Meias Palavras



-Onde você estava? Não importa! Já pra cama vocês dois!


Com o olhar entre o espantado e o resignado Harry e Ron marcharam escada acima até a torre Grifinória sem nem ver que Hermione se sentava na escada com os olhos chorosos.


Entretanto ela não conseguiu se manter em sua solidão por muito tempo.  Com passos largos e decididos Draco Malfoy, o sonserino arrogante de sangue puro, se aproximava. Ela só percebeu sua presença quando ele se sentou um degrau abaixo do dela com sua pose aristocrática.


-Hoje não, Malfoy.- ela disse num fiapo de voz.


-Você está incrivelmente linda esta noite. Linda demais para chorar.- Hermione olhou para ele com choque estampado no rosto. Desde quando Malfoy lhe desferia palavras que não fossem insultos?


-Quem é você e o que fez com Malfoy?- ela não tinha um tom cômico, ela poderia jurar que era alguém sob a poção Polissuco.


-Não seja tola- ele riu desdenhosamente, mas antes que ela pudesse sentir o mínimo de raiva que aquele tom lhe proporcionava ele se tornou sério, mais sério do que ela jamais vira, seus olhos não eram mais aqueles túneis gelados cinzentos.-Eu estou disposto a mudar, Granger, realmente estou. Cheguei até a conversar com Dumbledore, ele me disse que o único meio de recomeçar é matar todos os demônios que nos prendem ao passado. Venha dançar comigo, seu vestido é bonito demais para ser gasto nessas pedras e você é boa demais parar ficar choramingando pelo Weasley.


Antes que ela pudesse dizer o sonoro “não” que se formara em sua garganta e dizer que nada do que ele tinha falado fazia o menor sentido, ela já tinha sido arrastada para o meio da pista de dança no Salão Principal. Já era o fim da festa e As Esquisitonas já tinham partido, em seu lugar agora estava um DJ especializado em música trouxa- idéia de Dumbledore que achava que os nascidos trouxa iriam gostar bastante de matar as saudades de casa.


My cryin' days are now history


I had a change of philosophy


I take each day as it comes to me


And I won't take myself all that seriously..so


Para espanto de Hermione eles estavam dançando e ela estava feliz. Era ele quem a guiava e a girava pelo piso brilhante e foi num desses giros que ele a prendeu contra seu corpo. As costas da garota vestida de vermelho contra o tórax vestido de negro. Mesmo com os saltos altos que ela usava a voz de Malfoy saiu na altura do seu ouvido.


-Perdoe-me, Hermione. Por favor, me desculpe por todas as vezes que eu te humilhei, eu sei que hoje em dia você mal se importa, mas hoje eu lembro com pesar a imagem de seus olhos se enchendo de lágrimas quando eu te ofendia. Desculpe-me. Eu vou mudar, quero dizer, já estou mudando, eu juro.


So, baby don't say no!


Come on and just say yes!


You know it's time to keep it simple,


Let's take a chance and hope for the best!


Life is short, so make it what you wanna,


Make it good, don't wait until mañana!


Ela praticamente podia sentir a sinceridade assim como ela podia sentir as batidas do coração dele em sua própria pele. Ela estava, inacreditavelmente, sem palavras então ela simplesmente acenou afirmativamente com a cabeça. Isso foi mais do que o bastante para ele que a girou até ficarem cara a cara e levantou no ar e rodopiou enquanto os dois davam uma gargalhada leve como há tempos nem um dos dois fazia. Ele a pousou e voltou a prensar o corpo dos dois, e sussurrou:


-Muito obrigado, Hermione.- e tão de repente que ela mal pode aproveitar ele lhe deu um beijo carinhoso, quase fraternal, nos cabelos que eram normalmente crespos, mas que agora estavam puxados para trás em um coque.


-Malfoy, eu acho que já está tarde... só nós restamos aqui...- Era um recorde, em menos de vinte minutos era a segunda vez que Hermione Granger ficava sem saber o que falar.


-Tudo bem, eu te acompanho até a torre. Dizem que faz parte da boa educação levar a dama até sua casa depois de um... Bem, de qualquer modo eu vou com você.


-Você não pareceu se importar com isso com a sua outra acompanhante. – Draco rolou os olhos no maior ar de descaso que só um bom sonserino seria capaz. Estava ali escrito em sua atitude “É claro, com a Parkinson eu não me importo.”.


Ele lhe estendeu o braço para ela enroscar o dela. Quem diria que cavalheirismo não é uma particularidade grifinória? Eles andaram em silêncio por todo o castelo e chegaram rápido demais até o retrato da Mulher Gorda. Malfoy teve o tato de se despedir de Hermione antes que ela precisasse fornecer a senha e já estava descendo o segundo degrau da escada quando a voz tímida de Hermione o fez parar.


-Obrigada, Draco, por salvar uma noite que quase foi um desastre pra mim.- ele simplesmente acenou com a cabeça à guisa de “de nada” e já voltava descer quando novamente a voz veio:- O que te fez querer mudar?


Ele se voltou inteiramente de frente para a menina e respirou profundamente antes de dizer sob seu fôlego:


-Eu estou amando. E não há espaço para isso no estilo de vida que escolheram para mim.


Depois de um silêncio quase incômodo e vendo que não ouviria outra vez algum questionamento da grifinória durante aquela noite, ele se voltou para seu caminho até as masmorras.


-xx-


Ambos não conseguiram dormir de imediato. Cada um com as suas perguntas.


-Quem será que ele ama?


-Será que ela percebeu que é ela?

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Comentários (1)

  • Iza Greenleaf

    Puxa que lindo... acho que ela sabe que ele, e que ele sabe, que ela sabe! Adorei !!! =)

    2011-10-21
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