Capítulo 2



No capítulo Anterior…


 


Por mais que quisesse, Harry não conseguia acreditar. Pensava naquilo como uma peça que sua mente lhe pregava por andar tão solitário. Mas não pôde deixar de sentir um pouco de esperança ao olhar para o moreno de olhos castanho-esverdeados muito parecido consigo e para a ruiva, cujos olhos eram perfeitas réplicas dos seus.


 


“Mamãe? Papai?” questionou-se internamente o garoto.


 


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Capítulo 2


 


Harry não conseguia parar de olhar para aquelas pessoas tão parecidas com as das fotos do álbum que Hagrid lhe dera ao fim de seu primeiro ano.


 


— Hey! Garoto? — chamou Li... A ruiva. Harry não queria acreditar que eram seus pais que estavam ali. Não queria sofrer por algo que podia não ser verdade — Você está bem?


 


O garoto Potter parecia estar mudo; abria a boca, mas nenhum som saía. Ainda se perguntava se tudo aquilo não era a sua abalada sanidade que lhe pregava uma peça.


 


— Ei garoto! O que houve com você? — perguntou a morena, cujo nome, pelo que o menino entendera, era Marlene.


 


Harry se lembrava desse nome, tinha uma vaga lembrança dele. Marlene McKinnon... Era membro da Ordem da Fênix, mas foi exterminada com toda sua família pelo Lorde das Trevas. Lembrava-se de Sirius lhe dizendo algo assim em seu quinto ano, mas não lembrava exatamente a face da mulher da foto.


 


— Gente, ele não tá bem. — a morena falou novamente, parecendo um tanto preocupada.


 


— Ah, sério Lenita? — ironizou o moreno de olhos cinzentos. — Sabe que eu não tinha percebido? O garoto tá mais branco que um defunto e parece ser mudo... Mas eu não tinha nem notado! — continuava o garoto, que deu outro grito ao levar mais um tapa da morena. — Ai! — ele reclamou. — Quer me matar à base do espancamento, garota?! Tiago! Brigue com ela!


 


— Dá pra vocês pararem? — reclamou a ruiva. — Assim nunca vamos saber o que ele tem!


 


Os outros assentiram e, em silêncio, encararam o moreno, que observava tudo boquiaberto.


 


— E aí? — perguntou Pontas. — Vai falar quem é ou você é mudo?


 


— Não seja ridículo, Potter. — retrucou a ruiva — Se ele fosse mudo, não teria me agradecido pelos óculos.


 


— Sem brigas, os dois. — disse um garoto de cabelos num tom castanho claros e olhos cor de mel demarcados por profundas olheiras que eram ressaltadas pela palidez natural de sua face. — Er... Garoto? Pode nos dizer qual é o seu nome?


 


Harry, por fim, acordou de seu 'transe', e encarou o garoto que falara. Se Harry estivesse no passado, o que ele não acreditava que estivesse acontecendo, ele poderia ter quase certeza de que aquele era seu ex-professor, Remo Lupin.


 


Harry respirou fundo... O que dizer? Não podia afirmar ser do futuro... Precisava falar com Dumbledore antes de qualquer coisa.


 


— Eu preciso falar com Dumbledore. — disse o moreno de olhos verdes calmamente.


 


— Primeiro nos diga o seu nome. — disse Tiago.


 


— Não. — Harry negou a contragosto, se segurando para não contar tudo a todos.— Preciso ver Dumbledore.


 


— Você é demente? — perguntou Sirius, arqueando as sobrancelhas. — Nos... Diga... O seu... Nome. — falou pausadamente, como se Harry tivesse algum problema mental, e levando outro tapa de Marlene e um de Lílian por isso.


 


— Vocês podem parar de brigar por um minuto de me dizer onde diabos está o diretor Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore?— Harry disse com um tom controlado, emanando uma aura negra involuntária.


 


O grupo que o observava estremeceu, e um garoto muito gordo e baixo, cujas feições lembravam muito as de um roedor, disse, com a voz trêmula o que Harry queria ouvir.


 


— E-ele está no es-escritório dele. — aquele definitivamente era Pedro Pettigrew, carregando consigo uma caixa de barras de chocolate e com a boca repleta de farelos de biscoito. O traidor. O motivo de Harry ter perdido seus pais. O moreno sentiu seu sangue ferver, mas se controlou. Aquele não era o momento de tirar satisfações. Virou-se para Lílian e Remo.


 


— Vocês são monitores, não? — perguntou, mais se lembrando do que Remo uma vez lhe dissera do que realmente prestando atenção nos distintivos reluzentes presos nos uniformes de ambos. Os dois assentiram — Então sabem a senha. — mais uma vez, Remo e Lílian assentiram.


 


— Vamos, eu te levo até lá. — disse a ruiva. Tiago olhou incrédulo para ela.


 


— Obrigado, hãn... Lílian, não? — perguntou Harry inocente, rindo mentalmente. Como se não soubesse o nome da própria mãe. Pensar nisso quase o fez revirar os olhos, mas se conteve.


 


— Pode me chamar de Lily. — ela sorriu carinhosamente.


 


— Hey! — indignou-se Tiago. — Por que ele pode te chamar de Lily, sendo que você nem sabe o nome dele, quando eu tenho que te chamar de Evans, te conhecendo desde que você entrou em Hogwarts?


 


— Porque eu disse que ele pode, Potter. — a ruiva deu de ombros com indiferença. — E vamos logo... Qual é o seu nome?


 


Harry sorriu enigmaticamente.


 


— Quando chegar a hora certa, vocês irão saber, se depender de mim, mas, por enquanto, me chamem apenas de Harry. — disse o moreno sombriamente.


 


Os outros assentiram e Lily o chamou.


 


— Ok, Harry, prazer, então. Sou Lily Evans...


 


— Futuramente Potter. — emendaram Sirius, Remo, Tiago, Pedro e Marlene com sorrisos marotos.


 


— O quê? — a ruiva encarou a amiga com raiva. — Até tu, Brutus?


 


— Ah, qual é, Lils. — disse a morena revirando os olhos. — Todo mundo sabe que você só não está com o Tiago por puro capricho seu. Eu sei que, por ele, vocês iam para Las Vegas e se casavam agora mesmo.


 


Tiago sorriu em confirmação e Lily bufou.


 


— Ah, não enche, McKinnon! — disse ela, puxando o filho (sem ter conhecimento da verdadeira identidade do mesmo) pelo braço. — E vamos logo, Harry.


 


Tiago fechou o sorriso na hora, e encarou Harry com um olhar fulminante.


 


— Cara! A Lily é rápida. — comentou Remo. — A sósia do Tiago mal chegou, e ela está puxando ele por aí.


 


— Hey! Que história é essa de sósia? — perguntou Tiago bravo, enquanto Lily corava e soltava rapidamente o braço de Harry. — Não tem nenhuma ‘sósia’ aqui, Aluado.


 


— Puxa! — exclamou Marlene encarando Harry. — Vocês são mesmo parecidos... Quer dizer... A não ser pelos olhos... O Ti tem olhos avelã enquanto o Harry tem os olhos verde-esmeralda... No mesmo tom dos da Lily... Hey! Por que isso?


 


Lílian arregalou os olhos ao encarar a face do filho, e Tiago sorriu para Harry.


 


— Cara... Se isso não fosse impossível, eu diria que você é nosso filho! — o moreno de óculos do ‘passado’ disse. — E que puxou o melhor de nós dois.


 


Harry apenas se deixou rir teatralmente.


 


— Claro... Isso seria bem possível — ironizou o Potter-Filho. — Aliás, eu tenho dezessete anos. — mentiu. — E vocês?


 


— Todos temos dezessete, também. — disse Remo. — Menos a Lene, que ainda não fez aniversário.


 


Harry assentiu com um sorriso enigmático.


 


— Ótimo. Então... Evans... Será que... — disse o moreno à ruiva.


 


— Eu já disse: me chame de Lily. — a ruiva sorriu e Harry acenou com um sorriso simpático para a mãe.


 


— Hey! — reclamou Tiago. — Eu ainda não entendi. Por que ele pode te chamar de Lily e eu não? Eu te conheço há seis anos, e você nem sabe o nome completo dele!


 


— Porque sim, Potter. — Lily revirou os olhos, pegando a mão do moreno dos olhos verdes. — Vamos logo, Harry.


 


— Er... Tá. — disse Harry meio sem jeito pelo olhar assassino que Tiago lhe lançava. — Hm... Hey... Potter! Por que não vem também? Depois de falar com o diretor, eu vou querer conhecer a escola, e vai ser melhor se houver duas pessoas para descrever tudo. Sabe? Iria mais rápido e a Lily não se cansaria tanto de falar.


 


— Cara, essa foi a desculpa mais esfarrapada que eu já ouvi — riu-se Sirius.


 


— Mas ele está sendo esperto, Almofadinhas — disse Lupin com um sorriso —, evitando uma briga com o Pontas. Obviamente ele já percebeu que nosso veado de estimação não gosta que mexam com a ruiva dele.


 


— É CERVO! — gritou Tiago, injuriado. — Mas... Que seja. Vamos logo, Sósia, ruivinha.


 


— Não sou sua ruivinha, Potter. — rosnou Lily.


 


Harry riu enquanto saíam pelo retrato da Mulher Gorda.


 


— Mas por que eu sou a sósia? — perguntou o de olhos verdes.


 


— Porque eu cheguei aqui primeiro. — Tiago deu de ombros. — Aliás... De onde você veio, mesmo? E como você entrou na Torre da Grifinória?


 


— Sinto muito, mas não posso responder nenhuma pergunta antes de falar com o diretor. — Harry fechou a expressão.


 


Tiago assentiu, e Lily olhou para Harry curiosa.


 


— Mas... Por que não pode falar? —perguntou a ruiva. — Quer dizer...


 


— Sinto muito, Lily. — Harry sorriu internamente. Era tão bom falar com seus pais... Vivos. — Agora não.


 


A garota deu de ombros, e o caminho prosseguiu em silêncio. Harry olhava em volta e sentia cada vez mais a falta que a escola lhe fazia. Por todo lado, alunos conversavam, riam, corriam, brincavam ou até mesmo duelavam despreocupadamente, alheios à guerra que se iniciava fora dos grandes portões de ferro.


 


— Aqui estamos. — Lily disse ao pararem em frente à gárgula de pedra. — Chicles de Baba-e-Bola.


 


A gárgula se moveu, abrindo caminho para as escadas que levavam ao aposentos do diretor.


 


— Vá lá, Sósia. Estaremos esperando aqui. — disse Tiago sorrindo.


 


— Então tá. — Harry deu de ombros. — Só... Tentem não brigar na minha ausência, ok, crianças?


 


Tiago riu e Lily bufou. Então, o garoto Potter subiu as escadas e deu três leves batidas na porta. Estava um tanto temeroso, pois não sabia se o diretor acreditaria nele. Afinal, era meio... Incomum alguém simplesmente surgir aparentemente de lugar algum, se dizendo ser de outro tempo.


 


— Entre — disse a voz abafada de Dumbledore, e Harry sentiu seu estômago revirar. Há quanto tempo não ouvia a voz do Diretor?


 


Harry girou a maçaneta e adentrou o lugar, sentindo os olhares curiosos dos quadros pousarem sobre si e do velho homem pousarem sobre si.


 


— Oh, sim... Eu estava lhe esperando, Harry Potter. — Alvo sorriu.


 


— Como sabia que...? — o garoto começou, mas foi prontamente interrompido.


 


— As Fênix são criaturas fascinantes, não?  — o velho sorriu acariciando as penas da criatura que se encontrava imponente em seu poleiro.  — Fawkes me avisou de sua chegada, Senhor Potter. Creio que o senhor não pertença a este tempo, estou certo?


 


— Sim senhor. — disse Harry. — Sou do futuro. De 1999, para ser mais exato.


 


— Entendo. — disse o Diretor, mas seu olhar de educada curiosidade mostravam ao garoto que Dumbledore entendia a situação tanto quanto ele próprio. — Bom, senhor Potter, sinto lhe dizer que estou de mãos atadas, e não vejo motivos que possam ter lhe trazido aqui, a menos que... O senhor por acaso teria consigo um Vira-Tempo?


 


Vira-Tempo. Harry sabia o que eram os pequenos objetos que tinham a forma de uma ampulheta. Utilizara-se de um junto de Hermione para que pudessem salvar Sirius e Hermione. Mas...


 


 — Não senhor. Não tenho. Na verdade, — explicou o moreno. — acredito que ninguém no meu tempo tenha; afinal, a Sala do Tempo do Departamento de Mistérios foi completamente destruída no meu quinto ano, numa invasão ao Ministério.


 


Os olhos de Dumbledore faiscaram.


 


— Ok. — disse o velho simplesmente. — Sinto muito, senhor Potter, mas não vejo outra alternativa que não seja permitir sua estadia na escola. Creio que possa ser selecionado novamente, para que possamos pedir à Madame Malkins suas vestes, e encomendar seus livros. Sente-se!


 


Harry assentiu e se sentou. Dumbledore apontou sua varinha para uma das muitas prateleiras, e logo o moreno pôde ver o Chapéu Seletor pousando em frente ao velho. Este, sem mais delongas, estendeu o emaranhado de panos a Harry, que o colocou em sua própria cabeça.


 


Hm... Interessante.” Disse o Chapéu na cabeça do moreno. “Vejo que já foi selecionado por mim... Daqui a alguns anos, certamente; Você tem coragem e bravura, eu vejo, e já provou tal fato inúmeras vezes. Algum dia você pôde pertencer à Sonserina, mas agora tudo em você indica...”


 


— Grifinória! — o Chapéu disse um pouco mais alto, apenas para os que se viam presentes na sala do Diretor.


 


— Muito bem. — disse Dumbledore com um sorriso. — Agora, senhor Potter, precisamos de um motivo para explicar aos alunos que o porquê de o senhor entrar no meio do semestre. Acredito que não devamos mudar sua aparência, pois estou certo de que o senhor já tenha sido visto por alguns alunos. — Harry afirmou. — Então... Espere um momento. Fawkes! — a ave olhou para ele. — Chame Charlus Potter para mim urgentemente.


 


A ave abaixou o pescoço em uma pomposa reverência, e desapareceu pela lareira, deixando ali um rastro de chamas vermelhas brilhantes. O escritório caiu em um silêncio profundo, e demorou um pouco para o pio da Fênix ser ouvido e, segundos depois, chamas verdes surgirem na lareira, revelando um homem que aparentava ocupar a casa dos sessenta anos, com olhos muito azuis cobertos por óculos de aros redondos, e cabelos negros com alguns grisalhos, muito despenteados. Definitivamente um Potter, mas Harry não sabia quem era. Nunca ouvira o nome de Charlus antes.


 


— Alvo. — disse o homem com uma voz séria, mas portando um brilho maroto nos olhos. — Aconteceu alguma coisa? Seja lá o que o Tiago aprontou...


 


— Meu caro Charlus, seu filho não fez nada grave o suficiente para que fosse necessária a presença de um de seus pais. — sorriu o diretor. O homem suspirou em alívio.


 


— Ainda bem. — disse Charlus. — Se Dorea souber de mais alguma coisa que o Tiago fizer...


 


Alvo riu.


 


— Não se preocupe com isso. Agora, temos algo mais... Urgente para discutir. — Dumbledore apontou para Harry, que apenas olhava os dois homens com uma expressão impassível. — Este é Harry Potter. Ele veio de vinte e dois anos no futuro por algum motivo que nenhum de nós sabe.


 


Charlus o encarou.


 


— Do futuro, é? Então, pela sua cara, você só pode ser filho do Tiago. — concluiu o homem, e Harry confirmou. — Muito prazer, Harry. Eu sou Charlus, seu avô.


 


Harry apertou a mão do homem, controlando-se para não permitir que seus olhos marejassem.


 


— Sente-se, Charlus, por favor. — Dumbledore conjurou uma confortável poltrona de chintz, e o grisalho se sentou. — Enfim. Como alguns alunos, seu filho dentre ele, já viram o jovem Harry, seria inviável alterar a aparência dele. Então nós gostaríamos de saber se...


 


— Eu posso dizer que ele é filho de um dos meus primos de segundo grau. — Charlus completou convicto.


 


Dumbledore assentiu com um sorriso.


 


— Isso não será problema algum. — Charlus continuou. — Há alguns dias, eu recebi a notícia de que um casal primos meus da Bulgária foram mortos numa missão para o Departamento dos Aurores búlgaro. Eu posso dizer a Dorea a verdade, e nós fingimos que Harry era filho desse casal, e que está sendo transferido de Durmstrang. E que ficará conosco até terminar os  estudos. Então poderemos cobrir as despesas sem gerar tumultos ou levantamentos sobre sua identidade.


 


— Isso seria ótimo. — Alvo aumentou seu sorriso. — Obrigado Charlus, creio que você já possa retornar à sua casa, e mande lembranças a Dorea.


 


— Com certeza, Alvo. Mandarei uma carta com notícias. — o homem Potter sorriu e apertou a mão do diretor e do neto, indo para a lareira e jogando o Pó de Flu no chão. — Até logo!


 


Dumbledore se virou mais uma vez para Harry.


 


— Sua situação está resolvida, então, jovem Potter. Enviarei o pedido de seus trajes e seus livros ao Beco Diagonal. Eles devem chegar o quanto antes. Agora, pode ir. Creio que a senhorita Evans e o senhor Potter já devam ter esperado o suficiente.


 


Harry acenou e se despediu do Diretor, descendo as escadas rapidamente, encontrando Lily e Tiago sentados um de cada lado do corredor, ela com uma carranca e ele com um sorriso.


 


— Então? O que acham de me mostrar o Castelo agora? — Harry perguntou.

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