Capítulo 1



Capítulo I


Opposites so alike that...


            O único som que vinha da sala ampla e arejada era de folhas sendo reviradas de tempos em tempos enquanto os alunos se concentravam nos estudos para o exame final de Trigonometria dali a uma semana. Alguns suspiravam pesado, como se entregassem para qualquer divindade disposta a escutar a responsabilidade pela nota; outros tantos mexiam nos cabelos nervosamente, buscando fazer com que os neurônios resolvessem sair do estado de dormência em que pareciam se encontrar. Alheia àquilo tudo, sentada sozinha em uma mesa, a garota pequena, de cabelos castanho-escuros e olhos absurdamente azuis devorava as páginas de seu livro de teoria, resolvendo em seguida com rapidez inúmeros exercícios complicados em um caderno de bichinhos.


            As pessoas nas mesas que a circundavam de vez em quando a observavam de soslaio, espantados com a eficiência da garota que, compenetrada, não notava as atenções recebidas. Ao menos até que escutasse o baque de alguém se sentando na cadeira em frente à sua. Ergueu os olhos um milímetro, intimamente incomodada por ter sido interrompida no meio de um pensamento. O olhar ágil reconheceu a figura do garoto que tomara postos junto a ela, ele não lhe era de todo estranho. Voltou a se concentrar no que fazia, tentando sofrivelmente ignorar a beleza do estranho que agora, ela sentia, tinha os olhos sobre ela, avaliando-a. Preferiu não dar importância, e permaneceu concentrada nos estudos por alguns minutos, até que a quebra do silêncio a despertou do raciocínio lógico com um pulso de irritação. O som era baixo, ritmado e insistente. Queria ser notado de qualquer forma. Incapaz de se manter indiferente, ergueu o olhar com determinação, pronta para procurar quem fazia tanta questão de ser desagradável.


            Encontrou olhos azuis acinzentados e curiosos que esquadrinhavam seu rosto sem pudor. Seguindo a figura de seu observador, deparou-se com dedos que batiam divertidamente na madeira. Suspirou pesado, percebendo ser a única que escutava o som, por estar tão perto. Esperou que ele tomasse consciência do incômodo que causava, mas a julgar pelo sorriso irônico que ocupava seus lábios enquanto ele a encarava, sabia muito bem o que fazia. Revirando os olhos, a morena se empenhou em tentar estudar. Tentativa falha.


            _Você se incomodaria de parar com esse barulho, por favor? – pediu educadamente, sem deixar de sorrir com falsa candura, certa de que o incômodo era ele, e não seu pedido!


            _Oh, perdão! – ele sorriu, irônico, levantando os dedos como quem se rende – Não sabia que estava importunando...


            _Claro que não. – ela revirou os olhos, voltando a se concentrar no livro.


            Por um segundo, ele se manteve de cenho franzido, inquieto com a indiferença palpável da estranha estudiosa. Não que seu ego fosse assim tão enorme... Mas nunca fora tão ignorado por uma garota! Nunca, em todos os seus 18 anos de vida. Pigarreou alto, chamando a atenção dela novamente. Percebeu quando ela vacilou por um momento com o lápis sobre o papel, só então se dignando a dar uma olhadela mínima para ele, enfadada.


            _O que você quer? – ela inquiriu, largando o lápis e o compasso sobre a mesa e cruzando os braços à frente do corpo em postura irritada.


            _Sua atenção, por um minuto. – ele pediu, sorrindo, vitorioso – E parece que consegui, enfim.


            _Certamente... Dizem que comportamentos desagradáveis tendem a chamar atenção, não é? – ela sorriu com ironia, fazendo com que ele estreitasse os olhos por um momento.


            _Você é Lene McKinnon, não é? – ele inquiriu, sem querer entrar no mérito de quão desagradável fora – Do terceiro ano C?


            Ela apenas maneou a cabeça positivamente, esperando que ele se pronunciasse sobre como ficara sabendo o seu nome, já que ela não era lá muito popular, ao contrário dele, pelo que denotavam todos os cochichos que rondavam a sala de estudos desde a chegada do moreno. Por um segundo, ele pareceu surpreso que ela não o reconhecesse, mas então se lembrou do real motivo pelo qual estava ali...


            _Então, Lene... – ele sorriu, galante, e a garota pôde jurar ter escutado alguns suspiros de garotas ao longo da sala inteira – Sirius Black, muito prazer. – ele se apresentou, mais por formalidade do que por realmente pensar que ela não o conhecia.


            _Todo meu... – ela sorriu, ácida e nervosa por estar perdendo tempo – Desculpe se serei rude, mas você se importa de saber o que quer comigo? – ela perguntou, percebendo que o tom subira um pouco quando alguém murmurou um “shhhh” irritado – Desculpa...  – pediu, envergonhada.


            _Você é muito inteligente. – ele disse, mordendo a língua assim que a expressão “muito nerd” tentou escapar de seus lábios – É o que todos dizem.


            “Ah, certo... Todos vivem falando da minha vida... Com certeza...” – ela pensou, sorrindo de canto.


            _Besteira. – ela revirou os olhos.


            _Parece que não... – Sirius apontou para a pilha de exercícios que ela resolvera.


            _Isso é... – ela tentou argumentar, mas maneou a cabeça, perdendo o foco – O que você queria comigo? – inquiriu, e outro “shhh” se fez audível. Certamente que só para ela, já que ninguém mandaria Sirius se calar.


            _Eu preciso de ajuda. – ele disse, sincero – Vou bombar em Trigonometria se você não me ajudar... Preciso ir bem no exame...


            Lene suspirou pesado, tendo apenas a confirmação de que o assunto era bem aquele, como sempre. Nunca se negava a ajudar alguém a passar, mas a questão é que estavam muito em cima da hora...


            _Falta só uma semana. Se você tivesse pedido antes, eu...


            _Lene, por favor. – ele pediu, e ela percebeu que falava sério – Eu vou tomar bomba. Não sei nada. E você é a única nesse colégio que não tá surtando por causa dessa prova...


            Lene suspirou novamente, sabendo que seria difícil conciliar seus estudos com a ajuda a Sirius, mas era de sua personalidade não negar ajuda a ninguém.


            _Eu não devia, sabe? – ela riu pelo nariz – Não depois de toda a desconcentração que você me causou... – ela começou, e ele sorriu, convencido. Lene revirou os olhos, continuando – Que você causou com aquele barulhinho insuportável.


            Sirius fez um bico mimado, e ela riu um pouco mais abertamente, cobrindo os lábios para que não fosse ainda mais repreendida pelos outros colegas. Sirius riu do modo quase infantil como ela gargalhava, tampando a boca, envergonhada.


            _Você vai me ajudar? – ele inquiriu, pedindo intimamente para receber uma resposta afirmativa, ou não sabia o que faria. Ela o observou por alguns segundos, sorrindo em seguida. Sirius reparou no modo como os lábios dela se separavam docemente, fazendo com que duas covinhas surgissem nas bochechas. Parecia uma garotinha de comercial de TV, e ainda assim tinha mais cérebro que muita gente.


            _Vou sim. – ela disse, vencida – Mas agora eu preciso ir, Sirius. – checou as horas no relógio laranja que trazia no pulso.


            Ela começou a guardar seus materiais na bolsa, sob o olhar atento de Sirius. A morena fechou o fichário e se preparou para levantar da mesa, quando ele fez o mesmo. Marlene passou um segundo avaliando como ficava mínima se comparada à altura dele e então riu.


            _Vamos? – Sirius perguntou, abrindo a porta da sala sem se dar ao trabalho de perguntar do que aquela esquisitinha tanto ria.


            _Bom, a gente se fala depois então pra combinar sobre o estudo. – ela disse enquanto eles andavam pelo corredor até a saída do colégio.


            _Aham... – Sirius sorriu de canto – Mas eu te levo em casa.


            _Não, não precisa. – ela maneou a cabeça, francamente querendo que ele a deixasse ir.


            _Por favor, Lene... – ele insistiu – Você vai me ajudar muito... Deixa eu fazer só isso. Tá escuro, já...


            Lene olhou para o céu que já adquiria tons arroxeados do fim da tarde, e suspirou pesado. Sua mãe ia querer que ela ligasse para que fosse buscá-la mesmo... Não custava aceitar a carona.


            _Obrigada. – ela disse, e Sirius sorriu.


            _O carro tá pra lá. – indicou o lado direito do estacionamento da escola, abrindo uma Hilux preta lustrada.


            Lene abriu a porta e içou o corpo pra dentro, sentando-se ao lado dele no banco do carona. Ela olhou o retrovisor e bagunçou um pouco a franja, soltando os cabelos, antes presos em um coque desarrumado.


            _Que horror... – murmurou, rindo da própria aparência.


            _Seu cabelo fica bonito solto. – Sirius comentou, e ela apenas riu musicalmente, como usual. Não corara nem se sentira exultante pelo elogio, como qualquer outra faria.


            _Obrigada. – agradeceu.


            Durante o caminho até a casa de Lene, Sirius buscou conversar com a garota, perguntando coisas sobre a escola. Ela descobriu, então, que o tinha reconhecido por causa de uma briga que presenciara entre ele e outro aluno do colégio, que fora expulso no ano anterior.


            _E você bateu nele porque ele olhou pra sua namorada? – ela perguntou, franzindo o cenho.


            _Claro! Quer dizer... ele olhou pra ela, então devia ter visto que ela tinha namorado, não é? – ele argumentou, mas frente a uma risadinha afônica de Lene, virou o olhar para ela – Você não acha? – ele perguntou, franzindo o cenho – Que foi?


            _Nada... – ela riu de novo – É só que... – ela hesitou por um momento – Eu não ficaria feliz por ver um garoto batendo em outro por minha causa. Só por causa de um olhar, quero dizer. É estúpido.


            Sirius parou por um momento, perguntando a si mesmo se deveria levar o comentário da garota a mal... Mas o modo como ela o olhava, o olhar desarmado e sincero, fez com que ele percebesse que ela só expressava a sua opinião.


            _Bom, ela gostou, na época. – riu de canto.


            _Eu acho que deve ter quem goste... – Lene deu de ombros, olhando pela janela – Sirius, é aqui. – avisou, e o moreno parou o carro rente à calçada.


            _Então, minha monitora... – ele sorriu de leve – Posso te chamar assim?


            _Pode, Sirius... – ela riu abertamente das perguntas bobas que ele fazia desde que os dois deixaram o colégio, do tipo: “Por que eu nunca tinha falado com você antes?” “Como assim você gosta de álgebra?” ou até mesmo “Você sabia que tem olhos lindos, Lene?”


            _Ótimo... – ele sorriu – Então, como nós vamos fazer pra estudar? – ele perguntou, virando-se no banco do motorista para encará-la melhor.


            _Não sei... – ela deu de ombros – A sala de estudos do colégio fica muito cheia assim perto da sala, e ninguém gosta de gente falando... Ou incomodando. – ela afirmou com um sorriso de canto – Então seria melhor você vir aqui. Pode ser? – perguntou, e, com certa pontada de frustração, Sirius percebeu que a voz dela não trazia nenhum tipo de segunda intenção.


            _Hm... Claro. – ele se recuperou, porque ela ainda aguardava uma resposta – Depois da aula? Eu te dou carona e nós podemos vir direto. – ele sorriu de modo característico e Lene riu.


            _Pode ser sim, Sirius. – ela sorriu – Você almoça aqui em casa, então. – completou.


            _Eu vou aceitar, hein? – ele riu do jeito meigo dela.


            _É pra aceitar mesmo, já que você tá me deixando mal acostumada com essas caronas... – ela sorriu, abrindo a porta do carro – A gente se vê, Sirius. Brigada.


             __________________________________________________________


            N.A.: Oi, galerinha do mal! Haha


            Como vocês estão?? Bom, estou muitooo feliz por estar postando essa fic! Sim, galera, depois de tantas shorts sobre Sirius e Lene, finalmente a segunda long! :D Espero que vocês tenham curtido o capítulo, de verdade! Em breve James e Lily dão o ar da graça, prometo! =D haha Enfim, preciso saber o que vocês tão achando, gente! Sério, é muito importante saber isso... ;x Espero comentário, então! J Lembrar sempre que críticas também são super-mega-ultra bem vindas, porque ajudam a melhorar o texto! :D


            Obrigada por terem perdido alguns minutinhos com isso! Espero que não tenha ficado muitooo ruim! =))


            Ah, e o título é uma viagem mesmo, mas prometo que vocês entenderão ao longo da fic! Hahaha


            Beijos! S2

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Ameii o primeiro capitulo \O/Nossa e primeiro lugar acho o nome da fic incrivel e o texto que você postou maravilhoso. Amei o capitulo e nossa tô louca pra ler tudo logo porque é demais *----------* bjoos! 

    2012-03-15
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