SEGUNDO – A SALA ABANDONADA

SEGUNDO – A SALA ABANDONADA



SEGUNDO – A SALA ABANDONADA DE DEFESA CONTRA AS ARTES DAS TREVAS



Como prometido, não houve um dia a mais em que calculei algo sobre nós. Evitei, inclusive, determinar previsões pessoais. Fiz do desconhecido uma constante e das variáveis o acaso. Nada mais precisaria ser previsto porque descobri-la com todos os detalhes e vivê-la com toda a surpresa era a melhor sensação que eu poderia ter.


Hermione pediu e eu a correspondi. Como tudo o que vem dela afinal. E faço isso agora como intercede um bilhete seu. Devo encontrá-la na antiga e abandonada sala em que era lecionada Defesa Contra as Artes das Trevas.


É importante que se diga que da sua urgência eu nada sabia, o seu pequeno atraso não estava augurado e as consequências dos últimos acontecimentos eram dolorosas incógnitas.


Dumbledore estava morto. Uma intuição, coisa que eu nunca fiz questão de expandir, me dizia que não somente nosso diretor estaria partindo.


 


- Veckie...


Ela chegou exasperada e me abraçou forte. Eu a abracei de volta obviamente. Ficamos cerca de dez minutos em silêncio naquele que seria nosso último abraço.


Como eu sabia? Eu não sabia.


Hermione soltou-se dos meus braços e me olhou firme nos olhos. Aqueles olhos castanhos que por anos brilhavam em triunfo, hoje brilhavam de tristeza.


- Ano que vem eu devo partir... Harry precisará de mim.


Sustentei meu olhar.


- Dumbledore nos deixou uma missão. Voldemort... Precisamos destruir. Precisamos lutar.


Observei seus olhos se encharcarem de lágrimas. Pequenas gotas de aflição.


- Veckie... eu realmente preciso que você me diga algo porque é muito difícil pra mim abandonar tudo, abandonar você... sem saber se-


Ela não concluiu.


- Hermione. – O tom da minha voz era seco, eu não poderia demonstrar fraqueza justamente quando a pessoa que mais amo precisa de mim.


Ela esperava exacerbada uma resposta como se voltasse a ser aquela aluna do terceiro ano que buscava descobrir o mundo.


- Eu poderia dizer para você ficar. Isso é exatamente o que eu gostaria de dizer, acredite. Mas eu não preciso de cálculo, teoria, diagrama algum pra saber que você vai embora.


E eu nem poderia imaginar para onde, mas sabia que era importante.


Ela levantou a cabeça para conter as lágrimas. Olhou o teto e o lustre repleto de teias de aranha. Ouvi-a fungar, mas continuei.


- Me ouça. Você precisa se certificar de que estará em segurança. Eu preciso saber que você vai se cuidar. Faça uma lista de feitiços de proteção, leve poções de cura, eu vou separar alguns livros que vão te ajudar, não faço ideia do que você pode enfrentar, mas é bom não descartar-


- Veckie! – Ela me interrompeu com seu tom choroso e desesperado. – Eu quero que você diga que tudo vai ficar bem! Que você vai se cuidar! Que você vai estar me esperando!


Dos três pedidos de Hermione, eu só poderia verdadeiramente prometer um.


- Eu vou te esperar.




 

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