Capitulo unico



Numa floresta, perdida, uma tentativa de fuga para uma ex-comensal que deseja manter-se viva. Sinto vários galhos arranhando meu corpo, estou cercada por verde. Percebo que minha vida sempre foi essa, perdida no meio da relva verde. E talvez perdendo a sanidade que ainda me resta, começo a rir histericamente quando me dou conta que eu sou a única pessoa que se define por verde.

Talvez você imagine que é por eu estar mantendo a esperança de fugir de antigos companheiros, mas não.

Então talvez eu fosse uma sonserina. Enganou-se novamente. Eu era uma corvina que apenas desafiou o Chapéu Seletor, ou talvez ele fosse tão insano quanto estou agora.

E você deve voltar a pensar: “então ao menos seus olhos devem ser verdes”. Pois eu digo que tão negros quanto à morte eles são.

Antes que você arrisque outro palpite tolo, eu digo que verde sou, pois eu vi mais luzes verdes refletirem em mim ao matar alguém do que você imagina ter piscado os olhos.

Eu não era qualquer Comensal, eu era a mais fiel mesmo sem nunca ter sido reconhecida, eu matei muitos trouxas e sangues sujos, mas isso não é o pior. Para ter a marca negra estampada, eu cumpri a primeira ordem: eu assassinei minha família. Mesmo que todos fossem sangues puros, apoiavam os direitos dos trouxas, e minha mãe já estava se tornando o maior ícone de proteção aos trouxas.

Numa noite chuvosa, como um presságio para o que eu iria fazer, estávamos diante a lareira, com minha mãe e meu pai fazendo um discurso sobre os avanços que haviam tido. Meu irmão tinha 11 anos, e acabara de receber a carta de Hogwarts. Eu já havia terminado meu sexto ano e já me preparava para o sétimo, era maior de idade. E na madrugada fui ao quarto dos meus pais, olhei-os dormindo, mas tão friamente quanto imaginei poder ser, eu ergui minha varinha e balbuciei.

- Avada Kedavra. – E pela quinta vez eu vi a luz verde refletida em meus olhos.

Com meu irmão foi pior, com ele eu me senti incapaz. Uma lágrima escorreu por meus olhos, e como ironia ele acordou.

- O que aconteceu maninha? – Ele disse com seus grandes olhos, negros como os meus, me observando.

- Nossos pais, eles... Eles... Estão mortos.

E ele não chorou, apesar de mostrar dor, ele não chorou.

- O que aconteceu?

- Alguém os matou dormindo.

- Então temos de fugir, vamos procurar ajuda.

E ele pegou minha mão e saímos para os fundos da casa, onde havia algumas árvores. Iríamos atravessar a pequena floresta até o vizinho mais próximo. Estávamos correndo, ele na frente e eu o seguia mais atrás. Teria de ser feito. Parei, uma última lágrima desceu e finalmente falei:

- Avada Kedavra.

Quando Aurores chegaram a casa, eu ainda estava escondida, chorando junto ao corpo do meu irmão, e nenhum deles me considerou suspeita. Viam apenas uma órfã que perdera a família.

Eu consegui a Marca Negra, e agora na escola era respeitada. Ninguém mais me tratava mal, eu vivia perdida na relva verde dos alunos sonserinos.

Você deve agora se perguntar se eu fui capaz de matar minha família e gostava tanto de ser comensal, por que os deixei e agora vivo fugindo? Eu cometi um erro, o mais tolo e antigo erro. Eu me apaixonei. E eu o avisei ainda no leito da luxúria, eu o avisei dos perigos que ele corria. Mas mesmo assim, eu continuei a vê-lo todas as noites, até que descobriram minha fraqueza. E quando isso acontece a um Comensal, lhe é ordenado para que destrua ou mate, pois para você ser uma facilitadora da morte, não pode ser e nem ter fraquezas.

Alguém lia essa carta, sem saber qual reação expressar. Só que o corpo, de uma bela mulher vestida em verde, sem vida jazia a seus pés e apenas a piedade conseguia expressar. 

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