Feliz Natal



Houve um tempo em que Lílian se distanciou de Severo. Talvez pelo fato de seus pais não o acharem boa companhia, talvez não. Severo sempre se perguntava a razão de, às vezes, os pais de Lílian não a deixarem ficar com ele. "Será que eu passo uma má impressão?" era o que mais se passava por sua cabeça, que vivia transbordando de pensamentos.


Na véspera de Natal, no fim da tarde, Lílian foi até o pequeno lago situado perto de sua casa, e ficou ali, fitando o horizonte. Petúnia foi junto de sua irmã, mas jamais entendera a razão de ficar horas olhando para "Lugar nenhum", como chamava. Entrou em seguida, e quando ela saiu dali, Severo foi para perto de Lílian, saindo de trás de sua casa.


-Mais uma vez encarando as montanhas cobertas de neve? - Ele perguntou, tentando puxar assunto.


-Sim, acho isso fascinante. O que você acha, Severo?


-É bem bonita a imagem.


-Petúnia acha que eu sou louca em ficar aqui, ainda mais observando sempre a mesma paisagem.


-Eu acho que ela tem inveja. Você pode ver a beleza em tudo, e gosta de ficar a olhando. Já ela não.


-Que maldade, Severo. Não acho isso, apenas acho que ela tem interesses por outras coisas.


-Pode até ser...


Alguns segundos em silêncio depois, começou a nevar, e os dois foram para baixo de uma árvore. A essa altura, já estava escuro, e Severo, já sem medo da reação de Lílian, mais uma vez pegou em sua mão. Mas dessa vez, Lílian não retribuiu. Ela o abraçou sem hesitar. Sem jeito, Severo só pode a abraçar de volta. E antes que algo pudesse acontecer, ele se virou e disse:


-Feliz Natal, Lílian.


-Feliz Natal, Severo. - Ela respondeu, com um sorriso amigável no rosto. E nenhum dos dois sabia como aconteceu, mas um visgo nasceu de um galho mais baixo na árvore. E a noite terminou com o primeiro beijo do jovem casal.


 

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