.: único :.



On my Way


            A morena desceu as escadas do dormitório lentamente, no ritmo em que as lágrimas grossas e sofridas caíam pelo rosto lindo, agora marcado de tristeza. Sabia que talvez estivesse cometendo um erro enorme... Podia sim estar amassando sua felicidade como uma bolinha de papel e jogando-a pela janela pra nunca mais ser encontrada... Mas não conseguia agir de outro modo. Já tinha passado por coisas demais, porque Sirius era demais. Lindo demais. Interessante demais. Incrível demais. Encantador demais. Charmoso demais. Sedutor demais. Mas também irresponsável demais. Desinteressado demais. Voluntarioso demais. Teimoso demais. Galinha demais.


            Ainda se lembrava da primeira vez que seus olhos pousaram nele, no primeiro ano. Ele era maior que os outros meninos da sua idade, e já mostrava um sorriso maroto no canto dos lábios, daqueles que são bons e sabem disso. Com os anos, a beleza só aflorou, tornando o rosto mais masculino e maravilhoso, e o físico desenvolvido pela prática de quadribol como batedor, que lhe conferiu ombros fortes e tentadores.


            Quinto Ano. Hormônios aflorando. Foi quando deixou de vê-lo como o melhor amigo irritante. Precisava passar cada vez mais tempo ao lado dele. E com pânico e desespero, viu-se completamente apaixonada pelo garoto mais cobiçado de Hogwarts. Um ano sendo ignorada como mulher. Um ano de lágrimas e sorrisos falsos ao ser apresentada à namorada da vez. Um ano que ele finalmente chegasse, depois de um jogo em que a Grifinória perdeu, e a puxasse pela mão, roubando dela um beijo que buscava conforto naquela que sempre estivera ali.


            E agora Marlene chorava. Chorava por ter se envolvido tanto. E por ser agora obrigada a terminar com tudo, sem agüentar os altos e baixos do namoro. Por vezes, parecia que não podiam se dar melhor naquela simbiose inacreditável que vivenciavam. Mas em outras tantas, as personalidades tão assustadoramente parecidas, tonavam os choques freqüentes – e inevitáveis.


            Ele tinha ciúmes de tudo e de todos. Ela não era diferente – exceto pelo fato de ter mais motivos. O estopim curto era também algo que compartilhavam, por isso não havia quem conseguisse apartar uma briga. Eram fogo e gasolina, atiçando-se incontrolavelmente, testando limites a todo momento. Mas sempre há um ponto em que tudo sai do controle. E pra ela, esse ponto tinha chegado. Sirius tinha deixado de tratá-la como namorada. Agora ela era quase que sua parceira, a quem ele recorria quando tinha necessidade de beijar alguém. E ponto. Nada mais. Acabara-se o romantismo – que nunca fora exacerbado. Passava mais tempo com os amigos, cada vez mais longe. Mais distante. Mais esquecido de que um dia dissera “eu te amo”.


            E era por isso que ela chorava. Porque por mais que sentisse raiva naquele momento, sabia que isso só mascarava a verdadeira adoração que tinha por aquele moreno certas vezes insensível, mas que a completava de um modo que ninguém fizera. Nunca. Marlene saiu pelo buraco do retrato e andou pelos corredores, certa de que não seria pega por nenhum já que Lily, ao ver que a amiga precisava tanto ficar sozinha, certificara-se de que ninguém fizesse a ronda por ali naquela noite. Saiu do castelo e sentiu o vento frio noturno bagunçando seus cabelos, gelando suas pernas desnudas cobertas somente pela saia curta e as meias três quartos.


            Andou pela grama escutando o estalar das folhas aos seus passos, e parou em frente ao Lago, encarando as águas escuras e se lembrando de quantas vezes Sirius a jogara ali, só para ter o trabalho de buscá-la em seguida. De todos os beijos molhados. De todos os sorrisos compartilhados. Uma lágrima solitária cortou sua bochecha terminando no canto da boca. Ela olhou para cima e cruzou os braços em posição de defesa. Defesa dos próprios sentimentos. Não tinha sentido em amar alguém tanto assim, por Merlin!


            Sentia saudades... Saudades demais. De tudo nele que era demais. Até mesmo da irresponsabilidade que fazia com que a vida ao lado dele fosse mais interessante, ao do desleixo que dava mais charme às suas atitudes. Sentia falta do toque, do olhar, do sorriso, do beijo, do cheiro, da voz... Saudades dele. Mais ainda com todas as imperfeições.


            Escutou o som da grama sendo amassada ao seu lado virou a cabeça, deparando-se com a figura do moreno sentado ao seu lado, encarando o lago da mesma forma que ela fazia. Suspirou, achando que assim conseguiria pôr os pensamentos no lugar. Grande engano. O perfume a invadiu de tal forma que ela teve certeza de que em breves momentos estaria inebriada. Encarou-o por um segundo, e viu que ele fez o mesmo.


            _Não foi nada justo, sabe... – ele disse em tom baixo. A voz rouca exatamente como ela adorava. Frente à falta de respostas, continuou – Você não me deu uma explicação, sequer.


            _Eu não quero brigar com você de novo, Sirius. – ela disse com a voz estremecida, lembrando da discussão que tiveram no dia anterior, quando ela dissera que queria terminar.


            _Eu só quero uma resposta... – ele disse, os olhos azuis esquadrinhando o rosto dela em busca de alguma expressão satisfatória – Por quê?


            _A gente já falou sobre isso. – ela disse enquanto abraçava os joelhos, tentando encontrar a mesma segurança que sentia quando ele a abraçava. Em vão.


            _Eu sei o que você me disse. E eu não concordo. – ele disse com praticidade, como era usual. Os olhos estavam fixos nela. A sinceridade cortante matando-a por dentro – Não quando você sabe que me ama.


            _E de que adianta? – ela riu, sarcástica – De que adianta eu amar você, Sirius, se tudo o que eu faço é te amar sozinha.


            _É? E baseada em que você tirou essas conclusões? – Sirius inquiriu, arqueando as sobrancelhas – Marlene, eu posso não agir o tempo todo como eu cachorrinho apaixonado como o James faz. E talvez você realmente queira um cara assim, que te mande flores todos os dias e te diga eu te amo a cada segundo... – ele disse com franqueza, ainda que sentisse um medo desesperador de que ela dissesse que era exatamente isso que ela queria – Mas você sabe... – ele enfatizou a frase – Droga, menina, você sabe que a única pessoa que eu já amei nesse mundo é você. E eu ainda amo.


            Marlene sentiu os olhos lacrimejarem mais, enquanto ele a encarava com tristeza.


            _Eu nunca vou ser um príncipe encantado. – ele riu de canto – Não enquanto eles forem chatos e monótonos, ao menos... – Lene sorriu com a afirmação – Mas eu, mesmo sendo um ogro insensível algumas vezes, tive a sorte de encontrar você, minha princesa. – o rapaz estendeu uma das mãos até o rosto dela com carinho, limpando uma lágrima de seus lábios. Lene fechou os olhos, sentindo o toque dele – Não tira isso de mim... – escutou a voz dele suplicar – Não sai da minha vida assim, Lene.


            Ela abriu os olhos e encontrou os orbes azuis instigantes a encarando com nuances que indicavam algo próximo a lágrimas.


            _Você me fez chorar tanto... – ela disse sem pensar, percebendo em seguida o quão infantil aquilo soara.


            _Eu fui um idiota com você. – ele admitiu, balançando a cabeça – Um verdadeiro idiota por não te prender do meu lado pra sempre. Eu queria ser diferente, Lene, ser o cara que você merece, de verdade. Mas eu não sou... Eu não digo eu te amo todo dia, não dou flores toda semana, nem sou o homem mais compreensivo do mundo... – ele disse, encarando-a por algum tempo – Mas ninguém nesse mundo sabe te amar mais que eu. Volta comigo? – ele pediu, segurando a mão direita dela.


            Lene escutou a respiração pesada dele e notou quão apreensivo ele estava.


            _Eu não quero outro, Sirius. – revelou, a voz doce e baixa – Eu amo você exatamente como você é. Eu não quero um homem que seja um príncipe, mas me iluda. Eu quero um homem de verdade, que me ame. – ela sorriu, apertando a mão dele – Eu quero você.


            Sirius sentiu um sorriso se abrir em seus lábios lentamente, enquanto ele se aproximava dos lábios de Lene, tocando-os levemente, só o suficiente para que se lembrasse de como aquilo era a melhor coisa do mundo. Era um beijo que dizia um milhão de coisas. Mas principalmente, que gritava para quem quisesse ouvir: nós somos feitos um pro outro.

 


N.A.: Olá,, bonitinhos e bonitinhas! :D


Mais uma Sirius/Lene porque eu não sou de ferro e não resisto a esse vício! Hahahaha


Espero que tenham gostado, e que comentem, é claro! Rsrs Vocês me fazem muuuito very happy feliz da vida com isso! Kkk


Estou esperando! xD Beijões!


 


 

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Comentários (2)

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