Prisão Perpétua



Capítulo Treze – Prisão Perpétua



Era o segundo dia desde que Sirius fora preso, estava vestindo o uniforme de prisioneiro que tinham dado a ele. Ele acordava com os berros do homem que inspecionava aquela ala da prisão.
- Viram, seus nojentos? Em pouco tempo o ministério já vai ter pego todos os que restaram de vocês! Mais dois pra minha ala de segurança máxima.
Sirius se levantou e ouviu passos passando pelo corredor. Segundos depois, três pessoas passaram em frente à sua cela. O inspetor levava um casal de prisioneiros, ambos com as mãos presas por algemas. Andavam altivos debatendo com o guarda que os conduzia sobre como não iriam conseguir mantê-los ali, pois eram de uma nobre e rica família que usaria sua fortuna para tirá-los da prisão.
Ele viu seu café da manhã (um pedaço de pão, um copo com água e uma fatia de carne mal passada que parecia estragada) perto das grades da cela. Comeu o pão e bebeu o copo d’água inteiro.
Apesar do Sol de verão lá fora, estava frio dentro da prisão. Ele podia ouvir às vezes o barulho de uma forte corrente de ar passando pelo corredor. Ele ouviu o inspetor trancar as celas dos novos prisioneiros e voltar por onde veio.
- Ei, Black! – ele parou em frente a sua cela. Sirius estava distraído espremendo com os dedos a carne podre e mal passada, fazendo pingar sangue dela. – Acho que você vai se interessar em ler isso aqui, eu soube que você era muito chegado a essa garota... – disse o guarda com certa satisfação.
O homem atirou o Profeta Diário dentro de sua cela. Sirius foi apanhar e viu uma nota no final da primeira página que dizia “Desaparecida suspeita aliada de Sirius Black”.
Sirius foi até a página indicada e leu a notícia detalhada. Havia uma foto do rosto de Gillian no jornal. O jornal dizia que oficias do Ministério haviam ido até a casa de Sirius Black, onde foram informados que a garota passava as férias, encontraram
Sirius folheou o resto do jornal a procura de mais informações sobre o que tinha acontecido com Gillian, mas aquilo era tudo que eles tinham a dizer. Ele olhou pela estreita janela de sua cela, como se esperasse ver uma águia voando em sua direção. Lá longe ele viu um pássaro, mas definitivamente não era uma águia. Estava a menos de vinte metros da prisão quando parou abruptamente, como se tivesse batido em uma parede invisível. Sirius pensou que a coruja fosse cair no mar, mas ela voou mais alto e tentou chegar na prisão por cima. Novamente bateu contra a barreira invisível, deixou cair o envelope que segurava em suas patas e foi embora.
Antes da carta cair no mar, alguém na entrada da prisão a puxou para perto com um feitiço. Sirius continuou a mirar a coruja que se afastava.
Segundos depois o inspetor subia a passos pesados a escada que levava às celas de segurança máxima, e novamente parou em frente à cela de Sirius.
- Parece que seus amigos estão tentando se corresponder com você. Devem ser muito estúpidos, não?
Sirius não agüentava mais aquele homem. Olhou impaciente para ele tentando não mostrar interesse no envelope que ele tinha na mão.
- Sua sorte foi que o envelope estava lacrado com um feitiço que nós não conseguimos desfazer até agora. Mas logo vamos saber de onde ele veio... Você reconhece a letra de quem escreveu?
Sirius se levantou de má vontade e foi até as grades examinar a carta. Era a letra de Gillian. Ela tinha escrito apenas Sirius Black, Azkaban atrás do envelope.
- É a letra de minha mãe... – disse Sirius, aparentemente num tom convincente, porque o homem começou a gargalhar e falou:
- A estupidez deve ser de família então! – e foi embora, ainda rindo triunfante com a carta nas mãos.
Ele voltou a olhar pela janela. Não havia mais nenhum pássaro no céu. Ficou imaginando o que Gillian tinha a lhe dizer, e apesar de estar preocupado, se confortou com a idéia de que ela estava bem o suficiente para lhe escrever uma carta. Talvez se ela própria tivesse vindo entregar a carta, ele poderia ter lido o que ela tinha a lhe dizer.
Sirius se sentou na cama. Estava se sentindo mal por causa dos dementadores. Não se ouvia um ruído dentro da prisão. Novamente lhe veio a lembrança de James e Líllian mortos, deitados lado a lado naquela cama... e Harry, somente um bebê, com aquela cicatriz horrível em sua testa, mas pelo menos estava vivo...
Desde que chegara ali ele não conseguira dormir durante uma noite inteira. Agora se lembrava de Remus, que passava uma semana por mês tendo que dormir nas horas do dia que lhe sobravam. Se arrependia de ter desconfiado do amigo, se Remus tivesse sido o fiel James e Líllian talvez ainda estivessem vivos... Sirius passou a tarde inteira imaginando o que faria se um dia voltasse a encontrar Rabicho. Mas nenhuma vingança era suficiente para apagar o que ele tinha feito.
Quando caiu a noite, ele se lembrou da aula de defesa contra as artes das trevas em que o professor falara sobre dementadores, que eles afetavam a mente humana, levando à loucura quem ficasse por muito tempo perto deles. A mente humana era o alimento favorito dos dementadores. Talvez eles não afetassem animais. Sirius ia comprovar isso agora. Foi para um canto da cela que estava bem escuro e se transformou em cachorro. Aproximou-se das grades com cuidado, os dementadores não perceberam. E se ele simplesmente fechasse os olhos, não poderia dizer se haviam ou não dementadores perto dele.
Ele se deitou embaixo da cama, onde não poderia ser visto muito bem da entrada da cela, e passou a noite razoavelmente bem, se comparada às outras que ele tivera ali.
Era raro um guarda bruxo ir naquele corredor. Eram os dementadores que estavam sempre vigiando as celas, por isso Sirius podia se transformar durante quase todo o dia, mantendo sua sanidade, enquanto a mente dos outros prisioneiros definhava com o passar do tempo.
Os anos se passaram... Sirius não contava mais os dias e não tinha notícias do mundo fora da prisão. Só esperava por algum motivo que um dia o fizesse sair dali...

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