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De volta pra você. 


            Abriu os olhos lentamente, com certa dificuldade para se adaptar com a nova luminosidade. Pelo canto dos olhos, capturou a imagem da garota adormecida do outro lado da cama. Os cabelos loiros cobriam-lhe a face, tornando ainda mais difícil a tarefa em que o rapaz se empenhava com afinco – lembrar-lhe o nome (algo entre Melissa e Elisa, considerou). Na dúvida, melhor ficar calado.


            Levantou-se da cama procurando não acordar a companheira sem-nome, e dirigiu-se para o banheiro da suíte quase tropeçando em algumas peças de roupa estretegicamente espalhadas pelo chão. Demorou-se alguns minutes sob a água quente e saiu do banheiro com uma toalha em torno da cintura, não por pudor de quem estava na cama, mas devido à parede de vidro que tinha o seu quarto.


            _Hey... – murmurou, tocando sutilmente as costas da loira. Ela bocejou por um instante, abrindo os olhos e alargando um sorriso imediatamente.


            _Bom dia... – ela se sentou na cama, beijando os lábios dele brevemente.


            _Quase tarde, na verdade... – o moreno corrigiu, sorrindo de canto – Hm... Sabe o que é, Melissa... – arriscou – Eu preciso dar uma corrida antes do trabalho ainda, então...


            _Ah, você quer que eu vá? – ela compreendeu – Ok, Sirius.


            _Brigado, gata. – ele sorriu, observando enquanto a menina caminhava pelo quarto pegando as roupas no chão, as sandálias no corredor e os brincos na mesinha de cabeceira.


            __A gente se vê depois então? – ela sorriu, deslizando uma das mãos pelos ombros largos do rapaz.


            _Claro. – ele piscou de forma charmosa, sorrindo de modo desconcertante antes de puxá-la para um beijo.


            A loira sorriu novamente e pegou a bolsa Louis Vitton que jazia sobre o sofá preto de couro do loft. Ela parou, rindo de canto, já apoiada ao dossel da porta.


            _Sirius...? – chamou. – É Susan. Melissa é a minha irmã.


            _Oh. – ele murmurou, mordendo o lábio inferior, mas antes que conseguisse a proeza de pensar em uma desculpa plausível – algo realmente impossível – ela já tinha ido. – Droga. – sussurrou, mesmo que aquilo não fosse algo raro. Não nos últimos meses, ao menos.


            Caminhou pelo flat, voltando ao quarto para trocar de roupas. Ouviu o celular tocando, mas ele parecia perdido em algum lugar daquela estilosa desorganização que era o seu quarto, portanto nem se ocupou procurando-o. Pegou shorts pretos e uma regata cinza, e em menos de dez minutos passava pela recepção.


            Aquela era a sua rotina. Acordava e, antes mesmo de comer qualquer coisa, saía para uma corrida. Tinha adquirido o hábito há algum tempo, a princípio para espairecer, mas agora realmente gostava daquele tempo sozinho... Depois de quase uma hora, estava de volta em casa. Entrou, tirando os fones do ouvido, e se deparou com alguém sentado em seu sofá.


            _Você realmente precisa aprender que não devemos entrar assim na casa dos outros, Prongs... – brincou, indo até a a cozinha.


            _Eu venho aqui e é assim que sou recebido, Padfoot? – o moreno de cabelos arrepiados que invadira a casa do outro sorriu, seguindo-o.


            _Você passa mais tempo aqui do que na sua casa! – ele riu, rolando os olhos – Como estão as coisas?


            _Tudo bem... – o rapaz de encostou à bancada, de frente para o dono da casa – Lily mandou um beijo. – sorriu, falando da namorada.


            _Outro pra sua ruivinha. – o rapaz piscou um dos olhos azuis, servindo dois copos de água – O que te traz aqui de manhã, James? – riu de canto. Conhecendo bem o amigo, acordar antes da uma da tarde seria para ele pecado capital!


            _Nada demais... – bebericou um pouco da água, e os olhos azuis à sua frente se estreitaram.


            _James...


            _O que? – ele ergueu as sobrancelhas, levantando a voz para uma oitava acima, sinal claro de que mentia. Percebendo o flagrante, respirou fundo – Eu e a Lilian encontramos a Lene ontem.


            À menção daquele nome Sirius engoliu seco. Era aquela reação que ela provocava nele... Só de escutar aquele nome sentia como se algo se movimentasse dentro de seu corpo, uma sensação boa a ruim ao mesmo tempo... Uma saudade sufocante mas uma paixão incandescente que o inebriava.


            _Lene? – repetiu o nome com certa falta de prática, a voz um pouco falha.


            _Isso... – James revelou, já esperando aquela reação do amigo – Ela ligou e nos chamou pra jantar... Disse que precisava contar uma coisa.


            Sirius respirou fundo, tentando prestar atenção às palavras do amigo. O peito dele subia e descia rapidamente, na expectativa de saber mais sobre aquela que ainda tirava seu sono.           


            _Noite animada, hein? – James disse, mudando de assunto e apontando para o sutiã preto que Melissa – ou qualquer outra garota descartável – esquecera no sofá de Sirius.


            James respirou fundo, incomodado. Não era ele quem devia estar ali contando essas coisas para Sirius! Lene que contasse! Ou Lilian! Mas não ele... Não queria ter que fazer aquilo com seu melhor amigo... Não quando imaginava o que sentiria se Lily fizesse o mesmo.


            _James, fala logo. – Sirius exigiu, a voz perigosamente baixa, nunca um bom sinal quando se tratava de pessoas explosivas como ele.


            _Eu não sabia de nada. Eu juro... – começou, olhando para baixo – Desde que ela foi fazer aquele estágio na França que eu não tinha muitas notícias... Mas ela voltou porque... ela vai se casar, Sirius.


            Aquelas palavras ecoaram na mente de Sirius por longos e insuportáveis minutos. Não, ela não ia fazer aquilo... Não com ele. Não depois de tudo o que viveram. Não enquanto ainda fosse o centro do seu mundo...


            _Eu sinto muito, Padfoot... De verdade... – a voz de James se fez audível enquanto ele tocava o ombro do amigo em sinal de conforto, percebendo a surpresa do outro.             Sirius não respondeu, apenas o observou por um instante, em desespero. Não poida perdê-la... De novo não...


            _Eu preciso pensar. – disse, depois de algum tempo, esfregando o rosto, atordoado.


            _Ok. Qualquer coisa liga, tá bom? – James aproveitou a deixa para se despedir – Sinto muito mesmo.


            Sirius esperou que o amigo saísse da casa e só então foi para o quarto. Casada. Então em breve ela seria uma mulher casada. Sua menina estaria casada com alguém que não ele. Sim, era possessivo chamá-la assim depois de tudo ter terminado, mas enquanto ela não deixasse de ser sua maior preocupação na vida, não conseguiria mudar em nada.


            Andou de um lado para o outro do quarto por longos minutos. Sabia que ainda guardava o número antigo dela no celular, e começou a procurar avidamente pelo aparelho. Encontrou-o debaixo de uma pilha de cobertores que se amontoaram no chão. Assim que o display se iluminou, viu que recebera uma ligação e uma mensagem de texto.


            “Preciso muito conversar com você. Seis horas, você sabe onde... Sinto a sua falta. MM.”


            Sirius leu e releu a mensagem diversas vezes. Estava irritado por ela querer falar com ele depois do que ele via como uma traição – por mais que, racionalmente, soubesse que não ser o caso – e sem conseguir retrair o instindo da expectativa em vê-la depois de quase um ano. Ligou apressadamente para a agência publicitária onde trabalhava e avisou que não poderia ir naquele dia. As horas seguintes se passaram incomodamente devagar, até quando o relógio marcou cinco horas, e ele resolveu sair.


            Dirigiu por alguns minutos até que chegasse ao local marcado. Sabia que seria ali... Era sempre ali. Desceu da Ducati e puxou o descanso da moto. Tinha muito tempo desde que pisara naquele lugar. Nunca seria o mesmo sem ela. Deu alguns passos até a praça vazia no e coberta de árvores que criavam um charmoso arco que Marlne adorava. No centro do parque, com o colorido desbotando-se e o motor desativado, estava um Carrossel sem outros passageiros que não uma moça de cabelos longos e castanhos caindo pelas costas.


            Ela balançava o corpo pra frente e pra trás, os olhos fechados e a cabeça apoiada relaxadamente nos ferros de apoio do brinquedo. Quem a visse, pensaria que estava tranquila... Mas qualquer um que chegasse perto o bastante perceberia seu arfar afoito e talvez até mesmo as batidas descompassadas do coração.


            Os olhos azuis se abriram e estacaram, com certa surpresa e um gigante encantamento, o moreno parado a alguns passos dali, que a observava em silêncio. Sabia que não deveria, mas não foi capaz de conter um enorme sorriso ao vê-lo depois de tantos meses. A princípio ele se manteve sério, mas depois de alguns segundos se aproximou, tomando-a para perto em um abraço que dizia coisas demais.


            Sirius não conseguia entender o que sentia quando estava por perto daquela menina com cara de princesa e jeito de moleca, e que simplesmente o tinha entre seus dedos. Ela conseguia desarmar qualquer uma de suas defesas com um simples sorriso. Largou-a com relutância, lembrando-se do motivo do encontro.


            Sirius sentou-se perto dela, no cavalinho ao lado, e a observou por mais alguns segundos.


            _Eu não sabia se você viria... – ela disse, depois de um tempo – Não sabia se você lembraria...


            _Parece que eu me lembro... – ele sorriu, amargo, olhando para o chão – Mas não sei porque não simplesmente escreveu...


            _Pierre podia ver... Ele costuma ser ciumento. – revelou em tom baixo. Sabia que Sirius a repreenderia.


            _Ótimo... – ele disse, irônico – Bela escolha, a sua.


            _Six... – Lene respirou fundo, sabendo que ele reagiria daquela forma – Me desculpe pelo modo como ficou sabendo... Muito mesmo...


            _É isso que você queria dizer? – ele se levantou, irritado, mas principalmente magoado e extremamente triste por ter que encará-la naquela situação.


            _Sirius, não faz assim... – ela segurou o garoto pelo ombro, puxando sua jaqueta de couro levemente – Você ainda significa muito pra mim, não faz isso...


            _Daqui a pouco eu vou estar sendo convidado pra ser padrinho, Lene, e, com todo o respeito, antes que isso aconteça, eu tenho que ir... – ele disse entredentes, descendo do carrossel.


            _Não, Sirius, você não tem! – ela disse, alterando o tom de voz – E não seja hipócrita o suficiente pra brigar comigo quando tudo acabou por sua causa! – ela gritou, por impulso. Tinha jurado a si mesma que nunca usaria aquilo em qualquer discussão posterior.


            Sirius estacou ao som daquelas palavras, amaldiçoando-se por aquele erro pela milionésima vez. Nunca pretendeu traí-la, e sempre foi completamente apaixonado, mas um erro como aquele foi capaz de destruir tudo o que tinham.


            _O que você quer de mim? – Sirius aproximou-se dela – Me torturar ainda mais, contando sobre como você conheceu o seu noivo, como vocês se amam e como eu fui um idiota por ter deixado você ir?


            _Não, Sirius... – ela respirou pesadamente, sentindo lágrimas começarem a se formar nos olhos cristalinos – Eu só vim porque mesmo não precisando, eu queria te dar uma explicação...


            _E esta seria...? – ele disse, irônico, aproximando-se ainda mais dela, tentado pelos olhos que o encaravam com aquele ardor e uma pitada de orgulho que ele conhecia muito bem.


            Marlene sentia suas pernas tremendo de nervoso e agitação, parecia que estavam de volta há um ano atrás, quando os dois se encontravam naquele lugar deserto e perdiam a noção do tempo juntos, sentindo um ao outro, passando todo o tempo que podiam descobrindo mais motivos para estarem assim tão apaixonados. Se não fosse o peso leve – e que naquele momento parecia ter aumentado para toneladas – da aliança em sua mão direita, ela diria que Sirius estava prestes a puxá-la pelo braço e beijá-la até que ela se esquecesse dos motivos da discussão.


            _Sabe de uma coisa, Lene? Ele nunca vai ser capaz de amar você do jeito que eu te amo... – Sirius murmurou, frente à falta de respostas vindas da morena.


            _Sirius, não... – ela pediu, maneando a cabeça. Conhecia bem demais suas fraquezas para deixar que ele usasse a pior delas – Você não me ama assim... Se amasse não teria me traído como fez...


            _Lene, por favor... – os olhos dele se tornaram suplicantes e ele a segurou fortemente pelos braços – Nunca diga isso de novo... Nunca mais, por favor... – pediu – Eu amo você, e eu cometi um erro pelo qual eu vou me arrepender pro resto da vida...


            _Eu vou me casar... – ela murmurou mais pra si mesma do que para ele, sentindo as mãos de Sirius em seu corpo, e a resposta automática que tinha a ele.


            _Você não tem que fazer isso... – ele murmurou, encaixando o rosto na curva do pescoço dela – Fica comigo, Lene...


            _Sirius, não faz isso... – ela murmurou, mas enquanto suas palavras o repeliam, as mãos puxavam-no para perto.


            _Você me ama? – ele murmurou, a voz embargada e rouca, no ouvido dela.


            _O que eu sinto quando eu tô com você, Sirius... – ela sussurrou, evitando os olhos dele – Faz com que eu me sinta a pessoa mais inconsequente do mundo. Você faz a minha razão tirar férias e o meu coração querer pular pra fora da boca a cada segundo... – enumerou, surpresa por estar mesmo dizendo aquilo tudo – Eu senti muita falta de tudo isso que só você me faz sentir... Mas eu senti falta de você... – sentiu as lágrimas começarem a traçar seu rosto – Eu não sei porque eu vim aqui, mas inconscientemente, talvez seja pra te explicar a coisa mais importante do mundo... Que eu tentei ao máximo, mas eu não sei viver sem você.


            Sirius escutou àquelas palavras atentamente, pretendendo se lembrar de cada uma delas pra sempre. Ele puxou Marlene para perto, aproximando os lábios dos dela lentamente. O nariz dele esbarrou no dela sutilmente, e, como se o que os matinha separados ruísse, seus lábios se encostaram com intensidade, dando início a um beijo sôfrego e nem um pouco delicado de nenhum dos lados, que durou só para que soubessem que nada havia mudado entre eles, e o suficiente para que quisessem muito mais.


            Sirius desceu os beijos pelo pescoço de Lene, deslizando as mãos pelas costas da menina. Ela puxou o rosto dele para cima e iniciou outro beijo, dessa vez mais lento e apaixonado, entregue.


            _Eu sempre vou amar você... – ela murmurou sem descolar os lábios dos dele por nem um momento.


            Sirius segurou as mãos dela carinhosamente, mas parou de beijá-la quando sentiu falta de algo. Ergueu a mão direita da morena, examinando o dedo anular, que agora não tinha nada. Olhou para Lene, como se indagasse o paradeiro da aliança. Ela sorriu de canto, abrindo a mão esquerda onde o aro de ouro estava, e jogou o anel o mais longe que conseguiu, entre as árvores. Sirius sorriu, e beijou a testa dela, abraçando-a como se o mundo pudesse ruir e ele não se importaria nada.


            _Sabe porque eu escolhi vir aqui? – Lene perguntou, observando o carrossel.


            _Porque é vazio, e significa muito pra gente? – Sirius arriscou.


            _Também... – ela sorriu, beijando os lábios dele rapidamente – Mas porque de qualquer forma, eu giro e acabo voltando pra você.


 


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N.a.: Oiee!


Espero que tenham gostadoo! Sirius e Lene são meu casal preferido (puuuxa, será mesmo?? hauhauha) e eu simplesmente adoro escrever sobre eles. Quem sabe um dia surge algo que preste, não é?? haha Muito obrigada a quem se deu ao trabalho de ler! Espero não ter decepcionado! Mereço um comentariozinho?? Por favoooor! =D Beijões! Belle. <3

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Comentários (1)

  • Diênifer Santos Granger

    " [...] _Sabe porque eu escolhi vir aqui? – Lene perguntou, observando o carrossel.               _Porque é vazio, e significa muito pra gente? – Sirius arriscou.               _Também... – ela sorriu, beijando os lábios dele rapidamente – Mas porque de qualquer forma, eu giro e acabo voltando pra você. [...]"Ameeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeei!!   

    2014-07-29
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