Capitulo Único'



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N/A.: Bom, esta minha FF foi escrita com o intuito de ser mandada para concorrer no Challenger Personagens Secundários. Ela é uma mistura de Drama com Tragédia, com uma pitada de amor não correspondido, como meu gênero favorito, o drama, espero ter me saido bem'
Leiam, comentem, critiquem e espero que gostem ;) 

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Naquela manhã fria de outono, Fleur segurava minha mão, como se eu estivesse tão inconsolável como ela. Aquele acidente... Não havia sido de fato um acidente.


Olhei para o rosto dela e não me choquei ao vê-lo coberto de lágrimas, tão vermelha quanto a rosa que segurava nas mãos. Desviei o olhar e me concentrei apenas na chuva. A chuva que molhava meus pés descobertos e que não parava de cair.


De repente, Fleur afastou-se de mim, e se aproximou deles, jogou a flor que tinha nas mãos em um buraco, era apenas um buraco. Voltou limpando seu rosto. E me olhou.


Certo, deveria ser a minha vez. Andei e fiz o mesmo. Joguei a flor que tinha nas mãos no mesmo buraco e tive medo de olhar para baixo. Mas alguma coisa me fizera olhar e, não eram exatamente meus pais que estavam ali, e sim dois caixões pretos cobertos de lama e com duas flores acima.


Voltei ao meu lugar lentamente e em seguida acompanhei Fleur para longe das demais pessoas que se encontravam naquele funeral. Aparatamos. Direto em casa, minha irmã sentou-se no sofá e eu subi para meu quarto. Retirei aquela roupa molhada e vesti a primeira coisa que avistei. E fiquei perguntando-me, por que eu não estava tão arrasada quanto a minha irmã?


Logo ouvi o barulho no vidro, era uma coruja, a mesma, trazendo uma carta para mim de uma mesma pessoa. Assim como todos os dias.


Apanhei o pedaço de papel e o abri. Dizia a mesma coisa de sempre, só que desta vez,ele lamentava por meus pais e parecia preocupado. Queria me ver.


Como todas as demais vezes, deixei a carta de lado e a ignorei. Saindo pela janela, pulei no pátio gelado e não havia chuva ali, mas ainda assim o frio era torturante.


Não precisei caminhar muito para chegar aonde desejava chegar. Aquele penhasco havia sido tão chamativo para mim nos últimos meses... Sentei-me, a altura me dava calafrios, mas eu não tinha medo. Deixei o vento frio levar meus longos cabelos louros e meus pensamentos vagaram naquela noite em que tudo começara. Entretanto afastei-os quando pensei no dia em que tudo havia desmoronado em minha vida.


Pensei na minha pobre irmã, agora em minha casa chorando sem parar, esta que nem imaginava o motivo da saída desesperada de nossos pais. Nem sequer pensou que podia ter sido por minha causa. Minha irmã mais velha estava tão convicta que havia sido apenas um acidente que não valia nem a pena tentar convencê-la do contrário.


Mas eu sabia que não havia sido apenas um acidente, naquela noite, eles descobriram tudo e foram atrás de mim. Eu estava tão sozinha que os queria mesmo por perto. Mas não desejei que nada de ruim acontecesse, mas minha mãe se apavorou tanto ao saber, que me pediu o não aceitável, eu nunca me desfaria dele, nunca. Por mais que Denis tivesse me deixado sozinha, eu não queria ficar ainda mais solitária.


Expliquei a eles que eu já havia terminado a escola e que arrumaria algo para me sustentar sozinha, e minha pobre mãe foi á loucura, me bateu, ameaçou arrancar tudo de mim sem meu consentimento, e discutimos a noite toda. Eu a culpei por ser uma péssima mãe e ela chorou. Ver aquelas lágrimas nos olhos dela fora como trespassar uma faca em meu coração. E da mesma forma com que ela começou a chorar, ela parou. E quando o fez ela me torturou querendo mesmo livrar-se de tudo aquilo. Ela queria se livrar da única coisa que não me fazia mais uma garotinha solitária.


Gritara o mais alto que já havia feito com ela e com meu pai, pedindo e implorando que me deixassem em paz, que eu assumiria meu erro e que eles apenas me levassem para casa. Mas minha mãe me torturou ainda mais, não fisicamente, e sim, emocionalmente.


Aquilo acabara comigo e eu não pude me segurar. Não tinha minha varinha por perto, mas quando ela ousou tocar em mim e apontou àquela varinha em minha direção, eu não contive o desejo mais profundo de que eles deixassem de existir. Fechei os olhos e fiz minha prece com tanta intensidade que quando abri os olhos novamente eles estavam puxando-me pelo braço e indo para o carro. Pensei que finalmente haviam entendido e me levariam para casa. É claro que não foi isso que aconteceu, era tarde demais para desfazer o que eu havia pedido e eles já estavam mortos.


Quando percebi, eu estava em pé encarando aquele penhasco gigantesco novamente. Já pensara nele tantas noites a fio que quando finalmente voltei para casa, senti medo dele.


Afastei-me novamente assustada. Sentei no chão frio e tentei fazer com que as lágrimas viessem, mas elas recusaram-se, não queriam estar presente. Suspirei levemente e pensei no que faria a seguir. No dia da morte de meus pais, o garoto que eu tanto amei e passei os últimos três anos de escola apenas pensando nele havia me deixado. Denis me prometera o mundo, mas agora eu estava sozinha e ele sabe-se lá aonde.


Aquelas cartas não eram nem a metade do que eu queria, do que eu precisava. Um pedido de desculpas depositado em um pedaço de pergaminho não era o que eu merecia, não depois do que ele fizera. Havíamos prometido um ao outro que estaríamos juntos até o fim, mesmo sem a aceitação de meus pais, eu e ele estaríamos por perto para sempre. Promessas...  Mas quando ele descobriu ficou sem rumo, disse-me então que os pais dele jamais aceitariam e que seria posto para fora de casa e que teria que trabalhar para sustentar-nos, e eu afirmara que não haveria problema e o mesmo aconteceria comigo, porém, se tivéssemos um ao outro sobreviveríamos. Mas ele era imaturo demais para isso, não estava mesmo pronto para sair do colo de sua mãe, e me deixou sozinha e amargurada.


Eu havia perdido Denis e meus pais, mas não perderia mais nada. Não deixaria ninguém tirar mais nada de mim. Sempre soubera que não poderia contar com minha irmã que estava grávida de Victorie, e só estava longe de casa pela morte de nossos pais. Ela precisava cuidar de sua vida, e eu precisava cuidar da minha. Sozinha.


 


Adormeci naquele penhasco gélido e mórbido e quando acordei, sorri pela primeira vez em algumas semanas. Gostava tanto do amanhecer que nem imaginei que vê-lo dali seria tão gracioso. O frio estava mais ameno e eu pude ficar ali mais algumas horas sentido o vento trazer-me as folhas secas do outono, o vento gelado bagunçar ainda mais meus cabelos. Mas permaneci, esperando que a aurora do dia me dissesse o que fazer.


 


-Gabrielle – ouvi uma voz doce.


Virei-me no mesmo instante a vi parada ali, abraçando seus próprios braços com frio, imaginei. Ela parecia preocupada comigo. Pediu que eu a acompanhasse para dentro de casa, e eu o fiz. Quando entrei senti o ar quente em mim e me aqueci, quase no mesmo segundo.


 


-Espero que ainda não esteja se culpando pelo acidente, irmã – disse.


- Não foi um acidente, Fleur. Já lhe disse não foi – respondi.


Subi para o meu quarto naquele instante e debrucei-me sobre a cama pensando no que faria agora. Precisava responder a uma destas cartas. E foi o que me pus a fazer.


Creveey, Denis.


Não estava com a intenção de respondê-lo... Mas apenas precisava dizer-te que estou ótima.


Meus pais faleceram por um fatal acidente e agradeço sua preocupação. Porém, não preciso que se desculpe mais, quero que saiba que já o perdoei. Por mais que meus pais tenham tentado me fazer abortar, eu não irei. Criarei nosso filho longe de tudo e de todos, ou seja, sozinha.


Com carinho, Delacour, Gabrielle.’


 


No dia seguinte despedi-me de minha irmã, esta voltara para Londres para junto de sua família e eu lhe fiz uma promessa de visitá-la no verão.  Levei somente algumas horas para arrumar minhas coisas e daquela casa parti. Sem ainda saber para aonde ir, mas com uma nova vida. Arrumaria um emprego, sustentaria a mim mesma e cuidaria de meu filho da melhor maneira possível. Eu seria uma boa mãe e jamais desistiria novamente.

FIM 

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Comentários (1)

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