Preparativos



A semana nunca passou tão lenta. Doses extras de morfina eram pedidas por Cecil Wendel, na esperança que se dormisse o tempo passaria mais rápido. O dia dez de agosto chegou com um sol maravilhoso, raro em Londres, mas que combinava perfeitamente com a empolgação de Cecil, já pronta e vestida as oito e meia na porta de entrada da Clinica Real Psiquiátrica para Casos Permanentes de Londres. As dez pras nove horas da manhã, um homem muito grande e barbudo, com ar dócil se aproximou da entrada, assustando alguns gatos que procuravam o café da manha nas latas de lixo próximas. Ao avistar a garota de longos cabelo negros se aproximou.


- Olá, sou Rúbeo Hagrid, Guardião das chaves de Hogwarts e Guarda-Caça da propriedade. Vou te acompanhar para a compra dos materiais necessários para seu ano letivo.


- Olá,  sou Cecil Wendel.


Hagrid abriu um sorriso e aquilo certamente ganhou a simpatia de Cecil. Juntos rumaram um direção ao centro e entraram em um bar que os transeuntes não pareciam notar.


- Este é o Caldeirão Furado, uma porta de entrada para o Beco Diagonal pelo mundo dos trouxas.


- Desculpe?


- Ah, é. Quis dizer não bruxos. Sabe, pessoas que não tem poderes.. Oi Alberto! – Um homem atarracado de cabelos ruivos se aproximou. – É, estou em missão de Hogwarts – disse orgulhoso. – Esta é Cecil Wendel, aluna nova.


- Hum.. Não acho que tenha onze anos, ou me engano?


- Não, senhor, tenho quinze.


- Nascida trouxa é? Será que Dumbledore a vai colocar no quinto ano ou no primeiro?


- Isso é assunto de Dumbledore! Vamos Cecil, temos muito o que comprar! Com licença. – disse Hagrid meio impaciente e levando Cecil para os fundos do bar.


            Hagrid puxou um guarda-chuva cor-de-rosa do bolso interno do casaco e cutucou alguns tijolos, que imediatamente começaram a se mover e a mostrar um beco tortuoso com variadas lojas bem diferentes de todas as que Cecil tinha visto. Lojas Bruxas. Cecil não pode deixar de ficar maravilhada com todos os improváveis artigos à venda: olhos de sapo, pelo de unicórnio, asas de morcego, vassouras...


            Foram caminhando até uma loja cheia de tecidos: Madame Maulkin – roupas para todas as ocasiões. Entraram (Hagrid com certa dificuldade) e uma senhorinha veio atende-los.


- Hogwarts?


- Ah sim, dois uniformes completos por favor! – disse Hagrid.


- Vamos lá dentro tirar as medidas, sim?


            Adentraram a loja para os fundos e lá havia uma garota de olhos muito verdes e cabelo cor de fogo.


- olá, sou Lilian Evans! Está indo para Hogwarts? Nossa, você é bem grande para onze anos – Disse sorrindo.


- Oi, sou Cecil Wendel, estou indo para Hogwarts sim, mas tenho quinze anos.


- Que estranho! É transferida de outra escola? Já li sobre outras escolas de Magia em livros mas nunca pensei que fosse conhecer alguém de..


- Não venho de outra escola.


- Ah. Bom, já estou de saída, foi um prazer conhecê-la, te vejo no Expresso de Hogwarts dia primeiro então?


- A-acho que sim.


- OI HAGRID!


- Oi Lily! Bonito distintivo! Monitora é? Não é uma grande surpresa... Meus parabéns!!


- Obrigada Hagrid!!! Tchau gente!


            Madame Malkin tirou as medidas de Cecil e disse que ficaria tudo pronto em uma hora. Rumaram então para a Floreios e Borrões para comprar vários livros, que felizmente, Hagrid carregou para Cecil. Depois compraram um malão para que Cecil pudesse carregar suas coisas, alem de diversos ingredientes para poções, um caldeirão e finalmente, Hagrid deixou Cecil na loja do Sr. Olivaras para que pudesse comprar uma varinha, algo que ela não estava honestamente muito ansiosa.


- Ah, eu vou ali do lado comprar uma coisa.. É, pode entrar, o Sr. Olivaras é um homem muito bacana, e talvez você demore um pouco pra conseguir uma varinha certa.


- Como assim uma varinha certa?


- Bom Dia, como poderia ajudá-los? – um homem de olhos muito azuis saiu de trás do balcão e Hagrid disse antes de sair:


- Ela precisa de uma varinha. Hogwarts. Ahh, preciso ir, já volto!


- Precisaram quebrar a varinha dele. Uma pena. – disse Olivaras e Cecil sorriu lembrando-se do guarda-chuva rosa.


- Bom vamos experimentar algumas varinhas e ver qual que te escolhe. Sabe, é a varinha que escolhe o bruxo, e não o contrário.


- Certo. – Disse Cecil já tendo uma varinha nas mãos dada por Olivaras.


- Fibra de coração de Dragão, vinte centímetros. Sacuda para ver se ..  – algumas varinhas caíram da pratileira mais próxima – Acho que não.. Bom, talvez essa: Pena de Hipogrifo, vinte e cinco centímetros.. – mas algumas varinhas saltaram. – Ah vejo que está um pouco difícil hoje.. Vamos ver, me dê um minuto sim? Algo em você me desperta asas, algo alado mas nada parece muito funcionar.. A não ser que, talvez não, mas não custa tentar.. Aqui está, fibra de coração de Testrálio e pelo de rabo de Unicórnio, vinte e três centímetros. – Uma luz saiu da varinha no momento que Cecil a tocou e Sr. Olivaras não precisou dizer à menina que aquela era a correta.


            Ao sair da loja com sua varinha, Cecil encontrou Hagrid com uma gaiola contendo uma coruja alvíssima, e bem pequenina.


- Resolvi te comprar uma coisinha, muito útil no mundo dos bruxos sabe? As corujas levam e trazem sua correspondência, alem de serem muito fieis a seu dono.. Bom, sei que já faz alguns meses do seu aniversario, mas quis te dar mesmo assim!! Parabéns!!


- Nossa – Cecil soltou um lindo sorriso pela primeira vez, alguns garotos que passavam a olharam – muito obrigada Hagrid, mas não precisava, não mesmo, muito obrigada! – inesperadamente, Cecil deu um abraço em Hagrid, que o retribuiu.


- Ainda temos um tempinho, aceita tomar um sorvete no Forestan Fortescue? São deliciosos, depois te deixo na.. -  abaixou a voz – clinica..


- Ah sim, claro. – Cecil ficou um pouco sem graça com a menção da clinica, mas se animou quando sua corujinha deu um pio para sua nova dona.


 


            No dia primeiro de setembro Cecil estava extremamente nervosa, alguns objetos até levitaram em seu quarto tamanho o nervosismo. Ao chegar na estação resolveu olhar seu bilhete e percebeu que tinha que se dirigir a plataforma nove e ¾. Estranhando o numero da plataforma de embarque foi se dirigindo rumo as plataformas nove e dez e pensou em perguntar a alguém assim que chegasse. Ao se aproximar, notou uma massa de cabelos cor de fogo, bem familiar, acompanhada de uma garota de ar entediado e dois adultos sorridentes.


- Desculpe, não sei se lembra de mim, mas..


- CECIL! Claro que lembro! Estava comprando suas vestes no Beco Diagonal né? – a garota ao lado contraiu o rosto ao ouvir “Beco Diagonal” – Estes são meus pais e minha irmã Petúnia.


- Ah, oi, sou Cecil Wendel.


- Olá querida, seu nome não me é muito estranho.. Que engraçado.


            Cecil abaixou os olhos e corou.


- Que maravilha, mais uma ESQUISITA no mundo.


- Ah Petúnia cala essa boca! Tchau mãe, tchau pai, prometo escrever! Vamos Cecil? Cecil? Ah não fique assim, Petúnia é desagradável mesmo... Sabe atravessar a barreira? Temos que ir em direção a ela, a parede não é sólida sabe? Vamos, um, dois...


            De repente, centenas de estudantes estavam despedindo de seus familiares com corujas, ratos e sapos se encontravam na frente dos olhos de Cecil e Lilian. Um trem vermelho com os dizeres “Expresso de Hogwarts” encontrava-se parado na estação.


- Vamos entrar? – Lilian disse com um sorriso bondoso.


Ao entrarem encontraram uma cabine vazia Lilian colocou seu malão e despediu-se de Cecil. Tinha de ir ao vagão dos monitores e disse que talvez não demoraria, assim poderiam passar o resto da viagem juntas. Cecil arrumou suas coisas e logo o trem começou a andar. Algumas lagrimas teimaram a cair, não do comentário venenoso de Petúnia, mas do sutil reconhecimento da senhora Evans de seu sobrenome. “Deve ter saído nos jornais” pensou e enxugou o rosto. Nesse momento, três garotos bateram na porta da cabine.


 

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