Capítulo II





Marlene McKinnon


 


 


Na época de lua cheia eu nunca consigo dormir direito. E essa noite não foi diferente. Tive pesadelos horríveis com os garotos.


Levantei bem silenciosamente para não acordar as meninas e fui tomar um banho rápido para poder ir logo à casa dos gritos. Me vesti e sem ser vista por ninguém fui até a cozinha. Fiz cócegas na pêra e entrei.


- Olá, srta. McKinnon! Tudo bem com a senhorita?- Me recebeu Greg, um dos elfos mais simpáticos de Hogwarts.- Eu posso ajudar a senhorita?


- Oi, Greg! A comida do Remus está pronta ?


- Ah sim! Está sim só um minuto que vou trazer para você, srta. Mckinnon. - Ele saiu dando passinhos apressados pela cozinha e quando voltou tinha umas seis sacolas na mão cheias de comida.


 As embalagens para viagem eram uma exclusividade dos Marotos. Com um feitiço diminui o tamanho das embalagens e as guardei no bolso do meu casaco. Agradeci e fui na direção da ala hospitalar.


- Madame Pomfrey? A senhora está aí?


- Estou sim, McKinnon.- Ela disse saindo de uma porta ao fundo da enfermaria. - Aqui estão as poções do Lupin. Por favor, qualquer ferimento mais grave não exite em me chamar.


- Pode deixar. Muito obrigada.


- De nada, querida.


O caminho até a casa dos gritos foi tranquilo. Usei um graveto para parar o salgueiro lutador e depois desci até a casa.


- Cheguei! onde vocês estão?


- Estamos aqui em cima, no quarto.- Me repondeu Sirius.


Eu subi para encontrá-los.  A cama de casal que havia no quarto estava ainda mais destruída, a única cadeira que tinha sobrevivido as outras transformações estava em pedaços e a mesa também. Os quatro estavam sentados no chão, Remus estava muito machucado, sua testa sangrava, sua camiseta branca e a calça jeans estavam sujas de sangue e pude ver alguns roxos em seu braço. Sirius e James também tinha alguns arranhões mais nada grave. Peter era o único que parecia inteiro. Tirei as sacolas de comida do bolso e as fiz voltar ao tamanho original, coloquei-as no chão perto deles e me ajoelhei ao lado de Remus para ajudar com as poções. Mal as sacolas tocaram o chão James, Sirius e Peter atacaram-as.


- Noite díficil?- Perguntei ao Remus, uma pergunta desnescessária pela cara dele dava pra perceber que estava com bastante dor.


- Um pouco.- Ele respondeu com um meio sorriso que não chegou aos olhos e eu sorri de volta.


- Toma. - disse enquanto lhe entregava as poções.


Ele bebeu uma rosa primeiro, a para dor, logo em seguida bebeu a verde, para cicatrização e depois a roxa, que era para repor sangue. Eu conjurei uma bacia com água e um pano para limpar os ferimentos dele. Comecei pelo corte na testa, quando terminei pedi para que ele tirasse a camisa. Ele corou bastante, mas fez o que eu pedi. O físico de Remus era de dar inveja em Apolo, mas naquele momento isso não me interessava eu só queria diminuir a dor do meu amigo.


 - Pronto. - Disse quando terminei. - Vamos comer alguma coisa? Isso se os três patetas não acabaram com tudo, né?- Ele riu dessa vez um sorriso mais sincero.


- Eles vão ter que encarar a fúria de um lobisomem faminto se fizeram isso.- Foi a minha vez de rir.


Nós nos deliciamos com a comida preparada pelos elfos. Eles capricharam, tinha mingau, pães, bolos, frios, uma sopinha especial para o Remus, suco de abóbora e leite. Comemos e conversamos por quase duas horas. O lobinho já estava melhor e não haveria nescessidade de passar pela enfermaria. E com alguns feitiços básicos que Madame Pomfrey havia me ensinado cudei dos machucados do Sirius e do James.


Voltamos para a sala comunal, a Lily e a Dorcas tinham acabado de descer, nós sete nos sentamos em frente a lareira, mas o Peter resolveu subir para tomar banho. O que surpreendeu a todos, ninguém desconfiava que ele fazia isso.


- Tudo certo para a viagem?- Remus perguntou e todos olhamos para a Lily.


A ruiva corou e murmurou um sim. Eu e a Dorcas pulamos em cima dela, enchendo a de beijos e abraços.


- Posso também? - Perguntou James, com um fingido olhar inocente.


- Menos Potter, bem menos, quase nada. - Foi a resposta que ele obteve da ruivinha. Pois é, pergunta o que quer, escuta o que não quer.


- Lene, se eu não me engano no Brasil eles falam português, não é? E tirando você nenhum de nós conhce uma palavra se quer dessa língua.


- Esse problema ja está resolvido, Lily. Eu pedi ao Prof. Slughorn para fazer uma poção tradutora para gente, ele disse que faria sem problemas só ia precisa da saliva de alguém que soubesse falar o idioma.


- Em outras palavras, nós vamos beber o seu cuspe? - Perguntou Sirius, fazendo cara de nojo.


- Poderia ser pior, Almofadinhas, poderia ser o seu cuspe. - O James falou fazendo todos rirem.


- Mal posso esperar pra viajar! - Dorcas disse toda animada e batendo palminhas.


- Eu também, mas até as férias chegarem ainda tenho um monte deveres pra fazer.- O Remus falou já se leventando.


- Meu Merlim, como esse menino consegue lembrar de coisa ruim em uma hora tão agradável.


-  Cala boca, Pontas! E se você não quiser ficar de detenção por não entregar os deveres amanhã, acho bom que venha fazê-los também.


- Se é assim, né? Quem sou eu para dizer que não. Bora pra biblioteca, então.


- Vamos também, Lily, eu preciso da sua ajuda em poções. - Declarou Dorcas enquanto se levantava.


No fim só sobramos eu e o Sirius.


- Agora que eles já foram eu posso falar. É impressão minha ou lobinho e a loirinha estão realmente apaixonados um pelo outro?- Perguntei assim que o retrato da Mulher Gorda se fechou.


- Ele não disse nada, mas nem precisa, né? Tá na cara.


- Vou investigar isso mais a fundo. - Eu disse rindo e fazendo com que ele risse também. - Sempre sonhei em ser cupido, acho que chegou a minha hora.


- Pode contar com a ajuda do deus grego aqui.- Ele falou ainda rindo.


O silêncio se instalou no ambiente, mas não um silêncio constrangedor, era um silêncio confortável.


- Mas e ai novidades? - Ele perguntou.


- Sério, Sirius? Eu to com você todos os dias, para não dizer todas as horas, te conto tudo o que acontece nos raros momentos que você não está perto. Você acha mesmo que se tivesse uma novidade eu já não teria te contado?


- Esqueci que você era uma tagarela de primeira.


- Eu aqui, fazendo praticamente uma declaração de amor e você me chamando de tagarela? Agora vai ter que enfrentar a fúria de uma McKinnon!- E logo em seguida puxei a almofada que estava no sofá mais perto e taquei nele.


- Isso, vai. Faz cosquinha no dragão adormecido. - Depois dessa eu não aguentei e comecei a gargalhar e esse foi o meu maior erro: baixar a guarda.


Quando dei por mim eu estava deitada no chão com o Sirius em cima de mim me fazendo cócegas. Eu gritava desesperadamente para ele parar, já estava ficando sem ar, mas ele me ignorou. Acho que Hogwarts inteira imaginava que ele estava me matando pelos gritos. Depois de muito tempo de tortura meu algoz decidiu que era hora de parar o castigo. Mas ele não saiu de cima de mim e conforme os risos foram parando e o silêncio se instalando fomos nos dando conta da situação. Pude sentir minhas bochechas esquentando imagino que tenha ficado tão vermelha quanto um tomate.


Ele pareceu se dar conta do que as pessoas poderiam imaginar se nos vissem daquela forma, ele em cima de mim, ambos despenteados e suados, isso sem contar os gritos que tinham cessado a pouco, e se sentou ao meu lado.


Eu  desviei o olhar do dele, estava meio envergonhada. Nunca tinha pensado no Sirius desse jeito, ele sempre foi como um irmão pra mim. Mas de um tempo pra cá as coisas pareciam meio diferentes.


- Eu não acredito que eu esqueci!


- Não sei do que se trata, mas eu acredito. Você sempre foi cabeça de vento e esquece tudo, Sirius.


- Engraçadinha. Mas é sério, eu esqueci que havia marcado um encontro com a Aline da corvinal.


- Então vai atrás dela e inventa uma desculpa, ué. - Eu disse mesmo que a última coisa que eu quisesse no momento fosse ficar longe dele.


- Ah não.To sem paciência para aturar ela agora. Ela é gostosa, mas é um porre.


Eu abri um sorriso de orelha a orelha após essa declaração, mas internamente é claro, não ia deixar que ele percebesse como isso me alegrou.


- Bom, você que sabe.


- Amanhã eu invento uma desculpa bem convincente. Você sabe que ninguém resiste a essa carinha linda aqui.


- A lei da física não explica como um ego tão grande como o seu pode caber em um espaço tão pequeno como Hogwarts.


- É magia, meu amor!


Eu ia retrucar, mas uma pequena corça prateada apareceu na minha frente e atrapalho meus pensamentos. Era o patrono da Lily.


- Você e o Sirius parem o que estiverem fazendo imediatamente e corram para o salão principal. O Prof. Dumbledore disse que precisar fazer um anúncio importante depois do almoço.


Eu e ele não precisamos trocar nenhuma palavra, curiosos como somos corremos em direção a fofoca, quero dizer, salão principal. O que será que Dumbledore tinha para anúnciar?


 


 

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