Bela flor



"Oh flor se tu canta essa canção todo o meu medo se vai pro vão, tão longe, longe que eu não quero ir! Mas deixa teu rastro polém, flor, para eu poder te seguir"



Ela gargalhava como uma criança no natal quando sua saia que batia nos seus tornozelos dançava junto ao seu corpo, e a corrente de conchinhas fazia sons agudos e alegres. Ela levantava a saia com as mãos e colocava a ponta dos pés no lago, então gargalhava, e corria pra longe, para depois repetir tudo de novo.
Sirius não cansava de observar Marley rindo. Era o som mais cativante do mundo, e o sorriso dela o completava infinitamente. Ela as vezes lhe lançava olhares sugestivos, como se pedisse que ele se juntasse a ela, mas o jovem maroto apenas ria em negação, sabendo que ficar descalço e sem sua capa seria o máximo que ele faria naquele dia quente nos jardins da casa dos Potter.
- Vamos Six! Nem deve estar tão fria assim! - Ela riu novamente.
- Marley, eu estou me controlando mais do que você imagina para não te atirar no meio desse lago. - Sirius riu, e ela lhe mostrou a língua enquanto ia em direção ao lago de novo, como uma criança descobrindo o fogo.
Ele continuou a observa-lá brincar com a água, ou girar para ver o movimento que sua imensa saia faria. Era encantador o jeito que Marley tocava cada parte do seu corpo com a ponta dos dedos, era encantador o modo que ela segurava a saia que ela mais gostava com cuidado para não molhar, encantador o jeito infantil e delicado que ela sorria para ele.
Sirius sorriu ao ver que ela desistira de brincar com a água e vinha se sentar ao seu lado na grama macia e morna. Ele se deitou e deixou que ela apoiasse sua cabeça em seu peito. Ela respirou fundo, e um sorriso brincou em seus lábios.
- Eu amo o sol. - Ela dizia coisas estranhas as vezes, sem sentido ou até meio hippies, mas ele adorava o jeito que tudo em volta dela se tornava encantador. Ele sorriu para o pôr-do-sol enquanto ela continuava a falar sobre ele. - E adoro o jeito que o lago brilha, amo tanto a sensação de ficar descalça e...
- Eu amo você, Marley. - Disse Sirius marotamente, por que sabia que ela estava louca para tagarelar sobre tudo que ela achava maravilhoso, mas ela sorriu de volta para ele com a súbita declaração do maroto. Ela levantou a cabeça para enxergar os olhos dele. Ela beijou seus olhos, depois sua testa, a ponta do nariz, suas duas bochechas... E finalmente sua boca.
Era um beijo cheio de paixão e juventude, cheio de uma vida que só Marley conseguia espalhar, ele sorriu no meio do beijo, pois as mãos dela brincavam com seus cabelos longos.
- Eu te amo, eu te amo, eu te amo. - ele repetiu, enchendo o rosto rosado dela com beijos.
- Para, para! - ela ria novamente, enchendo o ambiente com aquela luz única e maravilhosa que ela exalava. Marley apoiou a cabeça em uma das mãos, e acariciou o rosto dele com a ponta dos dedos.
- Eu amo você, Sirius. - ela sorriu e corou após a frase dita. Eles ficaram em silencio por mais alguns momentos, mas era um silencio magnífico e alegre, era um silencio preenchido com sorrisos e beijos rápidos.
- Eu tenho medo as vezes. - Ela sussurrou de repente, olhando para a testa de Sirius. - Medo do que eu sei que vai vir.
- E o que você acha que vai vir, minha vida? - ele perguntou carinhosamente, enquanto ela fingia estar interessadíssima em seus cabelos negros.
- Medo de perder você. Perder minha família, ou Lily e Tiago. Perder Remus, ou Dorcas... Eu só...
- Shh - ele havia se sentado e passado os braços sobre os ombros nus de Marley, enquanto a garota deixava algumas lágrimas cairem pelo rosto bonito. - Você sempre foi horrível em adivinhação, não temos que nos preocupar. - eles riram juntos.
Eles dois ficaram em silencio mais alguns minutos, enquanto os últimos raios de sol ainda faziam os longos cabelos castanhos de Marley brilharem. Ela não chorava mais, tampouco sorria. Ela tinha uma expressão confusa e pensativa ao mesmo tempo, era como se ela quisesse falar mas não soubesse o que dizer. Sirius acariciava suas costas, desenhando círculos e outras formas, e beijava sua testa uma vez ou outra, quando achava que ela choraria de novo. 
Marley suspirou algumas vezes antes de voltar a falar.
- O verão está quase acabando, Six, sabemos que tudo vai mudar, não é? - Ela olhou para ele de novo, dessa vez sem lágrimas nos olhos, mas uma profunda preocupação os ocupava. Sirius respirou fundo e colocou, delicadamente, suas duas mãos sobre aquele rosto que ele tanto cuidava e cativava.
- Talvez tudo mude, Marley. Talvez eu morra amanhã. - Ela baixou os olhos, ele os levantou no mesmo instante. - Ei, não ache que estou brincando, eu entendo o que você sente, melhor do que você imagina... Mas... - Ele não sabia como dizer isso, então olhou para o lago que ela estava se divertindo tanto a tão pouco tempo, depois olhou para o sol que ia cada vez mais para baixo das grandes montanhas do norte. Ele sorriu. - Não podemos perder esse pôr-do-sol nem todos que ainda estão por vir, Marley. Não podemos perder tempo prevendo coisas que não queremos que aconteça. - ela sorriu e olhou para o pôr-do-sol também.
Marley tinha olhos da cor do melhor chocolate da Zonko's, e um sorriso que cativava até o mais cruel dos Sonserinos, e Sirius sabia que, no momento que ela exibiu tão belo sorriso, tudo ficaria bem logo.
Ele sabia que a guerra estava cada vez pior, e que estava chegando finalmente o momento tão esperado, o momento de lutar. Mas...
Tudo isso podia esperar.
Só mais um pôr-do-sol.





(N/A: Oneshot do meu shipper (: Amo a música bela flor da Maria Gadú e estava escutando enquanto escrevia. Penso nos momentos difíceis que eles passaram quando sentiram que a guerra chegaria. 

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