Capítulo 8



Godric e Salazar andavam pelo feudo do rei, à noite.


Quem olhasse para eles, nada veria. Às vezes talvez vislumbrasse algo tremeluzindo, mas estavam invisíveis. Não exatamente invisíveis. Estavam da mesma cor que o ambiente a volta.


Estavam desiludidos.


- Não conhecia esse feitiço.


- Pelo jeito há várias coisas que você desconhece. Enquanto eu procurava me aperfeiçoar, você trabalhava para eles. Por isso sei mais coisas.


- Hunf... mas você também era capitão de um exército. De um exército Não-Mágico. – falou irritado. Odiava o jeito superior que o novo companheiro tinha.


- Sim, mas eu não servia a homem algum. Eu obedecia às minhas regras.


- Ta, ta...tanto faz. Olha! A casa dos meus pais!


Correram em direção à janela de luz acesa.


Godric olhou para dentro do cômodo e viu sua mãe abraçada ao seu pai chorando.


- Nossos filhos...nossos filhos morreram lutando contra nosso próprio povo! – a mãe dizia entre soluços.


- Não fique assim, querida...eles estavam servindo ao rei!


- E daí? Aquele rei maldito! Maldito! O que vamos fazer com essa terra? – mostrou um papel com coisas escritas. Não temos nada para fazer lá. Não temos sementes de nada para plantar ou...


Ouviu-se um baque após outro e de repente Godric e Salazar estavam do lado de dentro da casa e visíveis.


- Godric! Ó meu Deus! Você não...? E Henrique?


- Henrique morreu, mãe. – disse tristemente. – Mas eu não. Tentaram mas não conseguiram.


Após explicações, abraços e apresentações por parte de Godric, foi a vez de seus pais explicarem.


- Fomos chamados no castelo. Explicaram que vocês haviam morrido e que em homenagem a sua bravura nos deram essa medalha de honra e o feudo onde moravam os aldeões expulsos. Não sabem que somos como eles. – falou a mãe debochada. – Se soubessem jamais teriam feito isso.


- Sim! Agora você pode se vingar, meu filho! – o pai falava irritado. – Pode mostrar que está vivo.


- Não. Deixe como está. Viveremos melhor se acharem que estou morto. Quero que façam o seguinte: digam que vão se mudar para aquelas terras.


- O que você tem em mente, Drico? – a mãe perguntou.


- Devolver as terras para quem merece.




- Drico? – Salazar segurou o riso enquanto voltavam para a escuridão, novamente encobertos pelo feitiço.


- O que é? É um apelido carinhoso. – Godric agradecia por estar sob o feitiço ou Salazar veria seu rosto ruborizado.


- Muito carinhoso...Driquinho.


- E o seu? Qual seria? Sal? Hunf...


Voltaram ao silêncio, até que novamente foi interrompido pelo homem de longas barbas.


- O que faremos agora? Vamos ficar esperando naquelas terras vazias seus pais chegarem no dia seguinte?


- Vamos procurar os bretões.


- Para que? – disse surpreso.


- Não ouviu o que disse, "Sal"? Vamos devolver as terras a eles.


- E você vai ficar sem nada?


- Claro que não. Moraremos lá.


- Com...aldeões? – fez então uma cara de nojo.


- Qual o problema?


- Nenhum...Drico...


Continuaram andando até chegar ao local em que havia ocorrido a batalha. Seguiram em direção à floresta e procuraram sinais de alguma passagem humana recente.


- Por que acha que eles vieram para cá? – Salazar perguntou enquanto apanhava um galho e o analisava.


- Porque é o local mais próximo para onde todos poderiam ir em uma urgência, sem aviso prévio e longe de perigo.


- Hum...acho que tem razão. Um grande grupo andou por aqui. – olhou para as árvores e folhas secas no chão. – Seguiram nessa direção.


- Como sabe disso?


- Você é bom em deduzir o que essas pessoas pensam e eu em seguir rastros. É bastante útil se estiver perseguindo alguém. – sorriu.


- Você não é uma pessoa muito... "boazinha", não é? – continuaram seguindo em frente agora de forma mais rápida.


- Defina "boazinha".


- Hum...que perdoa.


- Nunca.


- Que não mata a não ser que seja extremamente necessário.


- Ta brincando comigo? Extremamente necessário? Nessa vida sempre andamos em urgências.


- Que ama o próximo como a si mesmo? – arriscou sorrindo.


- Só a parte do "si mesmo".


- É...você não é uma pessoa boazinha.


Depois de horas seguindo trilhas e rastros, ouviram finalmente som de vozes.


Pararam atrás de umas árvores e olharam para uma clareira iluminada por uma grande fogueira.


Todas as pessoas que haviam fugido estavam ali, inclusive Merlin, Rowena e Helga.


- Chegamos. Achamos eles. Venha. – Godric comentou enquanto entrava na área circular limitada por árvores.


Olhou para trás e viu que Salazar continuava parado. Olhava seriamente em direção a algo e seus olhos brilhavam.


- O que foi, Sal? – disse debochado. – Está com medo de uns aldeões?


- Quem é aquela? – Salazar apontava em direção às moças.


- A Morena? É linda, não? Chama-se Rowena Raven...


- Não! A loira...


- A loira? – Godric disse confuso. – É Helga Hufflepuff. Por que? Você não pode estar interessado nela. É praticamente uma criança! Deve ter uns 14 ou 15 anos.


Mas ele já não prestava atenção. Apenas continuou fitando a menina que sorria e conversava alegremente.


Os homens saíram de trás das árvores, o que assustou diversas pessoas.


Imediatamente alguns gritaram, enquanto outros apontaram suas varinhas de forma ameaçadora.


- Eles voltaram! Acharam-nos! – diversas vozes gritaram.


Salazar prontamente preparou sua varinha também. Godric segurou seu braço.


Merlin então falou, sobrepondo-se a todas as outras vozes apavoradas.


- Não! Eles não são inimigos.


- Mas este é aquele homem que entrou em nossa vila antes de sermos atacados! – disse um jovem de cabelos loiros.


- Ele não veio nos atacar. Assim como da outra vez.


- E se "como da outra vez" isso acabar acontecendo? – falou som um sorriso sarcástico e revoltado.


- Merlin está dizendo para abaixar sua varinha! Obedeça! – Rowena gritou olhando o rapaz de frente.


Com relutância, obedeceu.


- Obriga...


- O que querem aqui? – a mesma mulher perguntou com ferocidade.


- Eu não quis que aquilo acontecesse. Juro! – acrescentou após as vozes revoltadas voltarem a gritar. – Inclusive tentaram matar-me.


- Deveriam ter conseguido.


- Rowena! – Merlin repreendeu.


- E quem é esse...? – a voz de Helga surgiu, juntamente com sua dona, de trás de Merlin. Falava de forma hesitante e analisava o estranho de cima a baixo.


- Sou Salazar Slytherin, viking dinamarquês. – disse sem tirar seus olhos dos da garota que corou instantaneamente.


Cochichos encheram a floresta e palavras como "viking?" e "é um bárbaro!" fez-se ouvir.


Mas Merlin, contra todos os efeitos, sorriu e deu mais um passo a frente.


- Viemos aqui dizer que o terreno é nosso. Oficialmente. – Godric mostrou o contrato com a assinatura do rei.


- Está completo o grupo! - Merlin sorriu, falando para Rowena e Helga.

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Comentários (1)

  • HiHeloise

    SALAZAR&HELGA!!! Adorei a reação dele quando a viu, assim com a reação dela quando ele a encarou *-*

    2012-07-29
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