Estrelas



LOVE – YOUR HEART IN MY HANDS


 


 


 


 Marlene McKinnon e Sirius Black estavam deitados em um lugar qualquer no jardim de Hogwarts. Já era mais de onze horas da noite e ambos deveriam estar em suas camas como qualquer outro aluno. Mas, obviamente, não era esse o caso.


 - Qual é a graça disso? – pergunta Sirius.


 - Silêncio.


 O garoto se calou e voltou a observar o céu. Marlene descia para o jardim praticamente todas as noites para observar as estrelas, acostumada com o silêncio e a escuridão. Gostava daquilo. Mas, naquela noite, encontrara alguém (Sirius) sentado em uma das poltronas da Sala Comunal da Grifinória. Isso normalmente não a afetaria, mas o moreno insistira em acompanhá-la.


 Quanto à Sirius, estava ali por puro acaso. À esta hora da noite, ele estaria dormindo, como qualquer pessoa normal. Mas, naquela noite em particular, sentira sede e descera para pegar um pouco d’água, sentando-se em uma poltrona qualquer para beber o líquido do cálice. Ele já ia voltar para a cama, quando alguém (Marlene) desceu as escadas.


 - Isso está um tédio. – reclamou Sirius.


 - Foi você que quis vir.


 - Mas...


 - Silêncio, Sirius.


 Sirius fechou a cara. Ora, se fosse uma garota comum, ele já teria a mandado às favas com suas estrelas. Mas aquela era Marlene McKinnon, a única garota que conseguia resistir aos seus encantos. E era por isso que ele gostava tanto dela. E tem mais: se aquela fosse uma garota normal, ela não gostaria de estrelas.


 - Posso falar só mais uma coisinha...?


 - Meu Merlim, você não sabe calar a boca?! – perguntou Marlene, perdendo a paciência.


 - Olha, Lene, eu até saberia, mas isso aqui ‘tá muito chato. Se ficar em silêncio, piora.


 - Você não está aproveitando?


 - Você devia ter visto como foi legal aproveitar aquela poça de lama que sujou a minha meia quando estávamos vindo para cá.


 - Foi você que quis vir sem sapatos. – ela retrucou.


 - Eu não sabia que ia pisar em uma poça de lama.


 - Bom, isso é meio óbvio quando se está indo para um jardim!


 Sirius bufou, sabendo que não teria mais argumentos, e mudou de assunto:


 - Eu ainda não sei qual é a graça de ficar olhando estrelas.


 Marlene tirou o olhar do céu e encarou Sirius.


 - Assim você tira toda a poesia do momento.


 - Você vai ver como vai ser poético se nos pegarem aqui fora à esta hora da noite.


 Marlene fez questão de ignorar essa última frase, ficando quieta e voltando a olhar as estrelas com atenção. Sorriu de leve, lembranças invadindo sua mente. Quando seu pai ainda era vivo, ela se sentava junto dele na varanda de seu quarto para ficar olhando as estrelas. Seu pai lhe dizia o nome de todas elas. Marlene ainda se lembrava deles com clareza.


 - Lene...? – ela ouviu a voz incerta de Sirius a chamar.


 - O que foi agora, Sirius?


 - Nada. Só queria ouvir você falar por um momento.


 - Porque?


 Gosto da sua voz, ele pensou, mas não foi isso o que respondeu.


 - Estou com tédio. – disse.


 Marlene sorriu de leve e apontou para o céu.


 - Aquela é a estrela de “Betelguese”. – explicou ela. Sirius dirigiu seu olhar para onde ela estava apontando. – Aquelas são as “Três-Marias”. – seu dedo apontou três estrelas. – Aquele é o “Cruzeiro do Sul”. – o garoto esquadrinhou o céu, examinando as estrelas. – Aquela ali é a estrela “Polaris”. – Sirius já não olhava mais para o céu. Encarava atentamente a morena, enquanto ela falava. – E aquela ali é... Sirius!


 - O que?


 - Porque está me olhando desse jeito?


 Porque você é linda, ele pensou, mas não foi isso o que respondeu.


 - Gosto de ouvir você explicar.


 - Certo, mas agora preste atenção, ok?


 - Tudo bem.


 Marlene voltou a apontar o céu e recomeçou a falar:


 - Aquela é a “Antares” e... – ela parou. – “Sirius”.


 - O que, Lene?


 - O que o que?


 - Você me chamou e eu respondi.


 - Ah, não. Eu não te chamei. “Sirius” é o nome da estrela. – Marlene explicou.


 Sirius franziu a testa.


 - A estrela tem o meu nome?


 - Não. Você é que tem o nome da estrela.


 - Agora eu sei porque você gosta tanto de ficar olhando as estrelas... – Sirius disse, como se estivesse pensando.


 - E porque?


 - Porque uma delas tem o meu nome.


 Marlene começou a rir.


 - Sirius, acabei de te dizer que é você quem tem o nome da estrela e não o contrário.


 - Então, acabei de descobrir o porque de você gostar tanto de mim.


 A boca da morena se escancarou em incredulidade, os olhos castanhos se arregalando em choque.


 - De onde você tirou essa idéia, Black?!


 - Nem eu sei de onde vem as minhas idéias inteligentes.


 Marlene se sentou e cruzou os braços, como uma criança mimada que quer a sobremesa antes do jantar.


 - Pois saiba que eu estou longe de sequer gostar de você!


 - Não posso dizer o mesmo.


 Pela segunda vez em uma noite, em um intervalo regular de no máximo quinze minutos (estourando vinte), a boca de Marlene se escancarou e seus olhos se arregalaram. Ah, isso sem contar que o motivo das duas vezes era Sirius Black.


 - O que?


 - Desculpe, estou começando a falar besteiras. – ele se justificou. Marlene suspirou, aliviada. – É que... estou meio nervoso por amanhã... – Que merda, Sirius! Essa foi a pior desculpa que você poderia ter dado, ele pensou consigo mesmo.


 A garota sorriu.


 - Ah, Sirius, deixe disso. Você joga quadribol desde o segundo ano.


 - Eu sei, mas é que estou nervoso. Se não ganharmos esse jogo contra a Corvinal, nossa chance de ganhar o campeonato vai feder...


 Marlene sorriu e balançou a cabeça negativamente, se recusando à dar ouvidos ao palavreado de Sirius.


 - Bem, vamos recapitular... – ela disse. – Você está falando coisas sem sentido, mudando de um assunto para o outro do nada e com insônia, por causa do jogo de amanhã?


 Sirius balançou a cabeça afirmativamente.


 - Sim. – concordou.


 - Ora, então faça o seguinte: quando for dormir, fique pensando em uma coisa boa, uma coisa realmente boa. Assim você sonha com ela e acorda mais calmo.


 - Vou sonhar com você...


 - Está delirando de novo.


 - Talvez esteja mesmo.


 Eles ficaram se encarando por algum tempo e Marlene receou que ele estivesse falando sério. Devagar, ela voltou a se deitar na grama sendo acompanhada por Sirius.


 Um silêncio que estava longe de ser desconfortável se instalou entre eles, fazendo Marlene voltar a se concentrar nas estrelas. A morena sentiu sua mão ser envolvida pela de Sirius e não se afastou.


 - Lene... – ele chamou em um sussurro, perto do ouvido dela, fazendo-a estremecer de leve com o susto. Não sabia que ele estava tão perto.


 - O que? – ela sussurrou de volta.


 Sirius apontou uma estrela perto da estrela “Sirius”.


 - Aquela é a estrela “Marlene”.


 A garota riu alto com a constatação.


 - Quem disse?


 - Eu disse. 


 - E porque aquela estrela tem que ter o meu nome? – perguntou. – Porque não pode ser aquela? – acrescentou apontando para uma estrela maior.


 - Porque aquela está muito longe da estrela “Sirius”.


 - E daí?


 - Quero que a Marlene fique perto do Sirius...


 A garota parou um minuto para refletir. Estaria ele falando das estrelas? Quando seus olhos se encontraram, ela soube que não.


 - Também quero. – respondeu.


 


X&X


 


N/A: vishi, detestei esse final!


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