, gente, os comensais da tia Joana. Sabe aqueles com uma capa rosa com bolinhas amarelas que andam pelas florestas distrbuindo cupcakes.- Zombou Sirius.


- Idiota.- Resmunguei, mas não pudemos conter o riso.


- O que exatamente aconteceu ontem a noite? - Quis saber o Remus.


Sirius e James narraram os fatos da noite anterior e pude ver uma troca de olhares entre eles quando mencionaram a vontade do cachorrinho de se vingar pelo Hagrid. Black e suas idéias de girico. Eu e minhas gírias de velho.


Quando eles terminaram de contar o que tinha acontecido Remus nos apressou para ir a aula. Bom, pelo menos três de nós já que Sirius iria para enfermaria. Pedi a ele que mandasse lembranças ao Hagrid.


- Pode deixar. Eu vou tentar enrolar o máximo por lá.


- Se na hora do almoço você ainda não tiver saido passo pra te visitar e prometo fingir preocupação.


- Seja uma boa visita, Lene, e leve flores, ok?


- Claro! Visgo-do-diabo serve?


Seguimos rindo pelo caminho.


As duas aulas de história da mágia se passaram e já estava quase no final da aula de herbologia e nem sinal de Sirius. Pelo visto ele tinha conseguido enrolar a medi-bruxa da escola e permaneceria na enfermaria até a hora do almoço.


A aula de herbologia era conjunta com a Lufa-Lufa, assim como a de transfiguração. Logo que a Prof.ª Sprout liberou os alunos Theo Horst veio em minha direção.


- Oi, Lene. Será que posso falar com você um instante?


- Oi, Theo. Claro.- Disse enquanto guardava o meu material.


Estranhei o fato dele querer falar comigo. Já fizemos alguns trabalhos juntos, mas não tinhamos muito contato. Ele era considerado por muitas garotas um espetáculo. E eu também achava. Ele era alto, dono de belíssimos olhos azuis, cabelos pretos e um sorriso espetacular com direito a covinha.


- Será que a gente pode ir conversando no caminho? É porque fiquei de visitar o Sirius na  ala hospitalar.


- Ah, o Sirius.- Ele parecia meio decepcionado. - É... Você e ele tem alguma coisa, Lene?- Ele perguntou e engoliu a seco.


- Não!- Neguei e ri.- Somos apenas amigos.


- Tem certeza?


-É claro que tenho certeza, Theo. Que idéia!- Falei rindo e dessa vez ele riu também.


Parecia que finalmente havia se convencido de que não existia nada além de amizade entre eu e o Sirius.


-  É porque, sei lá, vocês estão sempre juntos, ai eu pensei que... Sei lá... Talvez...


- Sirius é meu melhor amigo, Theo, mais nada além disso. - A essa altura já estávamos adentrando o castelo.- Você só queria falar  sobre ele? - Perguntei sorrindo.


Será que Theo era gay? Vir falar comigo apenas pra saber sobre o Sirius. Bom, se ele fosse seria um terrível desperdício.


Ele retribuiu o sorriso e parou em frente as escadas onde nossos caminhos se separavam, eu iria a enfermaria e ele para o salão principal, imagino.


- Na verdade, eu queria saber... Bom, é que esse fim de semana vai ser o último de visitas a Hogsmeade antes das férias e ...- Ele parecia nervoso. Passava incessantemente a mão pelos cabelos.- Bem,euqueriasabersevocênãogostariadeircomigo?- Ele disse em uma torrente de palavras.


- Que?- Eu realmente não tinha entendido.


Ele respirou fundo.


- Você não gostaria de sair comigo no sábado? Ir a Hogsmeade? Isso é se os passeios já estiverem liberados até lá.- Falou com mais calma dessa vez.


- Ah, claro. Por mim tudo bem.- Ele abriu um grande sorriso, suas covinhas se evidenciando.


- Passo na sua sala comunal as 15h, pode ser?


-Ok, até lá.


- Até.


Acenamos e cada um seguiu seu caminho.


A ala hospitalar estava deserta, exceto pela presença de Sirius e Hagrid que jogavam Snap explosivo.


-Oi, meninos! - Disse com um sorriso de orelha a orelha. Afinal tinha um encontro no sábado.


- Podemos saber o que aconteceu para você estar tão feliz? -Perguntou Hagrid simpaticamente.


- É que, bom... Vocês sabem quem é o Theo Horst? Da Lufa-Lufa.- Eles confirmaram com a cabeça e ficaram me olhando em expectativa.- Então, ele me convidou para sair.- Falei batendo palminhas de felicidade.


- Eu não gosto desse garoto.- Declarou Sirius fechando a cara.


- Deixa de bobagem, Sirius! Ele parece ser boa gente, Lene. - O meio gigante sorriu docemente pra mim.


- Obrigada, Hagrid! Viu, Black de quinta? Quando alguém vier contar uma novidade com animação não estrague a felicidade da pessoa se anime também. - Ele bufou.- Ah, Hagird! Na última vez que vim aqui a Lily tinha mandado lembranças e eu esqueci de dar o recado. Mas dessa vez eu lembrei! Ela e a Dorcas desejaram melhoras. As duas estão se matando de estudar pra os NIEM´s, mas falaram que vão tentar arrumar um tempinho pra vir te ver.


- Agradeça a elas por mim. Diga a elas para aguardar e me visitar lá em casa, em breve receberei alta. Pelo menos eu espero,né?


- Sim, receberá. Mas só se permanecer de repouso. - Madame Pomfrey havia acbado de entrar na enfermaria. - E você, Black, já pode ir.


- Certeza de que não é nescessário que eu fique mais? Sabe que eu amo ficar perto de você, Papoulazinha do meu coração.


- Fora, Black! Faz o favor de tirá-lo daqui, Mckinnon?


- Claro! Bora, Sirius! - Disse puxando-o pelo braço. -Tchau, Hagrid.


- Tchau, Lene. Tchau, Sirius.


- Tchau,Hagrid.


Assim que saímos da enfermaria soltei  o braço do Sirius dando-lhe um empurrão, com um sorriso zombeteiro no rosto.


- Eu não estava brincando sobre aquilo. - Ele disse sério.


- Sobre o que? - Indaguei.


- Não vou com a cara desse tal de Horst.


- Esquece isso! Nem sabemos se vai acontecer pode ser que as visitas ao povoado ainda não estejam liberadas. Como está o seu nariz?


- Bem.- Ele já tinha uma expressão mais suave no rosto.


- Você está com fome? - Eu quis saber.


- Sempre. Por que?


- Porque eu tenho muitas fofocas pra te contar. O que acha de assaltarmos a cozinha e irmos almoçar em frente ao lago?


- Não podemos. Lembras das proibições?


- Quem diria, Sirius Black obedecendo regras. Por essa ningúem esperava. - Ele revirou os olhos.


- Que tal irmos para o meu dormitório, chamamos Greg e ele leva comida pra gente lá?


- Eu topo! Realmente preciso deitar.


- Preguiçosa. -Ele disse em meio a uma tosse fingida.


- Eu ouvi isso, hein!

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