Único



Eu sempre fui apaixonada por ele, e Gina sabia disso. Ela sabia que eu era perdidamente e irrevogavelmente apaixonada por seu irmão. Aquele ruivo tirava-me da realidade apenas com um sorriso, e eu sonhava com um beijo dele. Não só com um beijo dele. Sonhava em tê-lo só para mim para sempre. Que ele me amasse também. Só que isso era improvável, se não impossível. Como ele iria se apaixonar por mim? Como aquele ruivo perceberia que eu sou mais do que uma devoradora de livros, cdf e certinha? Como?


A guerra tinha acabado e estava tudo muito confuso ainda para nós todos. Muitos haviam partido, e tentávamos superar as perdas. Por mais que já tivesse passado um ano, ainda era difícil. Ainda não haviam conseguido trazer meus pais novamente para a Inglaterra, e isso me entristecia e me preocupava. Disseram-me que era possível reverter o feitiço, mas não haviam feito isso ainda. Eu estava triste, preocupada, raivosa, alegre, eu era um misto de emoções.


Certa noite chovia como se o céu tivesse se liquefeito e estivesse desabando sobre a terra. Raios e trovões cortavam aquela escuridão a cada segundo, e eu não fazia idéia de como conseguiam dormir com aquilo tudo. Gina, por exemplo, dormia imperturbável na cama ao lado, até com um leve sorriso nos lábios. Já eu, não conseguia pregar os olhos. Decidi levantar-me e ir ler, ou pelo menos tentar, perto do fogo. Desci lentamente e o mais silenciosamente possível as escadas, e encontrei uma sombra esguia no chão. Acompanhei-a com o olhar e vi que havia uma pessoa pensativa olhando para o fogo, sozinha. E era ele.


Aproximei-me devagar, e ele virou para me olhar. Seu olhar demorou-se no meu, até que ele sorriu fracamente.


- Não consegue dormir também, Hermione?


- Não conseguiria nem se quisesse.


- Vem, sente-se aqui.


Ele apontou o espaço ao seu lado no sofá, e eu fui, um pouco acanhada. Eu não ficava assim normalmente, mas a situação me deixava assim. Estávamos nós dois, sozinhos, de madrugada, numa sala escura iluminada fracamente pela lareira. Sentei-me ao lado dele, com o livro no colo. Fiquei olhando as chamas, mas sentia seu olhar sobre mim. Ele suspirou, aparentemente cansado, e eu o olhei. Ele agora fitava as chamas, que iluminavam seu rosto de uma forma sensual. Seus olhos azuis encaravam as chamas de uma maneira triste, cansada. Seus cabelos ruivos desarrumados, como sempre. As sardas espalhadas pelo seu rosto, de uma maneira perfeita. Desci o olhar, passando pelo seu pescoço exposto, e chegando a seus braços. Sua camisa de maga curta deixava quase todo o seu braço definido à mostra, e eu decididamente agradeci o quadribol por deixar os batedores tão perfeitos. Ele virou a cabeça, e eu voltei a olhá-lo nos olhos. Ficamos um tempo ali, apenas nos olhando, quando resolvi quebrar aquele silêncio constrangedor.


- Então, George, o que não te deixa dormir? – Perguntei.


- Simplesmente não consegui parar de pensar.


- Posso perguntar em quê?


- Penso no porque várias coisas deram errado na minha vida.


Pensei que se referia somente ao fato de Fred ter partido, mas o “várias coisas” indicava que não era somente aquilo.


- Várias coisas?


- Ah, é complicado. Primeiro, viver sem meu irmão gêmeo. – Sua respiração falhou, e a sua voz sumiu. Era óbvio que ele não havia superado nada daquilo. Uma lágrima escapou de seus olhos, e eu segurei sua mão.


- Vem, vem tomar um copo de água.


Puxei-o pela mão e guiei até a cozinha. Peguei um copo no armário e enchi de água, enquanto ele se encostava no balcão da cozinha. Entreguei o copo, e ele tomou um pequeno gole, e respirou fundo. Outro gole, e mais outro. E o silêncio. Me encostei no balcão também, apenas o olhando. Depois de um tempo, ele continuou.


- Segundo, que nada da minha vida amorosa deu certo. Nada. E agora, eu estou apaixonado por uma garota que nem se dá conta disso, e eu não tenho coragem de falar para ela.


Eu gelei. Ele estava apaixonado por outra. Senti um aperto no coração, e uma vontade de chorar, mas me contive antes que ele percebesse. Olhei-o nos olhos, e ele parecia realmente bem chateado. Quem seria a tal que não perceberia que tinha o garoto perfeito apaixonado por ela? Logo ele, tão lindo, tão gentil, tão inteligente, tão engraçado, tão, tão? Eu suspirei.


- Também só cometi erros na minha vida amorosa. – Confessei.


- Conte-me. – Ele pediu.


- Ah, bem, primeiro com o Krum. Ele só queria me beijar, não era verdadeiro. Foi meu primeiro erro. Depois Córmaco, para colocar ciúmes em Rony. Meu segundo erro. Depois o próprio Rony, e acabamos descobrindo que era apenas amizade, e foi meu terceiro erro. Só erros...


Ele sorriu fracamente.


- E os seus? – Perguntei.


- Você sabe, eu sempre fui um mulherengo. E isso foi meu primeiro erro. Eu beijava algumas meninas, mas não sentia nada por elas, enquanto elas sentiam algo por mim. Ou pelo menos algumas sentiam. Depois, tive uma paixonite pela Angelina, e não deu certo, não durou.


- Por quê? – Perguntei.


- Simplesmente não fomos feitos um para o outro. A única coisa em que nos entendíamos era no quadribol. Fora isso, nada. E esse nada gerava brigas, o que gerou o término. Mas isso não importa mais. Eu só não quero mais erros na minha vida.


Ele deu um passo a frente, ficando mais perto de mim.


- Eu só queria achar alguém que fosse certo para mim, entende, Mione?


Assenti com a cabeça, apenas olhando-o nos olhos. Ele se aproximou mais de mim, e isso estava ficando perigoso para mim. Será que ele não tinha idéia de como eu me sentia tentada a pular em seu pescoço e beijá-lo?


- Ou talvez não exista um alguém certo, somente um errado que nos complete. – Ele continuou, se aproximando mais. Estávamos a poucos centímetros de distância. Ele pousou o copo vazio no balcão, e voltou a me olhar nos olhos. Mais próximo. Eu já conseguia sentir sua respiração quente, seu hálito de menta. Ele levantou a mão, e acariciou a minha face. Ele foi quebrando a pouca distância que havia entre nós, e fechei meus olhos por antecipação. Ouvi seu risinho leve, antes de seus lábios tocarem os meus. Sua mão foi de encontro aos meus cabelos, enquanto a outra ia para a minha cintura, puxando-me para ele. Inconscientemente, levada pelo momento, levei minhas mãos até sua nuca e seus cabelos ruivos e macios. Baguncei seus cabelos, enquanto intensificávamos o beijo, cada vez nos entregando mais. Infelizmente, o ar começou a nos ser necessário. Com minha testa junto da dele, sussurrei.


- Isso é tão errado, George.


- Quem poderá julgar? Somos nós que decidimos o que é certo e errado para nós.


Ele me beijou novamente, e eu senti que minha alma estava abandonando meu corpo e indo descobrir o paraíso. Ouço um barulho de trovão forte.


Então acordei, abraçada ao travesseiro, enquanto o céu desabava lá fora, açoitando as janelas do quarto de Gina. 

N/A: Eu a-m-e-i escrever essa fic, mesmo sendo tão curtinha! Aliás, eu amo esse shipper! Não sei porque, mas vejo-os tão fofos juntos, como se um completasse o outro! Queria saber, amados leitores, se eu deveria fazer uma continuação. Faço? Comentem! 

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Comentários (1)

  • Artemis Granger

    ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh que pergunta, claro que precisa ter uma continuação!!! Estou só fiz fremione, mas to doida pra fazer uma jorge/mione!!! Que tal esse sonho virar uma realidade no próximo cap???? tipo ela acordou e nao conseguia mais dormir... e aí ela desce... e encontra o jorge aiiiiiiiiiiiiiiiii rsrsrs me empolguei! ta. chega! amei Só arruma uma coisinha.... pq diz q fic esta em andamento....

    2012-01-10
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