cinco



O salão já estava cheio quando Aurora juntou-se a fila organizada pela profa. Kátia Bell. Um rapaz muito nervos esbarrou nela e pediu desculpas, ele tinha cabelos loiros reluzentes e olhos cinzentos, que apesar do semblante sereno, pareciam duas tempestades. O garoto parecia mais nervoso que ela, fato que a deixou mais nervosa por dentro.


-Ah, sou Scorpion Malfoy – Aurora lembrou-se da última conversa com o prof. Longbottom, mas nada mencionou, apenas apertou a mão ofertada pelo garoto – E estes são Rose Weasley e Alvo Potter – ela sentiu vontade de mencionar que conhecera o pai do garoto, mas se ateve a acenar aos dois que responderam com a mesma simpatia e se aproximaram


-Sou Aurora Bacelar – Rose foi a única que a mirou com mais atenção após revelar sua identidade – Sou nascida trouxa, então, estou um pouco ansiosa


-Ah, minha mãe também era nascida trouxa, não tem com que se preocupar – advertiu Rose


-E meu pai só descobriu que era bruxo ao completar onze anos, era praticamente um nascido trouxa – e deu de ombros, Alvo Potter


-Não gosto deste termo, sabem? “Trouxa”. Acho ofensivo – observou Scorpion – Minha família é de sangue-puro, meus avós acham isso de suma importância – ele pareceu envergonhado


-Scorpion ninguém vai te julgar por seus parentes – Rose foi incisiva – Imaginem se fossem julgar o Alvo pelo idiota do Thiago?


-Meu irmão é uma peste, só ano passado papai teve de vir à Hogwarts sete vezes – e lamuriou


-Mas seu irmão não foi um Comensal da Morte – e olhou triste para o chão – Papai ainda tem as marcas – Rose deu tapinhas no ombro de Malfoy e apontou a mesa onde a professora Bell já segurava o chapéu seletor


-Avery, Amanda – chamou a professora Bell


Ela colocou o chapéu sobre os longos cabelos negros da menina. Então, Aurora surpreendeu-se quando o chapéu seletor começou a falar. Ele fazia ponderações, enquanto a menina que o usava suava frio. Todos no salão principal observavam a cena com curiosidade e expectativa, até o chapéu proferiu sua sentença e colocou a menina na Casa Corvinal.


-Baltazar, William – um rapaz imponente para a idade e com belos olhos azuis, que pareciam um oceano profundo foi até o baquinho


Diferente da primeira garota ele não demonstrou o menor nervosismo, algumas pessoas cochichavam enquanto o chapéu decidia onde colocar o bonito William Baltazar. Foi Rose Weasley quem explicou aos amigos o porque dos murmúrios.


-Baltazar não é uma família inglesa, eles vieram de algum lugar em Portugal, o nome dele nem é William lá, mas Guilherme – Scorpion olhou confuso


-Ele falava perfeitamente o inglês – Alvo concordou com a cabeça


-Eu sei, ele nasceu aqui, mas a família dele é de lá – e falou baixo – E apesar de muito belos, costumam ser cruéis e geralmente vão para a...


-Sonserina – disse o chapéu antes que Rose pudesse completar a frase


-Viram? – Aurora mirou a mesa da Corvinal e todos pareciam aliviados, enquanto na Sonserina havia uma felicidade afetada – Sinceramente, espero ir para a Corvinal


-Eu não me importo com a casa, papai me explicou que não importa de qual casa você faz parte, importa o que você faz – Alvo parecia decidido, e dessa vez que assentiu foi Scorpion


Aurora permaneceu calada e notou que deveria ter sido chamada antes de William Baltazar. Mirou a professora Bell e ela parecia ainda mais atrapalhada com a lista, voltou seus olhos para a mesa dos professores e a diretora Minerva olhava preocupada para a funcionária, enquanto a professora Mathita tinha um semblante de fúria contida.


-Ah, me desculpem, pulei uma aluna, me desculpem – e voltou seus olhos bondosos à Aurora – Bacelar, Aurora – a menina não pode deixar de pensar que talvez seu nome estivesse como Spinosa na lista, sua verdadeira ascendência Sonserina


-Hum – foi o ruído que o chapéu emitiu quando foi pousado sobre os cabelos escuros e bagunçados de Aurora – Você me deixa confuso menina – falou – Corvinal, não, receio dizer que não reúne as qualidades para esta casa – Aurora pensou que não seria colega de casa de Rose – Coragem, mas é branda, no entanto vejo esforço que a colocaria perfeitamente em Lufa-lufa – ela não queria ir para uma casa onde não houvessem conhecidos, mas como saber para qual casa seriam designados seus amigos – Já sei, eu deveria colocá-la na Grifinória, mas há algo em você que deve ir ao seu lugar – houve silêncio – Você quer provar, quer causar orgulho, você pertence à Sonserina – a mesa da Sonserina os alunos miraram a garota chocados


Aurora estava tão nervosa que quase tropeçou nas próprias vestes. Não houveram aplausos, pois jamais um nascido trouxa havia entrado para aquela casa. Ao se sentar Aurora voltou a olhar a mesa dos professores, a diretora parecia preocupada, mas a professora Violet Mathita parecia satisfeita, como se houvesse algo de pessoal naquela escolha. Mais tarde Aurora viria a descobrir que ela não fora a única com nome trouxa a ser escolhida para a Sonserina.


A professora continuou chamando os alunos. Até que Scorpion Malfoy foi finalmente chamado. O chapéu demorou um pouco, mas por fim o mandou para a Sonserina. Diferente de Aurora ele foi recebido com muitos aplausos. A família Malfoy sim era tradicionalmente uma família de sangue-puro. Quem eram os Bacelar? Mas Aurora sentiu-se satisfeita, mais ainda quando o garoto sentou-se ao seu lado.


-Ele quase me mandou para a Grifinória, mas todos me olhavam tão mal lá, que pedi que mandasse para cá – ele estava corado – Fui um covarde


-Não acho – ele olhou-a surpreso – Se eu soubesse que iam me receber tão mal, teria escolhido a Lufa-lufa – disse somente para Scorpion ouvir


O próximo chamado foi Alvo Potter. Ele caminhou decidido, imponente, e era possível ver seu irmão Thiago conversando com os amigos e mirando o irmão mais novo. Aurora não queria que Alvo fosse para a Grifinória, sabia que assim não teriam a oportunidade de tornarem-se amigos. Scorpion já havia explicado a rivalidade das casas e que geralmente os irmãos ficam na mesma casa. Por um breve momento, enquanto o chapéu ponderava os olhares de Alvo e Aurora se trocaram, ele tinha o semblante sereno, como se já soubesse para onde iria antes do chapéu decidir.


-Seu pai optou pela outra casa, mas você parece um pouco diferente – e por fim – Sonserina


Poucos aplaudiram. Isso não foi importante para Alvo, ele estava feliz porque Aurora e Scorpion sorriam para ele.


Rose Weasley foi praticamente a última, e parecia muito nervosa. Entretanto, o chapéu levava em conta a preferência dos alunos, e como ela sempre desejou foi para a Corvinal, a casa dos belos e sábios. Apesar de não estar na Sonserina como os amigos, Aurora, Alvo e Scorpio não puderam deixar de aplaudir.  

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