O Senhor da Guerra



            | Do Nosso Jeito |


 


 


 


Capítulo Dezesseis – O Senhor da Guerra


 


 


 


"O Soldado quer a glória,


O soldado que ser herói,


O soldado quer vitória,


E no final ele quer paz,” ¹



"Nesta noite


Eu dou o último suspiro


Quando a escuridão se tornar luz


Isso terá fim hoje à noite


Nesta noite


Eu dou o último golpe” ²


 


 


 


 


 


            Harry não teve tempo sequer de vestir uma camisa; quando correu para descer as escadas, estava trajando apenas suas calças. O que acabou que se tornou uma boa coisa, pois mal chegara ao segundo andar, e uma bola de fogo voou na sua direção, errando-o por um milímetro e indo queimar um quadro antigo.


         Hermione vinha atrás de si, e ele soltou sua mão por um segundo. No auge da adrenalina e irracionalidade, derrubou a porta de um quarto apenas com um chute. Havia apenas um pequeno berço ali, azul com tecidos de babados brancos. Ele correu, e uma onda de alivio momentâneo o invadiu, quando seus olhos avistaram Teddy, seu afilhado, dormindo tranquilamente. Agarrou o menino, protegendo seus olhos da fuligem. Lá embaixo, o som de moveis se quebrando e gritos, não pareciam ser capazes de tirar o bebê de sua paz.


         Harry virou-se para Hermione, e tentou não reparar no olhar aterrorizado da garota. Entregou Teddy em seus braços.


         – Vá embora daqui, agora. Aparate em algum lugar seguro. Assim que puder, eu me juntarei a você com os outros.


         – Não.


         – Hermione...


         Ele ia argumentar, mas um estrondo alto o fez ficar surdo por alguns segundos. Hermione curvou o corpo, segurando Teddy com afinco.


         – Eu não vou ter essa discussão com você agora. Encontraremos Astória, que está grávida, e daremos o Teddy para ela. Ela sim, irá para um lugar seguro. Eu ficarei aqui, com você.


         Por mais que gostasse de discutir aquele assunto, Harry sabia que era apenas uma questão de tempo alguém achá-lo ali.


         Permitiu-se abraçar a menina por dois segundos, e então rumou para as escadas. Estuporou dois tentando chegar ao térreo, e atrás dele, Hermione ia os amarrando com pesadas cordas que saíam da sua varinha.


         Achou Astória e Draco encurralados, entre três comensais, numa parede de canto.


         – Estupore!


         Ele berrou o feitiço com tanta raiva, que dois comensais voaram e foram expulsos para fora da casa, quebrando as janelas e espalhando vidro para todos os lados. Draco aproveitou a deixa, e azarou o outro comensal.


         – Você está bem? – Harry perguntou à Astoria, apressado. A garota tinha cabelos desgrenhados e um corte na bochecha, mas fora isso, parecia inteira.


         – Sim.


         – Aqui – Hermione entregou Teddy nos braços da menina, e seus olhos se encheram d’água. – Fuja com ele para algum lugar seguro. Espere nossas instruções. Iremos te encontrar.


         – Certo.


         Antes de aparatar, Astória sustentou um olhar a Malfoy. Não foi dito uma palavra, mas o olhar bastou. Draco deu um leve aceno na cabeça, como num consentimento, e Astória sumiu, aparatando para Mérlin sabe onde.


         Os três seguiam juntos agora, descendo até a sala de estar, onde a concentração de invasores estava maior. Harry desejou que Astória realmente conhecesse algum lugar seguro, pois não tinha expectativa nenhuma de sair vivo dali.


         Ao chegar finalmente ao seu destino, o baque da surpresa arrebatou Harry. Jogados no sofá, Hagrid estava curvado sob um homem, esquecendo-se totalmente da magia, e desferindo socos potentes na face do outro. O gigante foi atingido por um feitiço nas costas, mas esse ricocheteou; quando ele ergue o punho, preparando-se para mais um ataque violento, Harry pode ver o rosto do Comensal. Era McNair, o homem que antigamente fora destinado a sacrificar Biçuco, quando Harry tinha apenas treze anos.


         O punho desceu, com força e velocidade, e a cabeça de McNair pedida debilmente. Hermione duvidou que ali ainda existisse vida.


         – Harry!


         Ele olhou, e Kingsley Shacklebolt mantinha a varinha apontada para Antonio Dolohov, onde cordas se apertavam em seu pescoço, e começavam a deixa-lo roxo. O homem se debatia, tentando se livrar do aperto, à beira do sufocamento, sua varinha esquecida e quebrada no chão.


         – Harry?


         Harry notou a ausência do dedo anelar do bruxo. Não conseguia pensar direito; Kingsley queria agora que ele decidisse o que fazer, qual era o próximo passo. Havia outros Comensais rendidos, e nenhum membro da Ordem estava morto ou seriamente ferido.


         – Agora – disse Harry, pensando baixinho. De repente, tudo fez sentido. Correu até Dolohov, que estava prestes a desmaiar. – Onde está Bellatriz?


         Os olhos pretos, por traz da máscara de Comensal, fitaram Harry com certo desprezo. Irritado, Harry puxou o dedo do homem para trás, esticando seus ossos em posições atípicas e fazendo-o gemer de dor.


         – Irei quebrar todos os seus dedos até que você me diga onde está Bellatriz.


         Kingsley apertou mais as cordas, deixando Dolohov em agonia.


         – Responda!


         – No Ministério! – O Comensal teve que berrar para que sua voz saísse; suas cordas vocais estavam sendo esmagadas. – Nível Um. Comissão dos Nascidos Trouxas.


         Kingsley olhou para Harry, esperando uma ordem.


         – Não há porque esperar. Alguns comensais estão aqui, abatidos, o que quer dizer que a segurança Ministério está enfraquecido. Dê o sinal, e Snape fará com que Hogwarts seja nossa.


         Os Weasley começavam a se aproximar. Carlinhos estava sem um pedaço da sobrancelha, mas todos pareciam bem.


         – Gina, corra até o Cabeça de Javali, e avise aos que estão escondidos lá que iremos invadir o Ministério. Se matarmos Bellatrix, e tomarmos de volta o Ministério, a guerra irá acabar.


         Harry foi até a lareira mais próxima, onde um fogo baixo ainda queimava entre as toras de madeira. Encheu a mão de Pó de Flú, que era mantido num recipiente ao lado, e jogou-o no fogo, fazendo as chamar crepitarem em cores verdes.


         Gui Weasley foi o primeiro a passar pelo fogo.


         – Ministério da Magia!


         – VAMOS TODOS! – Berrou a Sra Weasley, entrando na lareira logo em seguida.


         Dolohov desmaiou, e Kingsley foi o próximo a sumir pelo fogo. Um por um, todos que estavam na antiga casa dos Black, foram consumidos pelas chamas, e transportados para longe dali.


         Harry e Hermione entraram nas chamas juntos. Sem soltar sua mão, Harry foi aspirado para longe, por uma sensação estranha de todas as suas moléculas se partirem e se juntarem rapidamente em outro lugar.


         Quando seus pés bateram no chão escuro do Ministério, ele se viu no Átrio. Em frente a Fonte dos Irmãos Mágicos, Albefort Dumbledore fazia movimentos com a varinha. De repente, as estatuas adornadas de ouro – o bruxo com a varinha apontada para cima, a bruxa, o centauro, o elfo doméstico e o duende - ganharam vida.


         Neville usava a água da fonte, onde antes os passantes jogavam sicles e nuques, para afogar Érico Munch, o vigilante do elevador.


         Três comensais tentaram duelar contra a estátua do bruxo, lançando feitiços verdes, que apenas ricocheteavam no ouro reluzente. Um dos feitiços atingiu o peito da estátua com força, fazendo-a desequilibrar e cair. Uma das janelas foi arrancada na queda, e desnudando o céu londrino.         


         Harry correu.


         Alguém o puxou pelos cabelos, e ele gritou de dor, deixando um chumaço de pelos negros para trás.


         – Expelliarmus! – Berrou Hermione, e a mão o soltou imediatamente.


         Mais comensais estavam chegando pelas lareiras, e em poucos minutos eles estariam em maior número.


         Houve um grito de dor, e Kingsley Shacklebolt acabara de perder outro dedo...


         Harry continuou correndo, e viu Gina socorrendo o ex-empregado do ministério. Desviou de um corpo no chão, e não parou para ver quem era. Um pedaço de orelha do elfo estátua acertou Hermione na cabeça, e ela se desequilibrou.


         Ao cair, ela puxou Harry consigo; os dois rolaram no chão, aos pés de Noir. Este estava dando uma surra da Sra. Weasley. Harry apontou a varinha em direção ao joelho do Comensal; com um feitiço, a perna dele partiu-se no meio, num craque de ossos e urros de dor. Harry rastejou até Hermione; havia sangue misturado entre seus cabelos.


         – Você está bem? – Ele perguntou, momentaneamente em pânico.


         – Sim. Só um pouco zonza.


         – Consegue andar?


         Ela acenou com a cabeça. Harry se levantou, e puxou a garota. Procurou protegê-la mais. Demorou mais alguns segundos para chegar ao seu destino: a janela que havia sido arrancada e que dava de cara com a Londres trouxa. Escondeu Hermione atrás dos muros da fonte.


         Apontou a varinha para o céu, e enchendo os pulmões de ar, bradou:


         – Abolitio criminis!


         Um raio luminoso irrompeu da varinha de Harry, cortando as nuvens no céu. A luz transformou-se em um enorme símbolo na forma de raio – idêntico à cicatriz que Harry carregava na testa –, composto por cristais cor de ouro.


         Com aquele símbolo no céu, bem acima do Ministério da Magia, todos entendiam que o lugar estava sob ataque. Ele estava usando uma arma de Voldemort contra seu reinado; aquele símbolo representava sua vida, representava esperança, e, com ele, estava chamando todos os bruxos do bem a se juntarem à luta.


         Houve vários estampidos, seguidos de várias explosões. Harry protegeu a cabeça de Hermione, sujando seus braços com seu sangue. Conhecia aquele som, aquilo era trabalho das bombinhas explosivas de Simas Finningan. Vários comensais queimaram, e um dos elevadores explodiu em poeira, aço e concreto.


         Mil exemplares do Profeta Diário voaram, chamuscando pelos ares.


        


         "Pesquisas recentes feitas pelo Departamento de Mistérios revelam que a magia só pode ser transmitida de uma pessoa a outra quando os bruxos procriam. Portanto, nos casos em que não há comprovação de ancestralidade bruxa, os chamados nascidos trouxas provavelmente obtiveram seus poderes por meio do roubo ou uso de força."


 


         Dizia um dos seus artigos. Harry precisava acessar o elevador, e chegar até o nível um, onde Bellatriz se escondia.


         Das lareiras, bruxos e mais bruxos chegavam pela rede de Po de Flú. Harry reconheceu alguns: Xenófilo Lovegood, Amélia Bones, Zacarias Smith, Berta Jorkins, Mafalda Hopkirk, e outras dezenas cujo rosto ele nunca havia visto em sua vida.


         Todos os soldados que a sua marca tinha recrutado.


         Eles já vieram armados com suas varinhas, prontos para jogar feitiços de todos os tipos, fazendo uma chuva de cores e magia voarem pelas cabeças dos comensais.


         Harry recomeçou a correr, antes de um feitiço o derrubar de novo. Ele voou longe, mas teve tempo de soltar a mão de Hermione, para que não a derrubasse também. Ele teria batido feio na parede, mas acabou sendo amortecido por um corpo.


         A pancada tirou o ar dos seus pulmões. Tentou respirar, e seu nariz estava coberto de sangue, que não era o seu. Caíra em cima do corpo de Olívio Wood, seu antigo capitão e goleiro do time de quadribol da Grifinória, e não havia vida em seus olhos. Da sua boca, entreaberta, escorria um sangue viscoso, coagulado. Seus olhos estavam vidrados, e não havia sinal de respiração.


         Harry permaneceu chocado por alguns segundos; aquele era o homem que o tinha feito amar o quadribol, que lhe ensinara a ser apanhador. Um dos seus primeiros amigos de Hogwarts. E Harry sequer sabia que ele estava ali, lutando com ele.


         Ouviu um grito de Hermione:


         – Impedimenta!


         Ela lutava contra Avery, o Comensal que derrubara Harry. Mas seu feitiço não se projetou a tempo, jogando a menina alguns metros, que caiu de joelhos. Avery riu, avançando contra Hermione.


         Harry conseguiu se levantar, a adrenalina da guerra impedindo que ele sentisse muitas dores.


         – Oppugno!


         As moedas que se acumulavam há anos nas águas da fonte, se ergueram no ar e voaram com velocidade contra o rosto de Avery; uma delas, acertou seu dente incisivo em cheio, fazendo voar coroa e sangue para todos os lados.


         – Expelliarmus! – Finalizou Harry, mandando o Comensal para longe.


         Ele encontrou uma Hermione de joelhos ralados. Ajudou-a a se levantar. A porta do elevador estava escancarada quando eles entraram. Uma mulher ainda tentou impedi-los, a porta já fechando, mas Hermione acertou um feitiço em seu rosto, e ela desmaiou na hora.


         –Deixe-me ir sozinho. Bellatriz é perigosa.


         –Não. Tenho alguns assuntos a tratar com ela.


         Ao chegarem no nível um, a porta emperrou, e não quis abrir. Hermione explodiu-a com um “Reducto!”.


         Bellatriz os esperava, sentada em uma cadeira de mogno escuro. Ela não parecia nem um pouco preocupada, com as suas pernas cruzadas, a varinha dançando entre seus dedos longos, e um sorriso curioso nos dentes podres.


         – Ora, ora.


         Harry percebeu que a porta não abria devido o cadáver de Albefort Dumbledore estar impedindo. Sua barriga estava inchada anormalmente, e seus olhos sem vida.


         – Não anda comendo, Bellatriz? Está magra e feia como o próprio Voldemort – disse Harry, tentando disfarçar a tristeza e medo que se apoderavam dele. Suas entranhas se reviravam de agonia.


         – Nãããããão! – Ela berrou, ensandecida. O vestígio de sorriso já havia desaparecido de seu rosto. – Nunca, jamais fale o nome do Mestre na minha frente, seu moleque!


         – Ah, por Mérlin – Harry fingiu insolência. – Ele está morto. Posso falar quantas vezes eu quiser. Virou pó. Voou pelos ares. Falar seu nome não irá despertar sua fúria, ou trazê-lo de volta. Voldemort. Voldemort. Voldemort. – Ele calou-se por um momento, parecendo esperar por algo que não aconteceu. – Viu? Nada. Ele não existe mais.


         – Existe no coração daqueles que seguem a sua doutrina. O maior bruxo de todos os tempos...


         – Morto por um Weasley – cortou Hermione, saindo de trás da sombra de Harry. – Morto por um, como o próprio Voldemort dizia, “traidor do próprio sangue”.


         – Oh – Bellatriz parecia tê-la visto pela primeira vez. – Que surpresa desagradável, Srta. Granger. Quer dizer que ainda está viva? Por Deus, não se fazem Comensais como antigamente.


         – Nascida trouxa e destruidora de Comensais – zombou Harry. – Parece uma boa alcunha.


         – Eu irei lavar a sua boca hoje, Potter – a voz de Bellatriz sibilava de ódio. – Irei fazê-lo sofrer, e sentir dor. Irei tortura-lo até que esqueça quem é, ou como falar, ou limpar a própria bunda. Igual fiz com os Longbottom!


         Antes que Harry pudesse sequer responder, um feitiço branco voou pela sua orelha, saindo da varinha de Hermione; Bellatriz não teve tempo de desviar, e o feitiço fez um corte fino e preciso em sua bochecha, como se tivesse passado o bisturi. O sangue jorrou, vermelho e rubro.


         – VOCÊ IRÁ PAGAR POR ISSO!


         A mulher se levantou, furiosa. Da sua varinha, saíram pelo menos cinco feitiços, um seguido do outro. Harry conseguiu desviar vários deles, mas um o acertou no peito, fazendo-o voar e bater na parede. O impacto deve tê-lo feito quebrar uma ou duas costelas.


         – Aqui, Lestrange! – Berrou Hermione. Estava com tanta raiva, que a sua varinha tremia na sua mão. Teve que controlar sua voz. – Eu estou aqui. Ele não tem nada a ver com isso. Sua guerra, nesse momento, é comigo.


         Harry tentou se levantar, mas a dor fez surgir estrelas nos seus olhos. Não conseguia encher seus pulmões de ar completamente, por mais que puxasse o ar com força.


         Perto dele, Hermione e Bellatriz começavam a duelar. Nenhuma pronunciava um feitiço sequer, mas de suas varinhas saíam uma quantidade incrível de feitiços.


         Harry se arrastou pelo chão, procurando a sua varinha ou algum apoio para se erguer. Gemia de dor, segurando inutilmente seu tórax.


         Houve uma luz forte, e Hermione foi derrubada de costas; ela colidiu com uma estante e foi prontamente soterrada por uma estante de livros pesados.


         Desesperado, Harry esticou debilmente seu braço em direção a sua varinha, mas seu esforço foi inútil. Pôs-se a rastejar novamente, o mais rápido que conseguia. Bellatriz veio até ele, com desprezo no olhar. Deu um forte chute na cabeça de Harry, com suas botas pesadas. Ele soltou um uivo de dor, encolhendo-se, agarrando o nariz e a boca


         – Achei que isso seria mais divertido! – Disse ela, passeando tranquilamente ao redor do corpo de Harry. – Vocês são dois amadores! Patéticos! Fracos! Acharam mesmo que iriam me vencer? Imagina que mito eu serei, a bruxa responsável pela morte de Harry Potter!


         Bellatriz ergueu a varinha, mas apontou-a para o entulho de livros.


         – Crucio!


         Hermione berrou, se torcendo e gritando em tormento.


         – Isso foi só um aperitivo! – Bellatriz gargalhava alto, fazendo parecer que os gritos de Hermione eram música, e ela dançava alegremente. – Você vai ver sua amiguinha morrer! Mas primeiro...   


         Ela o agarrou pelo pescoço, pondo-o de pé de tal modo que seus pés mal tocavam o chão.


         – Você irá pagar, Potter – rosnou na sua orelha.


         Bellatriz apertava tanto sua traqueia que Harry não conseguia respirar, sua boca e nariz entupidos por uma quantidade absurda de sangue que saia dos seus ossos da face quebrados. Ele tentou se debater e gritar, mas não teve ar para montar algum som.


         – ESTUPEFAÇA!


         Hermione desviara dos livros, e fez Bellatriz voar longe, soltando Harry. Ele conseguiu se levantar, olhou ao redor e viu Bellatriz colidir contra um estrado.


         – Vocês não podem me vencer – a bruxa falou, a risada tinha ido embora do seu rosto. Ela se levantara com muita rapidez. – Fui e sou a seguidora mais leal do Lord das Trevas. Aprendi com ele feitiços tão fortes que vocês, criaturinhas patéticas, não têm a menor chance de competir.


         – Expelliarmus! – Berrou Harry. A bruxa reagiu tão rápido que ele mal teve tempo de se abaixar.


         – Protego!


         O jato de luz vermelha, que saira da sua própria varinha, se voltou contra ele.


         – Patético, mil vezes patético!


         Harry estava cansado; seu peito arfava, subindo e descendo com uma rapidez estranha. Sua varinha estava inutilmente apontada para o chão, sua mente estava vazia. Talvez fosse melhor desistir.


         Não sabia se conseguia continuar a lutar. Se se entregasse, poderia rever seus pais... Sirius... Ron... Lupin... Tonks... Fred... Dumbledore... Olivio Wood... E tantos outros nomes, bruxos nobres, que tinham dado sua vida e a morte em nome daquela guerra.


         Desistir poderia significar paz. Depois de tantos anos, ele teria algum descanso.


         Ergueu os olhos, e avistou Hermione de olhos fechados, o sangue escorrendo pela sua testa em direção dos seus olhos, sua varinha pendendo na sua mão.


         Ela era a simples razão pela qual ele não podia desistir. Eles tinham lutado até ali, com unhas e dentes pelas suas vidas; haviam enfrentado muitos infernos para poucos dias de céu, haviam superado a morte do seu melhor amigo. Haviam visto suas famílias se despedaçarem, suas esperanças morrerem. Tinham passado fome, sede, frio. E mesmo assim, conseguiram achar amor.


         Nos braços um do outro.


         Harry ergueu a cabeça, seu coração preenchido por emoção. Agitou a varinha: a força do feitiço que ela emanou foi tal que Bellatriz sentiu seus cabelos ficarem em pé. Dessa vez, ela se viu obrigada a conjurar um escudo reluzente. Quando o feitiço o atingiu, produziu uma rachadura, com um som que parecia uma nota grave de um gongo.


         Bellatriz fez um som estranho com a boca; o escudo ao seu redor foi ruindo, e, segundos depois, se estraçalhou, deixando-a desprotegida.


         – PETRIFICUS TOTALUS! – Harry aproveitou a deixa. Os braços e as pernas de Bellatriz se uniram ao corpo, duros como pedra. Seu corpo, agora pesado, pendeu para trás. – Reducto! – Antes que ela pudesse cair no chão, a maldição de Harry acertou-a em cheio no peito, diretamente no coração. Seus olhos pareceram saltar das orbitas, congelados; por uma fração de segundo, houve uma expressão de entendimento do que tinha acontecido em seu rosto e então, ela desmontou, desaparecendo em mil pedaços pelo ar.


         Harry ficou paralisado por alguns segundos, sem acreditar no que acabara de acontecer, esperando que Bellatriz voltasse, mas ela não voltou. Ele correu até Hermione, escorregando pelo chão e pegando-a nos braços. Abraçou-a com tanta força, que suas costelas doeram.


         –Você está bem?


         –Sim!


         Harry não pode conter, o alívio o invadiram com torpor. Em poucos segundos, seu rosto estava banhado de lágrimas pesadas, e ele chorava como uma criança. Hermione chorava também, agarrando-se as vestes dele.


         Ele a beijou.


         Seus lábios tinham gosto de sangue e sal, mas ele não ligou.


         – Obrigado – ele dizia, os soluços presos na garganta. Havia segurado tanto aquele choro, e todo aquele amor que sentia, mas não iria mais. – Eu te amo, muito obrigado.


         – Eu também te amo.


         Estar ali fez Harry notar que ele teria uma vida feliz, dali para frente. Estar nos braços de Hermione era o que ele mais almejava.


         –Estamos livres, meu amor.


         E eles estavam.


 


N/A: Olá! Depois de [anos!!!] estou de volta. Sei lá se tem alguém lendo isso aqui ainda. Eu não tenho desculpa boa para o meu sumiço, apenas não sei porque, mas parei de escrever. Tentei voltar algumas vezes, mas tinha esquecido a senha do site. Pois bem, está ai o capítulo, não está muito bom, eu perdi o jeito de escrever, acho. Tem mais um capítulo, se ainda tiver alguém lendo, eu posto.
Desculpem-me. Mesmo! 


Se alguém quiser se comunicar comigo, meu email é [email protected]
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// ]]>
.


Feliz Natal, all! o/

¹ - 
 Música de Guerra - Pregador Luo 


² -It Ends Tonight - All American Rejects

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Comentários (9)

  • Lay Potter

    AAAEEEEE! Pensa na minha surpresa quando num dia mais aleatório dei uma espiada aq e tinha post novo! Nossa realmente faz tempo, mas nunca desisti não viu, mesmo em anos sua fic valeu a pena, não acredito q faltavam so dois capitulos, kkkk. Lógico q quero ler o final! E qualquer outra fic q vc vai escrever depois, pq vc precisa garota, kkkk. Q bom q vc voltou, antes ler com (muuuuuito) atraso do que ficar sem, ja vou passar em suas outras fics e ver como está. Não se preocupe q não perdeu o jeito, até dei uma relida nos outros capitulos já q não me lembrava de algumas coisas, esperando por mto mais. Parabéns!! PS: so vou te dar 4 pela demora, afinal foi maldede sua viu (mas ainda amo essa fic sempre).

    2016-04-19
  • Undiscovered

    Levei um susto quando vi que tinha atualizado! Essa é, de longe, minha fanfiction favorita, não apenas de HP, mas de todos os fandons que eu curto. Tanto que salvei no meu pc! Espero que dessa vez você não demore tanto para postar, apesar de saber que mesmo que demore mais dois anos eu ainda vou continuar esperando.

    2016-03-03
  • Gabrielle M. Bocardi

    Posta mais por favor. Li essa fic em um dia de tão boa!!! Mas não para mais não, não desista!

    2016-02-10
  • Potter_Salter

    Perdeu o jeito?? Isso nunca aconteceria com você... Ainda extasiada pela sua volta, pela volta de bons escritores por aqui. Capítulo incrivel, intenso... Mal posso esperar pelo próximo, então não nos faça esperar muito. Essa é uma das minhas fica preferidas. Beijos 

    2016-02-04
  • Nina Granger Potter

    Eu continuo aqui sim! Nem acreditei quando vi que tinha capítulo novo! Vc fez o meu dia! Muito feliz!E nem pense em dizer que perdeu o jeito de escrever não! Adorei o capítulo e mal posso esperar pelo próximo. 

    2016-01-05
  • Elisa Carvalho 3

    Cheguei aqui e nem acreditei que tinha capítulo novo... Suas fica são demais, torço todo dia pra você atualizar "Eu sei que vou te amar..."

    2016-01-02
  • maria elisa

    Oi, leitora aqui , continua por favor 

    2015-12-27
  • Suelen Granger

    heyyyy bem vinda de volta....continuaaaa eu amo sua fic... e to loka pelo proximo caps!!! 

    2015-12-25
  • Coveiro

    Tem sim eu lendo... eu adoro essa fic... posta sim... presente de natal e muito bom a proposito... vc não perdeu a mão de maneira alguma... suas fics são maravilhosas... continue todas elas... muito bom o capitulo... quero mais... continua... adorei este... adorei muito mesmo

    2015-12-23
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