Capítulo Único





 


Naquela Tarde de Outono...


Seus corações pulsavam acelerados, seus olhos esbraseavam. A face dela enrubescia, a máscara dele se desarranjava. Aos olhos daqueles dois amantes, naquele fim de tarde de outono, até um bucólico banco de praça, um gramado mal-cuidado, árvores – com seus galhos desnudos – e o céu anuviado revelavam um majestoso cenário. Ele era um Professor, ela – sua ex-aluna e hoje noiva – era pesquisadora, nas horas vagas, por hobby, fotógrafa. Ela, uma Sabe-Tudo insuportável. Ele, um Sonserino fastidioso. Tão antagônicos e, ao mesmo tempo, absurdamente idênticos.

No crepúsculo, o fulgurar insistente do flash de sua câmera, ao historiar aqueles tempos de regozijo, os cegava. Expressões e sorrisos marcavam suas faces. Beijos e mimos roubavam a cena. Todos que passavam olhavam, deslumbrados, a parelha de apaixonados. Severus tomou a mão da mulher adorada entre as suas, levantou-se e pediu a ela para acompanhá-lo. Caminharam. Para onde? Como reles e remota espectadora, não sei responder. Não, isto não é ensejo para preocupação. O casal, internamente, bem sabia para onde aquele caminho pedrado os arrastaria. A ternura, ricocheteada pelos ventos, lhes diria. O cantarolar dos pássaros os guiaria. O sol intruso, que abdicava de se pôr consumido pelas costas das montanhas, iluminaria, sucessivamente, suas condescendidas passadas.


 



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