Duas Surpresas



Hogwarts terminou. Dumbledore se foi. Depois de sua morte me permiti não chamá-lo mais de professor, afinal, ele era meu segundo pai. Foi bem mais do que Tiago teve chance de ser.


   Agora eu tenho três filhos, um processo de divórcio e uma casa vazia.


   Não, não quero que o caos retorne, mas minha vida perdeu toda a sua emoção depois que Lord Voldemort foi destruído. Gina foi morar em Hogsmead, e levou minha doce Lilian com ela. Minha linda filha, com o nome e os olhos de minha mãe, preferiu permanecer em Hogwarts, agora que ela era novamente segura. E eu fiquei só. Continuei em Londres, com        meus dois filhos mais velhos, Alvo e Tiago, que vêem para casa nas férias escolares de Durmstrang, onde preferiram estudar.


   Por eventual comodidade, meus melhores amigos, agora casados Ronald e Hermione Weasley moravam em um chalé ao lado do meu. Nós bruxos costumamos morar no subúrbio, pois nos tornamos excêntricos em decorações pitorescas, o que chamaria ainda mais atenção em mansões.


   Eu e Mione nos tornamos Aurores, sob supervisão do novo ministro da magia, Lucio Malfoy, redimido pelos anos na carreira de comensal.


    Já Rony conseguiu o futuro que queria. Era agora batedor do time de quadribol da Bulgária, ao lado de um outro amigo de longa data: Victor Krum.


   Krum se conformou em perder sua “Errmionini” e agora estava noivo do meu ex-amor, Cho Chang.


   E tudo corria como deveria ser... ou quase.


***


   Era verão. Cheguei a rua principal do povoado de Hogsmead por volta de 13:30pm. Era um lugar pacato, porém, acolhedor. Não entendia porque Gina escolhera morar ali, mas não podia mais opinar em nada na sua vida.


   Havia quase 2 anos, eu e Gina nos separamos, mas só agora ela pediu a documentação de divórcio. O motivo? Apaixonara-se por Neville Longbotton, ou melhor dizendo, professor Longbotton.


   Neville agora lecionava herbologia para Hogwarts, e era professor da sua própria enteada, minha filha Lilian.


   Lily tinha 11 anos e cursava o primeiro ano, mantendo a tradição de sair na Grifinória. Tinha os cabelos tão lisos e vermelhos como os da mãe costumavam ser, já que ela tingiu-os de preto; era quase uma miniatura de Gina Weasley, com exceção dos olhos: herdou de mim os olhos de sua avó, também chamada Lilian Potter.


   Fui a casa de Luna Lovegood, agora uma grande amiga. Chamei-a para ir comigo buscar Lily para irmos a Dedosdemel e a Gemialidades Weasley, mantida em funcionamento por Molly, mãe de Gina, depois que um de seus filhos morrera.


   Luna já esperava minha visita, e quando cheguei estava penteando seus lindos cachos dourados. Com o passar dos anos Luna tornara-se menos tresloucada e cada dia mais linda.


   Quando se levantou de sua penteadeira arrancou-me o fôlego: usava um vestido nem curto, nem longo azul esvoaçante. Era deslumbrante.


   Saímos de sua casa em direção a Lily que já esperava na porta de casa uma rua depois. Ela veio correndo até mim com um enorme sorriso, recebendo um olhar reprovador de Gina que se encontrava parada na porta.


- Traga-a de volta antes de anoitecer. Ela retorna a Hogwarts amanhã e precisa estar descansada. Oh, olá De-Lua! – Gina disse indiferente. Jamais gostara de Luna, nem mesmo quando lutaram juntas na Armada de Dumbledore – Não deixe que ela coma muitos doces, Harry. Neville diz que...


- Neville não é o pai dela. – interrompi.                                     


- Ele sabe o que é melhor para ela, Harry!


- Eu também sei! – meu tom de voz já era alto, estava quase aos berros – ela é minha filha também Gina, e você não vão mudar isso arrancando a garota de Londres e tentando me afastar!


   A última acusação conseguiu fazê-la se calar, assim preferi não prolongar mais o assunto.


- Lily, vá com a tia Luna, sim? Preciso conversar com a mamãe.


- Tudo bem, papai – respondeu-me com um sorriso e foi saltando de mãos dadas com Luna em direção a esquina. Assim que elas sumiram, meu sorriso desapareceu e eu me virei de volta a minha ex-mulher.


- Por que, Giny? Por que? – Embora não tenha sido claro em minha pergunta, ela sabia do que eu estava falando.


- Porque eu não quero mais amar você, Harry. Sozinha sou conhecida como a maior batedora que o Harpias de Hollyhead já conheceu, mas casada... sou a esposa de Harry Potter. Não quero mais isso pra mim, Harry!


 - Mas você ainda me ama? – meus olhos marejaram, mas eu me contive. Já era um adulto.


- Não tenho certeza, mas não quero amá-lo e só isso importa agora. – sua voz sumia aos poucos – agora vá embora.


   Ela entrou e fechou a porta me deixando sem ação imediata. Me virei e corri, corri sem pensar até chegar a porta da Dedosdemel.


   Antes de entrar, olhei pelo vitral da porta, e vi as duas garotas mais importantes pra mim naquele momento. Luna segurava Lilian no colo para que ela pegasse feijõezinhos de todos os sabores em uma prateleira alta. Eu sabia que ela poderia pegar a caixa com a varinha, mas era perceptível que gostava de ser amável com minha filha.


   Fiquei parado vislumbrando as duas por alguns instantes antes de entrar na loja.


- Cheguei, Luna. Pode me entregar minha pequena ninfa – disse com um sorriso que esconderia minha mágoa de qualquer um. Qualquer um, menos Luna.


Ela pôs Lilian no chão, que foi correndo conversar com um amigo da grifinória no outro lado da loja.


- O que houve, Harry?              


- Gina...


- Oh, como sempre Gina! – Luna fez tal cara de repulsa que fez-me perceber que o desgosto que Gina tinha por ela era recíproco.


- O que há, Lun? Sabe que Gina sempre foi a única pra mim!


- E é esse o fato que me desagrada, Potter!


- Potter? Lunny, o que você...


   E ela me beijou. Um beijo doce e suave que me maravilhava e confundia.


- Entende agora, Harry? – ela disse antes de se afastar e sair da Dedosdemel.


   Eu pensei que toda a loja estaria olhando para mim agora, mas não. Parece que aquela cena escandalosa que eu vira, não foi nada extravagante, ou digno de tanta atenção. Mas chamou a minha atenção.


   Deixei Lily em casa, o que deixou Gina surpresa, já que prometi deixá-la lá apenas no anoitecer.


   Corri o mais rápido que pude até a casa dos Lovegood, e encontrei Luna, outrora sorridente, chorando sentada na varanda.


- Luna, eu... eu... – não sabia o que dizer a ela.


- Não se importe, Harry. Eu sempre soube que nunca me amaria como amou Gina ou Cho... – sua voz ficava mais fraca e sumia em meio as lágrimas.


- Pois se enganou.


   E eu a beijei. Não que eu a amasse profundamente, mas aquele primeiro beijo que ela me deu foi estranho... diferente. Meu primeiro beijo com Cho foi marcante, com Ginny também, mas Luna... Foi como se ela me prendesse naquele universo paralelo em que ela sempre viveu. Eu quase sentia a presença dos nargulês ali, e esse pensamento me fez sorrir enquanto ainda a tinha em meus braços.


   Pouco depois fui obrigado a me despedir, pois teria de voltar a Londres.


   Quando estava novamente em casa, duas corujas, uma negra e uma albina, adentraram pela janela. A coruja albina lembrava muito minha Edwiges; que falta ela me fazia.


   A negra eu não conhecia, mas trazia um envelope formal endereçado ao Sr. Potter.


   Peguei a carta, dei um pouco de comida a coruja desconhecida, que grata saiu voando por onde entrou. Abri a carta, e o que estava escrito deixou-me maravilhado e ao mesmo tempo surpreso.


 


Caro Sr. Potter,


 


   A escola de magia de Durmstrang tem plena confiança no senhor desde o incidente com o cálice de fogo, no torneio tribruxo que venceu.


   Mesmo depois da fatalidade com Cedrico Digory, o ministério da magia decidiu realizar novamente o torneio, realizado desta vez em nosso instituto.


   Gostaríamos que viesse à nossa escola para orientar os três campeões e também lecionar defesa contra as artes das trevas, já que seus triunfos sobre tal categoria mágica é lendária.


   Agradecemos a atenção e aguardamos sua resposta.


 


Igor Karkaroff, diretor do Instituto de Magia Durmstrang.


 


   Eu? Professor de defesa contra as artes das trevas?


   Tudo bem então, hora de desaposentar meu malão.

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