St. Mungus



  Vou dar uma dica para o seu futuro: nunca seja envenenada. É muito tedioso ficar num hospital, deitada estudando o dia inteiro num quarto ocupado por visinhos estranhos. Pelo menos eu tinha algo para fazer... o menino do norte estava ficando paranóico... de vez em quando, tentava fugir do quarto e voltar pra Durmstrang...


 Todos os dias eu recebia cartas. Algumas da Profª Mcgonagall, dizendo quais as lições de casa; algumas de meus pais e algumas de Remo e meus amigos. É muito bom ficar sabendo de tudo que acontece em Hogwarts, mas é chato quando você só sabe, não . Mas outra coisa péssima em relação a eu estar no St. Mungus era o fato de faltar às aulas. Eu não pego a explicação, não entendo nada e esse é o ano dos NIEM´s! Se eu não passar bem, vou culpar o Diggory!(Mesmo não tendo sido culpa dele)


 Agora, pelo menos tem uma boa noticia: conseguiram preparar o antídoto. Eu tomei ontem e já ganhei o movimento nas pernas. Só vou ficar aqui até amanhã para repousar. Eu já estava lá há quatro dias, ia sair amanhã de manhã. Primeiro de janeiro amanhã... eu iria passar a virada no hospital de bruxos... Deprimente, não? Eu estava estudando DCAT quando o meu pingente começou a tremer. Sim, deu muito medo. Mas eu sabia o que deveria ser. Olhei para os lados: meus visinhos estavam dormindo. Tirei o pingente e o abri. Uma fumaça azul saiu dele e virou o rosto de Remo, ele sorriu.


- Boa noite


- Não consegue ficar longe de mim hein lobinho? - Eu perguntei sorrindo


- Não. - Ele respondeu - Nas cartas é difícil de dizer tudo que acontece... Queria te ver de verdade. Como está?


- Muito bem. Não sei se a carta já chegou, mas eu já bebi a poção e estou só de repouso. Amanhã estarei voltando. - Respondi


- Que horas mais ou menos? - Ele perguntou


- De manhã... início da tarde... cedo. - Eu respondi dando os ombros


- Então eu vou poder te ver - Ele sorriu


- É... eu vou poder te ver.


- Mas Julieta... - Ele fez uma expressão aflita - Nada de ir conosco amanhã está bem? Você deve estar mais fraca pelo envenenamento e... eu não quero que nada aconteça.


- Tudo bem. - Eu respondi. Eu não concordava, mas ele estava muito culpado por ter me deixado ir pegar minha bolsa sozinha na noite do baile e... não iria deixar de me proteger de novo.


- Ta falando com... Ahhh oi Giucci! - Eu ouvi uma voz dizer vinda do medalhão


- Sirius? - Eu perguntei rindo - como vai seu cão sarnento?


- Bem Giucci, obrigado pelo interesse - Ele respondeu.


- O que... ahhh tá... - Ouvi a voz de James - Então é por isso que alguém saiu correndo da aula de Poções e subiu direto para o dormitório...


- Fugindo da aula Remo? - Eu perguntei rindo - coisa feia...


- A aula já tinha acabado e eu estava com saudades - Ele respondeu - bem... ainda estou...


- Fofo... - Eu disse sorrindo


- Linda. - Ele sorriu


- Nojento - Ouvi a voz de Sirius - Eu não quero ficar ouvindo essas melosidades, vou ver as meninas!


- Meninas? - Eu perguntei


- Almofadinhas está fanático por Anne no momento. - James explicou - não para de tentar conquistá-la de novo.


- Ela é do Paul, tá na cara - Remo disse


- Mas não na dele... - James riu


- Com quem estão? Ahhhh taaa... - Ouvi Pedro falar


- Por que todos vocês disseram ´ahhh taaaa´ quando me viram? - Eu perguntei


- Que outro motivo para fazer esse carinha fugir dos estudos? - James riu, Remo corou


- Não tem nenhum outro né Aluado? - Pedro riu


- Não Rabicho... não tem... - Remo sorriu


- Posso dar uma má noticia? - Eu perguntei. Remo fez uma cara apavorada


- Fala.


- Vou ter que cortar a conexão com vocês... Os meus vizinhos perturbadores vão acordar a qualquer minuto - Eu falei


- Ufa... achei que era algo pior - James falou - Tchau Giucci


- Até amanhã meninos! Feliz ano novo! - Eu disse e fechei o pingente.


 


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 Acordei. Ainda no St. Mungus... aff. Peraaaa, é hoje!! *dando pulinhos de alegria sem levantar da cama*. Que feliz!! A enfermeira me disse que às 11 horas alguém de Hogwarts viria me buscar. Eu passei a manhã juntando minhas coisinhas (eu tinha poucas, mas havia algo para se arrumar) bem lentamente esperando para voltar para o castelo.


 Onze horas. Somos ingleses, pontuais, agora, cadê o maldito? Ahhh eu conheço esse vulto enorme barbudo e sorridente...


- Hagrid! - Eu sorri


- Olá Giucci! - Ele respondeu - vamos voltar para o castelo?


- O mais rápido possível, por favor! - Eu respondi me pondo de pé.


 Hagrid pegou minha malinha e saiu andando na frente. Fomos por uma chave de portal... (PS: nunca viaje nisso, dá enjôos...) até os portões de Hogwarts. Ele abriu e entramos novamente em minha segunda casa.


 Era meio difícil andar, de vez em quando eu perdia o equilíbrio e tropeçava, mas nada sério. Fui recebida por sorrisos de quase todos os estudantes que me viam. Hagrid me deu a malinha quando entramos no castelo, se despediu e foi andando para sua casa na orla da floresta.


 Mais sorrisos e saudações enquanto os hogwartinos me avistavam. Eu abafei uma risada ao ver a expressão que Snape fez ao me avistar, viva e andando. Diggory tentou vir falar comigo, mas eu interrompi:


-Diggory, fique calado enquanto eu ainda tenho um mínimo respeito por você, certo? Com licença, quero ver meu namorado e meus amigos agora.


 Ele ficou com uma cara tão triste que quase me deu pena... Quase. Eu subi as escadas com cuidado. Acho que elas, só de sacanagem, resolveram mudar de lugar no momento que eu ponho os dois pés nelas. Cheguei à mulher gorda. Eu tinha passado por Paul Creevy nos corredores e ele me disse a senha.


- Mandrágoras - Eu disse e a mulher gorda me deixou passar.


 O salão comunal estava mais vazio que o comum: ninguém interessante. Que eu já havia falado alguma vez, só o Frank.


- Frank, onde a Alice e as meninas estão? - Perguntei para ele


- Oi Giucci! - Ele sorriu - elas estão lá no dormitório. É bom ver você viva hein?


- Obrigada Longbottom - Eu sorri e subi para o dormitório


 Merlin... é difícil subir as escadas quando não anda por muito tempo. Eu tive que segurar o corrimão o tempo inteiro e ainda escorregava às vezes... Cheguei na porta do dormitório. Abri. Entrei. Fechei a porta. Gritinhos. Pessoas se jogando em cima de mim. Ai.


- Menos, por favor, menos - eu resmunguei enquanto as meninas faziam aquela festinha de cachorro que re-vê o dono.


- Giucci que saudade menina! - Anne sorriu


- Me deixa respirar e eu falo com vocês, se não vou ver o Remo. - Ameacei num murmúrio


 Fui libertada das garras de minhas amigas felícias. Pus a malinha no chão e abracei elas.


- Saudades meninas - Eu disse


- Também Giucci... - Lily disse - Porque não avisou que viria hoje?


- Eu falei pra vocês pelas cartas! - Eu protestei


- O correio viria hoje... - Alice comentou


- E o Remo não contou nada? - Eu perguntei


- Como assim? - Alice perguntou confusa


- Nós temos uma maneira de nos comunicarmos. - Eu expliquei - depois nós mostramos, bem... eu falei com ele ontem a noite e achei que ele iria contar pra vocês!


- A gente não viu ele a noite... - Lily explicou - Nenhum dos Marotos.


- Bem... Six tentou invadir o dormitório e... atacamos ele com travesseiros. - Anne explicou corando levemente


- Ele tá afim de você Anne... e eu realmente prefiro que você fique com o Paul! - Eu disse rindo e me sentando na minha cama


- Eu também... - Anne riu


- E então... - Alice disse num tom de narração - como foi lá?


- Um velha, um homem estranho e um garoto do norte. Deveres, cartas, sem andar... Foi chato. - Eu listei contando nos dedos


 Elas deram risinhos. Eu sorri. Nos encaramos. Eu mordi o lábio inferior. Que agonia... eu quero ver o Remo mas elas estão com saudade de mim... não é nada legal ser trocada pelo namorado, eu já fui várias vezes no quinto ano quando queria falar com Alice e ela saia com o Frank.


- Vai lá. - Lily disse sorrindo e apontando para a porta - vai ver o seu namorado.


- Eu amo vocês sabiam? - Eu disse rindo e me levantando.


 Saí do dormitório, desci as escadas. Uma olhada no salão comunal. Subi para o dormitório masculino: eu teria que começar a procurar por algum lugar certo? Bati na porta.


- Entra logo! - Sirius resmungou lá dentro


 Entrei. Opa... acho eu queria ver o meu namorado e seus amigos completamente vestidos, certo? Pois é, Sirius estava sem camisa. Ao me ver, ele arregalou os olhos, percebeu me olhar em seu corpo e riu maliciosamente. Eu estava corada, muito ainda mais quando ele riu. James se juntou a eles. Desviei o olhar corando, se possível, mais ainda.


- Eu acho melhor eu voltar quando vocês estiverem completamente vestidos – Eu disse me virando para a porta


 Saí do quarto. Três milésimos, alguém saíu do dormitório.


- Julieta!- Remo exclamou e me abraçou


- Remo... menos, por favor - Eu disse rindo


- Desculpe - Ele riu e me beijou - Quer entrar? Está uma bagunça e tem três imprestáveis lá dentro mas eu acho que deve ser melhor que aqui fora.


- Vamos entrar.


 Sirius ainda ria. Mas pelo menos tinha vestido uma camisa... Eu o fuzilei com os olhos. James ria baixinho, ele também ganhou um fuzilamento visual. Remo ofereceu para que eu sentasse em sua cama, eu o fiz. Nossa... dava uma tonteira quando sentava... Merlin...


- Gostou do que viu Giucci? - Sirius perguntou maliciosamente


- Já vi melhores - Eu disse no mesmo tom


- Magoei... - Ele disse fazendo biquinho. Eu ri dele


- Giucci posso fazer uma pergunta nada discreta? - James perguntou


- Vai. - Respondi


- Como é morrer? - Ele perguntou ansioso


 Eu comecei a rir. Eles me olharam estranho. Recuperei o fôlego.


- Nada legal James... nada legal. - Eu respondi - Mas eu não sei... Deve variar de um para outro... Você deveria experimentar um dia desses...


- Aé... já to lá Giucci, já to lá! - Ele respondeu ironicamente


- Cara, quando vocês vão se tocar que eu não morri? Eu estava... tá, eu não sei o termo, mas eu estava viva! Meio-viva, mas viva!


- Isso é o suficiente - Remo disse passando o braço por meus ombros - e como foi lá?


- Bem... eu acho que quem me envenenou não queria me matar e sim ferrar com a minha vida adulta! Eu não entendi nada da matéria da semana inteira! Vou ter que ficar o tempo todo estudando para repor...


- Não teve muita matéria... - James disse pensativo


- Você pensa que não teve matéria porque estava trocando bilhetinhos com a Evans, Pontas! - Remo disse rindo - Mas eu, que consigo me concentrar mesmo com a minha namorada no hospital, ouvi a matéria e sei que é bastante complicada...


- Depois reclama quando te chamamos de nerd! Você não consegue não prestar atenção nem com a Giucci quase morta! - Sirius reclamou


- Ai nem comecem vocês!! - Eu bronqueei - eu voltei pro castelo, mas não pra vocês começarem com essas briguinhas!


- É brincadeira Giucci! - Pedro disse como se fosse algo óbvio. Era óbvio, eu sabia que era brincadeira, mas irritava


- Mesmo assim! É divertido de vez em quando, mas hoje não! - Eu reclamei


- Ta bem... eu to com fome, tchau pra vocês! - Sirius disse se levantando e indo em direção à porta.


- Que horas são pra você estar com fome? Incorporou o Rabicho? - James perguntou. Pedro lançou um travesseiro nele. James riu.


- Se você não sabe, eu tomei café às sete e comi pouco. - Sirius disse na porta - vou pegar alguma coisa nas cozinhas, tchau.


- Então... tchau... - Eu disse meio desconfiada


- Julieta... eu sei que está andando meio mal, mas... - Remo começou


- Uma volta seria ótimo Remo - Eu sorri. Era incrível como nós amávamos dar voltas por ai... e eu nem gostava muito de andar!


 Nos despedimos dos meninos e saímos andando. Alguns tropeços, mas Remo me segurou sempre que eu dava algum sinal de que ia cair (Achei isso muito fofo *-*). Mais gente me cumprimentando, a cada centímetro que andávamos. Andamos até que pouco... comparado que sempre damos voltas enormes pelo castelo. Sentamos num banco que envolvia uma das fontes do colégio.


- Senti sua falta - Ele disse sorrindo sem me olhar


- Eu também. - Eu respondi


- Você me permite ser super-protetor? - Ele perguntou me olhando com um leve sorriso - não posso deixar aquilo acontecer novamente Julieta. Não posso.


- Eu entendo Remo. Vou permitir, mas se estiver incomodando eu vou falar, você me conhece! - Eu respondi rindo


- Claro! Pode falar! - Ele riu também e suspirou. Passou o braço por meu ombro e me puxou mais para perto. Eu apoiei a cabeça em seu ombro.


- Eu te amo lobo mau. - Eu sussurrei


- Eu também raposinha - Ele respondeu sorrindo serenamente

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