Um Minuto Para o Fim do Mundo



Um par de olhos cinzentos e brilhantes, destacava-se em meio à um cômodo escuro, iluminado apenas por um pequeno feixe da luz do luar que, através de uma grande janela entreaberta invadia todo o quarto. Um lugar demasiado pequeno e ocupado por alguns móveis de estilo rústicos, o carpete estava manchado, e no centro do local, podia-se ver uma cama, que naquele momento estava toda bagunçada e ocupada por uma figura masculina que espiava o céu por entre a frestada janela. As estrelas no céu começavam a despontar, e as luzes de toda a cidade estavam acesas e as ruas movimentadas, a pinhadas de pessoas que apenas esperavam curtir o seu sábado a noite... mas pra ele, Draco Malfoy... tudo parecia escuro e sem sentido.

Me sinto só...

Diz quem é que nunca se sentiu assim

Procurando um caminho pra seguir uma direção

Respostas...


Há pouco mais de três meses, seu pai descobrira o namoro do filho com a caçula Weasley, namoro que até então era mantido em total sigilo pelos dois. Lucius, ficara extremamente furioso, surpreso e fizera questão de deixar muito claro que sentia completa vergonha do filho por ser capaz de se relacionar com uma raça suja como aquela... como os Weasley, e por envergonhar toda a sua família puríssimo-sangue. De todas as maneiras imagináveis, seu pai ( se é que ele ainda podia ser considerado como este) tentara persuadi-lo a por um fim em tudo aquilo que ele chamava de “vergonha para toda a família”, até que ameaçou o filho, dizendo que se ele não se afastasse daquela garota, iria precisar fazer a caçula se afastar, e de uma forma não muito amigável... e mais do que ninguém, Draco sabia o que isso queria dizer.

Um minuto para o fim do mundo

Toda a sua vida em sessenta segundos

Uma volta no ponteiro do relógio pra viver...

Sendo assim, ele fugira. De tudo e de todos. Fugira da sua vida e do seu amor, e ele se odiava por ter feito aquilo, por ter obedecido as ordens estúpidas de seu pai, sem ao menos hesitar. Estava farto da tão preservada honra dos Malfoy, estava farto de não poder viver a sua vida, ter os seus próprios sonhos, e sim viver uma vida planejada, sem graça, e seguir todos os conceitos para se tornar um Lucius Malfoy.

E quando pensava que abandonara Ginny ele se odiava ainda mais. Os últimos três meses se arrastaram, e ele não sabia por quanto tempo iria ficar naquele simplório hotel no centro de Londres, mas ele não conseguiria voltar pra casa, não conseguiria respirar o mesmo que seu pai... não depois de tudo o que ele fizera. E não poderia ficar tão perto de Ginny, sem poder tê-la...

O tempo corre contra mim

Sempre foi assim e sempre vai ser

Vivendo apenas pra vencer a falta que me faz você

Sentia falta dela. Do jeito que ela o olhava e dizia que tudo ia ficar bem, do jeito que ela o abraçava. Sentia falta da sua coragem e sede de viver, da sua vontade de enfrentar tudo e todos pelo amor que sentiam, e dos planos que fazia juntos. Ele amava o seu sorriso, o seu par de olhos verdes onde ele podia encontrar a paz. Amava o seu jeito de falar, amava os seus ataques de nervos e os seus dias de mau humor.

Só agora ele podia perceber que ele realmente amava Ginny Weasley. É quando você estar prestes a perder uma coisa de extremo valor, que você se dá conta de como isso é importante pra você... e Draco precisou perder Ginny pra então poder compreender os seus sentimentos. Perceber que ele a amava, por mais que ele nunca dissera isso a ela. Mas já era tarde demais. A essa altura, ela não deveria querer ver a cara dele, pois ele simplesmente sumira sem dar explicações e sem se despedir. Mas naquela hora, ele só queria dizer que a amava, que realmente a amava muito.

De olhos fechados eu tento esconder a dor agora...

Por favor entenda, eu preciso ir embora

Seus olhos recaíram sobre o relógio velho e empoeirado, pregado de uma maneira torta na parede. Eram 8:55 da noite. Já era demasiado tarde, ele ficara o dia todo ali, jogado naquela cama desarrumada e desconfortável. Mas ele não sabia o que fazer, estava desnorteado, sua vida perdera a graça e vivacidade que Ginny trouxe, e agora, ela estava sem sentido. Era como se uma parte sua ficasse pra trás... o seu coração.

Ele fechou os olhos e instantâneamente a imagem de Ginny apareceu nitidamente em sua mente. Flashes de tudo o que os dois passaram, todos os seus momentos começaram a aparecer em sua cabeça. Os seus encontros às escondidas nos lugares mais malucos do mundo, o primeiro beijo, as suas brigas e reconciliações... tudo.

Draco sorriu. Simplesmente sorriu. Era bom lembrar-se de Ginny, mesmo não a tendo ali, com ele. Era bom lembrar de como ela o conhecia e decifrava os seus pensamentos. Ela o conhecia como ele jamais conheceu a si mesmo. Ele estava sujo, mal humorado e chato, mas ela nunca parecia se importar... sempre abria um sorriso sereno... como se a sua missão fosse fazê-lo feliz.

Quando estou com você

Sinto o meu mundo acabar

Perco o chão sob os meus pés

Me falta o ar pra respirar...

E só de pensar em te perder por um segundo

Eu sei que isso é o fim do mundo

Draco afrouxou o nó da gravata, e afastou alguns fios pontudos que lhe caíam sobre os olhos. Suspirou, e então se levantou preguiçosamente e caminhou até uma pequena sacada que havia ali, no quarto. Abriu as duas portas escuras, e logo todo o quarto que antes se encontrava escuro, ficou iluminado pela luz que vinha da rua. O loiro se debruçou na grade de ferro, e ficou observando as pessoas animadas que lotavam as ruas no centro da Inglaterra, enchendo os apertados pubs que ocupavam a maioria das ruas.

As vezes, ele tinha vontade de ir pra outra dimensão. Sair daquele mundo inútil e idiota onde pra tudo existiam regras. Agora, ele estava sozinho, e precisava decidir o que iria fazer da sua vida, afinal... não poderia viver o resto daquilo que não sabia se podia chamar de vida, trancado em um quarto sujo de um hotel qualquer, rodeado de trouxas idiotas.

A sua vontade naquele momento, era de aparatar dali e surgir na Toca, tirar Ginny de lá, e junto com ela fugir pelo mundo, ou melhor... criar um submundo... só deles.

Volto o relógio para trás tentando adiar o fim

Tentando esconder o medo de te perder quando me sinto assim

De olhos fechados eu tento enganar meu coração...

Fugir pra outro lugar, em uma outra dimensão

Seus olhos cinzas focavam todas as pessoas desocupadas nas ruas do centro da Inglaterra. Era idiota de se pensar aquilo, mas de alguma forma ele tinha uma pontinha de esperança de que Ginny poderia estar ali embaixo, juntamente com uma daquelas pessoas. Mas, ele voltou à realidade e percebeu que isso era no mínimo impossível.

Se achando extremamente idiota por pensar aquilo, Draco se afastou da grade e antes que pudesse fechar a porta da sacada, ele sentiu alguma coisa atingir a sua cabeça. Ele gemeu, e então enfiou a cabeça pra fora da porta, e emburrado ele já estava pronto pra gritar pra qualquer um que quisesse ouvir algumas palavras não muito agradáveis, quando seus olhos se arregalaram e seu coração disparou ao ver uma mulher ruiva de olhos verdes e algumas sardas espelhadas pelo rosto, com as mãos sobre a boca, que ele conhecia muito bem.

Por uma fração de segundo, ele achou que aquilo fosse uma miragem, mas ele esfregou os olhos, e então voltou a olhar pra rua, e ela ainda continuava lá, parada olhando nos olhos do loiro. Sem pensar mais que duas vezes, ele saiu correndo do quarto, esbarrando em tudo o que estava em sua frente. Desceu as escadas como um vulto, a saiu pela portaria no hotel e então parou. À sua frente, ele viu Ginny. E não pode deixar de notar como ela estava linda naquela noite. Os seus cabelos ruivos estavam soltos e encaracolados caindo-lhe sobre o meio das costas e seus olhos estavam muito vivos e brilhando.

Draco não sabia o que fazer... não sabia o que esperar dela, ou dele mesmo. Não sabia se deveria ir lá e correr até ela e abraçá-la com toda a sua força ( o que ele queria fazer), mas aquilo não lhe parecia a coisa certa a fazer naquele momento, já que ele sumira nos últimos três meses sem deixar rastros.

Ele ficou ali, parado, olhando nos olhos verdes dela que começavam a marejar de lágrimas, e então em seus lábios ele pode ver um sorriso... um lindo sorriso. Ele se sentiu aliviado, feliz e seu coração sorriu ao mesmo tempo que seus lábios. Ginny veio correndo até ele, e o abraçou. Ele a abraçou com toda a sua força, e naquele abraço colocou tudo o que sentiu nos últimos três meses.

Depois de sair do abraço com os olhos marejados e o coração pulsando de felicidade e amor, Draco olhou nos olhos de Ginny sorrindo e então disse:

---- Pode me bater agora. – disse ele temendo que isso acontecesse. Mas ele se sentiu aliviado ao ouvir uma gargalhada vinda de Ginny.

---- Talvez mais tarde, Draco. – disse ela sorrindo e acariciando os cabelos platinados do menino.

---- Como você me achou aqui? Quero dizer... eu estou no fim do mundo, naquele hotel vagabundo...

---- Hey! Assim você me ofende! Você está mesmo duvidando do meu poder investigativo?! Ou esqueceu aonde eu trabalho?

Draco sorriu. E depois riu. Ginny havia conseguido emprego na parte investigativa do Profeta Diário há pouco mais de um ano.

---- Mas... você não tá furiosa comigo?? Por que... você sabe o que eu fiz...

---- Sei... mas sei também o que você não fez...

Draco abraçou Ginny mais uma vez, deslizando as suas mãos sobre os cabelos macios da ruiva. Saindo do abraço, ele aproximou-se dela, e beijou-a. Um beijo doce e cheio de amor. Amava aquela garota, e agora ele tinha certeza disso.

---- Eu te amo... – sussurrou Draco no ouvido dela, fazendo ela sorrir abraçá-lo fortemente.

Em meio à carícias, os dois deram as mãos, e saíram caminhando pelas de Londres. Tinham muito o que conversar, esclarecer tudo o que acontecera nos últimos três meses.... mas uma coisa era certa... nada no mundo iria separá-los novamente.

Quando estou com você

Sinto o meu mundo acabar

Perco o chão sob os meus pés

Me falta o ar pra respirar...

E só de pensar em te perder por um segundo

Eu sei que isso é o fim do mundo

N/A: Bom gente, espero que vocês tenham gostado! É a minha primiera SongFic, mas eu não resisti e tive de escrevê-la D/G . De qualquer jeito, comentem por favor, pra mim saber o que realmente acharam, ok?!
Ateh mais!

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