Capítulo Único





 


Eu Estarei Sempre Contigo


Era Natal, e aquele baile era, para Lily Evans, tão esperado quanto a aprovação nos NIEMs para os alunos do sétimo ano. Ela se arrumara com esmero e sorriso de satisfação estampado em seus lábios rosados enquanto descia as escadarias de mármore de Hogwarts era legítimo.

À parte dos ruídos que toda festa costumeiramente tem, ela percebeu burburinhos e olhares masculinos cobiçosos em sua direção, mas não se importava com eles, tampouco lhes dava algum valor; afinal, não era para vários que se produzira, mas para um só alguém.

Aos pés da escada viu Marlene McKinnon, que a puxou pelo braço e passou a guiá-la em meio à multidão de alunos, que, espalhada pelo Grande Salão, falava alto, ria, paquerava e, acima de tudo, parecia verdadeiramente se divertir.

“Acalma-te! Encontrei o Pettigrew ainda pouco perto da mesa de frios e de bebidas, ele me avisou que os outros rapazes estão logo ali na frente.” – a amiga comunicou, ao perceber que a ruiva esticava o pescoço e procurava inquietamente pelo alguém que ela sabia ser um jovem de inconfundíveis cabelos bagunçados.

Marlene a conhecia muito bem e também o sentimento que a amiga guardava dentro de si, e Lily não pôde evitar de sorrir com a atitude cúmplice dela de tentar acalmá-la diante de seu comportamento ansioso e nada discreto.

Sua visão ficou turva em meio a lágrimas que nasciam, o sorriso esmaecia e sua respiração quase parou, não obstante, quando assistiu a ninguém mais, ninguém menos que James Potter aos beijos com alguém que ela demorou a reconhecer.


"Maldito Potter! Como podes ser tão pueril e sem sentimentos?", Lily duelava consigo silenciosamente, uma vez que quem gritava não era sua boca, mas seu interior. Há uma semana o rapaz conseguia, enfim, conquistá-la; e, apesar de não terem um namoro oficializado, ela se sentia enganada, descartada. E ele agia como a criança que se cansava da boneca de pano para abandoná-la numa empoeirada estante.

Lily, não precisando mais do que de dez segundos para dar-se conta de que havia sido – mais do que iludida – traída, saiu às pressas dali, sem se importar com olhares curiosos, com os brados de Marlene pedindo que esperasse por ela ou com quem estivesse em seu caminho; e enfim se deteve, ofegante, nos jardins da Escola, deixando tudo, ou quase tudo, para trás.

Uma chuva rala caía e o vento vigoroso desarranjava seus cabelos ruivos, mas novamente ela não se importava. Seus pés a levaram às margens do tremeluzente lago negro, contagiado pela luz do luar. As gotículas da chuva faziam elipses se assoalharem, de forma mortiça, em sua superfície. Gotas tão padecidas quanto às lágrimas que ela continuava a derramar.

"Não chora por quem não te merece, Lily. Ele não é digno do teu amor, tampouco de uma lágrima tua." – uma voz familiar se fez presente ali minutos depois, abstraindo-a de seus devaneios.

"Oh, Sev." – ela virou-se, venceu o espaço que a separava do Sonserino e abraçou-o com intensidade, mergulhando o rosto maculado e úmido no peito do rapaz – "Não sei como seguiria em frente sem ti.” – sua voz saía abafada pelo tecido das vestes dele, mas ela prosseguiu – “Obrigada por seu meu amigo e por estar sempre ao meu lado." – então lhes recaiu um parcial silêncio. Como um bálsamo poderoso, o perfume de Severus a acalmou e, tão logo, a respiração dela normalizou-se.


Ele a havia alertado sobre a pessoa que James Potter representava. Severus estava certo. Como quase sempre, certo.

Está bem que ele gostava dela, e seus motivos eram mais pessoais do que a garota poderia imaginar, talvez até egoístas. O jovem de cabelos e olhos negros alegava, apesar de tudo, a arrogância de James, que ele era um biltre da pior estirpe e que a amiga merecia alguém melhor. O que não deixava de ser verdade.

Sem que se dessem conta, até a tímida chuva parou de cair e os ventos pareciam conspirar a favor dos dois.

"Eu estarei sempre contigo, Lils." – declarou ele, quebrando o vacuoso silêncio, e acolheu-a ainda mais em seus braços, apoiando a cabeça dela em seu ombro – "Amo-te muito." – sua voz agora soava arrastada, como se aquelas últimas palavras fossem forçadas a sair, quase contra a vontade – ou pela expressa hesitação – de seu interlocutor.

Afagou seus cabelos vermelhos e beijou-lhe o topo da cabeça. Sim, aquela promessa ele cumpriria – nunca a abandonaria.

Ali, naquele instante e diante de tais gestos, ele sabia que era o carinho de amigos que predominava. Era ágape, o amor altruísta. E, mesmo entre um casal, a amizade e a cumplicidade não podem morrer, ou o amor e a paixão também se vão. Severus, doravante, via sua esperança se renovar, e então sabia que um dia ela seria dele, só dele, e corresponderia inteiramente aos seus sentimentos. Um dia.


 


Notas da autora:
¹
Curiosamente, eu não havia incluído uma amizade da Lily com a Marlene na fanfic quando ainda era uma drabble. E, pesquisando sobre a personagem, descobri que o sobrenome escocês McKinnon também é traduzido como ‘amor’ (:
² Essa fic é meio-RA, já que mudei umas coisinhas e também porque prefiro torcer para que a Lily fique com o Sevie não com o cabeçudo arrogante do Potter -Q *se esconde das pedradas*


 



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Comentários (1)

  • Pompideau

    Também prefiro mil vezes que a Lils (gostei do apelidinho rsrsrs) fique com o Sevie,ao invés do cabeça de ovo metido arrogante feio desgraçado nojento do Tiago Potter ~~se escondendo das pedradas ² rsrs~~

    2013-05-20
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