O primeiro fim de semana

O primeiro fim de semana



Harry acordou, sentindo-se pesado, moído e com os olhos totalmente embaçados. Tateou a procura de seus óculos e sentou-se na cama do seu dormitório. Pouco a pouco as suas lembranças foram vindo à tona, como se fossem um filme de terror extremamente realista e apavorante.  Sentiu-se mal e decidiu tomar um banho antes de dar as caras no salão principal, onde as pessoas provavelmente ainda estariam reunidas. Já passava das dez horas da manhã, o sol zombava da sua cara, radiante e com um dia muito bonito. Seria mais bonito, se não fosse tão triste... Ao começar a descer as escadas para o salão comunal, viu que tinha duas pessoas que acabaram dormindo juntas no sofá perto da lareira. Duas pessoas extraordinariamente amigas, fiéis e também que o compreendiam melhor do que ele mesmo.


- oi – disse Harry sobressaltando os amigos que cochilavam levemente inclinados um sobre o outro.


- Harry! – disse Hermione indo abraçá-lo junto com Rony, ambos com os olhos inchados e as caras marcadas pelas lágrimas.


- Harry como você está? – perguntou Hermione enquanto Rony se sentava cansado como se tivesse cem anos.


- Bem melhor agora – disse olhando para esta, que estava com os olhos cheios de lágrimas e preocupações.


- vamos descer? – perguntou, ele com uma voz que não parecia nada com a sua. Sua expressão depois de ver Rony daquele jeito ficou dura e firme. Procurou não pensar nisso.


- vamos – disse Rony, indo junto Hermione e Harry e descendo as escadas e passando pelos destroços das estátuas nos corredores.


Caminharam até o salão principal e então Harry viu tudo o que  nunca desejou para ninguém. Seus amigos e colegas feridos ou mortos no chão e as caras de tristeza em ambos os casos, mas percebeu ali um novo começo, uma nova parte de uma história que estava prestes a começar, dolorosa, triste, mas que iria recomeçar.


Caminhando olhava a sua volta, cada perda, cada pessoa que se feriu nesta guerra foi por um motivo muito maior do que ele mesmo era difícil entender que não foi “apenas” por ele. As pessoas tinham que ter um mundo melhor, um lugar melhor para viver e este só chegaria se o ajudassem nesta luta. Estava grato eternamente a cada pessoa daquele salão, desde os elfos que se misturavam aos feridos ajudando em curativos e trazendo comida, até aos seus colegas e conhecidos. Caminhando por mais algum tempo, avistou a família Weasley toda reunida em um canto do salão, chorando apenas vendo o corpo de Fred. Harry achou que não conseguiria ir mais alem, deixou Rony e Hermione passarem para irem ajudar o senhor e a senhora Weasley e ficou ali parado sem saber o que fazer. Mãos gigantescas o abraçaram do nada, e lhe deram um abraço de quebrar as costelas.


- Arry e-eu a-achei que o tt-tinha p-perdido – disse Hagrid soluçando e limpando os olhos com a sua mão que mais parecia uma tampa de lixeira.


- está tudo bem Hagrid, está tudo bem – dizia tentando retribuir aquele abraço que apesar de esmagador era reconfortante.


Hagrid o largou e se afastou um pouco indo ajudar a cuidar dos feridos e quando menos esperou recebeu outro abraço, mas esse era menor, mais reconfortante e mais materno do que qualquer outro que conheceu.


- ah Harry! Achamos que... N-nós estt-tavamos aa-apavorados... Você foi muito corajoso! – disse uma soluçante Sra.Weasley. Harry virou para olhá-la nos olhos, tanto ela quanto o marido havia vindo para vê-lo e abraça-lo. Não aguentou, era impossível não chorar também. Foi com ambos até onde estavam os outros Weasley ambos com cara de quem não descansava havia anos. Gui e Fleur estavam abraçados, do mesmo jeito que Rony e Hermione. Olhou para Fred, chegava a ser eminente que ele iria acordar de novo, com o sorriso que estampava na cara, como se a recém tivesse aprontado alguma. Mas não ia acontecer, não ia ser deste jeito, seu gêmeo tão desolado quanto qualquer um, parecia ter recebido uma punição por uma travessura mal concluída. Buscou o olhar que tanto procurou durante os últimos dias, um olhar castanho e que o mirava com uma intensidade enorme. ”Raios como consegue ser tão bonita” pensou. Mesmo chorando era bonita, mas não era o momento, devia deixa-la descansar e ficar com a família. Então continuou a andar e viu outra cena não tão reconfortante. Uma senhora fitava três corpos no chão que apesar de serem tão diferentes traziam enorme tristeza a Harry, um homem com as roupas rotas, cabelos castanhos e a sua cara de maroto tão sério neste momento, uma mulher de mãos dadas a ele com os cabelos cor de rosa chiclete e roupas um tanto diferentes e uma mulher morena de cílios grossos e cabelos espessos que Harry reconheceu como sendo Belatriz Lestrange. Sua gêmea estava chorando, com um bebe no colo que Harry identificou no primeiro momento como sendo seu afilhado: Teddy. Ao chegar perto do afilhado, este no colo da avó, olhou para ele intensamente e começou a sorrir totalmente alheio a cena que estava a sua volta, imediatamente seus cabelos mudaram a cor para verde, o mesmo verde que Harry via sempre que olhava num espelho. Imediatamente sua avó olhou para o mesmo lado que ele olhava e viu Harry.


- Sra.Tonks eu... Eu... – tentou dizer Harry.


- não fale nada querido, nada – disse ela olhando para Harry – eu queria agradecer por você ter entrado na vida de Tonks e Lupin... E também de Teddy claro! –disse sorrindo. Os olhos tão mais bondosos quanto os da irmã.


- eu queria pedir... Desculpas – disse por fim.


- desculpas? Pelo que? Por salvar o mundo bruxo? Garoto não me leve a mal, mas você já fez demais por uma vida inteira e pedir desculpas não é uma das coisas que ainda precisa fazer - disse Andrômeda séria.


- eu tenho certeza... – continuou ela – de que Lupin e Tonks lutaram por um mundo melhor para o filho deles - disse olhando-o. Este por fim se lembrou da ultima conversa com Lupin.


 - sim eu também tenho – concordou ele olhando para o antigo professor.


- mas agora eu lhe peço mais um favor Harry – disse Andrômeda com a cara feliz apesar de estar com lagrimas nos olhos – ajude-me com este terrorzinho, por favor, e venha nos visitar sempre que quiser – disse fitando o neto.


- Sim, mas é claro – falou sorrindo também, afinal a alegria daquele bebe era contagiante, chegava a ser uma das coisas “a La dumbledore” da vida. O bebe embora muito novo ainda, era inquieto e se insinuava para Harry de tal jeito que sua avó mal conseguia segurar ele.


- parece que gostou de você – disse olhando para ele – segure-o um momento, por favor, eu preciso ficar um pouco mais aqui – Pediu Andrômeda, olhando para Harry com os olhos cheios de lágrimas. Harry entendeu que ela precisava ficar sozinha, segurou Teddy (ou tentou) e seguiu para a mesa onde alguns membros da família Weasley estavam junto com Hermione. E sentou-se com Teddy, aquela criança tão alheia ao que fazia que era contagiante. De repente a cor dos seus cabelos mudou radicalmente para vermelho vivo, quase um novo ruivo cor de fogo. Ele ficava olhando para trás de Harry onde estava Gina sorrindo para ele.


A semana passou rapidamente. Harry contou ao profeta diário toda a verdade sobre as Horcruxes de Voldemort e como Dumbledore o guiou para esta situação, a única parte que omitiu foi a das relíquias da morte, mas contou ao mundo toda a verdade sobre Snape, sobre Dumbledore e como Grindelwald morreu tentando se redimir de seus atos. Como prometido devolveu a varinha ao seu local de origem e foi para casa junto com os Weasley, finalmente para a casa. A semana seguiu com inúmeros velórios e inúmeras perdas, mas o que com o tempo ia melhorar. Por fim chegou o primeiro fim de semana, com uma família toda reunida e séria. Harry não havia parado em casa quase nenhum dia afinal, tinha que reaver as coisas da documentação de Dumbledore, dar alguns nomes e ajudar, a saber, do paradeiro de alguns comensais restantes, teve entrevistas todos os dias, embora quisesse mesmo ficar sozinho. Para falar a verdade, por ser fim de semana conseguiu parar para pensar nas coisas, afinal o ministério não abria sábado e o jornal já tinha material de publicação para o mês inteiro.


Harry acordou antes de todos, praticamente enquanto estava amanhecendo então resolveu que não dava para continuar ali apenas deitado na cama. Levantou e desceu as escadas com muito cuidado para não fazer barulho. Pegou a sua mais nova Firebolt e seguiu para o pátio da toca. Como foi bom voar, foi como se estivessem restaurando sua alma pouco a pouco a cada lufada de vento na cara, assim conseguiu ver que tinha voltado finalmente para casa, para o seu lugar de origem. Depois de passar uma hora mais ou menos voando decidiu descer e preparar o café. Depois de tanto tempo fazendo o café para os Dursley, Harry não tinha nenhum problema em fazer para os demais da casa. Fritou bacon, fez torradas, café e tudo o mais que se tinha direito até que começou a ouvir as primeiras movimentações nos quartos acima. Logo mais vinha um Gui todo amassado e com cara de sono.


- bom dia Harry – disse se sentando em uma cadeira na mesa – onde está a mamãe? Senti o cheiro do café – perguntou olhando para os lados.


- bom... Fui eu que fiz – disse – acordei e fui voar um pouco, mas fiquei com fome, vim e fiz, espero que esteja bom – disse ele sentando e comendo uma torrada.


- está bom sim – disse comendo torrada também - e ai como está? Parece meio pálido – disse e rindo falou de novo – pelo menos mais pálido do que o normal – concluiu.


- to bem – disse – não tão bem claro, mas melhor do que um mês atrás, por exemplo – concluiu.


- hum – disse. Ficaram em silencio por um tempo e depois Gui falou – vou me arrumar para ver o chalé, depois volto para almoçar, avisa minha mãe, por favor? – pediu.


- aviso sim pode deixar - disse. Por fim ficando sozinho na cozinha novamente.


O bacon já estava cheirando então se levantou e pegou a travessa para colocar o bacon, ouviu novos passos na escada e uma pessoa se sentando à mesa de novo, virou-se e se deparou com Gina. Seu coração deu um salto, há tanto tempo não falava com ela. Pretendia falar com ela, mas não tão cedo assim. Então resolveu aproveitar a oportunidade. Harry percebeu que não sentiu o seu costumeiro aroma floral quando ela estava descendo as escadas, talvez pelo fato do bacon na sua frente estar passando do ponto.


- Harry – disse ela com cara de sono – o bacon – apontou para frigideira e Harry assustado imediatamente queimou a mão e derrubou a frigideira no chão. Ela riu, há tanto tempo não ouvia aquela risada tão boa que se desconcentrou. Ela ajudou a recolher o bacon e a frigideira do chão, enquanto Harry se lembrava de que era um bruxo e podia juntar tudo com um aceno de varinha, o que fazia com que ele se sentisse extremamente idiota. “Mas ela riu” é claro que se ela riu valeu a pena derrubar o bacon, Estava até achando se não era melhor deixar as torradas queimarem também. No momento seguinte ela se levantava de frente pra ele colocando a frigideira na pia e virando para olhar no seu rosto. Há quanto tempo não encarava aqueles olhos castanhos e bonitos, chegou a falhar as batidas do coração. Estavam próximos, próximos demais, mais um pouco... BLAM Gui se esborrachou no fim da escada.


- Aii! – disse ele – droga! acordei meio mundo – disse novamente - desculpa o barulho, mas o Bichento estava na minha frente então quase morri tentando desviar... – concluiu se levantando e se sentando – espero não ter atrapalhado nada – disse dando uma piscadela para Harry que ficou corado quase que instantaneamente. Este olhou para Gina e resolveu fazer mais bacon. Então chegaram à mesa (provavelmente acordados por Gui) Rony, Hermione, George, Fleur e os Senhores Weasley (Carlinhos fez uma viagem para a Rússia e só voltaria no domingo) para junto da mesa, parar tomar café.


- Ah se eu soubesse o quanto é bom não ter que fazer café, eu não faria mais – disse a Sra.Weasley. Impressionante o quanto aquela mulher podia ser forte, Harry via no fundo dos seus olhos a dor que ainda sentia, e que sabia que nunca iria sair dali.


- Ah claro! – disse Rony sarcástico – como se fosse perder a oportunidade de falar que eu e Harry estamos magros e servir o dobro de comida no prato - disse por fim rindo.


- Ora, mas estão mesmo! Não falaria se não fosse verdade – disse a mãe – agradeça por isso! – disse ela sorrindo - Vai me dizer que não acha que Harry está muito magro Arthur? – perguntou ao marido, que estava sumido atrás do profeta diário.


- É está um pouco – disse ele concluindo para não entrar na conversa.


- E o que você acha Gina? – perguntou Gui, subitamente certeiro. Conseguira seu intento, fez Harry e Gina corarem.


- Acho que está muito bem como está! – disse olhando para o irmão e tentando transparecer uma calma que não sentia.


- coma um pouco Jorge querido... – disse a Sra.Weasley para seu filho atraindo assim a atenção de todos para si.


- não sinto fome – disse e foi para a varanda da casa de onde tirou um gnomo de dentro de uma bota e jogou ele longe. Deixou uma Sra.Weasley à beira de lagrimas na mesa, logo todos se esforçaram para mudar o assunto, mas Harry não. Harry foi até a varanda e viu Jorge apoiado nos braços e sentado nos degraus, sentou-se ao seu lado.


- Jorge – disse Harry. Este não demonstrou nenhum movimento para mostrar que tinha o ouvido o que era um mau sinal – Cara eu quero pedir desculpas, por tudo... - Jorge o olhou com os olhos muito vermelhos, olhou para porta, lançou um Abafiatto e começou a socar com raiva cada parte de Harry que estava alcançável.


- Jorge p. para... Para com uissouh – a ultima palavra de Harry foi abafada por um soco na boca muito bem dado.


- Isso é... Para... Você... Entender... De uma... Vez... – a cada palavra um soco na cara ia sendo desferido - Por todas... Que ninguém... Culpa você... Seus quatro olhos retardado! – disse finalizando com outro soco na boca.


Harry se levantou puxando a varinha, mas viu que o que fez era desnecessário. Jorge estava chorando. Bateu em Harry chorando e a cada palavra que tentava falar soluçava mais.


- Aprenda de uma vez! Aprenda e leve pra sua vida! Que essa porcaria de guerra nunca foi “só por você” a gente te adora, eu te adoro, mas se pedir desculpa mais uma vez! Eu juro que termino de arrebentar a sua cara! - disse possesso. Harry nunca o tinha visto neste estado - Fred não morreu por ser burro, não morreu por ter fugido, morreu lutando e o melhor, SORRINDO! Nunca fraquejou e também nunca pediu desculpas por nada! Quem é você para pedir! – disse novamente. E então subitamente deu outro soco na cara de Harry que despreparado diante da cena, foi acertado em cheio, coisa que o deixou tonto a ponto de cambalear. Sentiu Jorge se aproximando outra vez. Harry ia enfeitiçá-lo, já não estava mais aguentando ser saco de pancada de um Weasley raivoso. Mas o próximo movimento foi tão inesperado quanto à surra que tinha acabado de levar. Jorge o abraçou.


- Você é como um irmão para mim também, então não dificulte as coisas ou bato em você, juro que bato – disse de novo soluçando – eu sei que se sente culpado por me ver assim, mas entenda de uma vez que Fred está mais do que agradecido por você ter entrado na nossa família e por ter salvado o mundo bruxo – disse e dessa vez o olhou frente a frente – e entenda mais uma coisa, eu não vou mudar tão rápido, ele era meu irmão, seu irmão, amigo de todos e o melhor meu maior comparsa de crimes – disse sorrindo e soltando lagrimas pelo pesar que sentia – então não vou superar da noite para o dia – falou mais calmo – então trate de parar já com este tipo de coisa e vê se da um jeito na sua cara, por que, está pavoroso – disse limpando os olhos e voltando para dentro.


Sentou-se nos degraus de novo, apoiou os braços nos joelhos e sentiu como se cada dor que sentia no rosto, fosse uma forma de pagamento, uma forma de tributo à dor dos outros. Embora cogitasse a idéia, achou que servir de saco de pancada para os sobreviventes não seria agradável. Curou o rosto com o tão conhecido feitiço que Tonks lhe mostrara uma vez e ficou ali sentado na escada da varanda o resto da manhã.


- O que houve com você? – perguntou uma voz feminina vindo em sua direção. A voz e o odor que invadiu as suas narinas denunciavam que Gina estava atrás dele.


- Nada só estou pensando um pouco – disse ele sem olhar para ela.


- Você pensa demais – disse sentando ao seu lado – no que estava pensando? – perguntou ela.


- Eu... Estava pensando em tudo... Na guerra, em nós e – disse olhando para o rosto dela que esboçava a sombra de um sorriso – Droga eu estava com muita saudade de você – disse olhando para aquele sorriso.


- eu também estava e... – ficou corada levemente – ainda estou... – disse por fim.


Harry entendeu que do mesmo jeito que ele sentia falta dela como Gina a sua namorada e companheira, ela também sentia falta dele. Não conseguia se segurar, afinal podiam ser flagrados de novo. Ele a olhou nos olhos sentia falta daquele perfume que estava o alimentando como se fosse vida. Foi se aproximando se aproximando até que... Hermione saiu para varanda procurando ele.


- Harry eu... Ah... Ãh desculpa eu volto depois! – disse ela envergonhada e entrou na casa novamente. Depois de um momento de silencio no qual Harry e Gina perceberam o que estavam “quase” fazendo, Gina começou a falar.


- Harry eu tive muito medo de perder você – disse Gina se aconchegando aos braços de Harry.


- Eu tive de perder você também – disse – mas esquece isso, passou e eu to aqui e não vou sair – falou Harry abraçando ela.


- Aham – concordou ela – eu sei disso – disse ela se levantando do banco dando um sorriso e voltando para dentro de casa.


- Gina... – disse Harry.


- o que? – perguntou ela – o que foi – perguntou olhando para ele.


- eu te amo... – disse ele.


- eu também te amo - disse ela.


- Hum - ouviram um pigarro atrás deles. Rony estava parado atrás deles olhando para o lado evitando o máximo olhar para eles.


- Gina a mamãe está te chamando – disse Rony. Lá foi Gina, mas não antes de dar um beijo na bochecha de Harry só para ver o irmão virar o rosto. E então logo depois ele foi também.


É parece que seu desaparecimento com Gina não passou despercebido, pois logo foi chamado pelo Sr.Weasley à porta de casa. Ficou imaginando se Rony tinha falado algo, o que seria natural afinal ele é irmão dela, mas ao mesmo tempo não teria como não ter uma pontinha de raiva de Rony se ele tivesse mesmo comentado algo.


- Harry! Vamos dar uma volta? - perguntou ele. Fosse qual fosse o assunto, Harry tinha que lembrar que eles são sua família e que Gina sempre foi à princesinha da família, mas tinha que tentar mostrar para eles que essa princesinha fazia parte de seu mundo mais do que qualquer coisa. Harry se levantou e foi até ele.


- Venha vamos ao galpão, tem uma coisa que eu quero te mostrar – disse o Sr.Weasley sorrindo – alguma coisa está te preocupando? – perguntou ele sério para Harry. Harry fez sinal com a cabeça que não, afinal do que adianta estar preocupado com o que a única família de verdade que ele tem vai achar de um provável namoro que seria o dele e o de Gina?


Entraram no barracão de ferramentas, era muito nostálgico entrar ali. Tinha um monte de prateleiras cheias das mais variadas coisas de trouxas existentes no planeta. Desde patinhos de borracha à velas para motores. No meio tinha um espaço que antigamente tinha pertencido ao Ford Anglia da família. Agora no canto havia algo mais ou menos, grande e tapado por uma capa de lona automobilística toda empoeirada. Em todo o caso Harry percebera itens que desconhecia existência, como alguns medidores, um robozinho trouxa desmontado, uma maquina de café e uma arma automática trouxa.


- Sr.Weasley... O senhor sabe o que são todas essas coisas? – perguntou apontando principalmente para a metralhadora e esperando uma coisa como “não sei”, ou “só achei por aí”.


- Sim – disse ele sorrindo – Harry está na hora de revelar meu maior segredo para você – disse ele – eu não só “coleciono” artefatos trouxas – disse sorrindo de orelha a orelha. Provavelmente nunca tinha dito aquilo a alguém.


- Hum... – disse Harry ainda não entendendo.


- Bem eu... Estudo sobre os diversos objetos trouxas e suas funcionalidades é claro – vendo que Harry apenas concordava ele prosseguiu – e claro nunca fomos uma família... Rica sabe – disse mais constatando um fato do que qualquer coisa. Harry não o olhou nos olhos, abaixou os olhos e ficou vendo o livro que estava aberto na mesa, intitulado “Conhecendo Por Dentro” que mostrava edificações e objetos e por dentro e mostrava a função de cada peça.


- Então eu resolvi virar o que os trouxas chamam de “inventor”. Um cara que inventa objetos úteis à sociedade e os vende – disse – só que o meu papel aqui é pegar objetos e tecnologias dos trouxas e utilizar elas a nosso favor, junto com a magia entende – disse esperando uma opinião – é claro no ministério tem muita gente encarregada disso, mas suas ambições não ultrapassam as cabines telefônicas da entrada de visitantes do ministério, fora que é obvio que  não levam a sério o trabalho, afinal nem sabem o que é um telefone – disse querendo se justificar e se mostrar sabido – e eu pretendo vender minhas idéias só que não sei se são boas o suficiente – disse por fim.


- Pode me dizer o que são cada uma dessas coisas? – perguntou Harry antes de dar opinião.


- Bom... - disse ele - essa coisa aqui pode parecer uma simples maquina de café trouxa – disse ele – e é mesmo uma simples maquina de café só que não é trouxa – disse o Sr.Weasley – Jorge me ajudou nessa invenção, tem mais de 500 sabores de café incluindo o de feijão de todos os sabores – disse ele sorrindo da expressão de Harry.


- Genial! – disse ele – vai pra Gemialidades Weasley? – perguntou Harry.


- Sim esse vai – disse ele mostrando a cafeteira que mais parecia um jukebox.


- E então e essa aqui? – perguntou apontando para a arma curiosamente cheia de runas.


- É uma Colt nove milímetros SMG – disse ele – É uma cópia da M117. É uma submetralhadora que foi criada para o exército americano, mas é mais usada nos exércitos europeus – disse ele demonstrando conhecimento – a diferença dela é que as balas têm um efeito ou um feitiço guardado em cada cápsula.


- Nossa e como funciona? – perguntou Harry curioso.


- vejamos um exemplo... – disse coçando o queixo - na mitologia e nas lendas trouxas, lobisomens eram derrotados com balas de prata – disse ele – nas lendas os licantropos morriam (isso segundo Hermione é claro) – continuou - como sabemos que nem todo o lobisomem é o que é por que quer ou por que gosta essa bala com essa runa tem a poção da licantropia, que faz com que eles virem animais inofensivos entende? Meio que inspirado na lenda – disse ele apontando para a bala – mas é mesma coisa se eu quiser estuporar alguém, ou envenenar – disse  apontando para outras duas balas diferentes – na verdade a diferença dela para uma varinha é simples, a varinha é inesgotável é claro afinal ela é só um canalizador de magia. Já ela tem munição e a munição é limitada, mas ela tem também uma velocidade de disparo enorme e alto poder destrutivo, fora que estando com os equipamentos certos, no caso capas escudo, chapeis escudo e esta arma, poderá ser mais do que útil em um duelo normal, afinal com a arma os feitiços são não verbais – concluiu ele – mas ela ainda tem de ser muito melhorada e preciso dar mais funções a arma por que, um bruxo experiente pode facilmente derrotar um adversário que esteja usando ela – acrescentou o Sr.Weasley mostrando as diferentes munições.


- Genial! – disse Harry.


- Vou vender a idéia e fazer algumas modificações em outros itens e vender essa série de proteção para a sessão dos aurores no ministério – disse ele sorrindo.


- Claro! Isso é genial muito mesmo! – disse Harry empolgado.


- Mas eu não te chamei aqui por causa disso - continuou o Sr.Weasley mudando de expressão. Harry ficou sério no mesmo instante ( será que ele vira Harry e Gina juntos?) – quando fugíamos dos comensais da morte no ano passado a moto de Sirius caiu aqui e bem... Eu achei que seria bom se você ficasse com uma lembrança de Sirius, e esta moto é incrível – disse alisando a capa do montinho de lona grande que era a moto - pode-se dizer que ela me serviu de inspiração para fazer o Ford Anglia – disse ele por fim.


- Sr.Weasley, por favor, eu queria que você ficasse com ela – disse Harry aliviado. Achava que depois do carro era a única maneira que encontrara de pagar ao Sr.Weasley – eu acho que o senhor faria um bom uso dela – disse em seguida.


- Agradeço a oferta, mas não – disse sorrindo – acredito que essa seja a única lembrança de Sirius alem daquela casa infernal e das fotos, então é sua e... Ah... – começou ele – se você gostou das modificações que eu faço nos objetos, acho que irá gostar da que fiz na moto – disse o Sr.Weasley animado.


Então ele tirou a capa da moto que nem parecia mais a mesma. Ele simplesmente consertou, pintou e transformou a moto que agora tinha uma cor bordô muito bonita e um cromado nas ferragens. Tinha botões novos no painel que nem ele sabia o que eram e estava como nova.


- Adorei ficou muito bonita! – disse Harry maravilhado com o que via.


- Que bom que gostou, este botão é o desacelerador de queda, para quando der algum defeito não cair de vez – disse ele muito feliz – este é o turbo Dracônico que eu já tinha instalado nela, mas que agora tem modificações, pois ela não vai se desmanchar – disse ele – afinal ela tá mais resistente – concluiu – tem também o botão do pó escurecedor para o caso de precisar sair de uma situação risco, ou a invisibilidade não funcionar – continuou – aqui temos o botão da invisibilidade múltipla que eu já tinha colocado no nosso carro da ultima vez e tem um feitiço de expansão na parte debaixo do banco, e o mesmo feitiço no tanque – falou rindo – agora dá para dar varias voltas sem acabar o combustível caso queira ficar no chão – concluiu o Sr.Weasley muito feliz.


- Nossa ficou muito boa – disse Harry dando uma examinada na moto. Estava realmente de dar inveja a qualquer um que o visse na rua, já não tinha mais aquele side-car barato que tinha da ultima vez em que andara nela.


- então é sua, mas Harry – disse ele – nenhuma palavra a Molly sobre as invenções, não ainda pelo menos – pediu o Sr.Weasley sério.


- pode deixar – disse. O Sr.Weasley logo se ocupou com algum objeto na bancada provavelmente achando que Harry iria sair, mas Harry não saiu e ficou ali.


- Sr.Weasley... – disse Harry tentando se acalmar – foi bom eu vir aqui eu queria dar uma palavrinha com você – disse Harry.


- hum... Algo me diz que o assunto é sério, por favor, continue – disse oferecendo uma cadeira a Harry. Harry sentou e olhou para aquele homem que podia muito bem chamar de pai, mas no momento ele o imaginava junto de seis filhos muito raivosos o torturando e era difícil parar de imaginar essa cena.


- Bom, é a Gina... – começou ele -... Não sei se soube, mas por um breve período de tempo ano passado... Eu namorei com ela – disse olhando para o Sr.Weasley que estava impassível. Então como ele não disse nada, resolveu continuar – entenda... Eu não terminei com ela apenas por terminar... Só que eu precisei – continuou ele já nervoso – eu ainda gosto muito dela e acho que ela gosta de mim também e muito – tinha que mostrar que não iria fazer nada que deixaria Gina triste - terminei com ela, por que uma vez Riddle a atacou e usou-a apenas por ser irmã do meu amigo... Imagina se ele soubesse que foi minha namorada - e então olhou para o Sr.Weasley que estava sério o ouvindo.


- Eu entendo – disse ele – e foi uma atitude muito nobre da sua parte – disse ele olhando Harry – mas eu não saquei aonde você quer chegar – disse por fim. Harry já estava apavorado demais pra entender alguma coisa do que falava.


- e... Eu... Que... Quero namorar... A Gina... De novo – disse ele tentando tomar uma injeção mental de coragem – e... Seria muito... Importante a... Sua opinião – disse por fim olhando o velho ruivo a sua frente. Então o Sr.Weasley se aprumou na cadeira e coçou a cabeça.


- Bom...  – disse ele – Harry eu... – continuou. “Não pode ser”, pensou Harry ”só podia ser de propósito que estivesse demorando tanto para responder” – eu acho... – continuou “só mais um pouco!”.


 


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Há! Deixei o gostinho do quero mais... Logo na primeira eu sou um maldito! asuhauh espero que gostem eu vou continuar postando se gostarem.

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